domingo, 14 de março de 2010

Elvis Presley - Sun Records, 1955

Estamos nos anos 1950. Bob Luman, um cantor country daquela época relembra como eram as apresentações de Elvis Presley: "O cara apareceu de calças vermelhas, paletó verde, meias e camisa cor de rosa, com aquela cara de deboche e ficou parado em frente ao microfone por cinco minutos antes de fazer qualquer movimento. Então começou a tocar seu violão e quebrou duas cordas, eu toco há dez anos e no total ainda não quebrei duas cordas! E lá estava ele, as cordas arrebentadas e as garotas gritando e correndo até o palco. Ele mexia os quadris, como se tivesse algum caso de amor com o violão. Assim era Elvis Presley tocando em Kilgore, Texas. Ele me deixou arrepiado cara!"

Single nas lojas:
That's All Right (Arthur Crudup) - Esta é uma música histórica! Foi a primeira canção interpretada pelo cantor a ser lançada comercialmente pela pequena gravadora de Sam Cornelius Philips: Sun Records. Foi gravada no dia 7 de julho de 1954 por um simples caminhoneiro do Tennessee que ganhou uma chance de Provar seu talento graças a interferência da secretária de Philips, Marion Keisker, que insistiu com o patrão para que ele proporcionasse uma chance para o "Cara de Costeletas". Elvis virou a versão de "Big Boy" pelo o avesso e criou as bases estéticas do Rock'n'Roll! O Rock não é só a mistura de vários ritmos americanos, mas também uma postura positiva e satírica diante da vida e Elvis foi o primeiro a se expressar desta forma criando o "Rockabilly". "Thats All Right (mama)" pode ser considerada uma das dez canções mais importantes da história da música pop do século XX. Ela foi lançada pela primeira vez no Compacto Simples SUN 209 e depois pela RCA no disco "For LP Fans Only". Em 2003 "That's All Right (mama)" foi eleita a canção mais inovadora da História.

Blue Moon Of Kentucky (Bill Monroe) - Originalmente foi lançada em 1948 pelo próprio autor pelo selo Columbia. Em julho de 1954 chegava às lojas do sul dos Estados Unidos o single "SUN 209" que trazia as duas primeiras canções comerciais interpretadas pelo futuro Rei do Rock'n'Roll. No lado A "That's All Right" e no lado B esta simples balada country. "Blue Moon of Kentucky" foi gravada contando apenas com Elvis, Scotty Moore e Bill Black. O produtor Sam Philips sempre afirmava que o "dia que encontrasse um branco que cantasse como um negro iria ganhar um milhão de dólares", esta frase iria se tornar verdade com a descoberta de "The Pelvis" em Memphis. Sem dúvida este é um dos grandes momentos do cantor pois registrou para a história o momento do aparecimento de um dos maiores fenômenos da música Popular Mundial.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - It Happened At World's Fair, 1963

No outono de 1962 Elvis começou as filmagens de It Happened At World's Fair (loiras, ruivas e morenas, 1963). Mas esta não seria uma produção isenta de problemas. Logo no começo dos trabalhos Elvis reclamou a seu empresário da qualidade do material da trilha sonora, achava as músicas muito fracas. Depois Elvis teve que se deslocar para Seatlle, para as tomadas externas e novos aborrecimentos surgiram. Como as gravações eram feitas ao ar livre e durante a feira mundial, as cenas sofreram várias interrupções em decorrência do assédio dos fãs, tornando tudo mais longo e demorado. Além disso o cantor não gostou nada do roteiro e muito menos do script, ele queria papéis mais sérios e estava insatisfeito com os que Hollywood lhes dava. Elvis queria fazer personagens com mais profundidade e não apenas comédias musicais românticas. Elvis nunca entendeu que grandes astros não esperam e nem pedem bons papéis, eles exigem.

Para piorar ainda mais, as filmagens ocorreram durante a crise dos mísseis de Cuba, um dos momentos mais tensos entre EUA e URSS, quando o mundo chegou bem perto de uma guerra nuclear entre as duas potências. Enfim, desde o começo estava previsto que esse não seria um projeto fácil para o cantor e a equipe técnica. Apesar de tudo o filme foi completado dentro do cronograma. A estória tratava do romance entre um piloto de avião e uma enfermeira do hospital, durante a feira mundial de Seattle. Como resultado final o filme fez sucesso e apesar de todas as críticas o público prestigiou.

Single nas lojas:
One Boken Heart for Sale (Otis Blackwell / W. Scott) - Elvis tinha razão, as músicas deste filme deixavam muito a desejar. A trilha de "It Happened At World's Fair" é considerada a pior de toda a carreira de Elvis. Além de ser muito ruim é muito curta (menos de 30 minutos). A reclamação dos fãs foi geral e a crítica caiu em cima do disco. Como fato preocupante foi o primeiro single de Elvis a não atingir o top ten da Billboard, conseguindo apenas a décima primeira posição. O álbum saiu-se melhor e vendeu bem, conseguindo a quarta posição entre os mais vendidos.

