quinta-feira, 23 de novembro de 2006

William Holden - Alvarez Kelly

Tenente Kelly (1966) - O ator William Holden já estava bem abatido por seus problemas com alcoolismo quando entrou no set de filmagens de "Tenente Kelly", faroeste lançado em 1966. Mesmo assim ainda continuava a ser um excelente ator, que cumpria suas obrigações com o estúdio. No filme ele interpreta um comerciante que vende provisões e bens para o exército da União durante a guerra civil e que acaba caindo nas mãos dos confederados - o exército sulista, a favor da manutenção da escravidão.

O vilão é justamente um oficial confederado, interpretado pelo também ótimo Richard Widmark. Seu objetivo é acabar com a dita retaguarda de abastecimento dos "casacos azuis", ou seja, os nortistas, o exército de Lincoln. O filme tem ótimas cenas e um clímax realmente muito bom. O diretor Edward Dmytryk era um cineasta veterano, muito competente nesse tipo de produção. Um western de primeira linha, realizado já em uma fase de crepúsculo do gênero, uma vez que as bilheterias cada vez mais modestas começavam a afastar os grandes estúdios de cinema desse tipo de faroeste.

Tenente Kelly
(Alvarez Kelly, Estados Unidos, 1966)
Direção: Edward Dmytryk
Roteiro: Franklin Coen
Elenco: William Holden, Richard Widmark, Janice Rule

Pablo Aluísio.

Cine Western


Charles Bronson
O ator Charles Bronson com figurino de bandoleiro mexicano em foto promocional de um de seus vários filmes de faroeste. 

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

A Coleção Classic Western

Nos Estados Unidos estão sendo lançados todos os anos títulos em DVDs mais do que interessantes. São verdadeiras coleções de filmografia dos grandes astros do faroeste. A série "Classic Western" consegue juntar cinco ou seis filmes de grandes atores em coleções que fazem a festa dos fãs desse gênero cinematográfico. Pena que no Brasil nenhuma distribuidora ou selo ainda se interessou em bancar esse tipo de lançamento nas lojas. Seria muito interessante, principalmente se fossem lançados em grandes magazines como as Lojas Americanas, etc.

No mercado americano esses lançamentos não custam caro. Ao contrário disso possuem praticamente o mesmo preço de um DVD convencional de um filme novo. Isso torna o produto muito mais convidativo e atraente para os fãs de cinema clássico. Afinal comprar cinco ou seis filmes de Randolph Scott pelo preço de um filme normal é algo bem atrativo para o consumidor.

E no meio desses novas coleções que vão chegando ao mercado também surge a pergunta sobre quais astros seriam mais colecionáveis. Bem, no topo de tudo não poderia deixar de citar John Wayne. Ele obviamente fez todos os tipos de filmes ao longo da carreira, mas se destacou mesmo por seus filmes de faroeste. Aqui também vale um comentário adicional. John Wayne tem muitos clássicos do cinema ao lado do diretor John Ford, por exemplo. Esses grandes clássicos ganham edições próprias e de forma em geral não são incluídas nessas edições que reúnem cinco ou seis filmes em um box só. Nesse tipo de coletânea são reunidos filmes menores de John Wayne.

Já no caso de Randolph Scott, Alan Ladd, Audie Murphy isso não acontece. Os mais populares filmes deles são reunidos ao lado de filmes menores, menos conhecidos, sem problema algum. Isso facilita bastante a vida do colecionador que vai pacientemente em sites como o IMDB para verificar a lista de suas filmografias. Aos poucos eles vão completando as coleções, seguindo ano por ano os filmes lançados por esses astros do passado.

Pablo Aluísio.

Cine Western

 Randolph Scott

domingo, 19 de novembro de 2006

Dança com Lobos e os Nativos Americanos

O filme "Dança com Lobos" foi saudado em seu lançamento original como uma verdadeira mudança de mentalidade dentro do cinema em relação aos nativos americanos. Essa era uma verdade, porém havia algo a mais. No passado Hollywood já havia produzido filmes que eram simpáticos com a cultura indígena dos nativos dos Estados Unidos. Esses filmes tinham roteiros que fugiam do velho estigma que retratar índios apenas como vilões.

