terça-feira, 11 de maio de 2010

Elvis Presley - Aloha From Hawaii - Parte 3

Sempre considerei o som do disco original (vinil americano de 1973) muito abafado. Depois pensei que poderia ser um problema de prensagem da época. As edições posteriores do álbum, tanto em vinil como em CD, porém confirmaram as minhas suspeitas de que na verdade a gravação original é que apresentou falhas. Acredito que a acústica do lugar onde o concerto foi realizado não contribuiu para uma sonoridade melhor. Também pode ter sido algo relacionado ao equipamento de gravação da RCA Victor.

De uma forma ou outra o problema se ouve em todas as faixas, mas fica ainda mais evidente em "Something" de George Harrison. A canção, como todos sabemos, foi lançada no disco "Abbey Road" dos Beatles em 1969. A interpretação de Elvis é boa, mas poderia ter sido mais realçada se o arranjo fosse mais simples, sem tantos exageros, principalmente nos metais. O ponto positivo é que a performance por parte de Elvis demonstrava bem que ele gostava bastante do som dos Beatles, não prosperando aquela velha lenda de que ele tinha uma rixa pessoal com o quarteto inglês.

Já a versão de "You Gave Me a Mountain" de Marty Robbins era o extremo oposto de "Something". Enquanto o clássico dos Beatles ficaria melhor sem tanta orquestração, essa outra necessitava mesmo de um arranjo glamoroso, excessivo, bem de acordo com a letra que era por si só bem dramática e pomposa. A música nunca foi lançada em versão de estúdio na discografia oficial de Elvis. A versão ao vivo acabou sendo a oficial  E a do Aloha é seguramente uma das melhores do cantor, no palco.

O clássico "Johnny B. Goode" de Chuck Berry também foi levado ao repertório do show, justamente para lembrar a todos que Elvis Presley havia sido um dos maiores nomes do surgimento do rock nos Estados Unidos. Primeira geração roqueira, os pioneiros. O destaque vai obviamente para James Burton recriando o famoso solo de guitarra do mestre Berry. Um dos grandes hinos da história do rock porém nunca foi gravada por Elvis em estúdio. Acredito que Elvis sabia que a música era por demais associada a Berry, por isso a utilizou apenas como destaque em concertos.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Aloha From Hawaii - Parte 4

Pode parecer absurdo, mas para quem era fã de Elvis Presley no Brasil durante a década de 1970, a oportunidade de ter o grande sucesso "Burning Love" em sua coleção era mesmo comprando o duplo "Aloha From Hawaii". Acontece que o single original foi mal lançado em nosso país, saindo logo de circulação do mercado.

Com isso o fã brasileiro ouvia bastante "Burning Love" nas rádios, pois a música fez muito sucesso por aqui também, porém tinha muitas dificuldades em ter a canção em sua coleção de discos. Não se encontrava para comprar nas lojas, em lugar nenhum. Ecos de um tempo sem internet, sem nada, onde todos os fãs ficavam à mercê da boa vontade da filial da RCA em nosso país.

Eu considero uma das melhores canções de Elvis em sua fase final de carreira. Tinha uma boa vibração de pop rock, não era country music (logo tinha apelo geral entre o público) e tampouco era uma baladona romântica. "Burning Love" vendeu muito porque de certa maneira trazia o bom e velho Elvis roqueiro de volta. Sua voz também estava muito parecida com a dos primeiros discos, ainda lá nos anos 50, quando ele se tornou o cantor número 1 do mundo. Era também um sinal de que o público queria que Elvis voltasse para um repertório mais alegre, mais para cima, mais vibrante. O bom cantor de baladas românticas sempre era apreciado, porém o Elvis rocker também fazia falta.

