quinta-feira, 7 de abril de 2005

Elvis Presley - FTD Pot Luck With Elvis

O FTD do álbum Pot Luck veio recheado de versões e takes inéditos além de trazer faixas que não fizeram parte do disco original mas que foram gravadas na mesma ocasião. As canções incluídas nessa categoria foram as seguintes: She's Not You, Just Tell Her Jim Said Hello, You'll Be Gone, For The Millionth And The Last Time e I Met Her Today. Eu pessoalmente não gosto quando incluem canções que não fizeram parte da seleção original. É uma questão de critério. Tudo bem que foram gravadas em sessões próximas mas nunca fizeram parte do disco "Pot Luck", simples assim, por isso não deveriam estar aqui. Deduzo que Ernst Jorgensen as colocou nesse CD duplo por duas razões principais. A primeira é obviamente comercial pois o fã de Elvis obviamente teria mais razões para comprar o CD com esse "recheio" extra de faixas. A segunda razão provavelmente vem de uma artimanha do produtor para não deixar o CD cansativo em demasia, afinal de contas seria desgastante ouvir dois CDs com dezenas de versões e takes de apenas aproximadamente 12 canções. Seria repetição demais para o ouvinte, por mais fã que ele fosse de Elvis.

Curiosamente no CD 1 Ernst resolveu unir todos os takes 1 que tinha em arquivo. Assim o ouvinte é convidado a ouvir as primeiras tentativas de gravação das mesmas canções que acabou de ouvir em suas versões masters. Já no CD 2 temos um leque mais amplo de versões, embora para tristeza dos que gostam do álbum os takes das canções do disco estejam em menor número. Já para os fãs brasileiros a decepção será ainda maior. Como sabemos o grande hit desse disco aqui no Brasil foi realmente "Kiss Me Quick". Infelizmente em todo o FTD só existem três versões da música (a master e os takes 1 e 4). Por que isso ocorre? Isso é simples de explicar. Temos que entender que "Kiss Me Quick" não tem maior relevância lá fora, apenas aqui no Brasil. Essa canção - que sabe-se lá a razão virou um dos maiores sucessos de Elvis em nosso país - é considerada uma faixa menor dentro da discografia americana do cantor. Por isso não houve qualquer trabalho de destaque sobre ela nesse título. De qualquer maneira eu deixo a recomendação para o fã de Elvis Presley. Como já tive a oportunidade de escrever "Pot Luck" é um belo trabalho de estúdio de Elvis, com faixas bem gravadas em melodias elegantes, diria até sofisticadas. É um item que não pode faltar na coleção dos admiradores desse artista.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Double Features - It Happened at the World's Fair / Fun in Acapulco

Eu lamento dizer isso mas o fato é que Elvis Presley ao longo de sua carreira gravou muita música ordinária, cretina, sem valor, vagabunda. Ele era um sujeito sem muita instrução, do interior, que caiu nas garras de pessoas que o venderam como um mero produto qualquer, subestimando seu verdadeiro talento. Se você duvida disso aconselho a ouvir esse CD com duas trilhas sonoras dele no ano de 1963 em Hollywood. Basta tocar as primeiras notas para você entender o fundo do poço em que o cantor se enfiou. Eu não tenho o menor problema em qualificar "It Happened at the World's Fair" como um verdadeiro lixo! Eita trilhazinha vagabunda essa, vou te contar. Um festival de musiquinhas, com refrões estúpidos e arranjos bobinhos. Se eu tivesse 12 anos de idade eu até poderia gostar mas como não sou (e nem os fãs de Elvis eram na época) a decepção foi certa! Foi para isso que Elvis revolucionou o mundo da música nos anos 50? Foi para cantar sobre uma estúpida feira mundial onde tem carrossel, pipoca doce e montanha russa? Que droga!

"Fun in Acapulco" não é tão ruim mas lamento mais uma vez dizer que é estúpido também. Aqui pelo menos podemos dar boas risadas com músicas chinfrins e toscas como "(There's) No Room To Rhumba In A Sports Car", uma das maiores cretinices gravadas por Elvis em toda a sua carreira. As músicas falando em touradas hoje vão dar arrepios na nova geração ecologicamente correta. Aqui Elvis fica descaradamente louvando os "matadores" de animais inocentes que eram barbaramente trucidados em uma arena apenas para divertir um monte de estúpidos ignorantes que frequentavam esse sangrento e absurdo "esporte"! De bom na parte Acapulco só livro a cara mesmo da canção título que tem melodia bonita e "Bossa Nova Baby" que foi salva pelo ritmo nota 10, apesar da letra ser idiota também. Fora isso é um festival de bobagens do naipe de "Vino, Dinero Y Amor" e "Marguerita" onde ele desafina! Se pudesse voltar no tempo eu invadiria o estúdio onde Elvis estava gravando essas porcarias e o tirava de lá correndo. O maior cantor de todos os tempos merecia destino melhor! Desce o pano!

