quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 79

Elvis Presley à mesa
Livro relata os hábitos alimentares do "Rei do Rock", percorrendo as principais fases de sua vida

O culto à Elvis Presley é como um vírus. Você vê de longe, acha graça, quase não entende, mas, quando chega mais perto, pega como um sarampão. Vinte anos depois de sua morte, as locadoras de vídeo, as livrarias, casa de discos e Internet oferecem material para refrescar nossa memória. Foi ontem e já esquecemos. Que História, que cantor, que carreira e que carisma! Uma paixão.

Observo fotos, centenas delas, Elvis menino, carinhosamente abraçado à mãe, Gladys, e ao pai, Vernon. Elvis na sala de aula, sentado na carteira do fundo. Orgulhoso, encostado no caminhão do pai. Em todas as fotos tem os olhos tristes. A boca sorri, mas os olhos são sempre tristes. Uma depressão no olhar, uma cara de "quero mais" que nenhuma torta de pecan ou de banana curaria.

Assisti os filmes que consegui encontrar na locadora. Lembrei vagamente das preguiçosas sessões da tarde e de Flipper, o golfinho. Hollywood conseguiu "Fliperizar" o cantor, repetindo "ad nauseam" os mesmos mergulhos em fundo de céu azul, mar e palmeiras. As músicas eram quase sempre horríveis, mas se era possível, Elvis as tornava palatáveis.

Só os filmes dão assunto para um livro inteiro, mas queria Ter visto Elvis em Shows, pois Hollywood censurava o cantor da cintura para baixo e ele aparecia um pouco duro. Imaginem, Elvis, the pelvis, desengonçado.

No meio do material sobre Presley o achado mais precioso é o livro "The Life and Cuisine of Elvis Presley", de David Adler. Geralmente detesto estes livros de quem comeu o quê, totalmente dispensáveis, mas este é surpreendentemente agradável de ler. Através dos hábitos alimentares de Elvis conseguimos ver uma ponta de realidade da vida do homem, desde sua infância até a morte em Graceland, sua casa em Memphis.

A comida de Elvis é igualzinha a ele. Inocente e mítica, simples e caipira, às vezes complicada como o demônio. O lambiscar sem culpa, hoje chamado de "Grazing", foi a regra dos primeiros anos de fama. O autor do livro fez uma pesquisa, começando em Tupelo, onde Elvis nasceu, e terminando nas casas de fãs que ainda o consideram vivo e fazem para ele bolos de aniversário. Em resumo foi essa a trajetória da comilança de Presley.

Tupelo
Os pobres de Tupelo em meados dos anos 30, comiam basicamente a mesma coisa. Bolinho de fubá frito, legumes, quiabo empanado e, se aparecesse algum dinheiro, um pedaço de carne. A família de Presley tinha a sorte de receber uma cesta de legumes e verduras de uma tia que plantava uma horta. Nunca sentiram falta de mostarda, ervilha, feijão, beringela, tomate couve. Gladys não era lá essas coisas na cozinha. Seu maior desejo era Ter se tornado atriz, mas o amor pelo filho foi tanto que aprendeu a fazer uma comidinha gostosa como mais um modo de expressar amor. Comida de mãe para Elvis, então, era mais que couve passado na gordura de porco, broinha de fubá, sanduíche de manteiga de amendoim, batatas e tomates fritos, que ás vezes acompanhavam um esquilo caçado pelo pai e feito como se fosse galinha frita. Para beber chá gelado muito doce.

Pudim da Sra. Cocke
¾ de xícara de açúcar, 3 gemas, 2 e ½ xícaras de leite, ¼ de xícara de farinha de trigo, 1 colher de (chá) de essência de baunilha, waffers, bananas finamente cortadas, claras batidas para suspiro. Coloque numa tigela o açúcar, as gemas, o leite e a baunilha. Cozinhe em fogo baixo até engrossar, tire e deixe esfriar. Numa vasilha refratária coloque os waffers, a banana e o creme. Repita as camadas. Cubra com suspiros. Leve ao forno para dourar. Sirva gelado.

Primeira Assembleia de Deus
O filho e a mãe não perdiam um Domingo na Igreja. A primeira Assembléia de Deus é uma seita fundamentalista que acredita na realidade do sobrenatural. De acordo com a seita, Deus e o demônio estão conosco, fisicamente reais. As cerimônias são agitadas. Fiéis e ministro se mexem, pulam, requebram por entre as fileiras das cadeiras, braços e pernas sacudidos. Elvis aprendeu lá, segundo ele, todos os hinos que existem. Depois de tanta dança, era feito um piquenique, debaixo de uma árvore com sombra.

Cultura Teen
A cultura Teen só aparece nos anos 50 e nos Estados Unidos, na América afluente do pós guerra, com seus ícones e tradições de consumo. As estradas ficam cheias de Drive-ins de hambúrgueres com desenhos de naves espaciais. Os carros parecem aviões, tudo é fake, até a comida. Os livros de receitas da época são difíceis de acompanhar porque quanto mais coisa em pacotes e em lata mais sofisticada era a refeição. O bolo em formato de coração desmontava sob a camada grossa de açúcar cor de rosa, as saladas eram verdes e azuis, até a lua era azul, o chique era "moop Turtle Soup", "Mock-isto-e-aquilo", (no caso Mock significa imitação). Elvis participou pouco da folia de consumo porque era pobre. Como motorista de caminhão, começou a cantar na estrada em troca de comida. Em pouquíssimo tempo, transformou-se no Teen mais conhecido e famoso do mundo, o "Rei do Rock". Comprou um cadillac cor-de-rosa. Aprendeu a gostar de algodão doce, cachorro quente, pipoca caramelada, karo , Coca-Cola e Pepsi. O sonho dos Teens era não Ter hora para comer, Elvis desistiu de refeições regulares. Era o prêmio, a vantagem de ser célebre.

Salada de 7 Up
2 pacotes de gelatina de limão, 2 xícaras de 7Up, 1 xícara de queijo cottage, 1 lata de abacaxi picado, colorante verde (opcional). Prepare a gelatina de acordo com as instruções do pacote, substituindo a água por 7Up. Deixe esfriar em temperatura ambiente. Junte os demais ingredientes. Despeje em forminhas individuais e deixe na geladeira por algumas horas. Desenforme, passando a forma em água morna por alguns segundos e sirva em seguida.

Graceland
A cozinheira mais requisitada em Graceland era a da noite, pois o cantor tinha hábitos noturnos. David Adler, autor da pesquisa, foi até a casa dela e comeu uma refeição à la Elvis. Pauline, a cozinheira, era uma negra de cabelo branco. A mãe de Elvis era uma branca de cabelo preto. Pois o cantor as achava muito parecidas. Na verdade só tinham em comum o desejo de amamentá-lo. O menu foi "Ugly Steak" (bife feio), um filé de carne, passado na farinha de trigo e frito como frango. Toda a carne de Elvis vinha cortada em pedacinhos, como a comida de uma criança pequena. Ervilhas na lata na manteiga com um pouco de cebolas picada e vagens. E catchup. Em Graceland Elvis comia tudo o que gostava . Rosbife, peru, muito bolo e muito doce. De vez em quando se ouvia falar em regime e as empregadas que tentavam executar a dieta recebiam um chamado de Elvis. "Vamos, meu amor, estou morrendo de fome. Preciso de uma coisa gostosa para comer", dizia. Elas, imediatamente faziam o que ele pedisse.

Tomates à Mississipi
4 tomates grandes verdes, 1/3 de xícara de óleo vegetal, sal e pimenta-do-reino a gosto, ¾ de xícara de farinha de trigo. Mergulhe os tomates por 20 minutos em água gelada até a hora de usar. Corte em fatias de pouco menos de 1 cm de espessura. Aqueça o óleo em numa frigideira sobre fogo médio. Misture o tomate aos temperos e passe na farinha. Frite em óleo quente até ficarem douradas. Sirva quente ou à temperatura ambiente.

Las Vegas
No final de sua vida, Elvis entrou em um mundo só dele. Era o show, o quarto de hotel, nenhum amigo, a TV e a comida. A comida era conforto e companhia. Nos anos 70, começou a comer compulsivamente. Uma vez, em Baltimore, na manhã seguinte a um show, Elvis se levantou e pediu um Sundae com calda quente. Comeu depressa, pediu o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto e... desmaiou. Por estas e outras, era freqüentemente internado no Hospital de Memphis para uma desintoxicação forçada. Lá, ficou uma enfermeira que, mais tarde, escreveu um livro sobre ele, defendendo a idéia polêmica que Elvis não tinha o perfil de um "Junkie". A enfermeira compreensiva fazia uma torta de banana que Elvis adorava e comia inteira. A torta era comida de mãe em qualquer lugar do mundo.

A Pergunta
Elvis está vivo? Gosto da resposta de Madonna, pensando em Lisa Marie Presley, "Elvis está vivo e é muito bonita". Claro que está vivo. Como sua música e como sua comida, que desaponta como moda neste fim de milênio.

Artigo escrito por Nina Horta.

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 78

Elvis Top Secret! 
Livro lançado revela e analisa a ficha policial do Rei do Rock no FBI. Sob as ordens diretas de seu todo-poderoso diretor J.Edgar Hoover, a força policial número um dos EUA – o FBI – manteve e mantém arquivos sobre gente supostamente perigosa e subversiva, ou considerada individualista e excêntrica demais. Entre tais pessoas tem havido celebridades, e entre estas o alvo de observação oficial mais surpreendente foi talvez Elvis Presley – O Rei do Rock. Pode-se imaginar Hoover permanentemente obcecado com os movimentos coreográficos de quadris que valeram a Elvis o apelido de The Pelvis. Do início ao apogeu de sua carreira, Elvis Presley representou um perigo para a moral, os valores sacrossantos e quanto o FBI entendesse como a quintessência da alma da juventude americana. Na época, os americanos não desconfiavam de seu próprio governo como desconfiam hoje. Não ocorreria a ninguém, nem mesmo ao coronel Tom Parker, que o FBI espionasse seu cliente Elvis Presley. Foi só depois da morte de Hoover, em 1972, que táticas discutíveis e, em alguns casos, ilegais vieram a público e passaram a ser questionados.

O Novo livro Elvis – Top Secret de Earl Greenwald e Kathleen Tracy, tem por subtítulo "A história inédita do Arquivo Secreto do FBI sobre Elvis Presley". E começa revelando as origens da desconfiança do ressentimento que Presley, como tanta gente, sempre nutriu em relação às autoridades em geral. Tudo começou quando o próprio pai, Vernon, foi preso por falsificar um cheque. O xerife de Tupelo, Mississipi, prendeu-o por uma noite, só para que não esquecesse mais de quão desagradável só pode ser uma noite na cadeia. Mas o que impressionou e ficou na memória de Elvis foram os insultos que a autoridade número um da pequena cidade despejou sobre seu pai. Nunca mais o garotinho esqueceu o impacto do poder simbolizado pelo distintivo do xerife. Gente de baixa reputação como os Presleys não tinha outro recurso, nenhuma corte de apelações. E a família mudou-se para Memphis, Tennessee, com o espírito de recomeçar do zero.