E por falar em voltar aos bons anos do rock ´n´ roll, muita gente se surpreendeu pelo fato de Elvis ter trazido para esse seu show no Havaí a canção "Fever". Um blues bem sensual, de 1960, do repertório do aclamado álbum "Elvis is Back!", o primeiro depois de seu retorno aos Estados Unidos, após cumprir seu serviço militar na Alemanha ocupada por tropas americanas. A versão de estúdio obviamente seguia imbatível, uma gravação isenta de falhas, tecnicamente perfeita. Nessa versão ao vivo que ouvimos aqui no "Aloha" tudo segue também corretamente bem. Apenas, se eu fosse criticar algo, seria a pesada orquestração, o arranjo de metais, que para falar a verdade não combinou muito bem com a proposta da canção em si. Mesmo assim passa pelo crivo. É um bom momento do show.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Elvis Presley - Aloha From Hawaii - Parte 5

"Steamroller Blues" de James Taylor também era novidade na discografia de Elvis na época de lançamento original desse álbum. Elvis nunca havia gravado a canção em estúdio antes e por isso quem colecionava seus discos não a conhecia ainda na voz do cantor. Foi colocada na lista de músicas do especial quase na hora final, pois Elvis não havia dito a ninguém da banda que estava disposto a cantá-la. A versão ao vivo ficou muito boa, porém ainda penso que um arranjo mais simples para esse blues contemporâneo iria melhorar ainda mais o que já era bom. Esse arranjo exagerado de metais sempre me incomodou.

"Love Me", por outro lado, era figurinha fácil para os fãs. Um dos destaques do segundo álbum do cantor na RCA Victor, era uma das preferidas de todos os tempos por parte de Elvis. O vocal bem country de Nashville parecia exercer uma fascinação em Elvis, pois o lembrava dos antigos cantores de country and western de sua infância e juventude em Memphis. O tempo foi saturando um pouco a música, mas sua beleza original conseguia resistir a tudo, até mesmo ao uso excessivo dela nas turnês do astro. Além disso qualquer composição da dupla Jerry Leiber e Mike Stoller era muito bem-vinda em seus LPs dos anos 70. Era um retorno nostálgico aos anos de ouro de Elvis. 

Nas mesma linha mais country havia ainda "I Can't Stop Loving You", composição de Don Gibson. Elvis tinha encontrado essa canção por volta de 1969 quando decidiu que ela iria fazer parte de seus primeiros shows em Las Vegas. Depois disso nunca mais deixou de cantá-la ao vivo. Algumas vezes a música sumia de seus concertos, mas logo depois voltava com força total. É fácil entender porque Elvis de certa maneira se apegou a ela. Com uso excessivo de refrão, era uma boa oportunidade de sacudir o público, ainda mais no sul dos Estados Unidos. Além disso sua letra era de fácil memorização. Não é segredo para ninguém que em determinado momento Elvis começou a ter problemas de memorizar certas letras. Esse aqui porém era ideal para o palco. Quase à prova de falhas.

E para lembrar a todos que ali no palco estava um dos principais responsáveis pela popularização e surgimento do rock, ainda nos anos 50, Elvis e banda encaixavam um medley muito significativo nesse aspecto. "Long Tall Sally" / "Whole Lotta Shakin' Goin' On" unia dois clássicos do rock em sua primeira fase. A primeira música havia sido gravada por Elvis em seu segundo disco na RCA, mas tinha se tornado célebre mesmo na voz do estridente (no bom sentido) Little Richard. Ele havia abandonado a carreira de rockstar para se dedicar a uma vida religiosa, se tornando pastor, e tinha grande gratidão em relação a Elvis por ter gravado uma de suas mais populares criações. A segunda canção tinha sido sucesso na voz do "The Killer", também conhecido como Jerry Lee Lewis. Ele havia destruído sua carreira bem no começo quando casou com uma prima menor de idade, com apenas 14 anos. Isso causou escândalo, levando seu piano incendiário para o fundo do poço do esquecimento e do ostracismo.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Aloha From Hawaii - Parte 6

"What Now My Love" era uma versão em língua inglesa de uma música francesa composta por Gilbert Bécaud. Elvis já vinha cantando a canção desde a temporada anterior em Las Vegas, no ano de 1972. Ele adicionou a música como uma forma de renovar um pouco seu repertório, afinal ficar cantando sempre as mesmas músicas pode ser desgastante para qualquer cantor. Novidades sempre são bem-vindas. Que o diga os fãs de Elvis nos anos 70. Para os colecionadores de seus discos essa faixa era uma completa novidade. Uma inédita para ajudar nas vendas.