Double Features - It Happened at the World's Fair / Fun in Acapulco
1. Beyond The Bend 
2. Relax 
3. Take Me To The Fair 
4. They Remind Me Too Much Of You 
5. One Broken Heart For Sale (Film Version) 
6. I'm Falling In Love Tonight 
7. Cotton Candy Land 
8. World Of Our Own 
9. How Would You Like To Be 
10. Happy Ending 
11. One Broken Heart For Sale 
12. Fun In Acapulco 
13. Vino, Dinero Y Amor 
14. Mexico 
15. Toro 
16. Marguerita 
17. Bullfighter Was A Lady 
18. (There's) No Room To Rhumba In A Sports Car 
19. I Think I'am Gonna Like It Here 
20. Bossa Nova Baby 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de abril de 2005

Elvis Presley - FTD It Happened At The World´s Fair

Quem assiste ao filme "It Happened At The World´s Fair" de 1963 logo percebe que muitas das versões presentes nas cenas em que Elvis canta as músicas são bem diferentes da trilha sonora lançada na época. Isso obviamente abriria um espaço bem interessante para esse FTD. O curioso é que em certos momentos Elvis até deixa o playback de lado e arrisca soltar a voz em determinadas canções. Em "One Broken Heart For Sale" isso acontece timidamente, mas acontece. Pena que a cena com ele cantando na rua ao lado de maridos suburbanos não empolgue em nada o espectador. Outra boa ideia teria sido colocar a trilha incidental do filme nesse CD. Quer um exemplo? "Beyond The Bend" orquestrada, que toca mais de uma vez durante as cenas. Seria muito bom ouvir esse tipo de coisa com boa qualidade sonora, se possível não em mono mas stereo. Infelizmente quem for procurar por algo assim aqui certamente ficará decepcionado. No CD não estão nem as versões mostradas no filme e nem muito menos qualquer tipo de trilha incidental orquestrada. Além disso parte do material que temos aqui já havia sido lançada antes em CDs como "Collectors Gold", "Elvis Aron Presley" e "Today, Tomorrow And Forever".

Esse FTD sofre de dois problemas ao meu ver. O primeiro, já amplamente exposto aqui em nosso blog, provém da falta de qualidade do material em si. O conjunto das músicas não empolga, não surpreende. O que temos não é rock ´n´ roll mas puro pop romântico açucarado dos anos 60 mesmo. Para piorar há o excesso de canções ao estilo "gracinha", feitas exclusivamente para Elvis cantar ao longo do filme ao lado da chinesinha que ele toma conta enquanto seu tio está desaparecido! Isso, não há como negar, piora ainda mais o que já não era muito bom. Nessa categoria se incluem as maçantes "Cotton Candy Land" (momento canção de ninar do filme), "Take Me To The Fair" (que ele canta em cima de um caminhão) e "How Would You Like To Be" (cuja versão do filme apresenta uma linha de melodia a mais, inexistente na trilha). Algumas músicas até teriam potencial mas Elvis está de fato no controle remoto. "Happy Ending" se não fosse tão Hollywoodiana poderia ter um destino melhor. Curiosamente na cena do filme - a última sequência - temos uma nervosa montagem onde Elvis na frente da banda surge ora pelo sistema de back projection (filmado em Hollywood, dentro do estúdio com cenas externas captadas sendo exibidas em um telão atrás) ora em locação mesmo, em Seattle, ao lado do público e tudo mais. Por que não filmaram tudo em locações? Ficaria bem mais real e satisfatório. Em suma, não adianta chorar sobre o leite derramado. Aconselho aos fãs terem esse FTD It Happened At The World´s Fair simplesmente para não deixar a coleção incompleta ou com furos. Em termos de pura qualidade musical temos que admitir que até seria um item dispensável mas como se trata de Elvis Presley é no mínimo interessante possuir esse título.

