domingo, 24 de julho de 2005
Elvis Presley - Elvis: Las Vegas '71
sábado, 23 de julho de 2005
Elvis Presley - Elvis no Exército - Parte 3
O jantar era servido às seis horas e, à noite, acontecia a cerimônia de autógrafos. Elvis estabeleceu esse ritual para que sua família não fosse incomodada em horas impróprias. Assim os autógrafos só eram concedidos durante meia hora, todas as noites. Uma placa na janela da casa, escrita em inglês e alemão avisava: "autógrafos entre 7:30 a 8:00 da noite somente, por favor" Durante o dia, a rua ficava calma e deserta. Mas quando a hora mágica se aproximava, uma pequena multidão se formava diante da casa. Elvis aparecia vestindo seu uniforme e assinava capas de discos, retratos, cartões postais, etc. Nunca houve nenhuma desordem ou violência durante essas sessões de autógrafos, mas depois de um tempo elas começaram a aborrecê-lo. Nesse ponto a rotina foi alterada, Lamar ou Red, iam lá fora e explicavam que Elvis estava indisposto, mas mesmo assim fazia questão de assinar os souvenirs das fãs. Lamar e Red coletavam as coisas, entravam na casa, Elvis assinava ou eles mesmos forjavam a assinatura do cantor e voltavam para devolver tudo, enquanto os fãs esperavam pacientemente.
Depois dessa cerimônia, a família sentava-se na sala para o balanço do dia. Elvis ia ao piano tocar alguma canção, ou então escutar a estação de rádio das forças armadas ou seus discos preferidos. Lá pelas nove horas, Elvis estava com fome novamente e, depois do lanche, subia para seu quarto e dormia dando boas risadas com a revista Mad. Nos fins de semana, Elvis convidava alguns companheiros do exército para irem à sua casa. Rex Mansfield (na foto ao lado de Elvis), Joe Esposito e Charlie Hodge. Lá pela meia noite de Sexta feira todos saíam. Se alguém demonstrasse cansaço ou relutância, em ir, Elvis pegava quatro ou cinco bolinhas, conseguidas com o farmacêutico da base, e fazia o cara tomar.
E iam todos para Frankfurt. A diversão favorita de Elvis nessa moderna cidade era uma contorcionista que trabalhava numa boate. Impressionado pela forma que ela contorcia o corpo, Elvis finalmente foi apresentado à dama e saíram algumas vezes. Todos os rapazes se deliciavam pensando no que essa garota poderia fazer na cama. Mas The Pelvis nunca divulgou que tipo de relacionamento ele manteve com a "rosquinha", como a moça foi apelidada. Durante esse inverno, Vernon conheceu Dee Stanley, mulher de um sargento que lá servia e com quem tinha três filhos. Dispostos a casar, Dee iniciou a ação de divórcio contra o marido e, em junho, ela e Vernon foram visitar Elvis no hospital militar de Frankfurt, onde ele estava confinado com tonsilite (inflamação das amígdalas) Vernon e Dee queriam a permissão para o casamento. "Senhora Stanley" – disse Elvis deitado na cama – "quero que meu pai seja feliz. Ele é um pai e um marido maravilhoso, e eu sempre quis Ter um irmão. Agora, terei três. Só precisamos acrescentar outro quarto em Graceland"
Nem bem Vernon encontrou sua mulher, Elvis também achou a sua. Foi em agosto de 1959, que ele conheceu Priscilla Ann Beaulieu. Sentado na sala num fim de semana à noite, ele viu entrar a mais bela adolescente do mundo. Priscilla parecia um anjo de 14 anos. Ela veio com Currie Grant, um colega de Elvis, e ficou até às onze horas. Quando Priscilla voltou para sua casa (na cidade de Weisbaden) seus pais estavam à sua espera. Não haveria mais visitas a esse tal de Elvis Presley. Priscilla nem se incomodou, pois não pensava que Elvis quisesse vê-la de novo. Imagine sua surpresa quando soube por intermédio de Grant que Elvis estava querendo um novo encontro no fim de semana. Junto com Grant, ela acabou persuadindo os pais.
