Nos anos 1970 a RCA começou a lançar vários discos de Elvis do tipo nada a ver. Eram coletâneas feitas sem nenhum critério muito claro. Na maioria das vezes eram apenas lançamentos caça-níqueis, sem nenhum grande valor discográfico. Um desses LPs foi o "I Got Lucky" de 1971. Esse foi outro disco que não foi lançado no Brasil, só que ao contrário do "Good Times" que era um álbum de canções inéditas, importante para o fã da época, esse aqui não despertava grande interesse.
A seleção musical foi feita em cima de material de Hollywood dos anos 60. Canções que iam do meramente agradável ao descartável. Não sei bem quem iria se interessar por sobras de Elvis dos anos 60 naquela fase de sua carreira, mas como a RCA estava sempre pronta a tirar lucro de coisas antigas, não foi nenhuma grande surpresa a edição do disco. Lançado como parte do selo azul da subsidiária RCA Camden, o LP chegava aos consumidores em preços promocionais, geralmente pela metade do preço de um disco com o selo RCA Victor, que era o principal da companhia, aquele em que seus discos de canções inéditas eram lançados.
Mesmo assim a seleção ainda trazia coisas interessantes. Uma das faixas a se destacar nesse grupo era a bela balada romântica "I Need Somebody to Lean On". Essa música fez parte da trilha sonora de "Viva Las Vegas" (Amor a toda velocidade, no Brasil). Esse filme foi considerado por muitos como o último de grande qualidade de Elvis em Hollywood. Sucesso de público (faturou mais que "Feitiço Havaiano") e crítica, trazia ainda a melhor parceira de cena que Elvis teve no cinema, a maravilhosa Ann-Margret. Aliás sou da opinião de que Elvis deveria ter se casado com ela. Era uma mulher inteligente, independente, que certamente confrontaria Elvis em seus problemas pessoais, o colocando no rumo certo quando fosse necessário. Uma pena que isso não aconteceu.
De Leiber e Stoller havia ainda "Fools Fall in Love".Essa faixa havia sido gravada em 1966 e não fez qualquer sucesso na carreira de Elvis. Tinha um refrão que considero dos mais pegajosos que já ouvi em minha vida, mas mesmo assim não conseguiu se destacar nas paradas. Para muitos fãs que compraram o disco na época soava como algo inédito de tão desconhecida. Na verdade já havia sido lançada antes em um obscuro single com "Indescribably Blue". A versão original era de 1957 e havia sido lançada pelo grupo The Drifters no selo Atlantic Records. Com Elvis porém não conseguiu chamar a atenção de ninguém.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Elvis Presley - I Got Lucky - Parte 2
Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. "The Love Machine" fez parte da trilha sonora do último filme de Elvis na Paramount Pictures, o simpático "Meu Tesouro é Você" (Easy Come, Easy Go). O curioso dessa pequena trilha é que todas as canções possuem uma melodia agradável ao ouvinte. As letras obviamente são ao estilo plastificado made in Hollywood dos anos 60, mas mesmo assim agradam.
Nesse filme Elvis interpretava um marinheiro que estava em busca de um tesouro perdido no mar. Entre uma música e outra ele dava longos mergulhos em busca da fortuna cobiçada. Essa música era apresentada em um night club onde Elvis girava uma roleta com fotos de garotas. Hoje em dias de politicamente correto isso daria arrepios nas feministas, mas nos anos 60 tudo era encarado com bom humor (como deve ser mesmo). Boa música, sempre me agradou.
Outra mini trilha sonora (aquelas que tinham apenas cinco ou seis músicas) foi a do filme "Talhado Para Campeão" (Kid Galahad). Esse filme era na realidade um remake de um clássico com Humphrey Bogart. O que era drama no filme original virou com Elvis um musical com leves toques esportivos e bastante romance. Para os cinéfilos o filme trazia no elenco um jovem Charles Bronson, antes dele virar um astro de filmes de faroeste e fitas de ação. Pois bem, entre uma luta de boxe e outra Elvis ia cantando as músicas do filme. Uma delas foi resgatada nesse disco e se chama "Home Is Where the Heart Is". A considero mais uma das músicas leves e agradáveis de Elvis nos anos 60. Pouca gente conhece, mas vale a pena ouvir. O estilo de Elvis cantar nessa época se sobressaía, mesmo quando a música não era grande coisa. Enfim, uma canção leve e divertida, bem característica de seus filmes em Hollywood nos anos 60.
Esse álbum "I Got Lucky" fechava as cortinas em seu lado B com a bela balada "If You Think I Don't Need You". Essa música foi lançada originalmente em 1964, como parte da excelente e maravilhosa trilha sonora do musical "Viva Las Vegas". É impossível entender como a RCA Victor tendo tantas boas canções em mãos na época não lançou um álbum completo com as músicas do filme. Um LP seria mais do que necessário, porém a gravadora, numa das maiores barbeiragens da discografia de Elvis desperdiçou tudo em um EP (compacto duplo) sem maiores esforços de promoção. Chega a ser bizarro! De qualquer maneira nunca é tarde para conhecer uma música romântica tão lindamente cantada por Elvis Presley.