They Remind Too Much Of You (Don Robertson) - O sempre correto Robertson escorrega um pouco com essa canção. Não que ela seja ruim, mas que fica abaixo do esperado fica, principalmente por se tratar de um single de Elvis. É, no fim das contas, apenas uma canção romântica pop de rotina. O Single foi lançado em janeiro de 1963.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de março de 2010

Elvis Presley - Welcome Elvis 1960

Elvis Presley deu baixa no exército norte americano no dia 5 de março de 1960 em Fort Dixon, New Jersey. Havia uma enorme ansiedade por sua volta pois o ritmo musical do qual era Rei estava jogado no esgoto (mais ou menos o que ocorre com o Rock'n'Roll atualmente). Uma série incrível de fatos desagradáveis havia atingido os principais nomes do verdadeiro Rock: Um acidente automobilístico havia acabado com as carreiras de Eddie Crochran e Gene Vincent, Little Richard havia decidido abandonar a música para se dedicar à religião, Chuck Berry havia sido preso por tráfico de escravas brancas, Ritchie Valens e Buddy Holly sofreram um acidente fatal e finalmente o inventor da expressão Rock'n'Roll, o DJ Alan Freed, estava preso e falido, em suma o Rock estava no fundo do poço.

Por isso a volta de Elvis significa muito para os jovens da época pois os ídolos que estavam na mídia nada mais eram que idiotas como Fabian e Frankie Avalon além de outros "minielvis". "Elvis is Back !" é a resposta do cantor a todos que estavam desesperados por sua volta. Elvis estava de volta! No dia 20 de março o cantor entrava nos estúdios B da RCA em Nashville para a sua primeira sessão de gravação após o serviço militar.

Em 3 de Abril Elvis retornava para completar a gravação das canções deste disco. Além das músicas que estão presentes no disco foram gravadas ainda "It's Now or Never", "Stuck on You", "Fame and Fortune", "A Mess Of Blues", "I Gotta Know" e "Are You Lonesome Tonight", todas estas lançadas em singles de enorme sucesso e que foram reunidas posteriormente no LP "Elvis Golden Records Vol.3". A Volta definitiva foi comemorada no especial "Welcome Elvis" apresentado por Frank Sinatra em 1960. O cantor já havia sido ofensivo com o rock antes, mas agora teve que se curvar a Elvis para salvar seu programa de TV do cancelamento, por falta de audiência. A apresentação de Elvis foi um enorme sucesso se tornando o programa mais assistido do mês na TV americana.

Single nas Lojas:
Stuck On You (Schroder/McFarland) - Canção título do primeiro single lançado por Elvis após seu retorno aos Estados Unidos em 1960. Elvis a apresentou no especial de TV "welcome Elvis" apresentado por Frank Sinatra, mais conhecido como "the voice". Na ocasião Presley fez um dueto com Mr.Sinatra no medley "Witchcraft / Love Me Tender". Interessante salientar que nos anos 50 Sinatra afirmara "O Rock'n'Roll é um ritmo cantado e escutado por cretinos". Bem, Sinatra nunca foi conhecido por sua eloqüência mesmo, mas pelo talento dele a gente perdoa. Fame And Fortune (Wise/Weisman) - Música que foi apresentado na TV norte americana no especial apresentado por Frank Sinatra chamado "Welcome Elvis" em homenagem ao retorno de Presley aos Estados Unidos depois dele servir o exército na Alemanha Ocidental. Nesta ocasião Elvis exibiu seu famoso Topete de 15 centímetros com muita brilhantina numa imagem que ficou consagrada como símbolo dos anos 50 e 60. "Fame and Fortune" foi lançada como lado B do single "Stuck on You" em 1960.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Florida, 1961

Em julho de 1961 Elvis começou as filmagens de "Em Cada Sonho Um Amor" (Follow That Dream), simpático filme que aborda a estória de uma família de caipiras em disputa com o governo por terras que eles ocupavam. As gravações ocorreram na Flórida, no lago Crystal e em Bird Creek. Nesta última localidade Elvis resolveu dar um pulinho no mercado mais próximo para comprar alguns refrigerantes e foi flagrado por um esperto morador que tirou essa rara foto. Elvis estava em uma de suas motos e nem percebeu o click de Don Smith, um garotão de 16 anos, fã do cantor. Poucos momentos depois o mercado era invadido por fãs e admiradores atrás de autógrafos do Rei do Rock!

Single nas lojas:
(Marie's the Name) His Latest Flame (Pomus/Schuman) - Priscilla Presley relata em seu livro "Elvis & Eu" (Elvis and Me, Ed. Rocco, 1985) que pensou seriamente que Elvis estava envolvido com uma garota chamada "Marie" quando esta canção foi lançada. Isto reflete bem o pensamento juvenil da garota de 14 anos que se apaixonou por Presley em 1958 e que iria se casar com ele em 1967. Priscilla, que era filha de um oficial da Força Aérea, conheceu Elvis quando ele servia o exército Americano na Alemanha. Foi uma paixão avassaladora entre ambos, tanto que Elvis nunca iria se recuperar de seu divórcio em 1973 quando Priscilla o abandonou. Foi o lado A de um single com Little Sister e as rádios dos EUA tiveram problemas em promover as duas canções, que competiam entre si e acabaram alcançando apenas as 4ª e 5ª posições, respectivamente, nas paradas americanas. Mas alcançou o topo no Reino Unido.

Little Sister (Pomus/Schuman) - Música lançada como lado B do single "His Latest Flame" em agosto de 1961. A letra é bem fraquinha, porém o ritmo é ótimo principalmente pela aula de guitarra de Scotty Moore. Elvis no filme de 1970 "That's The Way It Is" (Elvis é assim, 1970) apresenta esta música em um ensaio com sua banda, nada levado à sério mas que serve para animar o ambiente durante as gravações.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Elvis Presley - Aloha From Hawaii

Em janeiro de 1973, Elvis Presley realizou o projeto mais ambicioso de sua carreira, o show "Aloha From Hawaii", um concerto realizado nas ilhas Havaianas transmitido para todo o mundo, ao vivo, via satélite. O evento foi histórico e, alcançou tamanho sucesso que foi o primeiro acontecimento em nível mundial a superar a audiência da transmissão da chegada do homem à Lua em 1969. Elvis Presley foi assistido ao vivo por um público estipulado em Um bilhão de pessoas. Nunca um artista chegou à tão elevado patamar!. "Elvis superou sua própria lenda", disse o jornal "The New York Times".