"I'll Remember You" era outra novidade. Composta por Kui Lee, tinha tudo a ver com o caráter filantrópico do evento, que visava arrecadar fundos para um hospital especializado em câncer nas ilhas havaianas. Para fortalecer isso o próprio Elvis havia feito sua doação, para incentivar o seu público a fazer o mesmo. Esse aspecto sempre foi muito forte em sua personalidade e ele agora trazia esse ato de caridade cristã para sua carreira também, dando o exemplo, impulsionando as doações cada vez mais. Afinal esse era o principal objetivo do concerto realizado no Havaí.

O grande sucesso de 1969, "Suspicious Minds", também não poderia faltar. Composta por Mark James, foi a primeira música de Elvis a chegar ao primeiro lugar da Billboard após anos afastado do topo das paradas musicais. Uma forma de revitalizar seu estilo, mudar, ir por novos caminhos. Era uma faixa com o qual Elvis não se identificava muito pessoalmente, mas que era mais do que apreciada, principalmente por mostrar ao mercado que ele ainda estava no jogo, após seus anos de isolamento em Hollywood, onde praticamente só cantava nas trilhas sonoras, sem ser competitivo com outros grandes nomes da época, como os Beatles.

Já a versão de "Hound Dog" do Aloha é melhor esquecer. Apenas um bilhete, um pequeno lembrete de seus anos gloriosos como roqueiro nos anos 50. Nada memorável, executada com uma certa preguiça por parte de Elvis. A imortal criação da dupla Jerry Leiber e Mike Stoller merecia um melhor tratamento. É curioso porque na primeira temporada de Elvis em Las Vegas ele apresentou uma versão arrasadora ao vivo, só que depois inexplicavelmente a deixou de lado, só trazendo a canção para os palcos em versões fracas como essa. O que aconteceu?

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de maio de 2010

Elvis Presley - Aloha From Hawaii - Parte 7

Olhando para trás não podemos deixar de reconhecer que foi uma boa ideia colocar "Also Sprach Zarathustra" de Richard Strauss como tema de abertura dos shows de Elvis nos anos 70. Ficou grandioso, épico e impactante. Quando Elvis voltou a se apresentar ao vivo foi composta uma pequena introdução orquestral para sua entrada no palco. Esse tema pode ser ouvido em discos gravados em 1969, no International Hotel.

Embora breve, esse arranjo de entrada era bem produzido. Só que parecia ainda não digno da altura de um artista como Elvis. Apenas Strauss poderia estar em um nível acima. Muitos criticam, porque afinal a canção teria sido tema do clássico de ficção "2001 - Uma Odisseia no Espaço" do mestre Stanley Kubrick. Não estaria associada diretamente a Elvis. Penso de outra forma, acho que ficou muito bem encaixada. Ideal para o shows do cantor.

Outra música inédita dentro da discografia de Elvis em 1973 era essa "It's Over" de autoria da dupla Roy Orbison e Joe Melson, Interessante é que seria uma boa canção para ser gravada em estúdio, contando com todo aquele arranjo de metais bem típico de Felton Jarvis. Elvis porém não se deu ao trabalho, priorizando a execução da canção ao vivo mesmo. Esse tipo de música servia muito bem aos propósitos de Elvis em mostrar toda a potência de sua voz. Nos anos 70 ele inegavelmente procurou por esse tipo de canção, que tivesse um certo tipo de apoteose final. Era bem o momento propício para ele soltar seu vozeirão a plenos pulmões.

Já "See See Rider" não era mais nenhuma novidade para os colecionadores de seus LPs. A música já tinha sido lançada antes no bom álbum "On Stage - February 1970". Assim era já naquela época destituída de maior interesse pelos fãs que compravam seus discos. No selo do vinil original a música foi novamente creditada a Elvis, ou pelo menos seu arranjo. Como já sabemos essa é uma música bem antiga, feita antes do nascimento de Elvis por autores cujos nomes se perderam no tempo. Mesmo assim a RCA Victor decidiu valorizar um pouco o trabalho de Elvis na elaboração de seu arranjo para o palco, o creditando como autor. Valeu pela boa intenção e reconhecimento.