FTD It Happened At The World´s Fair
1. Beyond The Bend
2. Relax
3. Take Me To The Fair
4. They Remind Me Too Much Of You
5. One Broken Heart For Sale
6. I'm Falling In Love Tonight
7. Cotton Candy Land
8. A World Of Our Own
9. How Would You Like To Be
10. Happy Ending
11. One Broken Heart For Sale (takes 2, 3, 1)
12. They Remind Me Too Much Of You (take 1)
13. I'm Falling In Love Tonight (takes 1, 2, 3, 4)
14. Beyond The Bend (takes 1, 2)
15. Cotton Candy Land (takes 1, 2, 4)
16. How Would You Like To Be (take 2)
17. They Remind Me Too Much Of You (take 4)
18. Beyond The Bend (take 3)
19. Take Me To The Fair (takes 4, 5, 6, 7)
20. I'm Falling In Love Tonight (take 6)
21. They Remind Me Too Much Of You (takes 6, 7)
22. Relax (takes 5, 6, 7)
23. Happy Ending (takes 4, 5, 6)
24. Take Me To The Fair

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - One Broken Heart for Sale / They Remind Me Too Much of You

Logo em janeiro de 1963 a RCA Victor colocou no mercado americano o novo single de Elvis com duas músicas da trilha sonora do filme "It Happened at the World's Fair". Foi um fiasco comercial. A canção não conseguiu emplacar nem no Top 10, algo bem raro em se tratando de canções inéditas de Elvis Presley. Além da má recepção por parte do público a crítica também achou o material muito fraco. Um jornalista de Los Angeles perguntou ironicamente se o nome do artista não estava errado pois a canção "One Broken Heart for Sale" parecia ter saído do repertório açucarado de Doris Day. "They Remind Me Too Much of You" se saiu ainda pior não conseguindo ficar nem as 50 canções mais ouvidas - um desastre! Nem músicos de primeira viagem conseguiam posições tão ruins como aquelas. Pior é que o público tinha razão. Por volta desse ano os fãs começaram a estranhar a enxurrada de músicas para filmes, muitas com qualidade bem duvidosa. De repente se deram conta que a pura verdade era que assim como os filmes as canções das trilhas não tinham capricho nenhum, era lançadas exclusivamente para gerar lucro e os consumidores que se virassem.

O curioso é que foi justamente nesse ano que Elvis assinou um desastroso contrato de sete anos com a MGM. O estúdio que foi um dos maiores da história de Hollywood estava sempre em dificuldades financeiras e esperava lucrar bastante com Elvis. Veja bem, os piores filmes do cantor foram feitos justamente na MGM. A intenção do estúdio era gerar lucros e não qualidade, assim Presley foi jogado em um mar de abacaxis Made in Hollywood cujo único objetivo era faturar. Os filmes eram baratos - e alguns ridículos como "Harum Scarum" - e se apoiavam inteiramente na fama de Elvis Presley para faturar uns trocados a mais. Esse contrato também mostrava como o Coronel Tom Parker era um empresário ruim pois ninguém mais assinava esse tipo de obrigação contratual por longos sete anos sem qualquer direito de veto aos projetos que o estúdio bem entendesse. Financeiramente foi até bom para Elvis mas artisticamente tornaria ele um obsoleto em poucos meses, afinal os Beatles estavam chegando na América e passariam por cima de todos, inclusive de Elvis, naquela altura considerado um artista de uma era passada, um ultrapassado.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de abril de 2005

Elvis Presley - She's Not You / Just Tell Her Jim Said Hello

O último single de Elvis Presley a ser lançado em 1962 sem qualquer relação com trilhas sonoras foi esse "She's Not You / Just Tell Her Jim Said Hello". Para quem gosta de histórias da vida privada de Elvis esse compacto traz uma curiosidade. Após longos anos sem ver Presley pessoalmente Priscilla conta que quando adentrou Graceland para reencontrá-lo percebeu que nas caixas de som da mansão estava tocando justamente a canção "She's Not You". Naquela noite Elvis havia recebido o single e o estava ouvindo pela primeira vez, conferindo se tudo estava certo. Pelo menos assim ela determinou que fosse feito na série "Elvis e Eu" que foi exibida no Brasil pelo SBT. Será que ela não se confundiu? Será que as datas de sua chegada em Graceland realmente batem com o lançamento desse single no mercado americano? Deixarei as respostas para vocês, leitores e fãs de Elvis. Talvez isso não importe muito no final das contas, pois o que é interessante notar é que Priscilla sempre associou essa canção ao seu retorno aos braços de Elvis.

Pois bem, deixando esse aspecto de lado vamos tecer algumas palavras sobre as canções. Antes de mais nada o que temos aqui são mais duas músicas pop, típicas de Elvis nessa fase da primeira metade dos anos 60. Em termos puramente pessoais sempre gostei muito mais do lado B desse single. "Just Tell Her Jim Said Hello" tem uma melodia realmente cativante, um arranjo que soa até mesmo diferente. A voz de Elvis também está muito cristalina, com pequenos momentos de uma entonação mais forte. É aquele tipo de sonoridade que nos remete imediatamente àqueles anos mais inocentes de uma América que ainda nem desconfiava do que iria acontecer. Infelizmente essa faixa não fez qualquer sucesso, sendo completamente ignorada, não conseguindo sequer ficar entre as 50 mais ouvidas na semana de seu lançamento. O público não deu a menor bola. Uma pena. Entra facilmente naquela categoria de "jóias perdidas da discografia de Elvis".