O disco, quando foi lançado, subiu como um foguete nas paradas chegando ao primeiro lugar em fevereiro de 1973. Tamanho foi o sucesso do especial de TV, que no Japão, Elvis bateu uma marca histórica de 98% de audiência. Até hoje nenhum evento foi tão grandioso ou teve tamanha repercussão. Aqui fica provado de uma vez por todas, o tamanho da popularidade do Rei do Rock, pois Elvis foi assistido por povos de culturas totalmente diferentes, e em todos os países em que o especial passou ele alcançou um grande êxito. Elvis Presley levou o Rock mundial, em 1973, a alturas olímpicas.

Elvis por sua vez, foi perfeito no show, mostrando a perfeita união entre seu profissionalismo e sua emoção. Para ocasião tão importante ele mandou fazer uma roupa especial para o concerto, a famosa "American Eagle", considerado um de seus trajes mais espetaculares, coberto de pedras preciosas e com uma capa avaliada em 10 mil dólares. No dia D Elvis praticamente fez vários shows, pois os ensaios foram exaustivos com a banda. Este foi um momento fenomenal na carreira de Elvis Presley.

Destaque do álbum: My Way (Claude François / J. Revaux / P. Anka) - Esta sem dúvida pode ser incluída entre as cinco melhores músicas que Elvis interpretou em sua vida. O Título original desta canção Francesa é "Comme D'Habitut" e foi lançada pela primeira vez pelo autor, Claude François, em 1967, na França, pelo selo Barclay. Em 1968, Frank Sinatra lançou sua versão em língua Inglesa, adaptada por Paul Anka, que acabou conquistando o mundo. Esta versão é a primeira que aparece na discografia de Elvis. Em 1977 ela seria lançada num single de enorme sucesso, com "America" no lado B.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis On Tour 1973

Depois do sucesso do Aloha, Elvis colocou o pé na estrada com a banda para cumprir uma maratona de Shows. Primeiro uma série de apresentações em Vegas entre os dias 26 de janeiro a 23 de fevereiro, e em Abril mais um tour em diversas cidades com a seguinte agenda: dia 23, (8:30 pm). Anaheim, CA / dia 24, (8:30 pm) Anaheim, CA / dia 26, (8:30 pm) San Diego, CA / dia 27, Portland, OR / dia 28, (3:00 pm) Spokane, WA / dia 29, (3:00 pm) Seattle, WA / dia 29, (8:30 pm) Seattle, WA.

Se já não bastasse a correria, Elvis ainda enfrentava diversos problemas pessoais, principalmente com Priscilla que resolveu, no dia do aniversário da filha, falar para o cantor que ele não devia vê-la por uns tempos. Elvis estourou! aquilo era demais e a briga ficou feia durante a festa. Um infeliz acontecimento bem no meio do aniversário de cinco anos de Lisa Marie.

Single nas lojas:
Fool (James Last / Carl Sigman) - Esta canção foi gravada em março de 1972 em Hollywood para ser usada na trilha sonora do filme "Elvis On Tour" (Elvis Triunfal, 1972). Porém a RCA desistiu de lançar este disco e ao invés disto investiu nos LPs gravados ao vivo "Madison Square Garden" e "Aloha From Hawaii". Assim esta canção foi arquivada e só foi lançada em março de 1973 como lado B do single "Steamroller Blues" (música gravada ao vivo no "Aloha From Hawaii"). Se tornou mais tarde carro chefe do disco "Elvis" o que deixou o Rei do Rock surpreso.

Steamroller Blues (James Taylor) - Fantástico Blues. Elvis Presley sempre será lembrado como o Rei do Rock, mas também foi um grande intérprete de Blues e Gospel. Aqui mais uma prova de seu talento. Esta canção foi lançada no único single extraído do disco "Aloha From Hawaii" em março de 1973. No lado B "Fool" (do disco "Elvis"). Um grande momento do disco, que nos remete imediatamente aos anos 50.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Elvis Presley - Elvis no Texas

Elvis tinha que fazer um show no Texas, mas como ele morria de medo de voar, resolveu alugar um vagão inteiro de um trem para chegar em Dallas a tempo. Foi acompanhado de seu amigo Nick Adams e Gene Smith. Os caras da banda, Scotty, Bill e D.J. tiveram mais coragem e foram de avião mesmo. O show foi realizado no Cotton Bowl Stadium, com lotação esgotada de 26.500 fãs. Elvis cantou 'Heartbreak Hotel', 'Long Tall Sally', 'I Was The One', 'Blue Suede Shoes', 'I Got A Woman', 'Love Me', 'Don't Be Cruel' e 'Hound Dog'. Os mais velhos não gostaram nada do show e o principal jornal do Texas no dia seguinte se referiu a Elvis como "O Marginal do Tennessee".

O público adorou e o número de fãs cresceu tanto no Texas que nesse mesmo dia foi formado o primeiro fan club de Elvis Presley no Estado da Rosa Amarela. Dois meses antes o cantor tinha terminado as gravações de "Elvis", segundo disco da carreira de Elvis Presley. Com o sucesso alcançado pelo seu primeiro disco e pelos singles "Heartbreak Hotel / I Was the One", "I Want You, I Need You,I Love You / My Baby Left Me" e "Don't Be Cruel / Hound Dog" Elvis conseguia o feito de emplacar quatro discos consecutivos entre os dez mais, sendo considerado já a aquela altura um fenômeno não só musical mas também social pois suas apresentações polêmicas em programas de TV lhe trazia cada vez mais popularidade.