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley - Aloha From Hawaii - Parte 8

Eu sempre vou identificar esse álbum com a música "An American Trilogy". Na verdade um medley triplo criado por Mickey Newbury que tencionava revitalizar músicas históricas, algumas provenientes de cultos religiosos, outras que foram populares nos campos de batalha, durante a guerra civil dos Estados Unidos. Elvis, patriota como era e um homem muito religioso, procurava assim por uma identidade musical em seus concertos realizados durante os anos 70.

Como era de complexa execução, essa canção acabou sendo vital para mostrar e identificar os melhores shows de Elvis nesse período de sua carreira. Quando Elvis estava bem, costumava dar tudo de si nela, quando estava mal, isso se refletia como nunca no palco. O interessante é que era mesmo uma música de show, sendo que Elvis não teve a preocupação de gravar uma versão de estúdio para ser lançada em seus álbuns. Parecia que ela funcionava muito melhor com o calor do público, dando resposta ao cantor ali, na hora, ao vivo.

Bem, não poderia deixar de registrar também que nunca gostei da versão que Elvis apresentou de "A Big Hunk O' Love" nesse concerto. Acredito que os arranjos excessivos de metais a descaracterizaram demais. Um rock da primeira fase da carreira de Elvis, deveria ter sido mais fiel aos arranjos originais. Nada de trombetas ou trombones. Não deu certo! Curioso que Felton Jarvis sempre foi criticado por isso, por pesar demais a mão em certos arranjos. Aqui ele poderia ter maneirado mais, deixando a orquestra de lado, incentivando mais os instrumentos mais típicos do rock dos anos 50, a saber, violão, guitarra, baixo e bateria. Nada mais era preciso. O produtor definitivamente errou!

Por fim, finalizando a análise, temos que aqui tecer alguns comentários sobre "Can't Help Falling in Love". A coisa toda aconteceu meio ao acaso. De repente a música romântica do filme "Feitiço Havaiano" acabou se tornando a nota final de todos os seus shows. Funcionava bem, era uma despedida de Elvis que deixava o público querendo mais. Só penso que Jarvis novamente deveria ter trazido mais da trilha sonora original. Eu sempre gostei muito dos arranjos originais do disco de 1961. Tudo soava quase como uma canção de ninar, por mais terno que isso possa parecer. Teria ficado muito bonito em seus concertos, não tenho dúvidas sobre isso.

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de maio de 2010

Elvis Presley - Elvis as Recorded at Madison Square Garden - Parte 1

A primeira vez que ouvi esse álbum fiquei realmente impressionado como Elvis conseguia ir da fúria roqueira aos momentos mais intimistas, em questão de segundos! No palco Elvis era realmente magistral nesse aspecto. Um exemplo vem do blues "Never Been To Spain". Ele havia acabado de balançar o Madison Square Garden com a vibração e a empolgação de "Proud Mary" e então recebidos os aplausos emendou com essa excelente canção blueseira. Elvis, um fruto cultural do vale do Delta do Mississippi, tinha plena familiaridade com esse tipo de sonoridade. Afinal ele foi criado bem ali e em Memphis acabou tendo ainda mais contato com esse estilo musical puramente americano, forjado nas plantações de algodão do sul. Era um branco com negritude cultural correndo em suas veias.

