Um filme com temática muito forte. O que mais impressiona é que se trata de uma história que não apenas aconteceu, mas que acontece ainda, todos os dias. De um lado uma latina, a protagonista, que está grávida, sem dinheiro, desesperada para arranjar alguma coisa para sua família. Do outro lado um grupo de narcotraficantes que a recruta como "mula", como são chamadas as pessoas que são contratadas para levar pequenas quantidades de drogas escondidas para outros países. E o tráfico internacional de drogas não pode parar, mesmo que haja "efeitos colaterais" com a destruição da vida dessas pessoas que aceitam seguir por esse mundo da criminalidade.
O filme causou polêmica quando foi lançado justamente por causa de seu título "Maria Cheia de Graça", uma óbvia referência à Virgem Maria. O diretor e roteirista respondeu dizendo que essas pessoas, como a Maria do filme, eram também pessoas martirizadas, que não tinham outro caminho a tentar. Além disso a própria Maria, mãe de Jesus, também havia sido imigrante em sua vida. Basta lembrar da ida da sua família para o Egito, fugindo as perseguições do reinado do insano Herodes. Assim o roteiro também busca, mesmo de forma subliminar, essa identifcação. Um bom filme, gostei especialmente de sua mensagem social.
Maria Cheia de Graça (Maria Full of Grace, Colômbia, Estados Unidos, 2004) Direção: Joshua Marston / Roteiro: Joshua Marston / Elenco: Catalina Sandino Moreno, Guilied Lopez, Orlando Tobón / Sinopse: Uma colombiana grávida aceita trabalhar como "mula" levando drogas para os Estados Unidos. Filme com enredo baseado em fatos reais.
Pablo Aluísio.