Currie Grant fez um bom serviço, explicando que Elvis era um jovem exemplar, que vivia com o pai e a avó de forma respeitosa, e que as festas de fim de semana eram inocentes reuniões onde moças e rapazes tocavam piano e cantavam, comendo pizzas e tomando refrigerantes. Quando ao problema de Priscilla chegar tarde em casa, Elvis colocaria um carro à disposição, para trazê-la e levá-la. Naquele fim de semana, Priscilla voltou a Bad Nauheim. Gradualmente o ritmo de suas visitas mudou para duas ou três vezes por semana e, eventualmente, quatro vezes por semana. Lamar ia buscá-la em Wiesbaden, logo no começo da noite, e dirigia uma hora até chegarem em Bad Nauheim.
Depois, no fim da noite, outra longa viagem de volta. Assim que a freqüência dessas visitas aumentou, seu objetivo mudou. Agora, em vez de festinhas em volta do piano, o famoso herói sexual, e sua "teen angel" passavam a noite no quarto sozinhos, conversando sobre carros, cinema e maquiagem. Mas o que pensavam os Beaulieus, ao ver sua filhinha ir passar a noite com um notório símbolo sexual? Bem, quando Priscilla contou a Elvis que as mentiras que era forçada a inventar para explicar porque chegava em casa tão tarde da noite, não estavam mais colando, e que isso poderia por um fim às visitas, Elvis decidiu ir direto ao coração do problema.
Ele e Vernon telefonaram aos Beaulieus e marcaram uma visita. O que disseram aos pais de Priscilla não se sabe exatamente, mas é bastante provável que tenham explicado que, um dia, quando Elvis deixasse o exército e restabelecesse sua carreira artística, ele iria querer se casar e cuidar da família. Embora nenhuma promessa de casamento tenha sido feita nesse primeiro encontro, essa idéia estava implícita na mente de todos. A Sra Beaulieu chegou a dizer a filha que sua relação com Elvis representava a "oportunidade de sua vida".
Por volta de setembro de 1959, Elvis viu os primeiros sinais de que sua carreira estava revivendo. Hal Wallis veio de Hollywood para supervisionar o trabalho de uma 2ª unidade de produção, que iria filmar algumas cenas de fundo para o primeiro filme de Elvis depois do exército. Logicamente, o filme iria explorar dramaticamente suas aventuras na Alemanha, como recruta do Tio Sam. Elvis não gostou nada da idéia, mas guardou seu descontentamento só para si. Ele queria papéis que não apenas explorassem versões fantasiosas de sua vida, mas nunca disse nada ao produtor Wallis. Elvis passaria toda a sua longa carreira em Hollywood lamentando-se do fato de não ganhar bons papéis. O que ele nunca aprendeu é que atores não ganham bons papéis – eles exigem. Os últimos meses na Alemanha passaram rapidamente. Três semanas antes de dar baixa, Elvis mandou sua família de volta para Memphis. No dia final ele embarcou em um DC 7 no aeroporto de Frankfurt, de volta aos Estados Unidos.
Lu Gomes.
Elvis Presley - Elvis no Exército - Parte 2
Em menos de 24 horas ela ficou conhecida mundialmente. Elvis descolou seu telefone com o fotógrafo e, dias depois, ligou marcando um encontro. Claro que isso não foi ignorado pela imprensa. De noite para o dia, Margrit virou notícia internacional. Embora estivesse saindo com uma alemãzinha, Elvis ainda considerava Anita Wood, sua única namorada. Para reafirmar suas intenções e acalmá-la quanto às fofocas da imprensa, um dia Elvis fez algo sem precedentes em toda a sua vida – escreveu uma carta para Anita. "Não estou saindo com ninguém" – assegurou ele na carta – "Quando me casar será com a senhorita Wood Presley". Depois de exigir de Anita que não revelasse o conteúdo dessa carta à ninguém, Elvis pediu: "confie em mim e mantenha-se limpa e saudável".