Outro ponto importante a se dizer sobre "Spain" era que essa era efetivamente a primeira vez que essa música pintava em um disco oficial de Elvis. Ela era assim uma das "inéditas" do álbum, um canção não gravada por Mr. Presley em estúdio antes. Para o fã que havia ido na loja de discos em 1972 era uma novidade e tanto! A outra ótima notícia era que, tecnicamente, essa faixa se mostrava, desde os primeiros acordes, como uma das mais perfeitas gravações do concerto - chego inclusive a dizer que ela tinha mesmo as qualidades, as matizes, de uma gravação em estúdio, de tão perfeita que saiu. Elvis e banda, entrosados e afinadíssimos, tiveram uma performance simplesmente impecável, uma obra prima ao vivo. Para essa performance "live" eu realmente tiro o meu chapéu. E para quem gosta dos solos de James Burton, aqui ele foi de fato excepcional. A TCB Band atingiu em 1972 um amadurecimento e um primor técnico que poucas vezes seria repetido ao longo dos anos. O que dizer? Eles foram perfeitos.

Depois desse grande momento Elvis entra direto em "You Don't Have To Say You Love Me". Já escrevi antes e repito, essa bela música italiana, lançada originalmente no álbum "That´s The Way It Is" não teve uma boa versão de estúdio lançada. Complicado entender o que os executivos da RCA Victor tinham na cabeça, mas o fato é que eles escolheram o take errado como master, para ser lançado no disco oficial. Não era bem aquela versão em particular a ser escolhida. Curiosamente no Madison Square Garden Elvis voltou a ela. Não entendo a razão. Essa gravação de Elvis nunca foi um hit em sua voz. Ele poderia ter escolhida outras faixas mais representativas e populares. De qualquer maneira essa versão ao vivo consegue ser bem superior à que ouvimos no disco gravado em Las Vegas em 1970. Ela tem mais fluidez, mais qualidade musical. No comecinho Elvis ainda parece um pouco tímido, porém conforme a música vai avançando ele vai soltando a voz e quando chega no momento final apoteótico, Elvis consegue alcançar todas as notas necessárias sem problemas. Aplausos mais do que merecidos.

E dentre tantas versões de "Polk Salad Annie" que Elvis gravou ao longo dos anos 70 gosto particularmente muito dessa! Ela tem uma vibração poucas vezes ouvida. Sem maiores delongas Elvis vai direto na veia, deixa para lá a introdução falada e explicativa e pula logo para o puro ritmo. Problemas de microfonia foram captados pelos equipamentos da RCA, mas nem isso atrapalha o excelente resultado. Obviamente o público de Nova Iorque não deve ter entendido bulhufas da letra, afinal quando foi que aqueles nova-iorquinos de terno e gravata estiveram nos pântanos da Louisiana, não é mesmo? Embora Elvis tenha ficado claramente inspirado nessa performance, não podemos deixar de poupar elogios para o barbudo baixista Jerry Scheff. Quando esteve com os Doors, o próprio Jim Morrison teve dúvidas se aquele cara esquisito com óculos fundo de garrafa fazia rock de verdade! Bastou poucas sessões em Los Angeles para que ele se convencesse de que Jerry era mesmo um grande músico com seu instrumento. Aqui no Madison está outra prova de seu talento, pois "Polk" tinha excelentes solos de baixo, onde Scheff podia ter a oportunidade de mostrar o quanto era fera também no palco! Nesse momento do show ele foi de fato a grande estrela! Quem diria...

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Elvis Presley - Elvis as Recorded at Madison Square Garden - Parte 2

A versão ao vivo de Elvis para seu grande clássico "Love Me Tender" nesse show realizado no Madison Square Garden é inegavelmente fraca. Apenas um minuto e trinta segundos de performance. Nada muito inspirador. Na verdade Elvis sempre transparecia um certo desleixo no que se referia ao seu repertório mais antigo, dos anos 50. Ele parecia ter pouco apreço por esses grandes sucessos do começo de sua carreira. Qual seria a razão? Complicado descobrir. Um pista porém pode ser encontrada numa frase que ele disse nos anos 70, ao afirmar que não queria ser um cantor de 40 anos rebolando ao som de "Hound Dog"!