A big city foi ora benção, ora maldição para Elvis. Ele gostou da cidade grande porque dava mais oportunidade e mais liberdade à família. Mas sentiu-se como se estivesse perdido uma parte da própria identidade.

No colégio, jamais se comportou como um dos rebeldes sem causa explícita, tipificados pelos protagonistas do filme "juventude transviada". Mas havia um conteúdo de desafio em sua atitude sob a forma de cabelos compridos pintados de preto, com o topete laqueado que, anos depois, ele próprio, Elvis, ditaria ao mundo da moda jovem. Suas roupas eram de gosto no mínimo discutível, para a época. E seu jeito não escondia a turbulência interior com que uma fração incrível da juventude mundial se identificou, nos anos 50. Em classe, Elvis Presley foi um aluno medíocre, embora sem mácula. Raramente chamou a atenção de algum professor e muito menos deu razão para reprimendas. Não fosse o guarda roupa e passaria praticamente incógnito. Mas uma decepção o marcou. Elvis queria muito entrar para o time de Football, mas o técnico não deixou, explicando que para entrar ele teria de cortar o cabelo.

Fama Precoce e Controvérsia

O segundo capítulo do livro Elvis – Top Secret "Fama Precoce e Controvérsia", focaliza o fenômeno da fama da noite para o dia. Já em Abril de 1956, jornais de Memphis e outras localidades estampavam cartas de leitores e leitoras ( sobretudo mães) preocupadas com a influência de seu sex-appeal: "quero saber quanto tempo a gente vai levar até se dar a conta exata do que ele (Elvis) está fazendo". Ou esta carta de um aluno do segundo grau: "nunca me considerei uma espécie de exemplo a ser seguido, porque faço tudo que a maioria dos jovens da minha idade faz. Mas repito: o que ele (Elvis) faz na TV e em toda parte por onde se apresenta rebolando é simplesmente podre! Não gostaria que minha mãe ou minhas irmãs vissem isso". Cartas parecidas como essa começaram a chegar também, naturalmente à mesa de J Edgar Hoover. E estrelas de televisão de primeira grandeza, humoristas como Steve Allen e Sid Caeser, por exemplo, acabaram ridicularizando Elvis, tornando-o um dos alvos favoritos de suas piadas.

A Vida no Exército e o estranho caso do Dr. Schmidt
O capítulo 3 (o mais longo), "A Vida no Exército e o estranho caso do Dr. Schmidt", tem um estranho co-protagonista que atende por este pseudônimo, "Dr. Schmidt" ( o livro não hesita em usar pseudônimos sempre que a identidade dos personagens é ou deve permanecer em secreto). Estamos em 1959, Elvis Presley foi convocado para o exército e está servindo em Bad Nauheim, Alemanha Ocidental. "Hans Schmidt" é um dermatologista sul africano que patenteou um tratamento de pele supostamente milagroso. Elvis sofreu muito de acne na adolescência. Aos vinte e poucos anos, o pavor da velhice o traumatiza. "Schmidt" põe, sem querer, o dedo na ferida quando lhe escreve uma carta extremamente detalhada oferecendo a tal "terapia aromática" que desenvolveu em seu consultório em de Johanesburgo. "Schmidt" é um vendedor e tanto. Sua retórica teria afugentado os que fogem dos charlatões como diabo da cruz. Mas Presley, um rapaz no fundo ingênuo e de pouca cultura, tem uma reação oposta e fica impressionado com tanto Know How. Tendo sido entalhador e chofer de caminhão, Elvis entende de mecânica e de madeiras. Mas frases como "receptividade neuromuscular", "elasticidade epidérmica", fazem seus olhos brilhar de espanto.

"Schmidt" não abre mão da chance de ir à Alemanha ministrar-lhe pessoalmente o milagroso tratamento. A secretária de Elvis escreve, em resposta, que se "Schmidt" puder viajar até a Alemanha, as despesas da viagem serão acrescentadas aos seus honorários. Para "Schmidt" isto significa dizer simplesmente negócio fechado. Ele responde dando a Elvis a opção de depositar o dinheiro em conta bancária ou, de preferência, mandar-lhe a passagem. Duas semanas mais tarde escreve de novo. Agora não se dirige mais a Mr. Presley, é Dear Elvis, na maior intimidade. Na sua crescente impaciência, "Schmidt" resolve tomar as providências necessárias usando inclusive o próprio dinheiro. Acha que já conhece Elvis na intimidade, no entanto sequer recebeu resposta a sua última carta. Elvis é soldado, tem deveres a cumprir todo dia. E o tamanho de sua correspondência é inimaginável.

Na carta seguinte, "Schmidt" reflete quase em desespero: "Elvis, mais uma vez peço que me deixe ir prestar-lhe um serviço, só me diga quando. Conclusivamente, participo-lhe que já abandonei meu negócio e toda a clientela, só para ir servi-lo. Por favor, Elvis, não me decepcione. Eu não me recuperaria facilmente". E o Dr. "Schmidt" acaba viajando de Johanesburgo para Bad Nauheim com uma mala sobrecarregada de emolientes da cútis especialmente personalizadas para o tom e a textura dérmica de Elvis. Vernon Presley dá um baile no filho: - você trouxe um médico da África, via aérea? Não há bastante creme de pele à venda por aqui? Garoto, você é o sonho de qualquer vendedor!. E o insinuante "Schmidt" acabou tornando-se praticamente da casa, entrando e saindo com a bolsa cheia de segredos para a eterna juventude. Massagea diariamente os ombros, o rosto, pescoço do cantor. Elvis já namorava então Priscilla Beaulieu (com quem se casaria)

Mas ele não percebeu, por trás das boas maneiras convencionais "Schmidt", uma ciumenta frieza com relação à moça. O tom das visitas de "Schmidt" aos Presleys iria começar a mudar. Ele passou a tomar certas liberdades. Em pouco tempo, ficou intimo de todo o entourage (exceto de Vernon Presley, que nunca o topou), inclusive os próprios companheiros de farda do cliente: "Schmidt" tem mais de 40 anos, mas é um fã nervoso, esfuziante. Quanto mais à vontade se sente com os Presleys, mais maneirista se torna. Elvis não liga muito para isso, apresenta-o em geral como "um amigo da família, de visita a Europa" e atribui os maneirismos ao fato de ele ser estrangeiro, até o dia em que vários soldados começam a queixar-se de uma constante paquera por parte do Dr "Schmidt"!. Segundo os pracinhas, o homem havia tocado sugestivamente ou tentado encostar a mão em várias partes de seus corpos e, em um caso em especial, até se ofereceu para determinada prática sexual.

Elvis Presley ficou tão perplexo com esta história que não reagiu calculadamente. Prometeu aos pracinhas que iria Ter uma conversa de homem para homem com "Schmidt" e teve. O outro abriu-se com ele: "Eles entenderam mal minhas intenções... mas é verdade que, no passado eu me relacionei com homens, assim como com mulheres. Espero que isso não o choque...

Elvis deu a entender que não. Mas nem por isso decidiu-se a despachar de volta para casa o Dr que viajara meio mundo para conhece-lo e servi-lo. É provável que, com a proximidade física, o Sex-appeal de Elvis se tenha revelado irresistível para o farmacêutico gay. O fato é que Schmidt a partir de então, transformou em obsessão a maior de todas as suas fantasias, uma vez, durante o tratamento que se concentrava em rosto, pescoço e ombros, pôs a mão por entre as pernas do cliente com intenção totalmente extra medicinal. Elvis pulou da cadeira ainda cheio de creme, mas genuinamente chocado para poder se revoltar, e mandou que Schmidt se retirasse dali.

- Não tenha medo de mim, Elvis, ninguém gosta mais de você do que eu – foi a resposta.

No dia de natal, Schmidt reapareceu para cumprimentar a família Presley. Foi um vexame. Elvis espinafrou-o na frente de todos. O outro pediu-lhe as contas e compensação financeira pelos prejuízos que iria Ter. Elvis então concordou em pagar 200 dólares pelo tratamento e 315 dólares para uma passagem de avião para Londres, uma vez que Schmidt não decidira não voltar mais ao seu país. Mas, no dia seguinte, o fã mudou de idéia e pediu 2000 dólares, ameaçando-o em caso de recusa, arruinar a carreira de Elvis, através da imprensa. O astro decidiu levar o caso ao comandante do destacamento e o caso acabou sendo investigado pelo exército americano, que logo descobriu, entre outras coisas, que Schmidt jamais fora médico de coisa alguma.

Uma última carta do fã apaixonado, antes de pegar o avião para Londres, revelava sua decisão de não tomar nenhuma ação judicial. Ele não guardava maiores rancores. E o episódio acabou por aí, mas não sem deixar profundas marcas psicológicas em Elvis Presley.

Visões do Apocalipse

O capítulo 4 intitula-se "visões do apocalipse"; após os dois anos de serviço militar, a morte da mãe e um segundo casamento relativamente precoce do pai, Vernon, transformaram Presley em uma abrasiva mistura de carência e desordem afetiva. Sua válvula de escape é o sexo, um sexo quase sempre informal, anônimo e freqüente. A sua atitude para com o sexo oposto torna-se antagonista, às vezes abusiva, do ponto de vista emocional. Ele trata as moças com quem sai como se fossem prostitutas de rua. O sexo tinge-se de ódio e alguma paranóia. Toda mulher está a fim de usá-lo, seja financeiramente, seja para ver o nome publicado no jornal. A auto estima de Elvis decai: nenhuma delas pode Ter se encantado pelo ar de seu charme... não bastasse, e ele resolve filmar a própria libidinagem, com garotas menor de idade! Elvis quase pagou caro por esta besteira. Embora não tivesse contado nada a ninguém (a não ser anos mais tarde, antes de morrer), seu agente pessoal, o coronel Parker, descobriu a coisa e conseguiu confiscar o filme com cenas de orgias. Afinal, se jerry Lee Lewis havia-se arruinado só porque ele se casou com uma prima adolescente, o que é que filmes pornôs não poderiam causar, em potencial, à carreira de Elvis (e a dele, coronel Parker)?...

