terça-feira, 19 de julho de 2005

Elvis Presley

 

Elvis Presley na Loja de Discos


Elvis Presley na Loja de Discos - Essa foto pode até parecer banal para alguns, mas em meu caso ela é bem significativa. Traz Elvis olhando para as novidades em um loja de discos da época. Logo um dos maiores vendedores de discos de vinil da história. Inclusive um de seus álbuns, o segundo de sua carreira, pode ser vista logo ali ao lado. Tem também álbuns de Little Richard, Perry Como, entre outros. Todos itens que entrariam em extinção, inclusive as próprias lojas de discos, o rock e os discos de vinil (pelo menos por um tempo já que  andam na moda, voltando a vender bem nos últimos tempos). 

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley

 

sexta-feira, 15 de julho de 2005

Elvis Presley - Loving You


Elvis Presley - Loving You - Fotos do cantor e ator Elvis Presley no filme "Loving You" de 1957. Assim finalizo essa série de textos sobre o álbum "Loving You" que foi o terceiro LP de Elvis pelo selo RCA Victor. Lançado em 1957 o disco alcançou o primeiro lugar nas paradas, demonstrando o grande sucesso que Elvis vinha colecionando naquele começo brilhante de carreira. Independente de ser uma trilha sonora o disco ainda hoje é bastante elogiado pela crítica musical, afinal de contas capturou Elvis e sua voz em um de seus melhores momentos. Uma obra-prima em forma de vinil. Para ter na coleção, sem dúvida alguma. (Pablo Aluísio).


quinta-feira, 14 de julho de 2005

Elvis Presley - Separate Ways / Always on My Mind

Outro single de sucesso da carreira de Elvis, outro que fez parte dos trabalhos do filme "Elvis On Tour". Hoje em dia as pessoas ficam surpresas pelo fato de que o grande hit "Always on My Mind" ter sido lançado como lado B desse compacto. Bom, temos que contextualizar historicamente a questão. Na verdade "Always on My Mind" só iria se tornar esse sucesso todo que conhecemos nos anos 80. Até então a faixa era considerada mesmo um autêntico Lado B de Elvis em sua carreira. Só para se ter uma idéia essa música não foi lançada no Brasil nos anos 70 e nem tempouco virou um sucesso comercial. Pelo contrário, foi completamente ignorada por anos e anos. Só depois, uma década depois, conseguiu finalmente se destacar, virando aí sim um grande sucesso na voz de Elvis Presley. Hoje em dia é uma de suas gravações mais conhecidas.

Em 1972, ano em que esse single foi lançado, a música de trabalho era mesmo "Separate Ways" que eu considero uma bonita balada. Em minha visão a música foi gravada por Elvis por motivos bem óbvios. Ele estava se separando de sua esposa Priscilla, em um divórcio que iria ser bem dolorido para o casal. Assim era um tanto óbvio que Elvis iria se identificar com a letra. Bem gravada, com Elvis empenhado nos vocais, a música nunca chegou a ser um grande hit. Curiosamente seria aproveitada depois novamente pela RCA que iria criar um álbum com seu nome. Assim como havia com o single "Burning Love" a RCA aproveitaria as duas canções do single para abrir os respectivos lados A e B, recheando o resto do disco com gravações B de seus filmes em Hollywood.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de julho de 2005

Elvis Presley - Burning Love / It's A Matter of Time

Esse foi o single mais vendido da carreira de Elvis Presley nos anos 70. Gravado em meio aos trabalhos do filme "Elvis On Tour", assim que o compacto foi lançado chegou aos primeiros lugares entre os mais vendidos. Um sucesso até facilmente explicável. As pessoas por essa época, inclusive os fãs, reclamavam que Elvis estava muito centrado na country music e no repertório de baladas. Havia chegado a hora de balançar um pouco as coisas, com uma música pulsante, com ritmo forte, que trouxesse a lembrança dos velhos tempos de roqueiro de Elvis. Em meu ponto de vista foi justamente isso que transformou "Burning Love" em um grande hit para Elvis. O sucesso foi tão grande que a RCA resolveu lançar um álbum com o nome da música, muito embora todo o restante do repertório desse disco fosse composto apenas por músicas de filmes antigos de Elvis.