Provavelmente Elvis entendia que isso significava que ele não havia avançado musicalmente em sua carreira, vivendo apenas dos velhos sucessos do passado. E por falar em "Hound Dog", essa também foi cantada nesse show. Outra versão de pouco mais de 1 minuto de duração. Outra que ele não levou nada à sério. Provavelmente só entrou na seleção de repertório do show para relembrar aos nova-iorquinos de onde ele vinha, de seu passado glorioso nos primeiros dias do rock ´n´ roll americano. Melhor se saiu (mas apenas um pouquinho melhor) com o medley "Teddy Bear / Don't Be Cruel", Aqui Elvis demonstrou um pouco mais de foco - porém nada muito digno de nota. Ele parecia mesmo incomodado de trazer de volta esses "Oldies", as velharias de um passado remoto.

Realmente, se formos pensar no pior lado desse grande show da carreira de Elvis Presley vamos perceber que todas as antigas músicas de sua fase mais roqueira, justamente nos anos 50 quando ele foi chamado de "O Rei do Rock", foram negligenciadas nesse palco. A versão de "All Shook Up" não tem nem 1 minuto de duração! Que lástima! Essa música foi sem dúvida um dos grandes hits de Elvis em 1957. Uma canção essencial, que ganhou discos de ouro e platina. Como é possível Elvis apresentar um número tão medíocre para um clássico tão importante? Lamentável em todos os aspectos.

"Love Me" do disco "Elvis" de 1956 só não foi mais desprezada por Elvis porque afinal de contas seu sabor mais ao estilo country music se adequava mais ao direcionamento que Elvis vinha tomando em seus shows. Mesmo assim essa versão live não conseguiu ter nem dois minutos de duração! "Heartbreak Hotel" me soa bem melhor. Aliás sempre gostei bastante desse novo arranjo dos anos 70. Embora a versão de estúdio dos anos 50 seja excepcional, era mesmo de se esperar que sua sonoridade um tanto sombria fosse deixada de lado nesse momento. Por fim, fechando esse levantamento de seus antigos clássicos roqueiros cantados no palco em Nova Iorque, é importante citar a canção que deu começo a tudo, "That's All Right". Aqui o pique de ser a primeira canção da apresentação (logo após os acordes de "Also Sprach Zarathustra") a salvou da banalidade. Ótima performance embalada por arranjos novos, com muita energia e vibração. Para realmente levantar o público.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis as Recorded at Madison Square Garden - Parte 3

Existem aqueles sucessos que obrigam o cantor a interpretar a mesma música show após show, sem interrupções. Isso claramente causa um desgaste psicológico em quem canta. Não é fácil ficar cantando a mesma música anos a fio. E quando se escolhe o tema para ser o final dos concertos a coisa piora ainda mais. "Can't Help Falling In Love" foi escolhida para encerrar os shows de Elvis. Isso significa que ele a cantou milhares de vezes durante os anos 70. Conforme o tempo foi passando a pressa foi estragando a linda melodia da gravação original. No palco Elvis mostrava certa impaciência com ela, como se quisesse encerrar mais um show (algo até bem compreensivo). Por essa razão não considero essa uma grande performance. Segue basicamente a ansiedade de todas as demais versões desse período.

Outro sucesso que martelou Elvis foi "Suspicious Minds". Quando Elvis voltou aos palcos em 1969, em suas temporadas de Las Vegas, ele a usou bastante em seu repertório. Era algo bem fácil de explicar. A música tinha se tornando seu maior sucesso mais recente, chegando ao primeiro lugar da Billboard, algo que não acontecia desde 1962! Assim Elvis jamais poderia ignorar tamanho sucesso. Nos primeiros shows daquele ano a performance de Elvis estava em alta. Ele estava realmente empolgado com a música, porém os anos se passaram e o entusiasmo decaiu. Nesse show no Madison Square Garden ainda temos uma boa apresentação de "Suspicious Minds", afinal Elvis a estava cantando pela primeira vez em Nova Iorque. Porém essa também foi uma das últimas grandes interpretações dele. Dentro de poucos anos Elvis foi tirando a canção de seu repertório, até que ela se tornou apenas esporádica em seus concertos. Chegou uma hora em que ele realmente cansou dela.