Ameaças de Morte e Dores de Cabeça Judiciais

No capítulo 5 "Ameaças de Morte e Dores de Cabeça Judiciais", a década de 60 está chegando ao fim e isto é um alívio para Elvis. O decênio de 70 é mais do que bem vindo. Está na hora de mudar porque tudo anda mal: a carreira musical, os filmes, a saúde, até o casamento com Priscilla, que ele jamais soube tratar como uma mulher de carne e osso. Mas, ao longo da década, nada mudou, na prática. Elvis não voltou ao topo das paradas de sucesso de forma consistente, nem Hollywood lhe ofereceu um roteiro que desse vida à sua estereotipada imagem cinematográfica. O jeito foi concentrar-se em performances ao vivo, de preferência sem sair do circuito Las Vegas – Lake Tahoe, porque os rigores e desconfortos das excursões e a vida on the road não estavam mais para ele. Novos dissabores não tardaram. Em 1970, uma mulher chamada Patrícia Parker ajuizou uma queixa paternidade contra Elvis. Ela estava no sétimo mês de gravidez e alegava Ter tido um ligeiro caso com Presley em Las Vegas.

Elvis, naturalmente, jurou que jamais dormira com ela; que seu único contato com a fã havia sido uma fotografia durante um show no Interrnational Hotel. Em agosto daquele ano, um telefonema anônimo anunciou que Elvis seria seqüestrado no próximo fim de semana. Um outro telefonema e nova ameaça: um homem, com forte sotaque do Sul dos EUA, dizia estar sabendo que dois homens foram contratados para matar Elvis Presley, mas em troca de 50.000 dólares, livraria a cara do cantor. As suspeitas recaíram sobre alguém ligado a Patrícia Parker. Mas não seria verossímil: mesmo que Elvis tenha tido um caso com ela, ameaças telefônicas não sintonizam bem com o temperamento de alguém empenhado em ganhar uma causa através dos competentes canais judiciais. Elvis soma 2 mais 2 e conclui que quem telefonou o conhecia muito bem, e é de sua própria terra de origem. A ameaça seria então um enorme blefe, com a finalidade de arrancar-lhe dinheiro. Até a quantia pedida reforçava isto, por ser um montante fácil de reunir depressa, ao passo que muito mais dinheiro seria problemático de levantar de uma vez.

Enfim, nada aconteceu e o episódio terminou sem um clímax. Elvis fez o show daquela noite com mais intensidade do que de costume. E nunca mais ouviu falar do misterioso telefonista anônimo. A polícia de Las Vegas manteve o caso aberto por duas semanas, depois arquivou. A experiência serviu para isolar ainda mais Elvis Presley emocionalmente e abriu caminho para uma estranha aliança com o famigerado recluso Howard Hughes.

Elvis e Howard Hughes

O FBI abriu uma pasta para Elvis em 1956. Ironicamente ao longo de 20 anos, ao mesmo tempo que investigava secretamente a sua vida, o FBI trabalhou para protegê-lo de inimigos reais e imaginários. Volta e meia, Presley recorria ao FBI em busca de proteção. Foi alvo de inúmeras ameaças de morte. Recebeu uma vasta correspondência com insinuações de violência. E houve incontáveis tentativas de chantagem e difamação. No início, Elvis não ligava muito. Com o tempo porém foi se tornando paranóico (como Howard Hughes) quanto a própria segurança, a ponto de quase não mais sair de casa por sentir medo. No fim da vida, em contato constante com o FBI, ele relatava qualquer telefonema ou transeunte misterioso que fosse visto em frente da lendária mansão de Memphis, Graceland. Qualquer semelhança com Howard Hughes não era mera coincidência e formou-se assim uma inesperada amizade. Presley conhecera Hughes em Las Vegas, na década de 50.

Hughes, um homem imprevisto e cismado, gostou de sua simplicidade. Achava o fenômeno Elvis Presley fascinante e queria entendê-lo em primeira mão. Marcou um encontro com Elvis. Foi a única vez, em que os dois conversaram a sós. Tempos mais tarde, o cantor descobriu que compartilhava das fobias e das suspeitas do bilionário. Em 1969, praticamente o dono de metade de Las Vegas, levava uma existência misteriosa no último andar do Hotel Desert Inn. Um homem obcecado por germes e bactérias, entre outras excentricidades, não cortava mais as unhas nem os cabelos. Hughes (tão paranóico que nunca deu o seu telefone para Elvis) ligava para Memphis a altas horas da noite, e os dois se queixavam amargamente dos infortúnios da fama... A instabilidade pessoal de Hughes acabou tornando a ansiedade de Presley muito mais insuportável.

Pouco antes de morrer, Elvis anunciou a alguns íntimos que ia começar a se exercitar com vistas a uma turnê projetada e que ia reunir a coragem necessária para despedir, de uma vez por todas, o coronel Parker. O abuso de drogas teve um papel decisivo no ataque cardíaco que o matou em 16 de agosto de 1977. Mas Earl Greenwood e Kathleen Tracy questionam moralmente a atitude das pessoas próximas, que deixaram esse abuso tomar tais proporções e durante tanto tempo. Muitos tiveram a ganhar mais com Elvis doentio e dependente. A começar por seguranças cujo trabalho consistia em praticamente não fazer nada: eles tinham mais chance de roubar Elvis descaradamente caso ele estivesse drogado. Se por um lado, era difícil dar conselhos pessoais a Elvis, seu pai Vernon e o empresário Tom Parker estiveram sempre em posição de autoridade que lhes permitia ao menos tentar fazer alguma coisa. Só em agosto / setembro de 1977, Tom Parker ganhou perto de um milhão de dólares com a venda de camisetas, chapéus e demais objetos de lembrança póstuma que encheram as lojas de Memphis da noite para o dia.

O livro se encerra com as especulações das causas mortis do ídolo. Para uns, suicídio, para outros, uma superdose acidental, outros finalmente acreditam mesmo em homicídio culposo. Os autores concordam e discordam das três versões. Culpam o vício da comer frituras demais a vida toda, culpam o excesso de mulheres e culpam o excesso de drogas e medicamentos, tudo aliado à personalidade extremamente emotiva e insegura, do ponto de vista auto critico, de Elvis Presley, que nunca soube o significado da palavra moderação.

Artigo escrito por José Guilherme Correa.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 77

Elvis Presley e Richard Nixon
O Rei e o Presidente
Elvis Presley e Richard Nixon - A carreira policial de Elvis Presley foi tão espetacular quanto sua carreira musical. Em pouco mais de um ano, ele passou de auxiliar de xerife de um condado do Tennessee a agente federal de uma das mais glamorosas forças de combate ao crime: o FBI. Muito mais expressivo é que, na primeira vez ele foi nomeado pelo xerife local, mas na última, quem o nomeou foi o próprio presidente dos EUA, Richard Nixon. Essa história é muito interessante e para entendê-la melhor precisamos voltar a 1970, um pouco antes do natal.

Nessa ocasião Elvis deu à sua família em Graceland uma exibição inesquecível de como um agente policial age na sombra. Naquele dia Elvis brigou com Vernon e Priscilla por causa de suas compras de natal. Vernon ficou chocado ao receber as contas de Los Angeles. Em armas Elvis havia gasto 19.972 mil dólares. Mas isso não era nada comparado com as notas das revendedoras de automóveis. Elvis havia comprado dez Mercedes Benz, que planejava presentear como se fossem bicicletas!

Elvis não tolerava qualquer crítica aos seus gastos. Mas Vernon e Priscilla eram tão mão-fechadas quanto Elvis era gastador e eles sempre estavam em pé de guerra por causa de dinheiro. Esse dia não teria sido muito diferente dos outros se Elvis não tivesse tido a idéia de punir seu pai e sua mulher e ao mesmo tempo curtir uma rara emoção. Correndo para seu quarto, Elvis vestiu um de seus ternos mais extravagantes, colocou uma colt 45 no coldre sob o ombro e uma Deringer na bota. Assim preparado, entrou no seu carro e foi para o aeroporto onde comprou uma passagem e embarcou para Washington. Na capital americana se hospedou num hotel próximo à Casa Branca com o nome de coronel Jon Burrows.

Ah, aquilo foi demais! E quando ele estava no taxi, então? O motorista crioulo não parava de olhar para suas jóias e ele teve que abrir um pouco o paletó para que o cara desse uma olhada na sua 45. Mas agora lá estava ele, o homem mais famoso do mundo, sentado num quarto de hotel olhando para a TV, completamente sozinho numa cidade estranha. No mesmo vôo que levou Elvis a Washington estava o senador George Murphy e logo o famoso cantor estava de prosa com o velho político, explicando que estava indo a Washington para oferecer seus préstimos na guerra contra os tóxicos.

O senador disse que ia ajudá-lo e que iria arranjar-lhe uma visita ao FBI e ao Bureau de narcóticos. Encorajado, Elvis teve uma idéia brilhante: porque não tentar ser recebido pelo presidente Nixon? Como não havia tempo para arrumar uma audiência pelos canais competentes, Elvis resolveu solicitar ele mesmo um encontro com o presidente dos EUA.

No avião mesmo, ele escreveu uma carta para Nixon, explicando os perigos que o país enfrentava, com os Beatles e Jane Fonda incutindo idéias radicais no pensamento da juventude americana, incentivando o uso de drogas. Para contrabalançar Elvis se oferecia para ficar do outro prato da balança. Terminou pedindo uma audiência imediata e informou que poderia ser encontrado no Washington Hotel, onde estava hospedado com o nome de coronel Jon Burrows. Assim que chegou em Washington Elvis foi direto para a Casa Branca onde se apresentou ao atônico guarda de plantão e lhe entregou a carta.

Quando Elvis voltou ao hotel duas horas depois recebeu uma notícia eletrizante: o secretário do presidente havia acabado de ligar: "O Presidente vai receber Mr. Presley" - foi isso que ele disse! sacou? Nixon havia arranjado tempo para receber o Rei do Rock naquele mesmo dia!

Elvis encontra Nixon - Porque Nixon estava com tanta pressa de se encontrar com Elvis? Bem, naquele momento ele estava para lançar uma monumental cruzada contra as drogas, e de repente aparece o Rei do Rock com a mesma idéia! Para Nixon "as drogas eram o problema número 1 da América" e ele ia transformar a Drug Enforcemente Agency (DEA) numa super agência de combate aos tóxicos no estilo da CIA e do FBI. Para se ter uma idéia o orçamento dessa polícia secreta de Nixon subiu de 69 milhões de dólares em 1969 para 719 milhões em 1973.

Quando Elvis, Jerry Schilling e Sonny West (que chegou bem a tempo!) foram introduzidos na Casa Branca, foram recebidos por Egil Krogh, o braço direito de Nixon em sua cruzada anti drogas. Ele disse a Elvis que os caras teriam que ficar esperando num prédio anexo (o Federal Bureau) porque, caso mais de uma pessoa visitasse o presidente ao mesmo tempo, seriam necessárias medidas especiais de segurança. Jerry e Sonny ficaram desapontados, pois Elvis havia prometido que eles também conheceriam o presidente.

