Esse filme foi tão massacrado pela mídia desde seu lançamento que estava esperando por uma verdadeira bomba! Bobagem. A verdade é que toda essa onda de críticas negativas foram mais dirigidas à pessoa de Madonna (que assinou roteiro e direção do filme) do que qualquer outra coisa. Só isso explica a má vontade com que a produção foi recebida. Na verdade se trata sim de um bom filme, elegante, com boa direção de arte, bons atores e um roteiro que me envolveu. A ideia de unir duas linhas narrativas (uma no presente e outra no passado) me agradou bastante. Muito mais adequada do que se tivessem simplesmente contando a história de Edward e Wallis de forma convencional, burocrática. Ponto para Madonna nesse aspecto. Outra coisa que me agradou no roteiro foram as delicadas cenas em que personagens do passado e do presente interagem. O curioso do argumento é que ele consegue identificar em um mesmo nível problemas inerentes a duas mulheres de tempos diferentes que passam por situações extremas simplesmente pela posição que ocupam em relação aos seus maridos. A tese é que não importa a época histórica em que vivem, geralmente as mulheres acabam tendo que lidar com os mesmos dilemas, seja em que momento da história for.
Historicamente o filme é, como não poderia deixar de ser, incompleto mas não incorreto. Claro que toda a celeuma causada pela abdicação do futuro rei da Inglaterra em prol de uma união com uma americana de sangue plebeu e ainda por cima divorciada não apenas uma, mas duas vezes, é tratada de forma levemente superficial, mas isso definitivamente não é um problema. De fato não haveria como contar tudo o que significou em sua época algo tão surpreendente como esse. Mesmo assim Madonna conseguiu ser muito sutil ao abordar em essência o que tudo aquilo significou. Na verdade muitas das nuances do roteiro são extremamente eficientes. Por fim ficamos intrigados com essa figura de Edward. Ao longo dos anos já se escreveu muito sobre ele. Uns o acusam de ter sido nazista, outros de ser um fútil imprestável e por fim existem aqueles que afirmam que o casamento foi na verdade uma farsa pois ele seria homossexual e ela lésbica e tudo teria sido feito para encobrir esse aspecto de suas vidas. Não importa, o que importa no final das contas é saber que o filme é bom e nada comparado ao que se andou dizendo dele. Recomendamos sem receio.
W.E. - O Romance do Século (W.E. Estados Unidos, Inglaterra, 2011) Direção de Madonna / Roteiro: Madonna, Alek Keshishian / Elenco: Abbie Cornish, James D'Arcy, Andrea Riseborough / Sinopse: O filme mostra duas linhas narrativas. Na primeira acompanhamos a vida conturbada de Wally Winthrop (Abbie Cornish) uma nova-iorquina que tenta engravidar de seu marido, um médico que a negligencia. Na segunda linha narrativa somos apresentados aos incríveis eventos que culminaram na abdicação do Rei da Inglaterra, Edward VIII (James D'Arcy) que apaixonado por uma divorciada americana chamada Wallis Simpson (Andrea Riseborough) tem que abrir mão da coroa para viver ao lado da pessoa que ama.
Pablo Aluísio.
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