Em relação a "She's Not You" devo dizer que é uma gravação que deixa a desejar. A melodia é estranha e a banda está levemente perdida. Também pudera a linha melódica é realmente mal composta. A primeira frase que Elvis canta tem um ritmo estranho, como se um velho disco de vinil ainda estivesse na rotação errada. Sempre desconfiei que houve algum problema técnico no momento em que a master estava sendo gravada. Basta ouvir muito atentamente nos primeiros segundos da canção. Algo está errado ali. Não é uma boa faixa, talvez por isso tenha conquistado apenas um suado quinto lugar na Billboard. Pelos problemas que apresenta acho que o resultado comercial foi até bom demais! Enfim, esse foi o último single de Elvis desvinculado de suas trilhas no ano de 1962. Um single menor mas que tem suas qualidades também. Não é uma obra prima mas tem sua importância dentro da carreira de Elvis, que o diga sua namoradinha na época, Priscilla. O amor é realmente lindo!

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Double Features - Kid Galahad - Girls! Girls! Girls!

Imagine uma época em que você tinha que esperar que a gravadora de Elvis Presley tivesse a boa vontade de lançar algo do cantor nas lojas de nosso país para assim ouvir algo diferente do cantor. Era a época do vinil, anos 80 e parte dos anos 90. Era simplesmente horrível. Poucos títulos em catálogo e muitas coletâneas sem valor no mercado. Com a morte do vinil as coisas melhoraram e muito. O CD logo se popularizou e com ele muitos lançamentos interessantes de Elvis chegaram. A primeira surpresa que tive nesse aspecto foi quando me deparei em 1994 com seu primeiro disco (Elvis Presley) em plena seção de CDs populares das Lojas Americanas! Nesse dia pude perceber que algo novo e bom viria pela frente. E veio. Finalmente depois de muitos anos a RCA no Brasil (já sob controle do grupo BMG) começou a promover vários lançamentos excelentes (Pot Luck, His Hand in Mine, Blue Hawaii etc, todos adquiridos assim que chegavam nas lojas). As edições eram simples, temos que admitir, mas para quem só tinha velhos vinis cheios de furos era uma ótima notícia! A cereja do bolo veio com a série Double Features que era na época algo maravilhoso para o fã de Elvis. Pela primeira vez ele teria acesso às trilhas sonoras mais obscuras do cantor em títulos que traziam duas ou até mesmo três trilhas sonoras em um único CD - e tudo com uma qualidade sonora fantástica!

Como se não fosse bom o bastante ainda tínhamos acesso a esses CDs em lojas comuns, de grandes magazines no Brasil. Só como exemplo cito que adquiri toda a coleção Double Features nas próprias Lojas Americanas, a um preço excelente (algo em torno de 12 reais, uma pechincha). Era o lado mais positivo do advento da nova tecnologia, o Compact Disc. Os fãs, como eu, agradeceram muito essa oportunidade! A coleção agora certamente ficaria completa com todas as faixas oficiais gravadas por Presley. Pois bem, esse aqui foi o primeiro título da Double Features lançado nos EUA e no Brasil simultaneamente. Trazia duas trilhas sonoras, de "Garotas e Mais Garotas" e "Talhado Para Campeão". Esse é o tipo de CD ideal para o fã de Elvis que só deseja ter as versões oficiais de sua discografia oficial. Nada de takes alternativos e ensaios, coisas do tipo. Apenas a master e nada mais. E não há nada de errado nisso pois até hoje gosto de ouvir as faixas desse título - que sem repetições fluem maravilhosamente bem. Quero chamar a atenção para a qualidade sonora da Double Features. É simplesmente ótima. Fizeram um excelente trabalho de restauração de todas as faixas, sem exceções. Aliás vou além. Em trilhas como "Viva Las Vegas" temos a melhor sonoridade existente na discografia de Elvis na era digital. Nada supera, é de uma nitidez acima da média. Aqui temos algo semelhante. Sempre que posso recomendo os CDs dessa coleção. Os encartes são muitos bons (com fotos, detalhes das gravações, curiosidades e fichas técnicas dos filmes e muito mais). Um item que não pode faltar em nenhuma coleção de Elvis Presley.