Quando Elvis entrou no salão oval estava devidamente preparado para esse grande evento. Ao bater os olhos em Elvis, Nixon não se conteve: "Você usa roupas bem extravagantes, heim?" Sem perder o pique Elvis devolveu: "Presidente, o senhor dirige o seu show que eu dirijo o meu!". Depois o papo começou com Elvis dizendo que era "a prova viva de que a América era a terra das oportunidades", Da noite para o dia, ele passou de simples motorista de caminhão a superstar, provando a realidade do sonho americano. Mas agora ele estava preocupado com a juventude de seu país, seduzida pelo mundo das drogas.

O rei contou ao presidente que estava dedicando todo o seu tempo livre em reuniões com grupos de jovens rebeldes, usando sua autoridade para ajudá-los no caminho do bem e superar seus problemas com tóxicos. Enquanto Elvis falava, Nixon deve ter se sentido gratificado. Nixon sabia do poder de Elvis sobre a juventude americana e chegou a dizer-lhe que, se quisesse, ele poderia trocar o show business por uma carreira política de sucesso. Alguns artistas como o senador George Murphy e Ronald Reagan (então governador da Califórnia) já haviam inclusive mostrado o poder do show business na arena política. Mas quem eram eles em comparação com Elvis Presley, o Rei do Rock? Só havia uma coisa que jamais poderia ser esquecida, aconselhou Nixon: "Nunca perca sua credibilidade".

Ah, foi uma grande reunião, um grande casamento de idéias. O que Nixon tão poeticamente chamava de "Maioria silenciosa" havia enfim encontrado sua voz em Elvis Presley. Finalmente chegou a hora de Elvis fazer seu grande pedido: já que iria ajudar na cruzada contra as drogas, nada mais justo do que ter uma insígnia de agente federal do FBI. Nixon sorriu: "Não tenho muito poder por aqui, você sabe. Mas conseguir um distintivo de agente federal para você é uma das coisas que posso fazer". Elvis agradeceu e fez mais um pedido, será que o presidente poderia receber seus guarda-costas? Nixon concordou e deu ordens pelo telefone para que Jerry Schiling e Sonny West fossem trazidos a sua presença. Nixon desculpou-se com Elvis e foi assinar alguns documentos. Elvis ficou passeando pelo salão oval, observando o presidente com o canto dos olhos. Imagine seu assombro quando Nixon, depois de assinar os papéis, virou-se para o assessor que estava ao seu lado e perguntou: "O que foi que acabei de assinar?". Elvis iria contar essa história para o resto de sua vida.

Assim que Sonny e Jerry entraram, Nixon deu um soco amigável no ombro de Sonny e comentou: "Rapaz, você tem uma bela dupla de grandalhões! Acho que eles sabem cuidar muito bem de você!" - "Yes, Sir", confirmou Elvis. O fotógrafo da Casa Branca tirou retratos de todos juntos e Nixon deu a cada um dos guarda-costas um par de abotoaduras com o selo presidencial. De sua parte, Elvis deu a Nixon um colt 45 comemorativo da 2º Grande Guerra Mundial. O histórico encontro entre o Rei do Rock'n'Roll e o presidente dos Estados Unidos havia terminado.

O FBI libera o dossiê Elvis: 663 páginas de loucuras!

O FBI guardou uma grande ficha sobre Elvis Presley por mais de 20 anos - em setembro de 1956, quando Elvis pela primeira vez subiu ao palco do Ed Sullivan Show e entrou dentro dos corações de milhões de americanos, até sua morte em agosto de 1977. Os federais relataram tudo sobre Elvis: suas roupas, suas gingas no palco, sua vida e amores fora do palco - e as hostes de escroques e loucos que tentaram fazer dinheiro com sua incrível fama. O FBI liberou o dossiê Elvis devido a lei sobre liberdade de informação (Freedom of Information Act). As queixas contra Elvis começaram a chegar ao FBI nos anos 50. Entre as revelações do dossiê podemos encontrar histórias interessantes sobre a vida e a carreira de Elvis. A ficha, que não contém nada que desmereça a imagem de Presley começa com queixas sobre seus giros sexuais e progride através de ameaças de morte e extorsão - e sentimentos de Presley sobre outros astros.

Em 1956 um cartão postal enviado a Elvis dizia: "Se você não parar com isso, nós vamos te matar". Elvis imediatamente contactou o FBI que abriu uma investigação para saber quem era o autor do cartão. O agente do FBI encarregado do caso definiu o alto e o rotapé do cartão como "Obscenos" Essa seria apenas a primeira ameaça de morte sofrida por Elvis, ao longo dos anos ele receberia várias mensagens iguais, ameaçando sua vida e de sua família.

Elvis acendeu as iras da Biblebelt (área de maior influência biblica da América), motivando uma carta ao editor de um jornal religioso de Wisconsin, que dizia: "Presley é um perigo definitivo a segurança dos Estados Unidos". O artigo ainda dizia: "Testemunhas oculares disseram-me que atos e gestos de Elvis são capazes de despertar as paixões sexuais da juventude americana adolescente...Presley assinou autógrafos na barriga de uma garota...fãs clubs que se degeneram em orgias sexuais...eu poderia jurar que se trata de um viciado em drogas e de um pervertido sexual". O conservador Elvis, quem diria...

O cantor Jerry Lee Lewis tentou invadir a mansão Graceland: O agente do FBI relata um caso envolvendo Elvis e o cantor Jerry Lee Lewis. No final dos anos 70 esse cantor, antigo ídolo jovem nos anos 50, tentou invadir a propriedade de Mr. Presley totalmente embriagado e ainda por cima armado. Elvis se recusou a recebê-lo nesse estado e chamou o FBI que o prendeu. Jerry Lee Lewis depois interrogado afirmou que "seu plano era achar, libertar e seqüestrar o Rei Elvis". O Rei do Rock nunca mais quis receber Lewis, nem para receber desculpas pelo ocorrido. E avisou que nunca mais o procurasse...

A revelação mais bizarra é que Elvis caiu vítima de uma corja de trapaceiros e desclassificados que pagou por seu avião Jet Star com cheques sem fundos, hipotecou o aparelho por um milhão de dólares e fez Elvis pagar 400 mil dólares extras por reparos nunca feitos. A gangue que se auto denominava "a fraternidade" foi descrita pelo FBI como "30 a 40 dos maiores vigaristas do mundo". Foram apanhados e alguns condenados, mas Elvis morreu antes que o avião fosse devolvido a Graceland, sua propriedade em Memphis. O então advogado de Elvis, Dr Beecher Smith, diz: "O avião voltou e recuperamos parte do dinheiro. Havia rumores de que alguns dos advogados de defesa tinham conexões com a máfia"

O Mesmo avião está agora exposto em Graceland. O então piloto de Elvis também estava envolvido de acordo com os relatórios do FBI, confirmados por Smith. A perda do avião deve ter sido a última e mais bem sucedida tentativa de roubar seu dinheiro, mas os registros do FBI mostram mais tentativas de extorsão e ameaças de morte desde os primeiros dias de sucesso de Presley até suas últimas apresentações pelos Estados Unidos.

As fichas também registram o não realizado sonho de Elvis em conhecer o diretor do FBI, J. Edgar Hoover. Nem uma carta de apresentação do senador George Murphy ajudou. Um auxiliar de Hoover escreveu contra um encontro com Elvis, juntando uma foto de Presley com a roupa que usou no seu encontro com o presidente Richard Nixon. Num relatório de 1970, o agente M.A. Jones observou: "Não obstante a sinceridade e as boas intenções de Mr. Presley, ele não é certamente o tipo de indivíduo que o diretor gostaria de conhecer. É notório que no momento está com os cabelos abaixo dos ombros e concorda em vestir toda espécie de roupas exóticas". O diretor Hoover estava convenientemente "fora da cidade" quando Elvis veio para a visita e depois escreveu a Presley: "Lamento que não tenha sido possível receber você durante sua visita ao FBI. Entretanto, espero que você tenha gostado da viagem e de nossas instalações"

Ironicamente Elvis iria entrar para o FBI nos anos 70 como agente federal nomeado pelo presidente Nixon. O mais engraçado de tudo isso foi o fato de uma pessoa considerada pelo Bureau como uma "ameaça à nação" acabar entrando para seus quadros uma década depois. Assim Elvis se tornaria o mais "exótico" agente federal que J. Edgar Hoover jamais sonhou em ter um dia...

Artigo publicado na revista People - "O Dossiê Elvis"
Artigo escrito por Lu Gomes - "Elvis e Nixon".

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 76

O Dia em que os Beatles foram conhecer Elvis!
Os primeiros discos dos Beatles chegam aos Estados Unidos
Enquanto Elvis afundava no estudo do ocultismo e demais ciências esotéricas, o bravo rock'n'roll renascia com mais força ainda. Começando em 1963, quando os primeiros discos do Beatles chegaram aos Estados Unidos e culminando com a chegada dos Fab Four à América, quando foram vistos por 70 milhões de telespectadores no programa Ed Sullivan Show, o rock atingiu, no ano de 1967 um fervor messiânico. Nunca antes da história da humanidade havia algum fenômeno cultural desenvolvido tanta força e poder.

Estava na cara que algo grandioso estava acontecendo mas, para Elvis, não havia nada de novo, exceto algumas poucas músicas dos Beatles que ele gostava. Não é de se espantar, portanto, que quando os Beatles vieram aos Estados Unidos pela primeira vez, Elvis tenha recusado firmemente um encontro com os quatro cabeludos de Liverpool que aspiravam a mão de sua filha, a juventude americana, muito embora durante o programa do Ed Sullivan, os Beatles tenham recebido um telegrama de boas vindas assinado por ele, mas remetido sem o seu conhecimento pelo coronel Parker.

- "Droga, não quero me encontrar com esses fdp!" – explodiu Elvis quando o coronel lhe propôs um encontro com os Beatles no inicio de 1964

Os Beatles vão encontrar-se com Elvis

Mas o coronel não gostava de aceitar um não como resposta, principalmente de sua marionete Elvis Presley e continuou a campanha para criar a ilusão de bons sentimentos entre seu cliente e os Beatles, enviando-lhe de presente quatro conjuntos de trajes de cowboy completos, inclusive com armas de verdade.

Quando os Beatles voltaram em 1965, eles usaram essas roupas de cowboy em um de seus concertos. Era o sinal que o coronel estava esperando. Novo encontro foi proposto e, dessa vez, Elvis topou

- "Tá legal. Mas eles terão que vir até a minha casa"

Aquilo era bom demais parta ser verdade para o coronel, que ligou para Brian Epstein marcando a reunião. Nesse tempo, Elvis estava de volta à casa de Perugia Way, depois de Ter morado algum tempo em Bellagio Road.