Pablo Aluísio.
Nesse filme Elvis interpretava um marinheiro que estava em busca de um tesouro perdido no mar. Entre uma música e outra ele dava longos mergulhos em busca da fortuna cobiçada. Essa música era apresentada em um night club onde Elvis girava uma roleta com fotos de garotas. Hoje em dias de politicamente correto isso daria arrepios nas feministas, mas nos anos 60 tudo era encarado com bom humor (como deve ser mesmo). Boa música, sempre me agradou.
Outra mini trilha sonora (aquelas que tinham apenas cinco ou seis músicas) foi a do filme "Talhado Para Campeão" (Kid Galahad). Esse filme era na realidade um remake de um clássico com Humphrey Bogart. O que era drama no filme original virou com Elvis um musical com leves toques esportivos e bastante romance. Para os cinéfilos o filme trazia no elenco um jovem Charles Bronson, antes dele virar um astro de filmes de faroeste e fitas de ação. Pois bem, entre uma luta de boxe e outra Elvis ia cantando as músicas do filme. Uma delas foi resgatada nesse disco e se chama "Home Is Where the Heart Is". A considero mais uma das músicas leves e agradáveis de Elvis nos anos 60. Pouca gente conhece, mas vale a pena ouvir. O estilo de Elvis cantar nessa época se sobressaía, mesmo quando a música não era grande coisa. Enfim, uma canção leve e divertida, bem característica de seus filmes em Hollywood nos anos 60.
Esse álbum "I Got Lucky" fechava as cortinas em seu lado B com a bela balada "If You Think I Don't Need You". Essa música foi lançada originalmente em 1964, como parte da excelente e maravilhosa trilha sonora do musical "Viva Las Vegas". É impossível entender como a RCA Victor tendo tantas boas canções em mãos na época não lançou um álbum completo com as músicas do filme. Um LP seria mais do que necessário, porém a gravadora, numa das maiores barbeiragens da discografia de Elvis desperdiçou tudo em um EP (compacto duplo) sem maiores esforços de promoção. Chega a ser bizarro! De qualquer maneira nunca é tarde para conhecer uma música romântica tão lindamente cantada por Elvis Presley.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Elvis Presley - I Got Lucky - Parte 3
A música que deu título a esse disco, "I Got Lucky", foi retirada da trilha sonora do filme "Talhado Para Campeão" (Kid Galahad). Filme menor, que não fez muito sucesso, mas que tinha um repertório (não canso de escrever isso) muito agradável de se ouvir. Nenhuma das músicas fez sucesso ou se tornou um hit, mas fizeram parte de uma seleção muito boa dessa fase de sua carreira.
Da mesma trilha sonora de Kid Galahad a RCA Victor ainda encaixou "Riding the Rainbow", Uma canção com menos qualidade, mas igualmente agradável, como todas as outras faixas dessa trilha. Tudo soa bem relaxante, com sol brilhando e um céu azul pairando sobre todos os personagens.
Era 1961, Elvis vinha de sucessos de bilheteria (Feitiço Havaiano e Saudades de um Pracinha) e tudo parecia correr bem sua carreira. Isso talvez tenha influenciado o sentimento de alto astral dessas faixas. A composição era da infalível dupla formada por Ben Weisman e Fred Wise. Eles fizeram inúmeras músicas para Elvis em sua fase Hollywood. Existe inclusive uma foto bem interessante com o cantor ao lado do compositor lhe oferecendo uma placa de agradecimento. Pela quantidade de canções feitas por ele, isso foi mesmo merecido.
A música "What a Wonderful Life" era da trilha sonora de "Follow That Dream", filme que no Brasil se chamou "Em Cada Sonho um Amor". Nessa produção Elvis apareceu com os cabelos loiros, queimados pelo sol da Flórida. Seu personagem fazia parte de uma família de caipiras que lutavam por terras contra o governo. Tudo muito leve e relax, mero pretexto para Elvis ir cantando uma canção entre uma cena e outra. De calças jeans (de que ele não gostava), o cantor mais parecia um surfista de praia, jovial e esbanjando saúde. A música era boa, nada demais em termos de letra e melodia, mas que acabava funcionando bem dentro do contexto do roteiro do filme. Pura diversão descompromissada.
Pablo Aluísio.
Da mesma trilha sonora de Kid Galahad a RCA Victor ainda encaixou "Riding the Rainbow", Uma canção com menos qualidade, mas igualmente agradável, como todas as outras faixas dessa trilha. Tudo soa bem relaxante, com sol brilhando e um céu azul pairando sobre todos os personagens.