Double Features - Kid Galahad - Girls! Girls! Girls!
1. King Of The Whole Wide World 
2. This Is Living 
3. Riding The Rainbow 
4. Home Is Where The Heart Is 
5. I Got Lucky 
6. A Whistling Tune 
7. Girls! Girls! Girls! 
8. I Don't Wanna Be Tied 
9. Where Do You Come From 
10. I Don't Want To 
11. We'll Be Together 
12. "A Boy Like Me, A Girl Like You" 
13. Earth Boy 
14. Return To Sender 
15. Because Of Love 
16. Thanks To The Rolling Sea 
17. Song Of The Shrimp 
18. The Walls Have Ears 
19. We're Coming In Loaded 
20. Mama 

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de abril de 2005

Elvis Presley - FTD Girls! Girls! Girls!

Como já tive a oportunidade de dizer várias vezes essa nunca figurou entre minhas trilhas sonoras preferidas de Elvis. Mesmo assim para um admirador do cantor um título como esse FTD acaba sendo muito interessante. Como se sabe algumas canções gravadas para o filme foram cortadas da trilha pois a RCA achou que já havia músicas demais no álbum. Bobagem, afinal que diferença faria colocar mais três faixas no LP? Além disso as músicas estavam bem gravadas e não havia sentido nenhum no corte - algumas delas inclusive eram bem melhores do que algumas que ficaram no disco oficial. "Plantation Rock" foi a primeira a cair fora da trilha. Para alguns a razão teria sido o próprio nome da canção. Como se sabe "Plantation" era o nome do sistema de produção que imperava nas plantações do sul dos Estados Unidos no século XIX. E como se sabe também a mão de obra era escrava nessa época. Assim para evitar um mal entendido (ainda mais em 1962 quando a luta pelos direitos civis estava na ordem do dia) os executivos decidiram que era melhor evitar maiores problemas com o movimento negro. "Plantation Rock" foi dessa forma definitivamente arquivada.

Já "Mama" foi cortada por diversos motivos. Houve alguns problemas em relação aos direitos autorais da canção e com o prazo de lançamento da trilha chegando ao fim não houve tempo suficiente para resolver os problemas legais para a faixa estar no álbum, a solução foi que ela também ficou fora do disco oficial da época. No filme há inclusive uma cena especialmente escrita para Elvis apresentar "Mama" mas ele não o faz - e ela surge apenas timidamente como música incidental. De uma forma ou outra foi a primeira a surgir na discografia de Elvis ainda na década de 1980 para deleite dos fãs que estavam em busca de algo inédito do cantor. "Dainty Little Moonbeams / Girls! Girls! Girls!" foi um medley gravado por Elvis para aparecer apenas no filme, durante a cena final, onde ele canta e dança twist ao lado de várias bailarinas (inclusive algumas representando as mulheres brasileiras). É aquele tipo de sonoridade que só funciona mesmo na tela grande, pois em disco soa esquisita, por causa de sua linha de melodia pouco convencional. Por último quero dizer que no lançamento do título houve muita reclamação por parte de certos fãs por causa do excesso de versões de "Mama" na seleção musical. Realmente no final da audição ficamos um pouco saturados da música mas pensando bem é melhor pecar por excesso do que por omissão. Olhando sob esse ponto de vista o CD é realmente muito interessante para os admiradores de Elvis Presley, apesar de tudo.

FTD Girls! Girls! Girls!
Girls! Girls! Girls!
I Don't Wanna Be Tied
Where Do You Come From
I Don't Want To
We'll Be Together
A Boy Like Me, A Girl Like You
Earth Boy
Return To Sender
Because Of Love
Thanks To The Rolling Sea
Song Of The Shrimp
The Walls Have Ears
We're Coming In Loaded
Mama
Plantation Rock
Dainty Little Moonbeams / Girls! Girls! Girls!
A Boy Like Me, A Girl Like You (takes 1, 2)
Mama (takes 1, 2, 3, 4)
Thanks To The Rolling Sea (take 3)
Where Do You Come From (take 13)
Earth Boy (movie splice 2/4)
We'll Be Together (takes 8, 10)
Mama (takes 5, 6, 7, 8)
I Don't Wanna Be Tied (takes 10, 8)
A Boy Like Me, A Girl Like You (takes 3, 4)
Thanks To The Rolling Sea (take 10)
Plantation Rock (take 17 & insert)
Mama (take 9)
Mama (The Amigos)
Mama (instrumental)
Mama (album version)

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Return To Sender / Where Do You Come From

Single de grande sucesso lançado por Elvis em 1962. As duas músicas foram extraídas da trilha sonora do filme "Girls, Girls, Girls". Esse foi o projeto cinematográfico mais bem sucedido do cantor naquele ano. "Return To Sender" embora não tenha sido escrita por Elvis é considerada uma de suas canções originais uma vez que Presley foi o primeiro a gravar a música. Na Billboard a canção não conseguiu chegar ao topo das mais vendidas, emplacando apenas um honroso segundo lugar. Já na Inglaterra o balanço da canção caiu em cheio no gosto do público o que levou a gravação ao primeiro posto no ranking dos mais vendidos por lá. Por falar em vendas o single conseguiu ainda romper a marca de um milhão de cópias vendidas o que lhe valeu a premiação com o disco de platina. Nada mal!