Sem dúvida 1956 foi o grande ano do Rei do Rock, o seu auge, sendo o sucesso tamanho alcançado por ele, que logo estava estreando no cinema com o filme "Love Me Tender" (ama-me com ternura, 1956) e alcançando novamente o primeiro lugar nas paradas com o single "Love Me Tender / Any Way You Want Me", além do lançamento de toda a trilha do filme num compacto duplo que foi lançado em novembro de 1956. Este era em suma tudo o que estava rolando nesta época com Elvis Presley, ou seja, ele estava no auge de sua popularidade. Assim em setembro de 1956 Elvis entrava novamente nos estúdios para "encher a lata". Sem dúvida ele foi o mais rápido "Hit Maker" da história pois gravou este LP em apenas três dias nos Studios Radio Recorders da RCA em Hollywood.

O LP foi lançado no final de 1956 alcançando o primeiro lugar nas paradas. Elvis Presley havia começado o ano como um obscuro cantor do sul dos Estados Unidos e terminou como um fenômeno de sucesso, nunca ninguém subiu tão rápido em tão pouco tempo. Fora estes dois discos, Elvis liderou as paradas mundiais também com singles de enorme sucesso. Este foi o início da carreira de um dos maiores sucessos da história do show bussines norte americano.

Single nas lojas: Lawdy, Miss Clawdy (Price) - Outro grande momento da carreira de Elvis que foi gravado no dia 3 de fevereiro de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Foi lançada como parte de um single com "Shake, Rattle and Roll" em Agosto de 56. Era uma das preferidas do Rei do Rock. Shake, Rattle And Roll (Calhoun) - Clássico dos anos 50 que foi imortalizada na voz de Bill Halley and the comets. Ao longo dos anos esta música foi sendo gravada por diversos outros nomes como Little Richard e os Beatles. Sem dúvida é uma das melhores interpretações do cantor e uma das mais vibrantes músicas da história do Rock.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e a Gold Leaf

Após terminar seu filme "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957), Elvis fez uma apresentação no International Amphitheater em Chicago no dia 24 de março de 1957. Na ocasião o cantor usou a famosa suit "gold-leaf". A roupa toda dourada foi uma criação do estilista Nudie Cohen. Cinco dias depois o cantor voltava ao palco no Kiel Auditorium em St. Louis, no repertório seus maiores hits no momento, "All Shook Up", "Don't be Cruel" entre outras. Esta famosa jumpsuit, a "Gold Leaf", apareceu na capa do disco "Elvis Golden Records vol 2", este é um disco que reúne os principais singles de sucesso de Elvis Presley no período em que ele estava servindo o exército na Alemanha. ~

Na minha modesta opinião é o melhor trabalho musical de toda a carreira do cantor. As canções aqui presentes são simplesmente o melhor exemplo do Rock'n'Roll de Elvis nos anos 50. Foi lançado em dezembro de 1959 marcando a despedida do rei aos melhores anos de sua trajetória artística. É a reunião dos cincos singles lançados por Elvis, no período de janeiro de 1958 a junho de 1959. Todos estes compactos receberam o disco de ouro e se tornaram "as gravações douradas do Rei". Apesar de ter sido lançadas separadamente, estas músicas foram gravadas nas mesmas sessões de gravação, que se realizaram um pouco antes do cantor partir para a Alemanha.

O subtítulo "50.000.000 Elvis Fans Can't Be Wrong", ou seja, "50.000.000 de fãs de Elvis não podem estar errados" retrata bem a popularidade do cantor em fins dos anos cinqüenta. Na capa em diversas fotos da mesma pose o cantor está vestindo sua roupa primeira "jumpsuit", a famosa "Gold Leaf", avaliada em dez mil dólares, que passa a mensagem de que Elvis realmente era "o sonho dourado da indústria fonográfica". O fato engraçado é que mesmo tendo a usado em alguns shows, ele não aprovou a roupa por achá-la muito pesada e quente. Melhor assim, desta forma a "Gold Leaf" ficou representando para a posteridade este momento da carreira de Elvis. Época que ficaria conhecida como àquela em que ninguém liderou as paradas mundiais de sucesso com tanta freqüência quanto ele.

Estas canções marcam também a despedida do contrabaixista Bill Black pois ele deixou de trabalhar com Elvis depois de entrar em conflito com o coronel Parker por motivos financeiros. Assumiu deste modo o posto deixado por Black o músico Bob Moore. Era o fim dos "Blue Moon Boys".
Single nas lojas: All Shook Up (Elvis Presley / Blackwell) — Esta canção alcançou tamanho sucesso quando lançada que se tornou parte do vocabulário da juventude norte americana da época. Elvis alcança uma das mais brilhantes interpretações de sua vida resultando num dos singles mais vendidos de sua carreira. A canção chegou a Elvis através de Steve Sholes, seu produtor na RCA Victor. O single alcançou o primeiro lugar da parada da revista Billboard em março de 1957 tendo sido gravada em 12 de janeiro do mesmo ano nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. Esta canção foi gravada primeiramente como I´m All Shook Up por David Hill, na Aladdin Records. Elvis gravou fazendo percussão na parte de trás do violão. O single ficou durante nove semanas no topo das paradas dos EUA, seu maior tempo consecutivo como número 1. Também foi seu primeiro número 1 na Inglaterra.