Na noite memorável de 27 de agosto de 1965, Elvis sentou-se no sofá da sala, como sempre fazia, cercado de seus homens: Joe Esposito, Marty Laker, Billy Smith, Jerry Schiling, Alan Fortas, Sonny West, Mike Keaton e Ray Sitton. Logo chegou o coronel Parker e Tom Diskin.

Perto da 9 horas, os Beatles chegaram numa limousine preta, acompanhados por Brian Epstein, o jornalista Derek Taylor e dois guarda costas. A área estava fortemente guardada pela polícia de Los Angeles. Assim que os príncipes do rock entraram na mansão, ouviram seus discos tocando no "Jukebox". Elvis levantou-se para cumprimentá-los, sorrindo e John Lennon brincou:

- "Oh, aí está você!"

Apresentações formais foram feitas e todos sentaram-se no sofá; John e Paul no lado direito de Elvis e Ringo e George no lado esquerdo. Enquanto a "Jukebox"alternava os sucessos de Elvis e dos Beatles, ninguém falou nada. Os Beatles olhavam para Elvis, Elvis olhava para os Beatles. Nenhum dos caras achou que era hora de dizer alguma coisa. Nem o coronel Parker ,que permaneceu silencioso. Finalmente, depois de uns cinco minutos, Elvis não se conteve:

- "Bem, olha aqui" – protestou o rei – "Se vocês vão ficar aí sentados a noite inteira eu vou para a cama. Vamos aproveitar a noite! Podemos conversar sobre música e até tocar um pouquinho!"

Ao ouvir Elvis falar "tocar", todos os Beatles exclamaram:

- "Adoraríamos tocar com você, Elvis"

"Não consigo contar a emoção que foi ontem à noite"

O gelo estava quebrado e o grupo logo se dividiu em rodinhas; Elvis, John e Paul levavam um papo:

- "Quantos sucessos vocês escreveram até agora?", quis saber Elvis, sempre preocupado com números.

John e Paul começaram a contar como se isso tivesse alguma importância. Todavia quando chegou a vez de John Lennon perguntar, ele quis saber algo crucial:

- "Elvis, porque você não volta ao seu velho estilo musical?"

Elvis que não gravava um rock há anos, desculpou-se:

- "Bem, sabe como é... é por causa do meu esquema de filmes. É muito apertado...mas eu ainda vou gravar algum disco"

Lennon comentou:

- "Então esse eu vou comprar"

Era uma piada, mas revelava claramente o que os Beatles pensavam do trabalho musical de Elvis naquela época.

Enquanto isso Ringo jogava sinuca, rodeado pelas crianças, Tom Parker e Joe Esposito montaram uma mesa de roleta e o coronel anunciou:

- "O cassino está aberto"

Imediatamente Brian Epstein se aproximou, Brian tinha tanta curiosidade e vontade de conhecer o coronel quanto os Beatles tinham de conhecer Elvis.

Depois de dar algumas tacadas de sinuca com Ringo Starr, Elvis pegou um contrabaixo elétrico que estava aprendendo a tocar. Ordenando que os Beatles fossem equipados com instrumentos, Elvis deu início a uma animada "Jam Session". O ponto alto foi Elvis tocando baixo em "I Feel Fine', o que provocou o seguinte comentário de Paul McCartney:

- "Você está tocando baixo muito bem, Elvis!"

O encontro das estrelas durou três horas e foi um sucesso, exceto por George Harrison que não quis conversar com ninguém e se comportou como se estivesse com uma doença contagiosa. Quando chegou a hora de puxar o carro, Lennon convidou:

- "Gostaríamos que todos vocês fossem nos visitar amanhã a noite"

- "Bem, eu vou ver" – Elvis respondeu – "Não sei ainda se podemos ir ou não"

Voltando-se para os demais John falou:

- "Vocês serão bem vindos, com Elvis ou sem ele"

Os caras agradeceram, mas sem demonstrar muita vontade de ir, caso contrário poderiam desperdar os ciúmes do chefe. Mas na noite seguinte, Joe Esposito, Marty Laker, Jerry Schiling e Sonny West, conseguiram dar uma escapadinha e foram visitar os Beatles na casa em que eles estavam hospedados em Mulholland Drive. Assim que começaram a conversar com seus anfitriões, John Lennon explicou tudo com aquele seu estilo claro e contundente:

- "Deixa eu contar uma coisa para vocês. Só havia uma pessoa nos Estados Unidos da América que a gente queria conhecer. E nós a encontramos ontem à noite. Não posso dizer como nos sentimos. Nós o idolatrávamos demais. Quando chegamos na cidade, esses caras como Dean Martin e Frank Sinatra e todas essas pessoas queriam nos conhecer e ficar conosco simplesmente porque tínhamos todas as mulheres, todas as gatinhas. Não queremos encontrar essa gente. Eles não gostam de nós. E nós não os admiramos e nem gostamos deles também. A única pessoa que queríamos encontrar nos Estados Unidos da América era Elvis Presley. Não consigo contar a emoção que foi ontem à noite"

Artigo Escrito por Lu Gomes.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 75

"Raised On Rock"
Data: agosto de 1973 / fonte: "A Life in Music" de Ernst Jorgensen / Texto: Pablo Aluísio / Photo: Edgar Lee Roy / Jumpsuit: Black Matador / Local: Las Vegas, Nevada. 

Raised On Rock / For Ol'Times Sake (1973) 
Depois de cumprir uma longa série de shows no Sul, a RCA conseguiu finalmente levar Elvis a um estúdio para gravar novas canções. O local escolhido foi o Stax Studios em Memphis, conhecido estúdio de gravação de cantores de R&B. A verdade porém era que Elvis estava exausto e doente após tantos shows e viagens. Mas mesmo assim, debilitado, Presley compareceu a 4 das seis noites programadas de gravação. Elvis chegou aos estúdios com um enorme chapéu e capa, brincando com os músicos. Aliás, o estúdio ficou cheio não só de músicos mas de amigos, parentes, seguranças, namoradas e todo tipo de gente, inclusive toda a "máfia de Memphis", o que irritou Felton Jarvis. 

O que o produtor Felton Jarvis não entendia era que após vários meses longe de Memphis e Graceland aquela era uma forma do cantor rever seus amigos e parentes. James Burton relembra: "Achamos Elvis muito abatido naquelas noites. Chegou até a repetir a mesma roupa duas vezes seguidas, fato nada comum, já que seu assistente trazia uns trajes que ele trocava no transcorrer da noite. No íntimo estava arrasado, embora Lisa Marie e Linda Thompson estivessem ao seu lado tanto no estúdio como em casa". Elvis gravou 11 canções e deixou algumas para completar mais tarde, pois ele teria que cumprir uma nova agenda de Shows, desta vez em Las Vegas. Esta são as canções do disco "Raised on Rock / For Ol Times Sake" (APL1 0388)

Destaques do disco: 
Raised On Rock (Mark James) - Canção título do disco. Foi lançada em single junto com "For Ol'Times Sake" em Setembro de 1973. A letra feita pelo ótimo compositor Mark James faz um balanço emocional dos anos iniciais do Rock'n'Roll. A harmonia também é bastante original, transformando o conjunto em um belo momento da carreira de Elvis Presley. 

For Old'Times Sake (Tony Joe White) - Lado B do single "Raised On Rock". Uma das músicas românticas mais bonitas e bem arranjadas da carreira de Elvis. O destaque fica com o ótimo arranjo de cordas executado por Burton, Christopher, Young e Dennis Linde (autor do grande sucesso de Elvis "Burning Love"). 

If You Don't Come Back (Leiber / Stoller) - Canção que marca o reencontro de Elvis com os compositores Jerry Leiber e Mike Stoller. Esta união legou ao século XX as melhores canções de Rock'n'Roll da história como "Jailhouse Rock", "Trouble","Hound Dog" e várias outras. Aqui Elvis faz a mágica acontecer mais uma vez, pois esta e "Three Corn Patches" são as melhores canções do disco. Elvis até renasce quando canta estas músicas voltando novamente ao pique e ao entusiasmo dos anos 50. 

Sweet Angeline (Eddy Arnold / Martini / Morrow) - Esta música só foi completada por Elvis depois, pois ele não teve tempo suficiente para completá-la. Assim em Setembro de 1973 Elvis reuniu-se com James Burton e mais alguns músicos em sua casa em Palm Springs para terminar a gravação desta canção. Apesar de toda a dificuldade a canção se tornou uma das mais belas da discografia de Presley durante os anos 70. Muito bonita, com melodia atraente esta canção é um dos pontos altos do disco. 

Three Corn Patches (Leiber / Stoller) - canção que fecha o disco. Mais uma maravilhosa composição de Leiber e Stoller. Elvis Presley perdeu muito com o afastamento da dupla durante os anos 60. Tudo culpa do Coronel Parker que só visava o lucro e nunca a qualidade. Esta e outras atitudes acabaram levando Elvis a desprezar seu empresário, inclusive o demitindo em uma ocasião. Porém já era tarde demais, o estrago já estava feito e Presley acabou o readmitindo, pois o Coronel cobrou uma verdadeira fortuna para acabar a sociedade entre ambos.

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - fevereiro de 2004

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 74

 "Elvis Today"
Data: março de 1975 / fonte: "A Life in Music" de Ernst Jorgensen / Texto: Pablo Aluísio / Photo: Lionel Loggins / Jumpsuit: Today Suit / Local: Las Vegas, Nevada. 

Elvis Today (1975) - Em 1975, Elvis, o coronel e o produtor Felton Jarvis se reuniram em Graceland, onde Elvis se recuperava de mais um problema de saúde. Elvis expôs a Felton seu descontentamento com a RCA Victor e seu método de trabalho. Elvis criticou particularmente as "maratonas" impostas pelo estúdio em que eram gravadas muitas canções em um pequeno espaço de tempo. Citou ao produtor as sessões de junho de 1970 e as de maio de 1971 em que tudo foi feito e gravado em uma correria incrível. Para Elvis isso prejudicava muito os resultados artísticos das músicas. Por fim Elvis falou a Felton Jarvis que ele deveria marcar uma nova sessão de gravação, se possível em um estúdio melhor do que o de Nashville. Elvis deu como exemplo o fato de que muitas das canções que foram gravadas em 70 e 71 sequer tinham a banda presente no estúdio, muitas vezes apenas com Elvis e um pianista e que isso estava destruindo sua inspiração. Felton explicou que essa era uma atitude padrão da gravadora. 

