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sábado, 11 de fevereiro de 2012

Meia Noite em Paris

Achei esse um dos filmes mais acessíveis da carreira de Woody Allen. Ao contrário das produções mais intelectuais do diretor aqui tudo soa como algo inofensivo, simples, diria que "Meia Noite em Paris" é o produto mais pop do cineasta. Curtinho, levinho, muito bonito e com direção e roteiro redondinhos não me admira em nada que tenha sido a melhor bilheteria do diretor. Diria que basicamente estamos na presença de um "De Volta Para o Futuro para intelectuais (ou pseudo intelectuais)", um filme para ser exibido em shopping center sem exigir muito do espectador. Ao lado dos encontros do personagens com nomes famosos do passado em Paris (em boa atuação de Owen Wilson, cheio de maneirismos do próprio Alllen) há uma estorinha de turistas americanos curtindo a cidade luz. Nada muito aprofundado, bem básico, assim como também são os célebres do passado que surgem no decorrer do filme. 

De certa forma Dali, Picasso, Fritzgerald e outros são mostrados em caracterizações bem clichês - e de forma bem rasa, algumas vezes com diálogos bem didáticos para informar aos espectadores quem são aqueles que surgem em cena. Algumas vezes funciona e em outras não, virando o mais puro e rasteiro clichê (como Dalí que é retratado como um maluco delirante). É a tal coisa, se o espectador entrar e comprar a idéia de Allen vai curtir mesmo que em nível superficial. Aliás se eu tenho uma crítica a "Meia Noite em Paris" é justamente essa: é um filme superficial e bonitinho demais onde o diretor abusou de imagens e estereótipos em excesso para agradar o povão. Parece que o diretor, que sempre foi um artista ousado e inovador, preferiu puxar o freio de mão para agradar às massas sem perder sua imagem de intelectual de Nova Iorque. O tiro saiu pela culatra na minha opinião. Prefiro o Allen complexado e neurótico do que esse aqui embalado para consumo rápido em praça de alimentação de shopping center. Se fosse resumir diria que "Meia Noite em Paris" é o fast food de Woody Allen, ou melhor dizendo, um croissant para turista americano de bermudão.  

Meia Noite em Paris (Midnight in Paris, Estados Unidos, Espanha, 2011) Direção: Woody Allen / Roteiro:: Woody Allen / Elenco: Owen Wilson, Rachel McAdams, Kathy Bates / Sinopse: Americano em férias em Paris acaba encontrando grandes nomes do passado em suas andanças noturnas pela cidade luz.  

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Pronta Para Amar

Esse filme tem embalagem de comédia romântica, marketing de comédia romântica e jeito de comédia romântica mas na realidade não é nada disso! É o que chamavam antigamente de "filme de doença", ou seja, o espectador vai acompanhando a personagem principal a partir da descoberta da doença fatal (no caso aqui um câncer de intestino) passando pelo desenrolar do difícil tratamento até chegar ao desfecho de tudo (que tenta ser agradável, leve, mas convenhamos disso não tem nada). Eu não recomendaria esse tipo de produção para pessoas que perderam entes queridos recentemente pois é possível que venham a se identificar com a situação mostrada nas telas. Reviver algo assim nem sempre é recomendado. Principalmente para quem passou por esse tipo de coisa há pouco tempo. Além disso algumas situações de vida (ou da morte) não devem ser tratadas como algo leve, soft, pop, tentando criar um clima de falsa felicidade para mostrar uma situação que em si deve ser tratada e mostrada com a devida seriedade.

E os pontos positivos? Sim, há partes que valem a pena no filme. Um das coisas bacanas aqui é o elenco, cheio de atores e atrizes que gosto bastante. Além da Kate Hudson, que não compromete mas que também não surpreende (ela parece ter colocado sua carreira definitivamente em controle remoto), temos ainda Kathy Bates, muito bem em sua caracterização de "mãezona" e uma improvável Whoopi Goldberg em um papel nada comum. Outro ponto positivo é o fato do filme ter sido feito em New Orleans, uma das cidades mais peculiares dos EUA. A grande maioria das grandes cidades americanas não possuem identidade própria, são praticamente todas iguais, com cultura plastificada. Não é o caso de New Orleans que tem uma rica cultura musical, herdada dos colonizadores franceses que estiveram por lá. Além disso impossível ignorar o talento de tantos grandes músicos negros que nasceram na famosa cidade. É o berço do jazz e do soul - precisa dizer mais alguma coisa? A música e a cultura de lá ajudaram muito na suavização da trama. Como é um filme que trata de um tema muito sensível achei adequado que uma mulher exercesse a direção. Aqui a diretora Nicole Kassell tenta a todo custo amenizar o máximo possível a questão, tendo sucesso algumas vezes e outras não. Enfim é isso, "Pronta Para Amar" deveria se chamar realmente de "Pronta Para Morrer" pois é justamente disso do que se trata. Recomendo com restrições por causa do tema e do baixo astral.

Pronta Para Amar (A Little Bit of Heaven, Estadps Unidos, 2011) Direção: Nicole Kassell / Roteiro: Gren Wells / Elenco: Kate Hudson, Kathy Bates, Peter Dinklage, Gael García Bernal / Sinopse: Jovem profissional (Kate Hudson) descobre que tem uma doença incurável. A partir daí repensa sua vida e seus relacionamentos.

Pablo Aluísio.