Era 1961, Elvis vinha de sucessos de bilheteria (Feitiço Havaiano e Saudades de um Pracinha) e tudo parecia correr bem sua carreira. Isso talvez tenha influenciado o sentimento de alto astral dessas faixas. A composição era da infalível dupla formada por Ben Weisman e Fred Wise. Eles fizeram inúmeras músicas para Elvis em sua fase Hollywood. Existe inclusive uma foto bem interessante com o cantor ao lado do compositor lhe oferecendo uma placa de agradecimento. Pela quantidade de canções feitas por ele, isso foi mesmo merecido.
A música "What a Wonderful Life" era da trilha sonora de "Follow That Dream", filme que no Brasil se chamou "Em Cada Sonho um Amor". Nessa produção Elvis apareceu com os cabelos loiros, queimados pelo sol da Flórida. Seu personagem fazia parte de uma família de caipiras que lutavam por terras contra o governo. Tudo muito leve e relax, mero pretexto para Elvis ir cantando uma canção entre uma cena e outra. De calças jeans (de que ele não gostava), o cantor mais parecia um surfista de praia, jovial e esbanjando saúde. A música era boa, nada demais em termos de letra e melodia, mas que acabava funcionando bem dentro do contexto do roteiro do filme. Pura diversão descompromissada.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - I Got Lucky - Parte 4
Outra canção da trilha sonora do filme "Easy Come, Easy Go" (Meu Tesouro é Você, no Brasil) foi essa esquisita "Yoga Is as Yoga Does", sempre presente em listas do tipo "As piores músicas cantadas por Elvis Presley". OK, temos que admitir que a música é meio fora do tom, nada condizente com a estatura de um cantor fenomenal como Elvis, porém temos também que avaliar que com o passar dos anos ela até que foi se tornando palatável.
Como é muito ruim, se tornou divertida! Um paradoxo, eu sei, mas que no final das contas a salva da lata de lixo musical da história. É como aquele filme B, trash, que com os anos foi ganhando status de cult! Como Elvis sempre dizia "Era um trabalho para se viver". Ele foi lá e jogou a sorte. Como era Elvis, quase sempre dava certo!
A direção musical desse filme foi do Gerald Nelson, maestro que tinha até bastante prestígio na Costa Oeste dos Estados Unidos. Não se sabe bem a razão, mas em determinado momento de sua carreira ele meio que deixou de lado o circuito mais clássico e partiu para trabalhar para estúdios de cinema. Acabou indo parar em "Kissin Cousins" (Com Caipira Não se Brinca, no Brasil). Depois ocasionalmente voltava a trabalhar em alguma trilha sonora de Elvis. Pena que nenhuma delas de alto nível.
Quase sempre também contava com material composto pelo trio calafrio formado por Bernie Baum, Bill Giant e Florence Kaye, que inclusive, é bom lembrar, compôs quase todo o disco Kissin Cousins. Pois bem, aqui a dobradinha se repetiu. Eles voltaram a trabalhar juntos, dessa vez numa faixa intitulada "You Gotta Stop". Gravada em setembro de 1966 era outra marmelada que Elvis tornava ao menos interessante. É incrível o talento de Elvis em tirar sabor musical de canções que eram fracas e derivativas. Só isso já bastava para justificar seu título de "Rei", aqui não mais Rei do Rock, mas certamente Rei do Pop Made in Hollywood. Algo mais de acordo com o trabalho que ele vinha desenvolvendo.
Pablo Aluísio.
Como é muito ruim, se tornou divertida! Um paradoxo, eu sei, mas que no final das contas a salva da lata de lixo musical da história. É como aquele filme B, trash, que com os anos foi ganhando status de cult! Como Elvis sempre dizia "Era um trabalho para se viver". Ele foi lá e jogou a sorte. Como era Elvis, quase sempre dava certo!
A direção musical desse filme foi do Gerald Nelson, maestro que tinha até bastante prestígio na Costa Oeste dos Estados Unidos. Não se sabe bem a razão, mas em determinado momento de sua carreira ele meio que deixou de lado o circuito mais clássico e partiu para trabalhar para estúdios de cinema. Acabou indo parar em "Kissin Cousins" (Com Caipira Não se Brinca, no Brasil). Depois ocasionalmente voltava a trabalhar em alguma trilha sonora de Elvis. Pena que nenhuma delas de alto nível.
Quase sempre também contava com material composto pelo trio calafrio formado por Bernie Baum, Bill Giant e Florence Kaye, que inclusive, é bom lembrar, compôs quase todo o disco Kissin Cousins. Pois bem, aqui a dobradinha se repetiu. Eles voltaram a trabalhar juntos, dessa vez numa faixa intitulada "You Gotta Stop". Gravada em setembro de 1966 era outra marmelada que Elvis tornava ao menos interessante. É incrível o talento de Elvis em tirar sabor musical de canções que eram fracas e derivativas. Só isso já bastava para justificar seu título de "Rei", aqui não mais Rei do Rock, mas certamente Rei do Pop Made in Hollywood. Algo mais de acordo com o trabalho que ele vinha desenvolvendo.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Elvis Presley - Love Letters from Elvis - Parte 1
"Love Letters from Elvis" foi o último álbum a trazer músicas inéditas gravadas em Nashville, na chamada "Nashville Marathon". Em apenas poucos dias Elvis gravou um número enorme de músicas que foram sendo lançadas aos poucos. Esse "Love Letters" não foi um disco bem sucedido nas paradas. Na verdade fez mais sucesso na Inglaterra do que nos Estados Unidos, onde conseguiu chegar no máximo em um desolador trigésimo terceiro lugar entre os mais vendidos. Na terra da Rainha alcançou o Top 10, mostrando o quanto os ingleses gostavam de Elvis.