Nos antigos filmes de faroeste havia esse grande antagonista coletivo. Os índios. Sempre retratados como selvagens assassinos. De fato, não podemos fechar os olhos para a realidade histórica, houve sim massacres promovidos por tribos mais violentas. Eles atacavam as caravanas de pioneiros brancos que iam em direção ao oeste americano. Barbaridades foram cometidas nesse período histórico, porém com o passar dos anos a convivência entre índios e brancos foi aumentando. O inicial choque de civilizações foi abrandando. De uma nova postura veio a necessária convivência civilizada.

A questão é que os roteiros dos filmes clássicos não primavam muitas vezes pela sutileza necessária. Eram filmes feitos para puro entretenimento. E com isso vieram as simplificações. Claro, houve inúmeras exceções. O índio Tonto que era o parceiro leal do cavaleiro solitário, herói das matinês, era um exemplo de que nem sempre a figura do nativo era negativa ou vilanesca. O diferencial com "Dança com Lobos" era que o foco mudava completamente de rota, mostrando a civilização indígena com todas as suas complexidades.

Filmes como "Pequeno Grande Homem" já tinham percorrido levemente essa caminho. Só que o filme de Kevin Costner deu um passo a mais, algo que já era necessário no ano em que chegou aos cinemas. A chuva de prêmios no Oscar, o reconhecimento da crítica e a boa vontade do público cimentaram todo o resto. A indústria já estava pronta para fazer uma espécie de mea culpa da forma como os índios tinham sido retratados por anos nas telas de cinema. É a evolução dos tempos, sempre caminhando para a frente.

Pablo Aluísio.

O verdadeiro Billy The Kid

O verdadeiro Billy The Kid se notabilizou por causa de seus feitos no mundo do crime. Ele pouco tinha a ver com as inúmeras caracterizações que iriam ser feitas pelo cinema nos anos que viriam. Billy era um sujeito pequeno, feio, com dentição ruim, que se envolveu numa série de mortes durante a chamada Guerra do Condado de Lincoln. Ele trabalhava com um inglês que tinha chegado na cidade onde morava para abrir um pequeno comércio. O problema é que seu concorrente não viu com bons olhos essa nova loja. Durante um trajeto ele acabou sendo assassinado. Os que trabalhavam ao seu lado (Kid, entre eles) partiram para a vingança. Pessoas foram mortas, inclusive homens da lei (acusados de serem corruptos) e Billy The Kid inegavalmente estava envolvido nessas mortes.

Ele foi preso, mas conseguiu fugir numa fuga espetacular, que o tornou famoso (ou infame) no velho oeste. Ao descer os degraus da cadeia conseguiu pegar a arma do policial, atirou nele e o matou. Ao sair correndo ainda atingiu outro assistente do xerife e ganhou a liberdade, mesmo estando algemado. Acabou sendo caçado por um velho conhecido, Pat Garrett, que conhecia Billy muito bem, inclusive sabendo de antemão onde ele procurava se esconder. E foi em um dos seus esconderijos que o xerife o matou. Dizem que Billy saiu por uma porta, onde Pat se escondia nas sombras. Afirmações não comprovadas afirmam ainda que o homem da lei o matou pelas costas, algo que ia contra a lei moral que imperava no velho oeste americano. Quem sabe agora a verdade depois de tantos anos?

Do Billy histórico sobrou pouca coisa. Ele foi enterrado no cemitério local, sem identificação. Como nenhum parente apareceu ele foi praticamente sepultado como indigente. De sua aparência original só restam duas velhas fotos. Numa delas, a mais famosa, Billy aparece ao lado de uma espingarda. Sua roupa não lembra em nada os figurinos estilosos do cinema. Ele aparente estar meio sujo, com uma cartola fora de eixo. Parecia ter poucos dentes na boca. Tinha a aparência de um jovem irlandês analfabeto, como muitos outros sem rumo e sem destino que vagavam pelas pequenas cidades do oeste. Nada que lembrasse um Paul Newman ou um Emilio Estevez. A realidade histórica, sem dúvida, era muito mais dura!

Pablo Aluísio.