Já o lado B vinha com a balada romântica "It's A Matter of Time", música bonita, bem arranjada, contando com um lindo solo de violão que atravessava praticamente toda a faixa. Elvis, por sua vez, a cantou com sobriedade, com a ternura que a letra exigia. Há uma cena no filme "Elvis On Tour" mostrando Elvis gravando a faixa. Os produtores acompanharam Elvis até o estúdio onde a cena foi filmada. Se trata de uma imagem rara pois Elvis raramente se deixava filmar ou fotografar enquanto gravava seus álbuns nos anos 70. Com seu óculos de aviador, Elvis arrasava em mais uma grande performance vocal. Enfim, eis aqui um single realmente campeão, não apenas no aspecto comercial, mas também em seu valor artístico.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - An American Trilogy / The First Time Ever I Saw Your Face

Single excelente da carreira de Elvis Presley. Pena que o lado B com a maravilhosa canção "The First Time Ever I Saw Your Face" nunca teve os méritos reconhecidos. A vocalização de Elvis nessa canção é, sem favor algum, uma das mais belas de toda a sua carreira. Sem exagero algum, essa interpretação de Elvis chega ao ponto de me arrepiar. Grande momento, com Elvis mostrando todo o seu talento como grande cantor que foi. Perceba que nessa música ele deixou seu estilo forte de lado, para surgir de forma suave, introspectivo. É, em minha opinião, uma das mais belas performances vocais de Elvis nos anos 70. Para levantar e aplaudir de pé, com louvores! Linda demais a canção!

Já o lado A teve muito mais reconhecimento por parte dos fãs. E muito disso se deve ao próprio Elvis. Ele fez questão de levar "An American Trilogy" para os palcos, para os seus maiores shows, entre eles o próprio "Aloha From Hawaii" onde a canção teve seu lugar de destaque. Foi inclusive nas faixas desse álbum que a grande maioria dos fãs de Elvis conheceram a música. No Brasil, por exemplo, foi através desse disco duplo que a canção chegou pela primeira vez em nosso mercado, uma vez que o single por aqui não chegou a ser lançado na época. Fruto da união de 3 hinos tradicionais, entre eles um verdadeiro hino não formal das tropas confederadas na guerra civil, esse medley de trio foi mesmo um ápice para Elvis, tanto nos discos como principalmente nos concertos ao vivo, onde nitidamente ele explodia em emoção ao cantá-la. Grande momento, mostrando o Elvis Presley grandioso dos anos 70; na sua última década de vida.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de julho de 2005

Elvis Presley - Elvis Country (1971)

Todo artista precisa se adaptar ao público. Elvis sabia muito bem disso e por isso nos anos 70 procurou uma nova linha de repertório para seguir. Ele iria passar toda a década fazendo shows e concertos por todos os Estados Unidos, mas em especial para seu público fiel dos estados sulistas. Bom, não é complicado entender que nesses rincões a música que prevalecia nas rádios, nas festas e no dia a dia era o bom e velho country. Então Elvis tratou de providenciar um novo lote de gravações nesse gênero musical. Um artista se adaptando ao gosto de seu público, nada mais do que isso. "Elvis Country", o álbum, foi uma surpresa em vários aspectos. Para um cantor que vinha seguindo o estilo de Hollywood era realmente uma volta às raízes, ao country and western de seus primeiros dias, ainda na Sun Records. Claro, Elvis foi um dos grandes pioneiros do rock, mas desde o começo e mesmo em suas álbuns mais, digamos, roqueiros, sempre havia uma ou outra faixa com sabor country. Não é que Elvis estivesse pulando de paraquedas dentro do universo country de Nashville. Na verdade ele nunca deixou de fazer parte desse nicho musical. Reverenciado como um dos pais do rock americano, o fato é que Elvis dedicou bem mais espaço em sua discografia para as baladas românticas e as canções ao estilo country.