That's When Your Heartaches Begin (Raskin / Brown / Fisher} - Em 1953 Elvis entrou pela primeira vez num estúdio de gravação. Pagou quatro dólares e saiu com o primeiro acetato de sua vida. A lenda afirmava que o cantor havia gravado este disco para dar de presente a sua mãe mas o que Elvis queria mesmo era ouvir como ficava sua voz num disco. Este pequeno acetato contava com "My Happiness" no lado A e esta música no lado B. Esta é uma versão gravada posteriormente por Elvis já como cantor profissional e que foi lado B de "All Shook Up" em março de 1957. A versão do Acetato só foi encontrada muitos anos depois e lançada na caixa de cinco CDs intitulada "The King of Rock'n'Roll". A Versão original desta música foi lançada em 1950 pelo grupo "The Ink Spots".

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Elvis Presley - Elvis e Ginger Alden

Quando um repórter perguntou a Ginger Alden (foto), a mulher com quem Elvis pretendia se casar pouco antes de morrer, o que ela sentiu ao se encontrar com o grande astro pela primeira vez, ela respondeu: - "Sei lá, a gente espera que as trombetas toquem ou qualquer coisa parecida". E isso era a pura verdade. Apesar de tudo o que aconteceu na vida e na carreira de Elvis, no final de sua vida ocorreu algo que poucos esperavam: ele se tornou mais famoso ainda! Para um jornal local Elvis declarou: - "Pretendo continuar fazendo shows enquanto eu puder e enquanto os fãs me quiserem. Eu realmente adoro cantar para meus fãs. É a minha vida. Quero que eles se divirtam e saiam dizendo "pôxa! uau!". Gosto de pensar que eles se lembram de nós com prazer e ficam esperando que voltemos. É irônico, mas parece que a história está se repetindo. Minha carreira voltou a ser tão agitada como nos anos 50. As pessoas lotam todas as arenas. É apavorante. De algum modo não parece normal. Sou grato por sua lealdade, mas é assustador. O que virá depois?"

Elvis estava admirado com Ginger, uma garota de 20 anos nascida e criada em Memphis. Assim que aprendeu a andar, sua mãe a levou até Graceland, onde ambas ficaram em frente ao portão musical, esperando Elvis aparecer para assinar autógrafos. Quando Ginger tinha cinco anos sua mãe a levou até o parque de diversões que Elvis havia alugado uma noite. O Rei acariciou a cabeça de Ginger e a levou para um passeio na montanha russa. A primeira vez que Ginger entrou no palácio real, estava acompanhada de uma de suas duas irmãs, sendo que uma delas, Terry, era a nova miss Tennessee e por isso mesmo candidata natural à sucessão de Linda Thompson como preferida de Elvis. Mas quando o rei exerceu o seu direito de escolha, surpreendeu a todos ao ficar com Ginger, tão tímida, pura e inocente. No primeiro encontro, ele a levou até o aeroporto de Memphis, em seu carro preferido, um Stutz Blackhawk.

Ao chegarem, Elvis perguntou-lhe casualmente se ela queria dar uma volta em seu jet star. Ginger disse que sim, e quando entraram no grande avião, encontraram-se com a prima favorita de Elvis, Patsy Gambill, filha do tio Vester, e seu marido Gee Gee (ex valete do rei), assim como outros convidados. Quando o avião estava levantando vôo, Elvis anunciou que o destino era Las Vegas. Durante a viagem o rei presenteou Ginger com um bracelete de ouro maciço incrustado com pequenos diamantes que formavam a palavra "Elvis". - "Isso vai mostrar para todo mundo que você me pertence" - disse para Ginger. Em Las Vegas, todos foram para o hotel, onde passaram a noite e voltaram a Memphis no dia seguinte. Uma semana depois, Ginger recebeu um telefonema de Elvis. Dessa vez ele estava em San Francisco, morrendo de vontade de vê-la. Ela podia vir assistir o show. Elvis mandaria seu avião ir buscá-la. Poucos dias depois, Elvis lhe deu um carro, um Cadillac Seville, seu modelo feminino predileto. O que Ginger dirigia antes? Uma bicicleta de três marchas.

Nove semanas depois de conhecer Ginger Alden, Elvis decidiu que queria se casar com ela. Consultando seu livro de numerologia (Cheiro's Book of Numbers) ele descobriu que a data ideal seria 26 de janeiro de 1977. No dia seguinte ele comprou o anel de diamantes, no valor de 70 mil dólares e pediu Ginger em casamento. Todavia nenhuma data foi marcada para as núpcias. De sua parte, Ginger sentia-se agradecida de ser a rainha de Elvis. - "Começo a sentir que talvez tenha sido para isso que eu vim ao mundo. Se eu puder fazer Elvis feliz, terei cumprido meu objetivo. Ele quer um filho. Ele me quer ao seu lado dia e noite". Priscilla Presley, por sua vez, tinha uma outra visão do romance: - "A vida pessoal de Elvis não ajudava em nada. Ele estava namorando Ginger Alden, que era vinte anos mais moça. A diferença de idade se tornava um problema cada vez maior. Elvis dizia: - 'Estou cansado de criar crianças. Não tenho paciência para passar por tudo outra vez". Em julho de 1977 saiu o livro de West Hebler, "Elvis, What Happened?". Pela primeira vez na sua longa e muito bem guardada carreira, Elvis tinha sua vida particular exposta ao grande público. Foi um período sinistro. Elvis ficou na pior, sem saber o que fazer. Uma noite ele recebeu um telefonema de Frank Sinatra, se oferecendo para usar sua "influência" para dar um "jeito" no livro. Elvis detestou Sinatra a vida inteira. Mesmo nesse momento de grande necessidade, ele não podia aceitar a ajuda do rival e recusou a oferta. Enquanto isso ele leu o livro de cabo a rabo, ficando angustiado com a parte que tratava das drogas.