O cantor não gostou nada da posição e dos argumentos do produtor. Elvis encerrou a conversa mostrando muito desapontamento com tudo e se retirou bastante aborrecido da reunião. Em Nova Iorque o produtor levou as queixas aos executivos da RCA e recebeu a seguinte instrução: "Pelo amor de Deus, faça tudo o que Elvis Presley quiser". E assim Felton Jarvis resolveu tomar todas as providências que Elvis exigiu. De ínício escolheu os estúdios C da RCA em Hollywood, pois Elvis mantinha uma casa em Los Angeles e sua localização iria facilitar as gravações. Marcou cinco dias de gravação mas... Elvis não apareceu. Uma nova data foi marcada em fevereiro e nada de Elvis. Isso tudo ocorreu em uma situação em que a gravadora exigia um disco de estúdio de Elvis, pois já fazia mais de um ano que Presley não entrava em estúdio para gravar. Tudo isso contribuiu ainda mais para que a tensão entre o cantor e a gravadora aumentasse a cada dia. 

Finalmente em março Elvis apareceu nos dias 10, 11 e 12 e gravou o disco. Apenas 10 músicas, nada mais. "Sem maratonas" como disse o próprio Elvis no estúdio (esse trecho pode ser encontrado em alguns discos piratas dos anos 80). A equipe foi a mesma da estrada e Elvis gravou todas as canções de forma impecável. Essas são as músicas de "Elvis Today" ou seria "Elvis Yesterday"?: 

Destaques do disco: 
T-R-O-U-B-L-E (Jerry Chesnut) - Uma das coisas mais significativas sobre a carreira de Elvis Presley nos anos 70 era a ausência de rocks em seus discos. Os críticos sempre perguntavam onde estavam os rocks nos trabalhos do "Rei do Rock" durante esta fase. A resposta é simples: Elvis evoluiu como artista, talvez não fosse mais tão importante para ele gravar apenas um tipo de música. Além disso ele sempre se queixou da falta de material de qualidade deste gênero durante os anos 70. Sua visão era simples, ele queria mudar e como ele mesmo afirmou: "Não quero ser um cantor de 40 anos cantando Hound Dog". Outro fator importante era a forma como Elvis usava a música para exorcizar seus dramas pessoais. E nada estava mais longe do estado de espírito de Presley neste período do que rocks. De qualquer forma sempre surgia uma canção como essa e "Promised Land" para deixar claro que Elvis era sim o "Rei do Rock", cujo trono aliás não tem sucessor. 

And I Love You So (Don McLean) - Uma das provas mais contundentes do que afirmei antes. Estaria Elvis se dirigindo a Priscilla para realçar seu amor por ela, ao afirmar que ainda a amava tanto? Na minha opinião, sem dúvida. Muitas das músicas retratavam o homem Elvis com perfeição transparente, eis um exemplo cabal disso. A canção é linda, dispensa maiores comentários. Apenas junte-se a Elvis neste momento de mais uma declaração de amor na sua carreira. Em tempo: No "Elvis in Concert" está uma versão ótima deste canção ao vivo. Imperdível. 

Pieces of my Life (Troy Seals) - Bela canção de amor. O destaque fica com o arranjo primoroso. A banda de Elvis está afinadíssima. A canção começa de forma intimista e vai crescendo até se tornar apoteótica, voltando a seu ritmo inicial. De muito bom gosto, sem dúvida. Foi lançada como single com outra verdadeira pérola da carreira de Elvis: "Bringing It Back". O vocal de Elvis está ótimo, principalmente na parte falada, algo que ele não usava desde 1960 com "Are You Lonesome Tonight?" Destaque final: o acompanhamento da orquestra e a bateria de Ronnie Tutt. Ótima. 

Green Green Grass of Home (Claude Putman, Jr) - Essa foi escolhida especialmente por Elvis, sendo a que ele dispensou os maiores cuidados em termos de arranjo e gravação, pois sem dúvida era uma de suas preferidas. O tema, que louva o estilo sulista de ser, foi gravada pela primeira vez por Tom Jones. Mas vamos deixar o próprio Elvis Presley refletir, em suas palavras, o significado dessa música em sua vida: "Quando Green Green Grass Of Home foi lançada com Tom, eu e os rapazes retornávamos a Memphis no nosso grande ônibus vermelho. Ouvimos a canção pelo rádio e começamos a chorar. Sua letra significava muito para nós do sul". O resultado final não poderia ser outro, como foi gravada com um sentimento muito presente por parte de Elvis ela se tornou uma das mais belas músicas da carreira do cantor.

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - janeiro de 2004

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 73

Elvis e Linda Thompson
Data: julho de 1974 / Fonte: "Elvis" de Albert Goldman e "Elvis e eu" de Priscilla Presley e Sandra Harmon / Texto: Pablo Aluísio e Lu Gomes / Photo: Revista Variety / Local: Hawaii. 

Assim que as negociações para o divórcio de Elvis e Priscilla tiveram início, Elvis conheceu Linda Thompson, com quem iria viver nos próximos quatro anos e meio a mais íntima e satisfatória relação de toda a sua vida. A data foi julho de 1972 em um cinema de Memphis, onde Elvis estava curtindo uma sessão noturna privativa. Linda Thompson era a nova Miss Tennessee 1972. Precisa dizer mais? Então lá vai: Linda era virgem. Todavia, logo depois desse encontro, Linda saiu de férias com a família por três semanas e Elvis não conseguiu encontrá-la. Desiludido, ele foi para a costa oeste começar os ensaios para a temporada de agosto em Las Vegas. Elvis estava com Kit quando ficou sabendo que Linda estava de novo em Memphis. 

Na mesma hora telefonou para ela e, na manhã seguinte, Linda estava desembarcando no aeroporto de Los Angeles. Elvis, que nunca acordava antes do meio dia estava à sua espera, nervoso como um garoto no seu primeiro encontro com a namorada. Naquela mesma noite, os dois voaram juntos para Las Vegas e kit foi logo esquecida. Linda ganhou o afeto de Elvis por ser coquete, engraçada, atenciosa, afetuosa, inteligente e leal. No começo, Elvis achou seu novo amor tão absorvente e satisfatório, que pela primeira vez em sua vida adulta, ficou cerca de um ano sem ver outra mulher. Quando porém achou que a fidelidade o confinava em demasia e começou a inventar desculpas para dar suas escapadas, Linda encarou o desafio. Linda queria que nada lhe fosse escondido e ambos chegaram a um entendimento que proporcionou considerável liberdade para Elvis. 

Eles tornaram-se tão íntimos nesse assunto, que Elvis algumas vezes apresentava a Linda sua mais recente descoberta feminina e os três saíam juntos. Quando o encontro terminava, Elvis discutia com Linda sua nova descoberta, querendo saber sua opinião, se a gatinha serviria para ele. Finalmente Elvis tinha toda a liberdade sexual que queria, sem ter nenhum sentimento de culpa. Mas Elvis não conseguia esquecer Priscilla. Duas semanas depois de seu show Aloha From Hawaii, Elvis iniciou nova temporada em Las Vegas. Mas infelizmente ele começou a sofrer complicações respiratórias e um especialista recomendou-lhe que se internasse. 

Priscilla achava que Linda era uma boa influência sobre Elvis, como ela mesmo escreveu em seu livro "Elvis e eu": "A medida que os meses passavam, Linda Thompson tornou-se uma companheira constante de Elvis e achei que isso era bom para ele. Elvis começou a fazer viagens a Aspen e Hawaii, saindo mais, por causa da personalidade extrovertida de Linda. Quando conversávamos parecia bastante animado". Essa opinião era compartilhada por todas as pessoas em volta de Elvis, Linda logo se tornou também querida de toda a Máfia de Memphis. Um dos caras da turma declarou: "Linda era um tipo de sopro de ar fresco comparada com o resto de malas sujas que nós tínhamos encontrado e que andavam com Elvis naquela época. Todos gostavam dela". 

Apesar de um começo promissor, conforme o tempo foi passando, Linda começou a enxergar a realidade à sua volta de uma forma diferente. O prolongado caso de Elvis com Linda chegou ao fim em 1976. Linda foi tudo que uma mulher poderia ser para Elvis: amante, mãe, esposa, filha e concubina. Ela demonstrou uma extraordinária capacidade de se adaptar à vida de Elvis e seu exasperado temperamento. No início, Linda era uma jovem apaixonada por um superstar e gostava de aparecer. Acima de tudo, Linda gostava da proximidade com o trono. Por essa época, ela cunhou a frase: "O poder é o maior dos afrodisíacos". Mas passados os primeiros dezoito meses, Linda começou a ver Elvis por um ângulo diferente, enxergando nele uma pessoa realmente doente, com várias complicações de saúde, como insônia e obesidade, um mulherengo extremado, um narcisista supremo e um homem totalmente avesso ao casamento. Gradualmente, Linda foi conduzindo seu affair com Elvis de acordo com a fórmula "romance igual a dinheiro", e nos anos seguintes ela tratou de conseguir tudo o que pudesse. Elvis comprou-lhe uma casa com piscina, perto de Graceland e deu-lhe 75 mil dólares somente para a decoração. Linda ainda acumulou mais de um quarto de milhão de dólares em jóias dadas por Elvis, fora um guarda roupa completo, caríssimo, comprado todo nos melhores estilistas de moda da Europa e dos EUA. 

Mas não foi só, no último ano com Elvis, Linda obteve um apartamento em Los Angeles e começou a trabalhar como comediante sexy em um programa de TV. Percebendo que seu romance tinha se transformado num grande tédio e marasmo, Elvis decidiu acabar com o caso, pois ele estava interessado em uma nova mulher: Ginger Alden. Como Elvis tinha dificuldades de lidar com essas situações, ele incumbiu Joe Esposito de encontrar Linda e contar a decisão dele de colocar um ponto final no romance. Esposito ainda disse a Linda que ela retirasse todos os seus pertences de Graceland. Linda ficou irritada por levar um fora de um assistente de Elvis. Nunca mais se viram de novo. Linda foi até Graceland recolher todas as suas coisas e se despedir da avó de Elvis, Minnie Mae, que ficou muito decepcionada com o fim do romance. Para não ver sua partida, Elvis viajou até Nashville, pois ele queria evitar um confronto final. Quem também sentiu muito a partida de Linda foi Lisa Marie Presley, na época com apenas 9 anos, que gostava muito dela. Essa amizade dura até os dias de hoje.

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - fevereiro de 2004

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 72

Indian Sultan
Data: agosto de 1975 / Fonte: "Elvis" de Albert Goldman e "Elvis e eu" de Priscilla Presley e Sandra Harmon / Texto: Pablo Aluísio e Lu Gomes / Photo: Elvis Monthly - Special Edition / Jumpsuit: Indian Sultan / Local: Las Vegas, Nevada. 