Quando o álbum foi anunciado pela RCA Victor houve quem dissesse que o disco não iria vender bem. Ele não era direcionado nem para os fãs do distante Elvis roqueiro dos anos 50 e nem tampouco para os que vinham acompanhando seu estilo Made in Hollywood dos anos 60. A capa, por si só, também chamava a atenção, trazendo um Elvis garotinho em uma das suas primeiras fotos, ao mais puro estilo sulista de Tupelo, a pequenina cidadezinha onde nasceu. Elvis também fez questão que ao lado da foto mais bem trabalhada, por uma bonita direção de arte, estivesse a fotografia original, com ele ao lado de seus pais, Vernon e Gladys. Ter a oportunidade de colocar sua querida mãe na capa de um de seus discos o encheu de orgulho e saudades. Intitulado "Elvis Country (I'm 10,000 Years Old)", o disco foi um sucesso de vendas, mostrando que a opção de se abraçar o country de vez era muito bem-vinda por parte de seu público. A seleção musical era das melhores. Elvis selecionou o material que iria gravar e fez uma mescla de antigas canções - algumas de sua época de infância - com sucessos recentes. Ele queria homenagear seus primeiros anos, quando ouvia country nas estações de rádio de Memphis, com o melhor que Nashville vinha produzindo no momento. O disco, lançado no começo de 1971, acabou antecipando muito do caminho que Elvis iria trilhar naqueles anos.

1. Snowbird (G. Mac Lellan) - O álbum "Elvis Country" começa com uma música que curiosamente não foi gravada nas sessões de junho de 1970, mas sim nas sessões de gravação realizadas em setembro desse mesmo ano. Essa belíssima música, que ganhou algumas versões ao vivo em 1971, estava nas paradas na voz da cantora canadense Anne Murray, quando Elvis a gravou. De melodia leve e com uma letra bem poética a canção se sobressaiu por causa do estilo, digamos, enigmático de sua letra. Para entender bem isso basta passear pela mensagem do autor. Vide os versos: "Então pássaro da neve me leve com você para onde for / Para as terras de brisas gentis / Onde as águas pacíficas correm". O destaque dessa música é a guitarra que não é executada por James Burton, que sequer participou das sessões de setembro e sim de outro músico talentoso, Chip Young. Em termos discográficos porém a canção nunca teve um papel de destaque dentro da discografia de Elvis. Como já era um sucesso musical na voz de outro artista, não era mesmo de se esperar que ela se tornasse campeã de popularidades na rádios, agora na voz de Elvis. Esse aspecto é bem curioso, porque muitas belas gravações de Elvis nunca se destacaram nas paradas justamente por esse tipo de situação. Os radialistas apenas consideravam versões interessantes de sucessos de outros artistas interpretados por Elvis Presley. Pensando assim não abriam muito espaço na programação. Apenas os fãs, ao comprarem os discos do cantor, acabavam conhecendo essas novas versões. Para a mídia em geral eles não passavam de covers - por mais absurdo que isso possa parecer. Pensando nisso Felton Jarvis, o produtor de Elvis, tentou, sem muito sucesso, levar Elvis a gravar composições disponibilizadas pela RCA Victor especialmente para Elvis. Eram músicas compostas para serem lançadas em primeira mão na voz de Presley. Infelizmente nem sempre Elvis gostava dessas músicas, preferindo cantar ou sucessos do momento de outros cantores ou então revitalizar velhas canções do passado de que gostava tanto. Essa falta de novidades em seu repertório acabou prejudicando o sucesso de certos álbuns e singles, pois não despertavam muito a atenção do mercado na época.