Uma das melhores razões para se comprar o disco na época era a inclusão de "The Impossible Dream" na lista das músicas desse álbum. Era uma música inédita dentro da discografia de Elvis, nunca antes lançada, nem em versão de estúdio, nem ao vivo. O colecionador simplesmente batia os olhos nessa faixa e levava o LP para casa. Era uma nova versão de um sucesso mais recente (do ano de 1968) na voz do cantor Andy Williams. Elvis dizia que era um "country dos bons". Sua versão, apesar de ser "live", é muito boa. Concentrada, bem executada, caprichada. Elvis sabia que a música iria aparecer pela primeira vez em um de seus discos oficiais e por isso deu o melhor de si. Uma performance realmente muito acima da média, elevando a qualidade do disco como um todo.

Outro momento do álbum que considero muito bom é essa versão de "You've Lost That Lovin' Feelin'". Em relação a essa canção minha opinião continua a mesma: a melhor versão é realmente a do LP "That´s The Way It Is". Simplesmente irretocável. Essa versão do Madison Square Garden porém tem um outro pique, um outro sentimento. O público de Nova Iorque era bem diferente do público em Las Vegas. Enquanto que em Nevada Elvis se apresentava para uma plateia bem mais comportada, aqui na chamada "Big Apple" as coisas eram diferentes. Havia mais troca, mais intensidade entre Elvis e seus fãs. Isso acabou se refletindo nessa versão, muito embora seja ainda inferior ao que ouvimos no disco de 1970.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Elvis Presley - Elvis as Recorded at Madison Square Garden - Parte 4

Eu gosto bastante da versão de "Proud Mary" para esse álbum. A música em si não era mais novidade para os fãs de Elvis, já que havia sido lançada no repertório do disco "On Stage - February 1970". A diferença básica entre as duas versões era que a do álbum gravado em Las Vegas apresentava uma performance mais técnica, bem tocada, por Elvis e banda. Aqui no show do Madison Square Garden a música é apresentada mais no calor do momento, na vibração do público. Não é tecnicamente tão perfeita, mas tem um ótimo pique, uma energia que poucas vezes foi repetida por Elvis.

Já a aclamada "American Trilogy" surgia pela primeira vez em um disco de Elvis Presley. Em minha opinião a melhor versão ainda seria lançada, seria a do "Aloha From Hawaii", um ano depois. Essa versão do Madison Square Garden tem seus méritos, porém também não a acho muito bem executada. Essa canção aliás quebrou um pouco o ritmo do show, que vinha em um ritmo rápido, de pura energia. Já Trilogy pedia por outra postura, algo reflexivo, diria até épico. O público em Nova Iorque, muito cosmopolita, não comprou bem a ideia de uma canção histórica que louvava os ideais do sul confederado na guerra civil. Era algo tão distante da realidade daquele público como a Lua!

O country "Funny How Time Slips Away" certamente teve uma melhor receptividade. É fácil de entender isso. Sem o background histórico e o peso de tentar ser épico de "American Trilogy", essa canção era bem mais leve, soft, evocando aquela imagem do lirismo do caipira apaixonado do interior dos Estados Unidos. Uma figura mais agradável do que a de um soldado confederado com seu uniforme cinza e rifle da música "American Trilogy", que aliás deveria ter sido tirada por Elvis da seleção musical desse concerto. Essa "Funny" já tinha sido lançada antes no "Elvis Country" por isso também não era novidade, pelo menos em sua versão "Studio".

De inédito mesmo o disco trazia "For The Good Times". Elvis não a tinha gravado em estúdio, estava apresentando pela primeira vez em Nova Iorque (e em um álbum de sua discografia oficial), por isso era um bom motivo para se comprar o LP na época. Imagine você sendo um fã de Elvis, entrando numa loja de discos, pegando esse vinil nas mãos e percebendo que havia ali uma música de Elvis que você nunca tinha ouvido antes. Certamente compraria o disco. Por isso também esse álbum foi um dos mais vendidos durante os anos 70. Além de ser o registro de um show marcante em sua carreira, ainda trazia como bônus músicas inéditas em sua discografia. Duas ótimas razões para comprar o disco.

Pablo Aluísio.