O single seria relançado na Alemanha em 1969 e depois nos Estados Unidos em 1977, no ano da morte de Elvis. No Brasil uma bela surpresa pois o compacto chegou em nossas lojas na semana de estréia do filme por aqui. Pela primeira vez na carreira de Elvis a filial brasileira da RCA lançava músicas inéditas do cantor no tempo certo dando oportunidade ao fã de sair do cinema direto para a loja de discos para comprar seu compacto. O álbum com todas as canções do filme só chegaria no mercado nacional dois meses depois do lançamento de "Garotas e Mais Garotas" em nossos cinemas. Interessante notar também que apesar de todo o bom resultado comercial de "Return To Sender" Elvis não parece ter se apaixonado muito pela música já que quando retornou aos palcos não a utilizou nem em Vegas e nem muito menos nas turnês. Raras foram as ocasiões em que tentou cantar a canção ao vivo, demonstrando que não a levava muito à sério. Seria uma reação negativa ao seu passado em Hollywood?

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de abril de 2005

Elvis Presley - FTD Kid Galahad

Por anos as canções do filme Kid Galahad ficaram fora de catálogo. Afinal se não foram bem sucedidas em seu lançamento original então não havia interesse por parte da RCA em colocar as tais canções no mercado novamente. Algumas entraram na seleção musical de alguns álbuns do selo RCA Camden, que vendia discos pela metade do preço em supermercados, bancas de revistas e lojas de conveniência. A canção "I Got Lucky" inclusive deu nome a um disco de Presley desse tipo na década de 70 ("Riding The Rainbow" também está nesse LP) mas fora isso só lhes restou o limbo. O vinil chegou ao fim e depois de muitos anos os fãs finalmente tiveram acesso à trilha de Kid Galahad na coleção Double Features em CD. Eu particularmente sou fã dessa série pois eles conseguiram resgatar várias trilhas sonoras obscuras para o mercado consumidor formado pela nova geração de fãs de Elvis. Cada CD vinha com geralmente duas ou até mesmo três trilhas sonoras, unindo uma praticidade incomum dentro da discografia de Elvis. As versões oficiais passaram por um tratamento sonoro, revitalizando as antigas masters. Nada de ouvir velhos discos de vinis arranhados pelo tempo. Era de fato uma excelente novidade.

Pois bem, anos depois finalmente tivemos o CD FTD Kid Galahad que veio para ser o título definitivo dessa trilha sonora. Aqui temos as versões oficiais, takes alternativos (os melhores que restaram das sessões de gravação) e versões inéditas, para deleite do fã mais ligado na obra de Elvis. O principal ponto positivo é que se trata de um CD enxuto, sem material desnecessário ou repetido em excesso. Não há muita diversidade nos arranjos entre as várias versões apresentadas, temos que admitir. Afinal Elvis trabalhava em cima de um material já previamente escolhido, selecionado, pasteurizado vamos dizer assim. Dessa forma sua criatividade era limitada dentro da sessão, algo que não acontecia em seus discos de estúdio convencionais onde ele mexia na canção da forma que bem entendesse. O resultado é agradável, simpático mas definitivamente nada excepcional. São músicas, como já disse, com bom ritmo, algumas com letras bobinhas, mas sem ter nada horrível na seleção. Como se trata de uma trilha tão desconhecida vale a pena ao fã ter esse CD em sua coleção. Afinal de contas o verdadeiro fã não se contenta em ter apenas parte do talento de Elvis, ele quer ter tudo.
 