2. Tomorrow Never Comes (E. Tubb / J. Bond) - Se a música anterior era caracterizada pela simplicidade e bucolismo, "Tomorrow Never Comes" chamava atenção pela suntuosidade. Seu estilo e ritmo lembram uma marcha dos tempos da guerra civil americana, daquelas que as tropas iam cantando pelas estradas em direção ao front de batalha. Essa canção também era bem antiga. Gravada originalmente na década de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, a composição era bem conhecida pelos artistas de Nashville. O cantor e compositor Ernest Tubb, que a tinha gravada no passado, havia trabalhado ao lado do Coronel Tom Parker. Era um velho conhecido. Seu estilo honky tonk não foi seguido por Elvis em sua versão. O cantor preferiu trazer mais dramaticidade e impacto, ignorando suas origens mais simples, para dar consistência à obra. Em minha forma de ver acabou se tornado umas das melhores gravações de Elvis durante a Nashville Marathon. Consistente e extremamente bem arranjada, ainda hoje impressiona.

3. Little Cabin On The Hill (L. Flatt / Bill Monroe) - Já "Little Cabin On The Hill" cativa pela extrema simplicidade. Essa canção nem estava na lista da RCA Victor para essas sessões. Durante o intervalo em que Elvis aproveitou para beber uma Pepsi-Cola, ele chamou o músico Charlie McCoy para perto de si e perguntou: "Ei Charlie, como era mesmo aquela velha música do Bill Monroe?". Aproveitando a deixa em sua gaita ele tocou as notas e Elvis lembrou-se imediatamente da letra. Bill Monroe havia composto "Blue Moon of Kentucky", uma das primeiras músicas gravadas profissionalmente por Elvis, ainda nos tempos da Sun Records. Por isso havia um certo carinho por parte de Presley em relação à sua obra. Elvis então cantarolou os primeiros versos que diziam "Tonight I’m alone without you my dear..." e ali mesmo decidiu que iria gravar a música. De todas as gravações que fizeram parte desse disco "Elvis Country" essa é seguramente uma das mais originais. Uma volta aos bons e velhos tempos de sua infância e adolescência.

4. The Fool
(N. Ford) - A música "The Fool" (literalmente em português "O Tolo") nunca se destacou dentro da discografia de Elvis. Era aquele tipo de faixa que servia para completar cronologicamente um disco. Essa gravação tem uma linha melódica singular, cantada com uma certa quebra de ritmo, sempre presente ao longo de sua execução. Só acelera um pouco depois quando Elvis tenta trazer alguma energia. Particularmente aprecio o arranjo bem country and western. Aqui a banda TCB poderia muito bem ser substituída por qualquer grupo regional das montanhas do Kentucky. Aliás seria mais do que adequada. No geral é isso, um country um pouco preguiçoso que poucos pararam para prestar maior atenção. Importante dizer também que você não deve confundir essa "The Fool" com "Fool" que é outra música, essa do álbum "Elvis" de 1973. De qualquer forma o álbum finalmente chegou ao mercado americano em janeiro de 1971, para aproveitar o período de férias. Na época muitos criticaram o Coronel Parker e a RCA Victor por eles terem escolhido a época errada para lançar o disco que deveria ter sido lançado no natal, em dezembro de 1970, uma vez que era justamente nas festas de fim de ano que os discos de Elvis vendiam bem, muito acima da média. Esse cochilo porém acabou não atrapalhando muito as vendas do disco. Ele conseguiu chegar entre os 12 álbuns mais vendidos da seletiva lista Billboard Hot 100. Uma ótima posição para Elvis naquela época, ainda mais se tratando de um disco de música country. E na lista especializada de country music o disco se saiu ainda melhor, atingindo a sexta posição. Nada mal.

5. Whole Lot-ta Shakin' Goin' On (D. Williams / S. Davis) - Há uma certa dose de exageros nas críticas que são feitas à gravação de Elvis do clássico "Whole Lotta Shakin' Goin' On". Talvez isso venha do fato dessa canção ser muito associada ao roqueiro Jerry Lee Lewis. É fato que a versão de Elvis não tem o pique da versão de Lewis, porém é inegável que esse sabor mais country que Elvis e banda trouxeram para a música também a tornou bem irresistível. Um fato curioso é que após a gravação da música, o produtor Felton Jarvis, sem conhecimento de Elvis, adicionou um exagerado arranjo de metais. Quando a versão foi mostrada para o cantor para sua aprovação final, ele odiou tudo. "Tirem essas cornetas daí" - falou Elvis sem meias palavras. Jarvis era um excelente produtor, porém em determinados momentos podia mesmo exagerar na dose.