Isso é bem curioso porque todos viviam perguntando quando Elvis iria se apresentar em Londres. Depois de tantos anos o cantor nunca havia feito uma única apresentação na Europa, algo que era encarado como único e estranho entre os superstars da música mundial. Depois descobriu-se que Tom Parker não poderia sair das fronteiras americanas porque ele não tinha passaporte, afinal era um imigrante ilegal. Pois é, por causa da situação ilegal do seu empresário o velho mundo ficou sem ver Elvis ao vivo, um absurdo!
"Love Letters from Elvis" apresentava um repertório agradável de músicas bem escritas e gravadas, porém temos que reconhecer que nenhuma delas tinha vocação para o sucesso nas paradas. A impressão que fica é que a RCA Victor foi selecionando as melhoras para os discos anteriores (como "That´s The Way It Is") deixando o "resto" para ser lançado tudo de uma vez, nesse disco. Pode até parecer cruel pensar dessa forma, mas se formos analisar bem o que realmente aconteceu, a conclusão que chegamos é exatamente essa. É um disco de retalhos, material que não havia sido aproveitado antes, que tinha que ser lançado de um jeito ou outro.
Mesmo assim, como escrevi, isso não significa que seja um disco ruim, longe disso. Na verdade é um disco de músicas que não tinham muita vocação para se tornarem hits nas rádios, mas que nem por isso não deixavam de ter seu valor. A própria faixa título do disco, "Love Letters", já tinha sido gravada antes pelo próprio Elvis em estúdio, durante os anos 60. O resto da seleção não era tinha maior potencial para o sucesso, eram canções diferentes, com letras bonitas, mas nada que fosse virar sucesso nas paradas. Por tudo isso o disco acabou sendo esquecido com os anos. Era um álbum de canções inéditas de Elvis, algo que deveria ter sido mais bem sucedido, porém nem mesmo um astro como Elvis Presley tinha a capacidade de transformar tudo o que gravava em grande fenômeno de vendas. Ele era o Rei do Rock, não o Rei Midas.
Pablo Aluísio.
Isso é bem curioso porque todos viviam perguntando quando Elvis iria se apresentar em Londres. Depois de tantos anos o cantor nunca havia feito uma única apresentação na Europa, algo que era encarado como único e estranho entre os superstars da música mundial. Depois descobriu-se que Tom Parker não poderia sair das fronteiras americanas porque ele não tinha passaporte, afinal era um imigrante ilegal. Pois é, por causa da situação ilegal do seu empresário o velho mundo ficou sem ver Elvis ao vivo, um absurdo!
"Love Letters from Elvis" apresentava um repertório agradável de músicas bem escritas e gravadas, porém temos que reconhecer que nenhuma delas tinha vocação para o sucesso nas paradas. A impressão que fica é que a RCA Victor foi selecionando as melhoras para os discos anteriores (como "That´s The Way It Is") deixando o "resto" para ser lançado tudo de uma vez, nesse disco. Pode até parecer cruel pensar dessa forma, mas se formos analisar bem o que realmente aconteceu, a conclusão que chegamos é exatamente essa. É um disco de retalhos, material que não havia sido aproveitado antes, que tinha que ser lançado de um jeito ou outro.
Mesmo assim, como escrevi, isso não significa que seja um disco ruim, longe disso. Na verdade é um disco de músicas que não tinham muita vocação para se tornarem hits nas rádios, mas que nem por isso não deixavam de ter seu valor. A própria faixa título do disco, "Love Letters", já tinha sido gravada antes pelo próprio Elvis em estúdio, durante os anos 60. O resto da seleção não era tinha maior potencial para o sucesso, eram canções diferentes, com letras bonitas, mas nada que fosse virar sucesso nas paradas. Por tudo isso o disco acabou sendo esquecido com os anos. Era um álbum de canções inéditas de Elvis, algo que deveria ter sido mais bem sucedido, porém nem mesmo um astro como Elvis Presley tinha a capacidade de transformar tudo o que gravava em grande fenômeno de vendas. Ele era o Rei do Rock, não o Rei Midas.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Love Letters from Elvis - Parte 2
Sempre que se escreve sobre esse álbum se chama a atenção para a música "Life". Realmente, se formos analisar sua letra veremos que dentro da longa e vasta discografia de Elvis Presley nunca se viu nada parecido com isso. S. Milete, que escreveu a letra, começa falando no surgimento da vida, nos primeiros seres vivos, em um universo ainda em formação! Versos como "Em algum lugar no espaço vazio / Muito antes da raça humana / Alguma coisa esquentava / Uma vasta e atemporal fonte se iniciou!" soam bem estranhos. A letra é grande, complicada de memorizar e totalmente fora dos padrões da média do que Elvis seguia em sua carreira na época. O autor, tipicamente uma pessoa influenciada pelo movimento hippie, flower power e derivados, parece ter exagerado um pouco na dose, criando algo até mesmo surreal. Pelo visto ele andou tomando alguma coisa meio esquisita quando compôs essa música!