Depois de um mês na Alemanha, Elvis foi com sua unidade para o posto de Grefewohr, perto da fronteira com a Checoslováquia, para treinamento especial. Os únicos passatempos em Graf eram beber cerveja, jogar sinuca ou ir ao cinema. Naturalmente Elvis escolheu o último. Foi numa noite no cinema que ele conheceu outra garota alemã que iria fazer parte de sua vida, Elizabeth Stefaniak. Elvis e Elizabeth saiam muito, mas apenas passeavam de carro. O que Elvis queria realmente era conversar, Ter a sua hora confessional que por tantas vezes tivera com Gladys.
Ao deixar Grafenwohr, um pouco antes do natal, Elvis levou Elizabeth com ele, para trabalhar em sua casa, como secretária e intérprete, ganhando um salário de 35 dólares semanais (nessa época Elvis sempre pagava aos seus empregados um ordenado de 35 dólares por semana, pois essa era a quantia que recebia quando trabalhava como motorista de caminhão na Crown Eletric). Foi um péssimo natal para os Presley, não houve ceia e o baixo astral pela ausência de Gladys foi geral. Na noite de natal, Elvis chorou muito, sozinho em seu quarto. Mas logo sua solidão iria chegar ao fim e Elvis teria sua vida alterada para sempre ao conhecer a filha de um oficial da Força Aérea.
Lu Gomes.
Elvis Presley - Elvis no Exército - Parte 1
De novo em Fort Hood, sua família começou a chegar para ficar junto dele. Vernon, Gladys, vovó e Lamar Fike alugaram uma casa perto da base. Mas Gladys não estava nada bem, queixando-se de dores no abdômen, náuseas e muito mau humor. Certas noites era óbvio que ela estava bêbada. Na primeira semana de agosto seu estado de saúde piorou e Vernon a levou de trem para Memphis, para que Gladys fosse internada e examinada no Hospital Batista. Sua doença era hepatite. Seu fígado estava inflamado, mas ninguém sabia qual era a causa. Especialistas vieram consultá-la e argumentaram que podia ser cirrose. Enquanto isso Gladys piorou mais ainda. Na verdade, Gladys nunca foi honesta com seu médico particular. Ela bebia ao ponto de ficar embriagada, mas nunca disse nada ao doutor.
Pior ainda, Gladys tomava uma grande quantidade de pílulas para emagrecer. Havia começado a usar esses compostos de anfetaminas alguns anos atrás, e foi aumentando o consumo à medida que ficava mais dependente. Sua desculpa era que tinha vergonha de sua obesidade e queria melhorar sua aparência, especialmente depois que seu filho ficou famoso e ela era sempre fotografada para os jornais. Mas Gladys nunca contou nada disso aos médicos. Enquanto a saúde de sua mãe piorava, Elvis conseguiu uma licença e foi vê-la no hospital em Memphis, onde passou 36 horas em vigília ao seu lado, indo depois para Graceland.
As três horas da manhã, o telefone tocou, era Vernon: "Elvis, sua mãe acabou de morrer" Com a morte de Gladys, sua confessora e guia moral, Elvis ficou desesperadamente sozinho. Seu primeiro instinto foi retirar-se do mundo e rodear-se de pessoas que devotavam a ele corpo e alma. O cantor se viu diante do maior drama de sua vida, Gladys não era somente sua mãe, mas também sua melhor amiga e companheira. Sem dúvida era muito ligado à mãe, pois quando seu pai foi preso anos atrás, ficaram só ele e Gladys contra todos, e lutando pela sobrevivência. Realmente se amavam muitíssimo. Conversavam uma conversa de bebês que só eles entendiam. Com sua morte, Elvis amargou uma das maiores depressões de sua vida e não havia consolo para sua dor. Presley perdeu totalmente o controle emocional e seu médico particular receitou calmantes para que ele pudesse acompanhar os serviços funerários. Gladys foi velada em Graceland e Elvis mandou abrir as portas da mansão para que todos pudessem prestar suas homenagens: "Mamãe adorava meus fãs, quero que todos venham se despedir dela". Gladys Smith Presley foi sepultada originalmente no cemitério de Forrest Hill. Na lápide de Gladys, Elvis mandou escrever a seguinte frase: "Ela foi o raio de sol de nosso lar".