Chegou a perguntar a Rick Stanley: - "O que os fãs irão pensar? O que Lisa Marie vai achar de uma coisa dessas?". Na imprensa começaram a surgir rumores que a polícia iria investigar seus médicos. Em Denver, por exemplo, alguns oficiais da polícia, conhecidos de Elvis, pegaram no seu hotel uma receita de Dilaudid e reconheceram que seu capitão honorário tinha problemas e se ofereceram para interná-lo em um sanatório. Elvis deixou a cidade como um bandido. Agora com toda essa sujeira pintando, como é que ele iria encarar seus fãs e lidar com toda a avalanche de notas negativas por parte da imprensa? Vive drogado? É por isso que está tão gordo e ofegante? Super sensível em relação aos ataques vindos de todas as partes, ele se sentiu encurralado. Elvis só ficou pensando nisso, até que achou a resposta para seus problemas: o Casamento. Aqueles caras ficavam falando que ele era um drogado e que dava tiros na TV. Mas iam ver só quando ele se casasse diante das principais personalidades dos Estados Unidos. Depois disso quem poderia dizer que ele era um Junky? Uau! isso calaria a boca de todo mundo. Elvis não passou um quarto de século com o Coronel Parker sem aprender alguma coisa sobre como manipular a opinião pública. Ginger ficou mais emocionada ainda quando Elvis lhe confidenciou radiante: - "Sabe o que meu pai me disse? Ele disse que nunca me viu tão feliz como homem"

Elvis - Documento Histórico.

Elvis Presley - A morte de Elvis por Priscilla Presley

Em abril de 1977 Elvis ficou doente, teve que cancelar uma excursão e voltar para Graceland. Lisa e eu estávamos lá, visitando Dodger (a avó do cantor). Ele me chamou a seu quarto. Não olhou para si mesmo, o rosto e o corpo estavam inchados. Vestia um pijama, o traje que parecia preferir agora quando estava em casa. Tinha nas mãos o livro dos números de Cheiro e disse que queria que eu lesse alguma coisa. Sua busca por respostas não se extinguira. Ainda procurava seu propósito na vida, ainda achava que não encontrara a sua vocação. Se descobrisse uma causa para defender, quer fosse uma sociedade sem drogas ou a paz mundial, teria o papel que procurava na vida. Sua generosidade era a prova dessa parte de sua natureza – a legendária propensão para dar, até mesmo incontáveis pessoas que não conhecia.

Mas Elvis jamais encontrou uma cruzada para tirá-lo de seu mundo enclausurado, uma disciplina bastante forte para anular a fuga nas drogas, naquela noite ele leu para mim, procurando por respostas, exatamente como fizera no ano anterior e em todos outros anos antes. Foi a última vez em que o encontrei.

Embarcamos no avião Lisa Marie por volta das nove horas daquela noite, 16 de agosto de 1977, apenas meus pais, Michele, Jerry Schilling, Joan Esposito e mais uns poucos amigos íntimos. A principio, fiquei sentada sozinha, desesperada. Depois, fui para a parte posterior do avião onde ficava o quarto de Elvis. Deitei ali, incapaz de acreditar que Elvis estava mesmo morto.

Lembrei dos gracejos que Elvis costumava dizer em relação a morte:

"Será sensacional para mim deixar esse mundo"
Contudo, ele usava no pescoço uma corrente com uma cruz e com uma estrela de Davi. Dizia que queria estar coberto por todos os lados "Não quero perder o paraíso por um detalhe técnico". Tinha medo de voar, mas nunca o demonstrava, Elvis nunca deixava transparecer os seus medos. Achava que tinha a responsabilidade de fazer com que todos nós sentissem seguros. Dava a impressão de ser confiante porque não queria que os outros ficassem desanimados.

Lembrei de uma ocasião em que estávamos voando de Los Angeles para Memphis. Havia muita turbulência e o avião sacudia bastante. Todos a bordo estavam assustados. Menos Elvis. Quando o fitei, ele sorriu e pegou minha mão

- "Não se preocupe, Baby. Vamos chegar lá"

No mesmo instante eu me senti segura. Havia uma certeza em Elvis. Se ele dizia que uma coisa aconteceria assim, então não restava a menor dúvida.

A viagem pareceu interminável. Eu estava completamente atordoada ao chegarmos a Memphis. Fomos levados a uma limousine à espera na pista, a fim de evitar os fotógrafos. Partimos a toda velocidade para Graceland, onde fomos recebidos por rostos frenéticos e incrédulos, de parentes, amigos íntimos e criados – as mesmas pessoas que nos havia cercado por tantos anos. Eu passara a maior parte de minha vida com aquela gente e olhar para todos agora foi Terrível.

A maior parte da família de Elvis – Vovó, Vernon, suas irmãs Delta e Hash, e outros – estava reunida no quarto de vovó, enquanto os amigos e os caras que trabalhavam para Elvis se concentrava nos Estúdios. Todos pareciam se limitar a entrar e sair dos cômodos, em silêncio, solenes, olhando ao redor com expressões incrédulas.