O que levou Elvis a gravar uma faixa como essa ainda é um mistério. Provavelmente ele estava inspirado por causa de suas leituras místicas, religiosas e procurou por algo que se relacionasse a esse tipo de literatura para gravar. Curiosamente a letra, apesar de ser completamente sui generis, misturava visões científicas, religiosas e sentimentos de amor, tudo em um só pacote! O produtor Felton Jarvis procurou melhorar bastante a gravação, acrescentando um background musical que poderia ser qualificado como "esotérico", com uso de flautas e instrumentos adicionais que praticamente nunca eram usados nas gravações de Elvis. Enfim, se existe uma música diferente dentro da discografia de Elvis durante os anos 70 essa é certamente "Life" e sua singular mensagem.
"Cindy, Cindy" era bem mais dentro do padrão. Um country rock muito bom, que deveria ter sido usado como música de trabalho do álbum. Curiosamente a música foi composta pelo trio Kaye, Weisman e Fuller. Esse pessoal compôs muitas canções para os filmes de Elvis durante os anos 60. Revê-los aqui, na contracapa de um álbum de Elvis dos anos 70, também soa ao seu modo bem estranho. Houve uma certa ruptura com o trabalho desses autores depois que Elvis deixou Hollywood. Voltar para gravar músicas deles era algo inesperado. De qualquer maneira é uma boa canção, inclusive contando com aquela certa inocência das músicas dos filmes da década anterior. Ela é salva no final das contas pelo alto astral e boa performance de Elvis e banda! O guitarrista James Burton inclusive contou com um belo solo para mostrar sua habilidade. No geral é um momento bem agradável do disco, embora se formos comparar com outras faixas como "Life" a letra pareça bem pueril e bobinha.
E se você gosta de country music de raiz certamente vai apreciar "It Ain't Big Thing (But is Crowing)". O vocal de Elvis e o arranjo são bem caipiras, parecendo até mesmo uma banda das montanhas do Kentucky. Essa gravação aliás ficaria muito bem nos tempos da Sun Records e dos Blue Moon Boys. Muitos especulam porque ela não foi acrescentada no repertório do álbum "Elvis Country". De fato seria mais do que adequada. A letra é simples, romântica, levemente melancólica. Nada de surpresas ou esquisitices. Para temas country nada melhor do que letras que evocam os sentimentos românticos da forma mais direta e emocional possível. Tudo aliado a uma boa gravação. Sem dúvida outro bom momento desse álbum que merece inclusive ser redescoberto pelos fãs.
Pablo Aluísio.
O que levou Elvis a gravar uma faixa como essa ainda é um mistério. Provavelmente ele estava inspirado por causa de suas leituras místicas, religiosas e procurou por algo que se relacionasse a esse tipo de literatura para gravar. Curiosamente a letra, apesar de ser completamente sui generis, misturava visões científicas, religiosas e sentimentos de amor, tudo em um só pacote! O produtor Felton Jarvis procurou melhorar bastante a gravação, acrescentando um background musical que poderia ser qualificado como "esotérico", com uso de flautas e instrumentos adicionais que praticamente nunca eram usados nas gravações de Elvis. Enfim, se existe uma música diferente dentro da discografia de Elvis durante os anos 70 essa é certamente "Life" e sua singular mensagem.
"Cindy, Cindy" era bem mais dentro do padrão. Um country rock muito bom, que deveria ter sido usado como música de trabalho do álbum. Curiosamente a música foi composta pelo trio Kaye, Weisman e Fuller. Esse pessoal compôs muitas canções para os filmes de Elvis durante os anos 60. Revê-los aqui, na contracapa de um álbum de Elvis dos anos 70, também soa ao seu modo bem estranho. Houve uma certa ruptura com o trabalho desses autores depois que Elvis deixou Hollywood. Voltar para gravar músicas deles era algo inesperado. De qualquer maneira é uma boa canção, inclusive contando com aquela certa inocência das músicas dos filmes da década anterior. Ela é salva no final das contas pelo alto astral e boa performance de Elvis e banda! O guitarrista James Burton inclusive contou com um belo solo para mostrar sua habilidade. No geral é um momento bem agradável do disco, embora se formos comparar com outras faixas como "Life" a letra pareça bem pueril e bobinha.