6. Funny How Time Slips Away (Willie Nelson) - Depois de tanta densidade, nada melhor do que ouvir algo mais relaxante. Esse parece ter sido a principal proposta de "Funny How Time Slips Away". Elvis adorava essa canção, tanto que a levou para os palcos, para os concertos, por anos a fio. Por essa razão há centenas de versões ao vivo da música em muitos CDs bootlegs, além das que fazem parte da discografia oficial. Willie Nelson a compôs originalmente. Cantor e compositor do universo country americano, Nelson tinha sua própria maneira de interpretar. Um estilo vocal muito distante do barítono Elvis Presley. Sabiamente Elvis resolveu ignorar aquele timbre vocal, adaptando a música para o seu próprio jeito. Ficou obviamente menos country (Nelson evoca demais o estilo mais caipira da country music) e por essa razão mais acessível ao público em geral. Tudo resultando em outro excelente e marcante momento desse álbum.

7. I Really Don't Want To Know (H. Barnes / D. Robertson) - "I Really Don't Want To Know" é seguramente uma das melhores músicas do repertório de "Elvis Country".  Essa linda balada country foi composta por Don Robertson. Esse compositor era velho conhecido na discografia de Elvis. Chegou a compor uma canção para o primeiro disco do cantor, em 1956. A faixa era "I´m Couting on You". Depois seguiu compondo para Elvis ao longo dos anos. Especialmente nos anos 60 escreveu lindas canções românticas como  "There's Always Me" e "Starting Today". Era um pianista talentoso, criador de melodias maravilhosas. A versão original dessa faixa do "Elvis Country" porém não foi escrita para Elvis, mas sim para Eddie Arnold. Lançada como single em 1954 acabou se tornando bem conhecida no sul. De certa maneira chamou a atenção de Elvis, ainda na sua juventude, quando ainda dava os primeiros passos em sua vida profissional como cantor.

8. There Goes My Everything (D. Franzier) - Outro country dos anos 60 foi "There Goes My Everything". Em 1965, ainda sob efeitos da Beatlemania, o cantor regional Dallas Frazier lançou seu single, conseguindo um sucesso espantoso para uma música country, ainda mais naquela época onde o rock vivia uma de suas fases de maior impacto dentro das paradas. Ele logo chamou a atenção de Elvis, que estava sempre sintonizando as estações de rádio country de Memphis. Acabou apreciando muito a música e quando teve a chance registrou sua versão pessoal. O interessante é que Elvis imprimiu um tom bem dramático em sua gravação, algo que beirava a sacralidade. Talvez por apresentar essa característica a canção nunca se tornou uma unanimidade entre os fãs. Na Inglaterra fez um sucesso inesperado na voz de Elvis, chegando na sexta posição entre os singles mais vendidos. E Elvis não desistiu dela, fazendo uma nova gravação de sua melodia, com uma letra gospel, chamada de "He Is My Everything". Pelo visto ele tinha mesmo um carinho especial por essa composição.

9. It's Your Baby You Rock It (S. Milete) - A melhor versão de "It's Your Baby You Rock It" você não ouvirá no disco oficial lançado em 1970. O melhor take dessa gravação foi lançado muitos anos depois na caixa "Walk a Mile in My Shoes: The Essential '70s Masters". Nesse box finalmente ouvimos a versão que deveria ter sido a master, bem completa e com ótimo arranjo. De qualquer forma essa é uma faixa que não se destacou como merecia dentro da discografia de Elvis. Também composta pelo autor Shirl Milete, da estranha "Life", ele aqui foi mais convencional, menos esquisito. Sua maior qualidade é de fato a melodia, dando destaque para os solos do guitarrista James Burton. O interessante é que Elvis a gravou originalmente, porém a RCA Victor não trabalhou na música. Assim acabou não se tornando um sucesso. Uma pena.