Vovó cuidava da casa, cozinhava, mantinha a tudo e a todos sob controle. Tinha o ar de uma pessoa com um propósito resoluto na vida, que no caso de Elvis era providenciar para que ele fosse bem cuidado. Quando morava em Graceland ficávamos por horas a fio juntas conversando, ela me falava dos velhos tempos, sobre Gladys e seu profundo amor por Elvis, sobre a terrível luta que os Presleys haviam travado pela sobrevivência. Ela vivia com Vernon e Gladys desde o nascimento de Elvis, ajudando quando Gladys arrumava um emprego para ajudar no sustento da casa. Uma mulher forte, vovó agüentara firme quando o marido fora embora, deixando-a com cinco filhos. Queria que todos acreditassem que tinha um ressentimento contra J.D. Presley, mas Dodger tinha um coração que a tudo perdoava e tenho a impressão que ainda gostava dele. Sempre falava que Elvis tinha sido um bom menino, nunca se meteu em qualquer encrenca mais grave, sempre saía da escola e voltava direto para casa, cumpria com suas obrigações. Fui informada de que o esforço constante de Gladys para proteger Elvis era o resultado de sua angústia pela morte do irmão gêmeo de Elvis, Jesse Garon. Aprendi a amar Dodger e o que ela representava – compaixão e devoção total a família.

Lisa estava lá fora, no gramado, em companhia de uma amiga, passeando no carrinho de golfe que o pai lhe dera. A princípio, fiquei aturdida por ela brincar numa ocasião como aquela, mas depois compreendi que Lisa ainda não fora ainda plenamente atingida pelo impacto do que acontecera. Vira a ambulância levando Elvis e ele ainda estava no hospital quando cheguei, por isso, Lisa estava confusa

E verdade? – perguntou ela – papai morreu mesmo?

Mas uma vez eu me senti desolada, sem saber o que dizer. Era nossa filha. Já era difícil para mim acreditar e enfrentar a morte de Elvis. Não sabia como contar a Lisa como nunca mais tornaria a ver o pai novamente. Balancei a cabeça e depois abracei-a Depois Lisa se afastou e voltou a passear de carrinho de golfe. Mas agora eu estava mais contente por ela ser capaz de brincar. Sabia que era sua maneira de evitar a realidade, era apenas uma criança.

A noite parecia interminável. Várias pessoas sentaram em torno da mesa de jantar, conversando. Foi então que tomei conhecimento das circunstâncias da morte de Elvis. Fui informada de que Elvis jogara tênis com seu primo Billy Smith até às quatro horas da madrugada, com a mulher de Billy, Jo, e a namorada de Elvis, Ginger, assistindo. Depois, todos se retiraram para dormir, mas enquanto Ginger dormia, Elvis permaneceu acordado, lendo. Ligou para tia Delta e disse que queria um pouco de água gelada, estava tendo dificuldades para dormir.

Elvis ainda estava lendo quando Ginger acordou, às nove horas da manhã, e quando ela voltou a dormir, por volta de uma hora da tarde. Quando ela despertou, Elvis não estava na cama. Foi encontrá-lo caído no chão do banheiro. Ginger gritou por socorro e Al Strada e Joe Esposito subiram correndo. Depois de chamar a ambulância, Joe aplicou respiração boca a boca em Elvis. Quando a ambulância estava saindo com Elvis para o hospital, seu médico particular, Dr Nick, apareceu e foi junto para o Memorial Batista. Ali os médicos tentaram por meia hora ressuscitar Elvis. Mas foi tudo inútil. Ele foi declarado morto ao chegar, de parada cardíaca. Vernon pediu a autópsia. O corpo foi levado para a agência funerária Memphis, a fim de ser preparado para a exposição no dia seguinte.

Enquanto estava escutando o relato das últimas horas de Elvis, fui me sentido cada vez mais perturbada. Havia dúvidas demais. Elvis raramente ficava sozinho por períodos prolongados. Subitamente compreendi que precisava ficar sozinha. Subi para a suíte de Elvis, onde passáramos boa parte de nossa vida conjugal. Os aposentos estavam arrumados mais do que o normal, muitos de seus pertences pessoais haviam desaparecido, não havia livros na mesinha de cabeceira, onde foi parar seus livros queridos, aqueles que ele jamais se separava? Fui ao seu quarto de vestir e era como se pudesse sentir sua presença viva – sua flagrância característica impregnava o quarto. Era uma sensação fantástica.

Pela janela da sala de jantar pude ver as milhares de pessoas que esperavam no Elvis Presley Boulevard pelo carro que traria seu corpo de volta a Graceland. Sua música enchia o ar, com as emissoras de rádio de todo o país prestando seu tributo ao rei.

Não demorou muito para que o caixão fosse instalado no vestíbulo da frente, aberto à visitação pública. Fiquei no quarto de vovó a maior parte daquela noite, enquanto milhares de pessoas do mundo inteiro apareciam, prestando sua última homenagem. Muitas choravam, alguns homens e mulheres até desmaiaram. Outras se demoravam junto ao caixão, recusando-se a acreditar que era ele mesmo. Elvis fora realmente amado, admirado e respeitado.

Esperei pelo momento certo para Lisa e eu nos despedirmos. Era tarde da noite e Elvis já fora transferido para a sala de estar, onde seria realizado o funeral. Havia silêncio, todos haviam ido embora. Juntas, ficamos paradas ao lado do caixão emocionadas. "Você parece tão sereno, Sattnin, tão descansado...sei que vai encontrar lá toda a felicidade e todas as respostas" Lisa pegou minha mão e pusemos no pulso direito de Elvis uma pulseira de prata , mostrando mãe e filha de mãos dadas.

- "Vamos sentir sua falta... "- murmurei

O coronel Parker compareceu ao funeral usando seu habitual quepe de beisebol, camisa e calça esporte. Disfarçou suas emoções da melhor forma que pôde. Elvis fora como um filho para ele. Um homem da velha escola, o coronel era considerado um homem de negócios de coração frio. Mas, na verdade, permaneceu fiel e leal a Elvis, mesmo quando sua carreira começara a declinar. Naquele dia pediu a Vernon que assinasse um contrato prolongando a sua posição como agente de Elvis. Já estava planejando meios de manter o nome de Elvis na lembrança do público. Agiu depressa, receando que Vernon, com a morte de Elvis, ficasse transtornado demais para cuidar direito das muitas propostas iminentes. Vernon assinou.