FTD Kid Galahad
1: King Of The Whole Wide World
2: This Is Living
3: Riding The Rainbow
4: Home Is Where The Heart
5: I Got Lucky
6: A Whistling Tune
7: King Of The Whole Wide World (Takes 1, 2)
8: Home Is Where The Heart Is (Takes13, 14)
9: Riding The Rainbow (Take 1)
10: I Got Lucky (Take 6)
11: King Of The Whole Wide World (Takes 7, 8)
12: This Is Living (Take 2)
13: Home Is Where The Heart Is (Takes 1, 2, 3, 6, 7)
14: King Of The Whole Wide World (Take 13)
15: A Whistling Tune (Take 2)
16: King Of The Whole Wide World (Takes 14, 15, 16, 17, 20, 21, 25)
17: I Got Lucky  (Take 1)
18: Home Is Where The Heart Is (Take 10)
19: King Of The Whole Wide World  (Take 31)
20: Riding The Rainbow (Take 7)
21: King Of The Whole Wide World  (Takes 1, 2, 3)
22: King Of The Whole Wide World
23: This Is Living
24: Riding The Rainbow
25: Home Is Where The Heart Is
26: I Got Lucky
27: A Whistling Tune
 
Pablo Aluísio

Elvis Presley - Kid Galahad

Mais uma trilha sonora de Elvis lançada sem muita repercussão. O que é de se admirar uma vez que "Blue Hawaii" havia feito tanto sucesso (e não fazia muito tempo). Ao que tudo indica a RCA Victor tinha alguns problemas com a United Artists (que produziu o filme). Só isso poderia explicar a falta de promoção das canções por parte da gravadora de Elvis. O resultado era de se esperar: fracasso de vendas e nenhum efeito maior no mundo musical de sua época. Nas vésperas da chegada dos discos dos Beatles nos Estados Unidos, Elvis não conseguia mais se destacar nas paradas de sucessos. O curioso é que o material até apresentava boas músicas, algumas até quem sabe com força suficiente para emplacar um Top 10 entre as mais vendidas. Sem divulgação adequada porém até o público americano ignorou o lote de novas músicas de Elvis Presley no mercado.

Seu pouco sucesso fez com que a filial inglesa da RCA não mostrasse interesse na trilha, só a lançando no ano seguinte e mesmo assim após os fãs ingleses protestarem por não terem acesso ao disquinho. Até a capa do EP foi considerada ruim, com uma foto pouco interessante de Elvis usando luvas de boxe! Tudo bem que seu personagem era um lutador mas que atenção iria chamar ao consumidor comum uma capa tão estranha como aquela? Com vendas ruins e sem expressão "Kid Galahad" acabou antecipando o que iria acontecer com muitas trilhas sonoras gravadas por Elvis Presley nos anos seguintes.

King of The Whole Wide World (Batchelor / Roberts) - Não só a melhor canção do filme mas também uma das melhores músicas de Elvis na primeira metade da década de 60. Uma gravação que não fica devendo em nada às músicas de estúdio de Nashville. É daquelas canções que fazem de Elvis o Rei do Rock. Com uma letra simples, porém inteligente e ainda com uma lição de moral, essa música ainda prima por um ritmo alucinante, alto astral que combinava muito bem com o estilo de Elvis. A banda dá um show, especialmente o excelente saxofonista Boots Randolph, um dos músicos mais subestimados que trabalharam para Elvis. Saxofonista de mão cheia, Boots apareceu no palco com Elvis nos shows de 1961 de Memphis e Honolulu e se tornou o responsável por solos incríveis de sax em músicas como "The Meanest Girl in Town", "Fools fall In Love", "Witchcraft", "Return to Sender" e a obra prima "Reconsider Baby". Ele fez na década de 60 o equivalente ao que Scotty fazia na década de 50, tendo seus solos de sax substituídos os de guitarra de Moore em várias músicas. Trabalhou com Elvis até 1968 em sua última sessão em Nashville da década. Nessa música não é diferente, nos presenteando com dois solos, sendo o último o melhor deles. A voz de Elvis aqui também é o destaque, ainda exibindo um timbre parecidíssimo com o da década de 50. Como a maioria das cenas musicais de Elvis a música é apresentada de forma ridícula, com Elvis cantando na traseira de um caminhão. Uma versão mais lenta e sem a pegada foi tentada e exigiu quase 30 takes! A versão definitiva lançada alcançou o master com apenas quatro. Essa é para mostrar aos amigos que não são fãs de Elvis.

This is Living (Weisman / Wise) - Outro exemplo de uma boa música em um filme de Elvis. Também muito pra cima, essa canção tem uma letra meio escapista, o que nem sempre é ruim. Dificilmente alguém com mais de 25 anos vai se identificar com ela, mas temos que lembrar que em 1961 o público de Elvis ainda era abaixo de dessa faixa etária. Garotada mesmo. Afinal, uma música que fala sobre liberdade (de uma forma bem inocente, convenhamos) e sobre um cara que não quer se amarrar e só curtir a vida, não é para todas as idades. O primeiro verso é cantado só pelos Jordanaires e Elvis só entra do refrão em diante. O ritmo é contagiante. A única crítica fica para a banda que deveria ter tocado, digamos, de uma forma mais pesada, ficando o resultado final uma música legal, com bom ritmo, mas com uma pegada um pouco falha, sem muito "feeling".