10. Faded Love
(B. Willis / J. Willis) - "Faded Love" nunca foi muito conhecida. Também nunca se tornou um sucesso na carreira de Elvis. Era uma velha canção country, lançada originalmente por Bob Wills and The Texas Playboys em 1950. Elvis sempre ouviu muito rádio, principalmente em sua juventude. Por isso acabou se lembrando dessa antiga gravação, uma representante tardia do gênero Western swing. A letra era uma lembrança emocional e nostálgica de Bob Wills em relação ao seu pai falecido. Nada de amores impossíveis, como muitos pensam. Patsy Cline, uma cantora que Elvis particularmente apreciava, também fez sua versão em 1963.

11. I Washed My Hands In Muddy Waters (J. Babcock) - Durante as sessões em Nashville, em junho de 1970, durante uma improvisação, Elvis lembrou desse sucesso country chamado " I Washed My Hands In Muddy Waters". Apenas um artista como ele, sempre ligado no universo da música country do sul, poderia recordar de uma música como essa. Isso porque esse era aquele tipo de hit bem regional, que só tocava mesmo nas rádios do sul do país, ficando praticamente desconhecida nos grandes centros urbanos como Nova Iorque ou Los Angeles. Essa música fazia parte do repertório do cantor Stonewall Jackson, considerado um dos melhores intérpretes do estilo que ficou conhecido como Honky Tonk. Essa vertente do country tinha esse nome porque nasceu da improvisação de artistas em suas apresentações nos bares do sul. Para agradar ao público nesses lugares valia tudo, inclusive inventar músicas na hora, bem na base do improviso mesmo. As letras eram criadas no momento, sem muita sofisticação, praticamente uma criação coletiva entre o cantor e seus músicos. O público também ajudava, aplaudindo ou vaiando a nova canção que nascia ali, no calor do momento. E foi durante uma apresentação desse tipo que um compositor conhecido apenas como "cowboy" Joe Babcock criou essa divertida "I Washed My Hands In Muddy Waters". Como ele não tinha muito nome dentro do universo country de Nashville, a vendeu para Jackson, que a gravou no pequeno selo Imperial. O single de Jackson não fez qualquer sucesso. A história porém não terminou aí. Johnny Rivers, um ano depois do lançamento do single de Jackson, finalmente conseguiu chamar a atenção para a canção. Ele gravou sua própria versão e essa conseguiu emplacar entre as 10 mais tocadas nas rádios do sul no verão de 1966. Depois surgiu outra versão, dessa vez com o grupo vocal The Spencer Davis Group, até Elvis finalmente também gravar a canção em 1970, encerrando o ciclo. Como foi ensaiada praticamente como uma jam session, a gravação de Elvis sempre foi considerada a mais extrovertida de todas elas. A levada é de diversão mesmo, com pouca coisa sendo levada à sério. O produtor Felton Jarvis até mesmo pensou em arquivá-la por isso, mas depois resolveu arriscar, a colocando dentro do repertório do álbum "Elvis Country" para representar o Honky Tonk, tão popular entre os que curtiam a country music do sul dos Estados Unidos.

12. Make The World Go Away (H. Cochran) - Essa música em sua versão original alcançou primeiro lugar em 1965 e a versão de Elvis difere dela, pois aqui a orquestra está presente de forma bem pesada e Elvis a canta de forma bem mais emocionante. Definitivamente uma das músicas que exigiu mais do vocal de Elvis, como ele mesmo admitiu, principalmente em sua parte final. A mais bonita do disco e uma ótima escolha para encerrá-lo. Ganhou versões em 1970 , 1971 e uma em 1973. Você poderá ouvir uma versão ao vivo no CD The Impossible Dream. Uma das melhores músicas da década para Elvis, havia sido cantada pouquíssimas vezes em 1970 e aqui ganha sua versão ao vivo definitiva. Após essa temporada Elvis a abandonaria de seus shows, só a cantando uma vez mais em agosto de 1973. Por fim uma informação interessante: o cantor brasileiro Jerry Adriani gravou uma versão em nossa língua dessa música de Elvis. A nova versão foi chamada de "Deixe o Mundo Girar". Ficou boa a nova gravação, não há como negar.