Em fevereiro de 1972, depois de anos levando uma vida dupla, Priscilla decidiu que havia chegado a hora de contar toda a verdade ao marido, e anunciou sua decisão a Mike Stone, seu amante: "Vou voar até Las Vegas essa semana e contar a ele toda a verdade. Já é hora da gente parar de se esconder desse jeito. Quero que todo mundo saiba o quanto te amo e que vou deixá-lo para viver com você" Foi o que Priscilla fez. Mas, assim que encontrou o marido e começou a recitar seu texto bem decorado, Elvis explodiu: "Ficou louca mulher?!!! Você não tem tudo o que uma mulher deseja nesse mundo?!!! Perdeu o juízo? Tem tudo o que uma mulher pode querer. Não pode estar falando sério, Sattnin" - sua voz estava cheia de angústia - "Não posso acreditar no que estou ouvindo. Está querendo dizer que tenho sido tão cego que não percebi o que estava acontecendo? Andei tão distraído que não percebi o que poderia vir!". 

Priscilla encarou Elvis, olhos nos olhos: "Nosso casamento acabou há muito tempo, estamos vivendo vidas separadas". Elvis estava totalmente desnorteado. A morte de sua mãe havia sido o grande trauma de sua vida, mas o fim de seu casamento era o maior abalo que poderia sofrer. Finalmente perguntou: "Perdi você para outro homem?" Priscilla respondeu: "Não é que você tenha me perdido para outro homem... apenas me perdeu para minha própria vida. Estou descobrindo a mim mesma, pela primeira vez" - Priscilla começou a arrumar as malas, com Elvis em silêncio, deitado na cama - "Tenho de ir. Se eu ficar agora, nunca mais irei embora". Ela pegou a mala e se dirigiu à porta - "Cilla!" - gritou Elvis - "Talvez em outra ocasião, em outro lugar". Priscilla, com lágrimas nos olhos se virou até onde Elvis estava e se despediu: "Talvez. Apenas este não é o momento". 

Elvis ficou completamente arrasado. Mas era tarde demais. Priscilla o abandonou e foi, com a filha, viver com Mike Stone, num apartamento alugado em Marina Del Rey. Os jornais deram em manchete: "Priscilla abandona Elvis!". O rei ficou mal. O cantor se trancou no quarto e entrou em um estado de profunda depressão. Elvis era um homem martirizado pela carreira e pela fama, que vivia sob enorme pressão que interferia em seu metabolismo natural, produzindo angustiantes problemas médicos, como a insônia. Agora, com o fim de seu casamento, Elvis se isolou cada vez mais, seus problemas de saúde pioraram, ele não conseguia mais dormir, seus olhos estavam vermelhos e suas olheiras eram profundas... a tempestade estava próxima! No mês seguinte, entre o final da temporada em Las Vegas e o início da excursão em abril, na primavera, os caras da Máfia de Memphis observaram alarmados Elvis aumentar seu consumo de drogas, principalmente de antidepressivos, e se afundar numa terrível fossa existencial. 

Eram sinais muito claros de que uma tempestade se avizinhava. Para evitar o desastre, pensaram os caras, o único jeito era arrumar uma nova mulher para pacificar o torturado superstar. Assim que a excursão começou, todos saíram à caça dessa maravilhosa criatura, capaz de salvar o rei. Três dias depois, quando estavam em Detroit, a procura chegou ao fim. O biógrafo Albert Goldman informa em seu livro que a garota chamava-se apenas "kit" (gatinha). Rosto maravilhoso, cabelos escuros, alta e com um corpo de fazer padre abandonar a batina. Kit era bailarina de uma famosa companhia de dança que também estava se apresentando em Detroit. Ela morava com uma amiga em um apartamento em Los Angeles, e esta amiga - também dançarina - foi convidada para uma das festinhas de Elvis. Um mês depois, essa garota foi novamente convidada para um fim de semana em Palm Springs, e dessa vez Kit foi junto. Kit era a garota perfeita, uma jovem muito correta, católica, não fumava, não bebia, não falava palavrão e, embora tivesse 24 anos, ainda era virgem. Quando Elvis a conheceu, foi amor à primeira vista, como sempre. 

Quando a festa de fim de semana acabou, Kit voltou para seu apartamento em Los Angeles e começou a ser bombardeada com telefones de Elvis. Logo ele estava indo buscá-la em seu carro Stutz Blackhank, especialmente construído e que deixou Kit bastante impressionada. Não muito depois, quando a estava levando para casa numa tarde, Kit apontou um "adorável" carrinho esporte que passava pela rua. Elvis não disse nada, mas duas horas depois, a colega de Kit foi atender o telefone. Era Elvis. "Faça ela vir até a rua" - exigiu ele - "Diga a ela que o cachorrinho precisa passear ou qualquer coisa - eu estou lhe trazendo um carro novo!" Quando Elvis chegou dirigindo o adorável carro esporte (com os caras acompanhando-o em um outro carro, é claro) tudo estava de acordo com seu script. Kit estava na calçada, ele estacionou o carro novinho, pulou pela porta e aproximou-se de sua amada com as chaves numa das mãos e os documentos na outra. "Seu desejo é uma ordem para mim" - Disse Elvis à surpresa Kit. 

Mas achar uma nova companheira para Elvis não foi suficiente. Ele ligava todos os dias para Priscilla, implorando para que ela voltasse. Em uma das poucas ocasiões em que Elvis se abriu com alguém sobre seu casamento fracassado com Priscilla, ele falou: "Eu tentei moldá-la naquilo que eu pensava que queria. Só muito tarde é que fui descobrir que isso não é possível. Você não pode ensinar uma pessoa a ser afetuosa. Ela era uma pessoa fria por natureza. Ela era muito reservada. Ela era muito disciplinada, cresceu num ambiente militar. Muito disciplinada. Muito reservada. Então eu tentei ensiná-la a ser quente, divertida, amorosa e terna. Ela tentou ser assim, mas não se pode realmente ensinar alguém a ser o que não é". Esta foi uma das raras ocasiões em sua vida que Elvis abriu seu coração para alguém e essa pessoa tinha que ser especial para ele, e era. Seu nome era Linda Thompson. Elvis encontrou em Linda Thompson, com quem iria viver nos próximos quatro anos e meio a mais íntima e satisfatória relação de toda a sua vida, a mulher que procurava. Mas essa é uma outra história... que você vai ler no próximo mês. Até lá!

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - janeiro de 2004

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 71

"Balada Sangrenta"
Data: janeiro de 1958 / fonte: "Elvis Presley, The Hollywood Years" / Texto: Pablo Aluísio / Photo: Peter Taylor / Local: Paramount Studios, Hollywood. 

KING CREOLE (1958) - Sinopse: A principal preocupação de Danny Fischer (Elvis) não é ser um astro do rock, mas sim terminar seus estudos e se formar. Mas, com o pai desempregado o único jeito de conseguir isso é ir trabalhar como copeiro, limpando mesas num night club barra pesada, onde ele conhece todos os tipos que freqüentam o submundo de New Orleans. Entre essas pessoas está Ronnie (Carolyn Jones), uma prostituta com um coração de ouro, a quem ele protege de um bando de bêbados matutinos quando ela está voltando para casa depois de uma noite dura. Eles ficam amigos e, quando Ronnie o acompanha até a escola, alguns estudantes a insultam. Danny acaba brigando com eles e é expulso da escola, perdendo a chance de se formar. 

A barra começa a ficar mais pesada e, na mesma noite, ele se envolve com uma gang de marginais liderados por Tubarão (Vic Morrow) e começa a roubar lojas de departamentos. Danny só precisa cantar para a freguesia, desviando a atenção dos companheiros que roubavam a loja. É a partir desta parte da trama que o personagem de Danny Fischer começa a pensar seriamente em se tornar um cantor. Entre assaltos e canções, Danny conhece Maxie Fields (Walther Matthau), um sinistro chefe da máfia local, e tem um caso com Ronnie e outro com a ingênua Nellie (Dolores Hart) e começa a cantar em uma boate chamada King Creole, onde vira um enorme sucesso, atraindo multidões. Maxie Fields, dono do Blue Shade, uma boate rival, tenta tirar Danny do King Creole e contratá-lo para o seu club. 

Como ele não aceita, acaba sendo chantageado por tomar parte num roubo cuja vítima, desconhecido para ele, era seu próprio pai, que fica muito machucado e vai parar no hospital. Sem dinheiro para pagar a conta do pai hospitalizado, Danny aceita a oferta de Maxie Fields. Nas garras do gangster ele segura a situação por algum tempo, mas quando Maxie conta ao pai de Danny que seu filho foi um dos ladrões que o atacaram, Danny fica possesso e bate no mafioso. Em busca de vingança, fields manda seus homens atrás dele, que está escondido com Ronnie numa cabana remota. Quando são descobertos pelos capangas, Ronnie leva um tiro e morre. Felizmente, Maxie Fields também é encontrado morto e Danny pode voltar para o King Creole, onde se reconcilia com o pai e com a sempre fiel Nellie. Elvis sempre dizia que de todos os seus filmes, King Creole era o seu favorito. 

A trilha: Esta é a trilha sonora do quarto filme da carreira de Elvis Presley. No Brasil foi intitulado como "Balada Sangrenta" e está disponível nas locadoras de vídeo. Este é considerado seu melhor momento no cinema como ator e se tornou o filme preferido do próprio Elvis. De certa forma Presley iria passar o resto de sua carreira cinematográfica lamentando não participar de um filme tão bem elaborado como este. O roteiro foi originalmente escrito para ser estrelado pelo astro James Dean, porém com sua morte o projeto foi cancelado. 

Pouco depois o produtor Hal Wallis resolveu levá-lo à tela com Elvis no papel principal e Michael Curtiz na Direção. Curtiz foi uma lenda do cinema norte americano tendo dirigido um dos maiores clássicos de todos os tempos: o filme "Casablanca" com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. Para tanto foram feitas algumas alterações no roteiro, como a mudança da estória de Danny Fischer que passou de boxeador para cantor nas horas vagas em um club de New Orleans, tudo claro para adaptar a inclusão de Elvis no projeto. "King Creole" (balada sangrenta, 1958) foi um grande sucesso de público e crítica pois vários nomes influentes da imprensa teceram elogios a atuação de Elvis, sendo que este foi um dos pouquíssimos filmes do cantor em que ele não foi criticado severamente. Infelizmente Presley iria deixar seus dias de Marlon Brando para trás e a partir de 1960 iria estrelar várias comédias musicais que não iriam fazer jus ao seu talento, salvando-se neste período poucos momentos realmente memoráveis como "Viva Las Vegas" (amor a toda velocidade, 1964), "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961) ou "G.I.Blues" (saudades de um pracinha, 1960). "Balada Sangrenta" é o último filme de Elvis antes de ele ir servir o Exército. 