E se você gosta de country music de raiz certamente vai apreciar "It Ain't Big Thing (But is Crowing)". O vocal de Elvis e o arranjo são bem caipiras, parecendo até mesmo uma banda das montanhas do Kentucky. Essa gravação aliás ficaria muito bem nos tempos da Sun Records e dos Blue Moon Boys. Muitos especulam porque ela não foi acrescentada no repertório do álbum "Elvis Country". De fato seria mais do que adequada. A letra é simples, romântica, levemente melancólica. Nada de surpresas ou esquisitices. Para temas country nada melhor do que letras que evocam os sentimentos românticos da forma mais direta e emocional possível. Tudo aliado a uma boa gravação. Sem dúvida outro bom momento desse álbum que merece inclusive ser redescoberto pelos fãs.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Elvis Presley - Love Letters from Elvis - Parte 3
Dando sequência na análise das canções do álbum " Love Letters from Elvis" vamos tecer mais alguns comentários sobre essas faixas. A primeira vez que ouvi "Got My Mojo Working / Keep Your Hands" fiquei com a nítida impressão de que se tratava de um mero ensaio ou melhor dizendo, uma animada jam session. Esse tipo de gravação não entrava, via de regra, nos discos oficiais de Elvis. O produtor Felton Jarvis porém teve outra opinião sobre isso. Ele gostou tanto do resultado, da espontaneidade de Elvis e sua banda, que não pensou duas vezes e colocou essa gravação informal dentro do disco.
Como não era algo comum de acontecer nos álbuns de Elvis, que sempre saíam com grande produção e profissionalismo, acabou chamando a atenção dos fãs na época de seu lançamento original. É um bom momento do disco, valorizado pelo fato de ser uma versão de Elvis para uma música do grande Muddy Waters, um nome consagrado. Curiosamente embora tenha sido de certa maneira ousado em escolher essa jam session para fazer parte do disco, o produtor Felton Jarvis resolveu editá-la, pois a versão no total tinha quase seis minutos de duração, algo considerado nada comercial naqueles tempos. Assim a versão que ouvimos no LP original é bem mais curta e bem mais editada, com a adição de instrumentos promovidos por Jarvis em seu estúdio.
Já "Only Believe" era uma interessante fusão entre gospel e blues. Essa música não é unanimidade entre os fãs de Elvis. Há aqueles que gostam muito de sua proposta e outros que a consideram abaixo da média, uma música sem muita identidade, transitando entre gêneros musicais diversos, sem optar definitivamente por nenhum deles! Penso que é um bom momento do álbum, inclusive chegou a ser escolhida pela RCA Victor para ser o lado B do single "Life" (sim, aquela estranha composição falando sobre a origem do universo e outras coisas sem nexo). Infelizmente o single não foi muito bem sucedido comercialmente, chegando apenas na posição 53 da Billboard. Algo que era até esperado pois nenhuma das faixas tinha potencial mesmo de se tornar um grande hit na paradas!
"I'll Never Know" foi composta por Ben Weisman. Como se sabe ele foi o autor de dezenas de músicas para Elvis em seus filmes na fase Hollywood. No total chegou a escrever mais de 50 canções para Elvis durante os anos 60! Um recorde dentro da discografia do cantor! Aqui Weisman retorna para a discografia de Presley com uma melodia singela, que para muitos lembra bastante as próprias composições de Hollywood que ele escreveu na década anterior. Penso que embora lembrem mesmo há o diferencial do vocal de Elvis. Nos anos 70 ele tinha deixado a suavidade das trilhas dos anos 60 para trás, adotando um estilo mais forte, grandioso! E isso no final das contas acaba fazendo toda a diferença.
Pablo Aluísio.
Como não era algo comum de acontecer nos álbuns de Elvis, que sempre saíam com grande produção e profissionalismo, acabou chamando a atenção dos fãs na época de seu lançamento original. É um bom momento do disco, valorizado pelo fato de ser uma versão de Elvis para uma música do grande Muddy Waters, um nome consagrado. Curiosamente embora tenha sido de certa maneira ousado em escolher essa jam session para fazer parte do disco, o produtor Felton Jarvis resolveu editá-la, pois a versão no total tinha quase seis minutos de duração, algo considerado nada comercial naqueles tempos. Assim a versão que ouvimos no LP original é bem mais curta e bem mais editada, com a adição de instrumentos promovidos por Jarvis em seu estúdio.
Já "Only Believe" era uma interessante fusão entre gospel e blues. Essa música não é unanimidade entre os fãs de Elvis. Há aqueles que gostam muito de sua proposta e outros que a consideram abaixo da média, uma música sem muita identidade, transitando entre gêneros musicais diversos, sem optar definitivamente por nenhum deles! Penso que é um bom momento do álbum, inclusive chegou a ser escolhida pela RCA Victor para ser o lado B do single "Life" (sim, aquela estranha composição falando sobre a origem do universo e outras coisas sem nexo). Infelizmente o single não foi muito bem sucedido comercialmente, chegando apenas na posição 53 da Billboard. Algo que era até esperado pois nenhuma das faixas tinha potencial mesmo de se tornar um grande hit na paradas!