Home Is Where The Heart Is (Edwards / David) - Se você é daqueles fãs que acham “Love Me Tender” a melhor balada gravada por Elvis, então você precisa se aprofundar mais na discografia de seu ídolo. Do contrário, você vai perder preciosidades como essa belíssima canção. Com uma melodia celestial, instrumentalmente simples e um vocal soberbo de Elvis, essa música merece ser ouvida mais de uma vez. Aqui, pessoalmente, eu acho um dos pontos altos, vocalmente falando, na carreira de Elvis que vai de um grave até então inédito até aquele agudo característico dos anos da Sun Records. Nessa música Elvis dá uma aula de canto em menos de três minutos! Os takes iniciais são mais lentos, porém prefiro o master, um pouco mais acelerado.Como em "Don´t", por exemplo, Elvis pega uma música aparentemente boba e simples e suga sua essência de tal maneira que ela se transforma em Elvis e ele nela, fato que iria ocorrer em dezenas de outras ocasiões como em "Bridge Over Troubled Water", guardada as devidas proporções na qualidade do material. Como Pomus e Shuman diziam: "Elvis era o único cantor que conhecíamos que nos mostrava algo em nossas músicas que ainda não sabíamos ou não tínhamos percebido."

I Got Lucky (Fuller / Weisman / Wise) - Puro Pop dos anos 60. "I Got Lucky" inexplicavelmente não fez sucesso nas paradas, talvez por não ter sido dada a devida atenção e ter sido lançada em um EP e não em um single. Amostra perfeita do som que os adolescentes escutavam na época: músicas bobinhas, com letras falando de amor adolescente e ritmo extremamente pegajoso e impregnante (no bom sentido!). Nada de errado com isso, em uma América ainda inocente. Essa canção é daquelas que envelheceram e ouvindo-a, imediatamente vem aquele gostinho de nostalgia. Me lembra muito "I Gotta Know", do ano anterior. Na cena do filme em que Elvis a canta o vemos em um picnic tipicamente americano e meninas com saia rodada, características da época. Elvis ensaia um pouco de seus movimentos de Pelvis, contidos, é claro, do mesmo jeito que a música é. Doo Woop de primeira para ninguém botar defeito.

Riding The Rainbow (Weisman / Wise) - Junto com "A Whistling Tune", a mais fraca da trilha, porém, sem prejudicar em momento algum a qualidade do material. O interessante dessa trilha é que até as músicas mais bobinhas são infinitamente superiores a materiais futuros como "Harum Scarum" ou "Easy Come Easy Go". Na mesma linha de "I Got Lucky", essa canção aparece no filme na parte em que Elvis após reformar um antigo cadillac leva todos para dar uma voltinha, incluindo no banco traseiro o troglodita Charles Bronson. Interessante é ver Bronson, o brutamontes de "Desejo de Matar" escutando versinhos inocentes como " I´m riding the rainbow, I´m Following my star to where you are". Irônico, no mínimo! Uma das primeiras, de muitas músicas que Elvis cantaria em um filme dentro de um carro.

A Whisling Tune (Edwards / David) - A mais fraquinha da trilha, essa havia sido rejeitada, apesar de gravada, para a trilha de "Follow That Dream". A diferença é que no filme anterior o arranjo é feito com o piano e aqui a melodia é feita com assovio mesmo, justificando o título da música. Apesar da melodia e letra agradáveis, essa canção representa uma parcela de tudo que estava errado nas músicas nas trilhas: letras bobinhas e melodias suaves e pueris demais. Nem o adolescente de 1961 iria dar atenção e se identificar com essa aqui.

Ficha Técnica: Elvis Presley (vocal) / Scotty Moore (guitarra) / Tiny Timbrell (guitarra) / Bob Moore (baixo) / Buddy Harman (bateria) / D.J. Fontana (bateria) / Neal Mathews (guitarra) / Dudley Brooks (piano) / The Jordanaires: Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker (vocais) / Gravado no Radio Recorders, Hollywood, California / Data de gravação: 26 e 27 de outubro de 1961 / Produzido e arranjado por Jefrey Alexander / Data de lançamento: Agosto de 1962 / Melhor posição nas charts: #30 (USA) e #23 (UK) Obs: O EP só foi lançado na Inglaterra em janeiro de 1963.

Pablo Aluísio e Victor Alves.