O single: 
Hard Headed Woman (Claude DeMetrius) - Esta foi lançada em single junto com "Dont Ask me Why" em Junho de 1958 atingindo o segundo lugar na parada da revista Billboard. Trata-se de um Rock'n'Roll rápido com um acompanhamento de metais que se sobressaem no conjunto. Foi gravada no dia 15 de janeiro de 1958. Aqui está um caso raro no mundo da música, um exemplo perfeito de "Jazz-Rock". 

Don't Ask Me Why (Fred WIse / Ben Weisman) - Abrindo o lado B do disco temos esta canção que foi lançado no único single norte-americano extraído do disco. "Não me pergunte o Porquê" de ela ter sido escolhida para compor o compacto junto com "Hard Headed Woman" pois é fato notório que há músicas muito melhores na trilha. Digno de nota no filme é a atuação magistral do ator Walter Matthau, aqui interpretando um sujeito mal, bem distante dos papéis de comediante que o imortalizaram para sempre. 

Destaques da trilha: 
Trouble (Jerry Leiber/Mike Stoller) - A melhor música da trilha e também a mais conhecida. Trouble é uma preciosidade composta por Leiber e Stoller em que o ritmo e o conteúdo de sua letra caiu como uma luva para a estória do personagem Danny Fisher, um garoto correto que tenta sobreviver numa New Orleans infestada de Gangsters. Esta também foi utilizada no memorável "Comeback Special" de 1968 fazendo parte de sua trilha. Porém sem sombra de dúvida "Trouble" vai ficar imortalizada nesta versão gravada por Elvis no dia 15 de Janeiro de 1958. "Se você procura por encrenca, veio ao lugar certo!" 

King Creole (Jerry Leiber/Mike Stoller) - Música Título do filme escrita pela dupla Leiber e Stoller. Como este filme é ambientado em New Orleans providenciou-se um conjunto de metais que caracterizasse o som de Louisiana, o que faz este disco possuir um som único e singular dentro da discografia de Elvis. King Creole sem dúvida é uma de suas melhores trilhas pois a qualidade de suas músicas acompanharam o alto nível artístico do filme. Foram gravadas duas versões diferentes desta canção: uma no dia 15 de janeiro de 1958 e outra no dia 23 do mesmo mês. A versão presente no disco é a segunda. Foi lançada também num Extended Play intitulado "King Creole vol.1" em Setembro de 1958.

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - Outubro de 2003

Arquivo Elvis Presley (EPHP) - Parte 70

"A Mulher que eu amo"
Data: 14 de fevereiro de 1957 / fonte: "Elvis" / Texto: Pablo Aluísio / Photo: Paramount / Local: Paramount Studios, Hollywood. 

LOVING YOU (1957)
Sinopse: Sem dúvida, "Loving You" é um dos filmes mais interessantes de Elvis Presley. Basicamente é uma versão açucarada de sua escalada ao sucesso e à fama e por isso este filme ficou conhecido como "The Elvis Presley Story". Deke Rivers (Elvis) junta-se à banda de Tex Warner (Wendell Corey), cuja empresária é Glenda (Lizabeth Scott), ex-mulher do band leader e é mantido como "talento local", que sai da platéia e sobe ao palco para cantar em todas as cidadezinhas por onde a trupe musical se apresenta. O impacto que Deke provoca na juventude não é ignorado pela empresária e seu ex marido que começam a explorá-lo e promovê-lo nas grandes cidades. 

Apanhado de surpresa pelo súbito sucesso e pela histeria das fãs, Rivers sente dificuldades em se relacionar com as garotas que se atiram sobre ele e com os duvidosos contratos e negócios que a sua gananciosa empresário lhe arruma. Também há o triângulo amoroso entre Rivers e Glenda, uma mulher mais velha, porém mais experiente do que a ingênua e jovem Susan (Dolores Hart). As coisas se complicam depois que Deke Rivers (Elvis) se apresenta num programa de televisão e é acusado - junto com o rock'n'roll - de imoral e indecente. No final do filme, quando Elvis canta num teatro, seus pais (Gladys e Vernon), aparecem sentados na primeira fila. "Loving You" é um dos filmes, junto com "Juventude Transviada" e "O Selvagem" que deram origem ao nascimento da cultura jovem nos EUA e no mundo. 

As críticas: 
"Assistir a um filme de Elvis Presley é como ir ao baile da escola. Tem vários garotos e garotas, muita música, diversão e namoricos. Parece bobagem, mas de uma coisa tenha certeza: você nunca mais vai esquecer desses momentos. Presley é o namorado que todas as garotas gostariam de ter no ginásio, é bonitão, cativante, canta e dança bem. Quem vai resistir a uma coisa dessas? É o sonho de toda adolescente da América. Em suma: se você detesta estes bailes de escola, fique longe de "Loving You" o novo filme da "Maravilha de Memphis". Não espere conteúdo ou relevância, é apenas uma festa, como todas aquelas de que já participamos pelo menos uma vez na vida. Então se você quiser apenas se divertir, não deixe de assistir, mas se esta não for a sua praia, é melhor não ir a esta festinha de High School" (Variety) 

"Elvis Presley, ator nato e competente. Convenceria totalmente caso o filme pudesse ser visto e ouvido sem a gritaria feminina. Hal Kanter, o diretor, sempre apronta dessas, colocando uma massa compacta de garotas para gritar na fita e a gente ficar sem saber se o som é do filme ou da pláteia no cinema" (Hollywood Reporter). 

A trilha: Primeira trilha sonora de Elvis Presley em formato de Long playing contendo as músicas do filme "Loving You" da Paramount Pictures. No Brasil o filme recebeu o título de "A mulher que eu amo" nos cinemas e posteriormente quando passou na TV recebeu o título de "Perdidos na Cidade". Este é um dos clássicos do Rei cujo roteiro foi levemente inspirado na própria história do cantor. Grande sucesso de Elvis nos cinemas abriu caminho para as produções posteriores dele. 

A atriz que contracenou com Elvis, Dolores Hart, tinha uma promissora carreira em Hollywood, mas abandonou a vida do cinema para se dedicar a religião, se tornado freira em uma ordem católica. Dolores foi a primeira atriz que beijou Elvis em cena. Anos depois Dolores diria sobre Elvis: "As pessoas fofocavam sobre um namoro entre eu e Elvis. Nunca aconteceu nada. Elvis era um perfeito gentleman. Sempre me respeitou e me tratou da melhor forma possível. Conheci poucas pessoas mais meigas, doces e educadas do que ele. Eu realmente presenciei e conheci a verdadeira face de Elvis e sua inocência contagiante. Até hoje me lembro com carinho dos momentos que passamos juntos. Nunca acreditei no que foi dito dele depois de sua morte, que Deus o tenha em um bom lugar". 

A trilha sonora do filme só está presente no lado A do disco sendo as Músicas do lado B gravadas em outra ocasião com a finalidade de completar cronologicamente o LP. 

O single: 
Teddy Bear (Mann / Lowe) - No auge do sucesso de Elvis correu um boato que ele adorava ursinhos de pelúcia, apesar de não ser verdade o boato ganhou força e de um momento para o outro o cantor se viu num mar de bichinhos dados pelos seus fãs. Para aproveitar esta história foi composto este grande sucesso que alcançou o primeiro lugar da parada de singles da Revista Billboard com "Loving You" no lado B. Este compacto simples foi lançado em junho de 1957. "Teddy Bear", por sua vez, foi gravada nos estúdios Radio Recorders em 24 de janeiro de 1957. O "Teddy" do ursinho é uma homenagem ao presidente americano Theodore Roosevelt. Ainda é uma das mais queridas músicas de Elvis principalmente pelas mulheres. 

Loving You (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Música título do filme que foi gravada em três arranjos diferentes: uma versão acústica para uma determinada cena do filme, em balanço Blues e esta versão que está presente neste LP. Leiber e Stoller atingem novamente um ponto alto com esta canção que com melodia e letra simples embalou os corações dos jovens dos anos cinqüenta. Grande sucesso quando foi lançada em single. Na Inglaterra foi lançado um segundo single com "Party / Got a Lot o'Livin To Do" que quando lançado chegou ao segundo lugar entre os mais vendidos. 

Destaques da trilha: 

Mean Woman Blues (Claude DeMetrius) - Blues cantado por Elvis numa cena do filme passada numa lanchonete em que ele é desafiado a provar seu talento para os jovens presentes à mesa. Termina com a inevitável briga entre o Rei e seu oponente. A dança apresentada se tornou um dos momentos antológicos da carreira cinematográfica de Elvis. Gravada em 13 de janeiro de 1957 nos estúdios Radio Records em Hollywood. Grande cena, grande música. 

Blueberry Hill (Rose / Lewis / Stock) - Música que abre o antigo Lado B do LP, em sua versão norte Americana. Uma das mais deliciosas canções dos anos 50. Se tornou bastante popular graças ao cantor e compositor de New Orleans, Fats Domino. Elvis por sua vez, não deixa por menos e protagoniza uma versão de alto nível. O mais puro som dos anos 50 está aqui!. 

True Love (Cole Porter) - Elvis canta uma canção de um dos maiores nomes da música norte americana, o músico e compositor Cole Porter. Esta canção fez parte da trilha sonora do clássico filme "Alta Sociedade", protagonizado por Bing Crosby, Frank Sinatra e Grace Kelly. Inclusive Frank Sinatra gravou um disco inteiro só com canções de Cole Porter: "Sinatra Sings The Select Cole Porter", trabalho musical maravilhoso e obrigatório. 

O DVD: O destaque absoluto de uma pacote de DVDs de Elvis lançado nos EUA e Europa é o ótimo filme "Loving You"; além de ter uma das melhores trilhas sonoras de todos os tempos, o roteiro é excelente e tem uma coloração especial que dá um toque novo a todo o filme. Para região 1 em NTSC em inglês e espanhol com apenas um extra: o programa NBC Stars Remembers Elvis, com Jay Leno, Martin Sheen e Carson Daly. Em "Loving You" ao clicar sobre a foto 3 da galeria, o comando abre automaticamente a lista com todos os singles e EPs deste filme. 

Os EPs: Just For You (I Need You So / Have I Told You Lately That I Love You / Blueberry Hill / Is It So Strange) - Loving You vol.1 (Loving You / Party / Teddy Bear / True Love) - Loving You Vol.2 (Lonesome Comboy / Hot Dog / Mean Woman Blues / Got a Lot o'Livin To Do). No Brasil só foi lançado o compacto duplo "Loving You Vol.1".

Fotos do mês Elvis Presley (Pablo Aluísio) 
contato: pabloaluisio@yahoo.com - Outubro de 2003