"I'll Never Know" foi composta por Ben Weisman. Como se sabe ele foi o autor de dezenas de músicas para Elvis em seus filmes na fase Hollywood. No total chegou a escrever mais de 50 canções para Elvis durante os anos 60! Um recorde dentro da discografia do cantor! Aqui Weisman retorna para a discografia de Presley com uma melodia singela, que para muitos lembra bastante as próprias composições de Hollywood que ele escreveu na década anterior. Penso que embora lembrem mesmo há o diferencial do vocal de Elvis. Nos anos 70 ele tinha deixado a suavidade das trilhas dos anos 60 para trás, adotando um estilo mais forte, grandioso! E isso no final das contas acaba fazendo toda a diferença.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Love Letters from Elvis - Parte 4
"Love Letters", que dá título a esse álbum de Elvis Presley, é uma antiga canção, muito popular nos anos 1940. Ela foi composta por Victor Young, violonista, pianista e compositor clássico. Nascido em Chicago, ele foi até Hollywood tentar a sorte. Acabou se dando muito bem, escrevendo canções populares românticas para trilhas sonoras de filmes dos grandes estúdios de cinema. Essa foi uma delas. Ela fez parte da trilha sonora do filme "Um Amor em Cada Vida", um drama estrelado por Jennifer Jones e Joseph Cotten. Acabou sendo indicada ao Oscar na categoria de Melhor Música original naquele mesmo ano. Os créditos foram dados ao próprio Young e ao letrista Edward Heyman. Antes de Elvis ainda haveria uma outra versão, gravada por Ketty Lester em 1962.
Elvis raramente gravava uma música em estúdio duas vezes. Isso aconteceu com "Blue Suede Shoes" que foi gravada para o primeiro álbum de Elvis na RCA Victor e depois para a trilha sonora do filme "G.I. Blues" (Saudades de um Pracinha) e depois com "You Don't Know Me" da trilha sonora de "Clambake" (O Barco do Amor), também regravada em estúdio por Elvis após a gravação original. Assim "Love Letters" era igualmente um caso bem raro. Elvis a gravou originalmente na década de 1960 e depois a gravou novamente, sendo essa segunda versão a usada nesse disco. Qual teria sido a razão? Não se sabe ao certo. Particularmente ainda prefiro a versão de 1966. O cantor parece mais concentrado e mais firme. Os arranjos também são mais adequados para essa velha composição romântica. Há um clima de nostalgia que valoriza muito a melodia. De qualquer maneira ambas as versões de Elvis são muito boas, sem dúvida. No final das contas se torna apenas um caso de gosto pessoal de cada ouvinte.
"This Is Our Dance" é uma criação do músico e compositor inglês Leslie David Reed. Ele era o maestro e líder uma orquestra muito popular no Reino Unido na década de 1950, onde também tocavam os músicos Gordon Mills e Barry Mason. Naqueles tempos os bailes tinham se tornado bem populares, assim várias orquestras surgiram, tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos (fenômeno que também se repetiu no Brasil, na mesma época). Por essa razão as características dessa música são bem claras no tocante ao seu ritmo e melodia. É uma música romântica de baile, composta para ser tocada nos grandes salões da Europa. Provavelmente Elvis tomou conhecimento dela por causa justamente da The Les Reed Orchestra, uma vez que essa orquestra também gravou um disco com "Also Sprach Zarathustra" que Elvis iria utilizar como abertura de seus concertos na década de 1970.
Já "Heart Of Rome" era mais uma música Italianíssima que Elvis trazia para seu repertório. Elvis não tinha raízes italianas (seus antepassados tinham vindo da Escócia para os Estados Unidos), mas ele amava a músicalidade daquela grande nação. Provavelmente Elvis tomou gosto pelas canções italianas ouvindo Dean Martin, um dos seus cantores preferidos. Logo percebeu que as melodias italianas soavam perfeitas para ele disponibilizar aos seus fãs grandes performances vocais. Afinal ele tinha obtido excelentes resultados comerciais no passado com gravações como "It´s Now Or Never" e "Surrender". Infelizmente porém dessa vez a RCA Victor resolveu não trabalhar na promoção da música, se limitando a divulgá-la de forma bem tímida nas rádios como mero lado B do single "I´m Leaving". Penso que se houvesse maior capricho por parte de sua gravadora, principalmente em seu lançamento europeu, o compacto teria se tornado um grande sucesso.
Pablo Aluísio.