Lu Gomes.
sexta-feira, 22 de julho de 2005
Elvis Presley - Elvis Gold Records 2 - Parte 1
Só que do ponto de vista de quem estava gravando (no caso o próprio Elvis) isso não fazia muito sentido porque as canções foram gravadas juntas, como ele fazia em todo e qualquer disco que era lançado depois. Aliás para o colecionador da época teria sido muito melhor que tudo fosse lançado junto mesmo. Seria o disco de despedida de Elvis após ele vestir a farda verde do exército americano. Porém o Coronel Parker tinha uma filosofia comercial de "vender sempre a mesma gravação duas vezes" e por essa razão as canções chegaram aos fãs do jeito que foram lançadas. Primeiro no formato de single. Depois dentro de uma falsa coletânea que poderia ser considerado um disco próprio de Elvis.
E a qualidade dessas dez canções é inegável. Só clássico do rock americano da época. Um verdadeiro deleite para os fãs do Elvis roqueiro em sua primeira fase na carreira. É interessante relembrar que pouco depois da gravação dessas faixas o rock iria entrar numa maré de azar. Vários ídolos do surgimento do gênero musical nos Estados Unidos, em sua geração pioneira, iriam cair em desgraça e isso no intervalo de poucos meses.
Os cantores Buddy Holly, Ritchie Valens e The Big Bopper morreriam no mesmo acidente de avião quando sobrevoavam Clear Lake, no estado americano do Iowa. Tiveram mortes terríveis. Chuck Berry foi preso acusado de envolvimento em crimes sexuais. O radialista Alan Freed, o homem que deu nome ao Rock, também foi para a cadeia, acusado de cobrar propina de produtores e gravadoras para tocar músicas em seu programa. Little Richard teve uma crise de fé e decidiu que iria deixar de cantar rock para se dedicar totalmente para a religião cristã. Até a ótima dupla The Everly Brothers decidiu se separar. E com Elvis no exterior, longe da carreira, os fãs de rock perceberam que praticamente não havia sobrado mais nenhum artista de seu estilo musical preferido. Os roqueiros da primeira geração pareciam desaparecer de forma assustadora. E foi dentro desse contexto que esse álbum de Elvis foi gravado.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Elvis Gold Records 2 - Parte 2
E esse disco de fato era muito bom. Uma bela mistura de canções mais agitadas, puro rock, com baladas românticas. O curioso é que o romantismo dos discos de Elvis por essa época tinham um sentimento mais juvenil, de namoro de mãos dadas mesmo, nada parecido com as baladas dos anos 1970, que viriam repletas de mensagens de amargura, desilusão, até mesmo raiva pela traição feita por aquela mulher que ele achava ser o grande amor de sua vida (se você associou Priscilla com isso, acertou em cheio!). Porém nesse disco o amor era aquele de colégio, mais simples e pueril.
E nessa categoria temos duas belas baladas. A primeira a se elogiar é a terna "Don´t". Os fãs brasileiros, por exemplo, mal conheciam a canção. Nos Estados Unidos ela havia sido lançada em um single que até fez bastante sucesso nas rádios. Porém no Brasil essa bela música passou em brancas nuvens. Curiosamente Priscilla Presley iria escolher pessoalmente essa faixa para servir de tema do seriado baseado em suas memórias, "Elvis e Eu", que foi exibido no Brasil, durante a década de 1980, no canal aberto SBT. É até fácil entender essa escolha. Foi justamente nessa época, em que a baladinha era lançada, que Elvis e Priscilla começaram a namorar. Certamente marcou para ela.