13. I Was Born Ten Thousand Years Ago (Arr. Elvis Presley) - Esta música foi "picotada" entre as faixas do LP "Elvis Country". Ficou estranho. No disco "Elvis Now" ela aparece completa da forma como foi gravada em meados de 1970. A ideia de colocar a canção unindo todas as músicas do disco foi do produtor Felton Jarvis. Isso surgiu porque Elvis sugeriu a ele que colocasse como subtítulo do LP a frase: "I'm 10.000 Years Old" ou "Eu tenho 10 mil anos". Sem dúvida isso retrata a face esotérica do Rei do Rock, que na época estava muito interessado em estudar as religiões orientais, tais como Budismo e Hinduísmo, que pregavam a reencarnação da alma até o atingimento do nirvana, fase no qual o espírito não precisaria mais retornar à terra, pois já estava devidamente evoluído. Segundo os cálculos de Elvis, sua primeira reencarnação havia sido há 10.000 anos, o que justificava a frase como subtítulo do disco. Todo esse misticismo acabou chegando ao Brasil e influenciando duas pessoas muito importantes em nossa cultura. Elvis Presley foi um dos maiores ídolos do baiano Raul Seixas. Isso não é segredo pra ninguém, mas, o que pouca gente sabia é que a música "Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás" - além de um pleonasmo vicioso - é também uma homenagem ao velho Rei do Rock. O som de Raul foi gravado em 1976, seis anos depois de Elvis gravar "I Was Born About Ten Thousand Years Ago". O título é igualzinho e o conteúdo das letras é bem parecido (compare as duas), abordando temas mitológicos, bíblicos e históricos. A versão de Raul é creditada a Raul Seixas e Paulo Coelho e não faz referência nenhuma à música gravada por Elvis, que é de domínio público. Paulo Coelho foi procurado pela redação do programa Fantástico da TV Globo e, por e-mail, admitiu: "Realmente, a letra foi inspirada na música do Elvis. Era uma maneira de Raul prestar sua homenagem ao seu maior ídolo".

Single I Really Don't Want to Know / There Goes My Everything - Outra boa notícia em termos comerciais para a RCA Victor foi a boa receptividade do single "I Really Don't Want to Know / There Goes My Everything" nas paradas, chegando inclusive a ser premiado com um disco de ouro. Desde o lançamento do primeiro single de Elvis nos anos 70 (com as canções "Kentuck Rain / My Little Friend") o cantor vinha em uma bem sucedida sucessão de boas vendas de seus compactos, sempre premiados com discos de ouro ou platina. Uma onda muito boa que Elvis vinha surfando desde seus primeiros shows em Las Vegas. E esse novo single não seria exceção. A má notícia para os fãs brasileiros era saber que "Elvis Country" não seria lançado em nosso país. Só nos anos 90 a filial nacional completou essa lacuna imperdoável na discografia brasileira, finalmente lançando o vinil em nosso país. Antes tarde do que nunca.

Elvis Presley - Elvis Country (1971): Elvis Presley (voz, violão e piano) / James Burton (guitarra) / Chip Young (guitarra) / Charlie Hodge (violão) / Norbert Putnam (baixo) / Jerry Carrigan (percussão e bateria) / Kenneth Buttrey (bateria) / David Briggs (piano) / Joe Moscheo (piano) / Glen Spreen (orgão) / Charlie McCoy (orgão, harmônica e percussão) / Farrel Morris (percussão) / Weldon Myrick (steel guitar) / Bobby Thompson (Banjo) / Buddy Spicher (violino, rabeca) / The Jordanaires (vocais) / The Imperials (vocais) / June Page, Millie Kirkham, Temple Riser e Ginger Holladay (vocais) / Al Pachucki (engenheiro de som) / Arranjado e produzido por Felton Jarvis e Elvis Presley / Data de Gravação: 4 a 8 de junho e 22 de setembro de 1970 nos Estúdios B da RCA em Nashville / Data de Lançamento: janeiro de 1971 / Melhor posição nas charts: #12 (EUA) e #6 (UK).

Pablo Aluísio.