Durante o serviço religioso, Lisa e eu sentamos junto de Vernon e sua nova noiva, Sandy Miller, Dodger, Delta, Patsy, meus pais, Michelle e o resto da família. George Hamilton estava presente. Ann-Margret compareceu em companhia do marido, Roger Smith. Ann apresentou suas condolências com tanta sinceridade que senti um vínculo genuíno com ela.

J.D. e os Stamps Quartet cantaram as músicas evangélicas prediletas de Elvis. Vernon escolhera o pregador, um homem que mal conhecia Elvis e falou principalmente de sua generosidade. Elvis provavelmente teria rido e diria ao pai: "Não poderiam Ter arrumado um comediante ou algo parecido?" Elvis não queria que o lamentássemos.

Encerrado o serviço, fomos para o cemitério, Lisa e eu acompanhamos Vernon e Sandy. Ficava a cinco quilômetros da casa e por todo o percurso havia pessoas nos dois lados da rua, com outra milhares de pessoas no cemitério. Os carregadores do caixão – Jerry Schilling, Charlie Hodge, Dr Nick e Gene Smith – levaram-no até o mausoléu de mármore. Houve uma breve cerimônia e depois, um a um, todos nos aproximamos do caixão, beijamos ou tocamos, murmuramos algumas palavras finais de despedida. Depois, por medida de segurança, Elvis foi transferido para o jardim de Graceland, seu local de repouso eterno.

Antes de Lisa e eu voltarmos a Los Angeles, Vernon pediu-me que fosse ao escritório. Ele estava desesperado. Eu sabia de qualquer coisa que pudesse ajudá-lo a compreender por que o filho morrera? Vernon jamais aceitou plenamente e creio que a angústia o levou a morte, assim como vovó também não se recuperou da morte de Vernon.

Eu sabia que minha vida nunca mais seria a mesma. A morte de Elvis tornou-me muito mais consciente de minha própria mortalidade e das pessoas que eu amava. Compreendi que era melhor começar a partilhar mais com as pessoas com quem me importava, cada momento que tinha com minha filha ou meus pais se tornou mais precioso.

Aprendi com Elvis, muitas vezes – lamentavelmente – com seus erros. Aprendi que Ter muitas pessoas ao redor pode minar suas energias. Aprendi o preço de tentar fazer todos felizes. Elvis dava presentes a alguns e deixava outros ciumentos, freqüentemente criando rivalidades e ansiedades no grupo. Aprendi a confrontar as pessoas e os problemas – duas coisas que Elvis sempre evitara.

Aprendi a assumir o controle da minha vida. Elvis era tão jovem quando se tornara um astro que nunca fora capaz de manipular o poder e o dinheiro que acompanhavam a fama. Sob muitos aspectos, ele foi uma vítima, destruído pelas próprias pessoas que atendiam a todos os seus desejos e necessidades. Foi também uma vítima de sua imagem. O público queria que ele fosse perfeito, enquanto a imprensa implacavelmente exagerava os seus defeitos. Nunca teve a oportunidade de ser humano, de crescer para se tornar um adulto amadurecido, experimentar o mundo além de seu casulo artificial.

Quando Elvis Presley morreu, um pouco de nossas próprias vidas nos foi tirado, de todos que conheciam e amavam Elvis Presley, que partilharam suas Músicas e filmes, que acompanharam sua carreira. Sua paixão era divertir os amigos e os fãs. O público era seu verdadeiro amor. E o amor que Elvis e eu partilhamos foi profundo e permanente.

Passei muitas horas recordando momentos de meu passado que são para mim pedaços da história, significativos e memoráveis. Quando decidi contar essa história, não tinha a menor idéia de como seria uma tarefa difícil e emocionada. Muito se disse e escreveu a respeito de Elvis, por aqueles que o conheciam e outros que não conheciam mas diziam que conheciam. Espero Ter oferecido uma perspectiva melhor do que ele foi como um homem. Outros livros apresentaram uma imagem não muito lisonjeira, ressaltando suas fraquezas, excentricidades, explosões violentas, perversões e abuso de drogas. Eu queria escrever sobre amor, momentos preciosos e maravilhosos, outros repletos de sofrimento e desapontamento, sobre os triunfos e derrotas de um homem, uma grande parte com uma criança mulher ao seu lado, sentindo e experimentando suas angústias e alegrias como se fossem uma só pessoa.

Eu não seria honesta se não dissesse, ao revelar nossa vida, tão invejada, que não foi fácil para mim. Houve muitas ocasiões em que desejei pular fora, desistir, esquecer ou abrir mão daquele amor tão penoso. Alguns vão achar que omiti muitas datas importantes, fatos específicos e histórias incontáveis. Não creio que alguém possa sequer começar a captar a magia, sensibilidade, charme, generosidade e grandeza desse homem que tanto influenciou e contribuiu para a nossa cultura através de sua arte e sua música. Nunca tive intenção de realizar tal feito, queria apenas contar uma história. Elvis foi uma alma gentil, que emocionou e proporcionou felicidade a milhões de pessoas no mundo inteiro e continua a ser respeitado por seus semelhantes.

Ele era um homem, um homem muito especial.

Escrito por Priscilla Presley em seu livro "Elvis e eu" (Elvis and me, 1985)