Outra canção romântica classe A do disco era "A Fool Such As I", Nessa gravação se sobressaíram muito bem o solo tocado por Scotty Moore e o vocal de apoio do grupo The Jordanaires. Outro fato curioso digno de nota é que os Jordanaires eram os únicos creditados nos discos de Elvis na época. Como naqueles tempos distantes havia pouca (ou quase nenhuma) informação sobre o grupo, muitos pensavam que eles tocavam todos os instrumentos. Na verdade era apenas o grupo vocal que acompanhava Elvis nas gravações. Os verdadeiros instrumentistas como Scotty Moore, Bill Black e demais membros da banda não tinham seus nomes creditados nas capas dos discos, ficando praticamente desconhecidos do grande público. Esse anonimato não deixava de ser uma injustiça para esses talentosos músicos.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Elvis Gold Records 2 - Parte 3
Enquanto o urso russo e a águia americana brigavam por corações e mentes mundo afora, usando todos os tipos de armas possíveis, a RCA Victor tentava manter o nome de Elvis em voga. Quando foi para a Alemanha Elvis confidenciou a pessoas próximas que acreditava que seria esquecido. Cantores eram descartáveis, em sua opinião. E quem não era visto, não era lembrado. A RCA então soltou o single de "A Big Hunk O'Love" nas lojas. Era uma música inédita de Elvis, gravada antes dele partir para a Europa. Para surpresa de muita gente o compacto fez muito sucesso, chegando nos primeiros lugares das paradas, entre os mais vendidos. Parecia que os fãs não tinham esquecido Elvis Presley afinal.
No Brasil as coisas vinham com atraso. Talvez por isso a música anterior não tenha feito qualquer sucesso por aqui. Porém o mesmo não poderia se dizer de "I Need Your Love Tonight". Essa caiu nas graças do público nacional (e americano também). Tanto que muitos anos depois foi incluída no famoso disco "Elvis - Disco de Ouro" que foi lançado em 1977 em nosso país e se tornou um dos LPs mais vendidos da carreira de Elvis Presley no Brasil. Não se pode negar que essa música tinha excelente ritmo e havia sido gravada numa sessão muito produtiva por parte de Elvis e banda. Eles estavam bem entrosados. É um pop / rock de excelente qualidade.
Outra que marcou e fez sucesso foi "One Night". Você gosta de blues? Acha que Elvis tinha talento e estilo para ser reconhecido como um grande blueseiro? Pois então essa é sua faixa. Na verdade pode-se dizer que foi o maior sucesso comercial de Elvis nesse gênero musical. Claro, ele gravou outras músicas de blues, mas nenhuma, mesmo as que tinham mais méritos, conseguiram maior espaço no hit parade. E Elvis parecia muito à vontade com esse tema, que para variar, foi considerado indecente pelos conservadores americanos na época. Imagine, um cantor como Elvis, que naqueles tempos tinha fama de rebelde e até mesmo de delinquente juvenil, cantando uma letra sensual e maliciosa como essa. Era mesmo para os membros do partido republicano se morderem de raiva e ódio!
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 21 de julho de 2005
Elvis Presley - Elvis Gold Records 2 - Parte 4
O Coronel Parker sabia que a situação realmente não era muito boa e em conversação com a RCA planejou uma forma de manter o nome de Elvis sempre em evidência no mundo musical. O plano era relativamente simples. Lançar regulamente singles inéditos no mercado - geralmente a cada 4, 5 meses – para que Elvis não fosse completamente esquecido. Todo o material já havia sido gravado antes de Elvis ir para o serviço militar. Devidamente arquivado, seria lançado no mercado aos poucos, de forma gradual. Assim as canções certamente iriam se tornar sucesso, tocando nas rádios e criando uma falsa impressão nos fãs de que Elvis ainda estava na ativa, produzindo.
O primeiro single a seguir essa nova estratégia foi “Wear My Ring Around Your Neck / Doncha Think It's Time”. O lado A com o rock "Wear My Ring Around Your Neck" era a grande aposta da RCA Victor em colocar Elvis novamente no primeiro lugar entre os compactos mais vendidos. A música tinha ótimo ritmo, muita vibração e energia, em uma bela e inspirada performance de Elvis. Curiosamente embora fosse um rock com potencial de sucesso, a gravação não conseguiu se destacar nas paradas. O máximo que conseguiu foi alcançar um suado terceiro lugar por uma semana apenas, muito pouco em se tratando de single inédito de Elvis Presley na década de 1950. Para alguns analistas a culpa seria da letra considerada pouco significativa, fraca mesmo. Para outros o que pesou mesmo foi a falta da presença de Elvis na promoção da música em shows e apresentações na TV.
O lado B com "Doncha Think It's Time" não era menos interessante, Essa música tinha um ritmo próprio, sui generis, com uma vocalização muito singular por parte de Elvis. O ritmo soava nervoso, pausado, com explosões vocais em momentos chaves da canção! Infelizmente também não conseguiu chamar a atenção e foi solenemente ignorada na época. De forma injusta acabou virando um “Lado B obscuro”, pouco conhecido e nada mais dentro da discografia do cantor. Aliás o próprio Elvis parece ter esquecido dessas músicas nos anos seguintes, pois jamais as cantou ao vivo e nem as utilizou em qualquer outro projeto de sua carreira.
São duas faixas, que embora sejam muito boas, realmente foram para esquecimento dentro da discografia. A RCA Victor se esforçou bastante na divulgação do compacto, mas os resultados foram desanimadores, sendo o primeiro single de Elvis desde março de 1957 a não chegar ao topo da parada. O resultado comercial morno já indicava os problemas pelos quais a gravadora iria enfrentar, afinal vender canções inéditas de um soldado servindo à pátria na distante Alemanha não era algo fácil, nem mesmo para Elvis Presley!
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Elvis Gold Records 2 - Parte 5
O blues está na alma do povo americano e também estava na alma do jovem Elvis Presley. Como teve infância humilde, ele conviveu bastante ao longo de sua vida com a cultura negra. Não é de se admirar assim que o gênero tenha estado tão presente em sua carreira. E isso ficou bem claro no segundo single de canções inéditas lançadas pela RCA enquanto o cantor estava na Alemanha servindo o exército de seu país. A faixa principal era um Rhythm & Blues que curiosamente sofreu auto censura pela própria gravadora, a RCA, que queria algo menos incisivo. Estamos falando da música "One Night". Inicialmente a canção se chamava “One Night of Sin”, título pela qual ficou conhecida dentro da cultura negra na voz do cantor Smiley Lewis (1913 - 1966). Natural de New Orleans, o músico havia destacado a canção nas paradas tanto que conseguiu chegar com ela no cobiçado primeiro lugar da parada R&B da Billboard.
O problema é que qualquer citação na letra a pecado e coisas afins, soava como uma má idéia por parte dos executivos da RCA, principalmente em relação a Elvis que tanta controvérsia já havia causado. Presley chegou a gravar um Take envenenado, sem qualquer tipo de suavização, mas a gravadora realmente queria algo mais soft, leve, menos provocativo. E foi essa versão que chegou aos seus fãs na década de 1950.
No lado B do compacto a RCA escolheu colocar a faixa "I Got Stung", outra inédita composta pela dupla Schroeder e Hill que havia caído nas graças de Elvis no estúdio, pois os 1compositores a criaram pensando justamente no estilo vocal característico de Elvis naquela fase de sua carreira, algo como se estivesse mastigando as palavras ou como resumiu um irônico crítico musical do New York Times: “Elvis ao cantar parece estar também mascando chicletes”.
O single chegou nas lojas americanas e tal como o anterior também não conseguiu alcançar o topo da parada Billboard, chegando no máximo ao quarto lugar entre os mais vendidos, o que não o impediu de ser premiado com um disco de ouro. Com Elvis distante, sem condições de apresentar a música em filmes e nem em programas de TV, a situação ficava mais complicada pois a máquina publicitária da RCA tinha que trabalhar apenas com as emissoras de rádio, o que nem sempre era muito fácil ou barato. De fato as performances ao vivo de Elvis Presley eram vitais para os sucessos de suas gravações no mercado como bem foi provado por essa época.
Já na Inglaterra o single se saiu melhor finalmente atingindo o topo da parada daquele país. Infelizmente a RCA optou pelo caminho mais fácil nos Estados Unidos e fez uma promoção preguiçosa do single, não se dando nem ao trabalho de confeccionar uma capa decente pois o material foi retirado das fotos promocionais do álbum “Elvis Christmas Album”. De qualquer modo o que transparece é que apesar do certo descaso de sua gravadora, Elvis parece ter realmente acreditado na música tanto que a resgatou dez anos depois em seu especial de TV no canal NBC. Um reconhecimento tardio mas que trouxe o devido tratamento a uma de suas canções mais marcantes antes de ir para o exército.
Pablo Aluìsio.
quarta-feira, 20 de julho de 2005
Elvis Presley - Elvis Gold Records 2 - Parte 6
O lado A do compacto vinha com a conhecida “A Fool Such As I”. A música havia sido lançada originalmente em 1952 pelo popular cantor Hank Snow (1914 – 1999) um dos maiores nomes da história do country americano, com mais de 50 anos de carreira e 140 discos lançados em sua vasta discografia. Elvis cuja formação musical se deu principalmente devido ao rádio, conhecia muito bem o artista desde a década de 1940. Era uma cria do Grand Ole Opry, um dos programas mais ouvidos no sul. A versão de Elvis é maravilhosa. O cantor colocou em seu vocal anos e anos de aprendizado radiofônico. Aqui se nota muito bem seu espírito country, uma característica que nunca o abandonou, em nenhuma fase de sua carreira. Country music certamente sempre foi um dos pilares da trajetória de Elvis e aqui, em plena fase roqueira de sua discografia, ele ressurgia cantando um clássico country de Hank Snow. Depois do sucesso da versão de Elvis outros artistas a gravaram também, em especial Petula Clark, Mickey Gilley, Rodney Crowell e Baillie & the Boys
E talvez para não deixar seus fãs roqueiros confusos, o lado B trazia o excelente rock “I Need Your Love Tonight”. Essa canção ficou muito conhecida no Brasil porque fez parte do popular “Elvis – Disco de Ouro” de 1977, o vinil mais vendido do cantor em nosso país. Já nos EUA ela mantém seu status de boa gravação, mas ainda assim um Lado B. Elvis a registrou na última sessão antes de ir embora para a Alemanha. Havia muita pressa em deixar músicas inéditas arquivadas, mas isso em nada impediu o excelente nível técnico da gravação. Particularmente considero esse um dos melhores arranjos da década de 1950.
A banda, muito entrosada, não perdeu o pique. Além disso Elvis se mostrou comprometido em realizar uma boa versão. O single chegou nas lojas americanas em março de 1959 alcançando o quarto lugar da parada Billboard e sendo, assim como o single anterior, premiado com um disco de ouro. Isso apesar de nunca ter chegado ao número 1, que era o desejo da RCA. As noticias sobre sua volta já começavam a surgir na imprensa, trazendo seu nome de volta aos holofotes o que de certa forma ajudou na promoção do compacto. De qualquer modo não há como negar a ótima qualidade desse material. Os fãs certamente gostaram muito dessas boas músicas.
Pablo Aluísio.