Elvis raramente gravava uma música em estúdio duas vezes. Isso aconteceu com "Blue Suede Shoes" que foi gravada para o primeiro álbum de Elvis na RCA Victor e depois para a trilha sonora do filme "G.I. Blues" (Saudades de um Pracinha) e depois com "You Don't Know Me" da trilha sonora de "Clambake" (O Barco do Amor), também regravada em estúdio por Elvis após a gravação original. Assim "Love Letters" era igualmente um caso bem raro. Elvis a gravou originalmente na década de 1960 e depois a gravou novamente, sendo essa segunda versão a usada nesse disco. Qual teria sido a razão? Não se sabe ao certo. Particularmente ainda prefiro a versão de 1966. O cantor parece mais concentrado e mais firme. Os arranjos também são mais adequados para essa velha composição romântica. Há um clima de nostalgia que valoriza muito a melodia. De qualquer maneira ambas as versões de Elvis são muito boas, sem dúvida. No final das contas se torna apenas um caso de gosto pessoal de cada ouvinte.
"This Is Our Dance" é uma criação do músico e compositor inglês Leslie David Reed. Ele era o maestro e líder uma orquestra muito popular no Reino Unido na década de 1950, onde também tocavam os músicos Gordon Mills e Barry Mason. Naqueles tempos os bailes tinham se tornado bem populares, assim várias orquestras surgiram, tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos (fenômeno que também se repetiu no Brasil, na mesma época). Por essa razão as características dessa música são bem claras no tocante ao seu ritmo e melodia. É uma música romântica de baile, composta para ser tocada nos grandes salões da Europa. Provavelmente Elvis tomou conhecimento dela por causa justamente da The Les Reed Orchestra, uma vez que essa orquestra também gravou um disco com "Also Sprach Zarathustra" que Elvis iria utilizar como abertura de seus concertos na década de 1970.
Já "Heart Of Rome" era mais uma música Italianíssima que Elvis trazia para seu repertório. Elvis não tinha raízes italianas (seus antepassados tinham vindo da Escócia para os Estados Unidos), mas ele amava a músicalidade daquela grande nação. Provavelmente Elvis tomou gosto pelas canções italianas ouvindo Dean Martin, um dos seus cantores preferidos. Logo percebeu que as melodias italianas soavam perfeitas para ele disponibilizar aos seus fãs grandes performances vocais. Afinal ele tinha obtido excelentes resultados comerciais no passado com gravações como "It´s Now Or Never" e "Surrender". Infelizmente porém dessa vez a RCA Victor resolveu não trabalhar na promoção da música, se limitando a divulgá-la de forma bem tímida nas rádios como mero lado B do single "I´m Leaving". Penso que se houvesse maior capricho por parte de sua gravadora, principalmente em seu lançamento europeu, o compacto teria se tornado um grande sucesso.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Love Letters from Elvis - Parte 5
"When I'm Over You" foi outra composição de S. Milete a entrar no álbum. Esse autor já havia composto a estranha "Life" e aqui surgia com algo mais convencional. É fato que Elvis procurou por um novo time de compositores nos anos 70. Na década anterior ele ficou muito preso a um grupo de escritores de Nova Iorque e Los Angeles que acabou criando quase todas as músicas de suas trilhas sonoras. Aquele material saturou Elvis que agora procurava por novos caminhos, outras sonoridades.
Essa faixa porém não agradou muito. Para muitos ela seria apenas uma canção qualquer, feita para completar cronologicamente o LP. É uma visão até bem pessimista, já que apesar de ser bem comum a melodia desse country ainda apresenta alguns momentos bons, de clara inspiração melódica. A RCA Victor porém não fez nada por ela, se tornando assim mais uma música pouco conhecida fora do círculo dos fãs mais conhecedores da obra de Elvis. "When I'm Over You" nunca foi lançada em outro álbum, nem em coletâneas, nem em nada. E como Elvis também nunca a cantou em concertos ela foi simplesmente sumindo, desaparecendo com o passar dos anos.
"If I Were You" é outro country considerado bem abaixo da média. Ela foi composta pelo músico Gerald Nelson. Essa canção foi gravada no último dia de sessão da famosa Nahsville Marathon. Era o dia 8 de junho de 1970 e após gravar dezenas e dezenas de canções Elvis estava visivelmente cansado e esgotado. Nessa noite em especial ele conseguiu ainda emplacar outras cinco canções: "There Goes My Everything", "Only Believe", "Patch Up" (que seria lançada no disco "That´s The Way It Is") e "Sylvia" (o grande sucesso de Elvis no Brasil, lançado no disco "Elvis Now" dois anos depois de ser gravada).
Impossível não notar um certo clima de fim de festa. Elvis era um cantor muito produtivo dentro dos estúdios, mas depois de tantas gravações ele se mostrava mesmo bem cansado, principalmente em sua performance vocal. A linha de melodia da canção também não ajuda muito, sempre rodando em círculos, sem ir para qualquer direção. A letra era novamente romântica e referencial, onde um homem apaixonado tentava convencer sua paixão a ficar ao seu lado. Um tema até bem batido, mesmo dentro dos padrões de Nashville. Enfim, uma música sem novidades que acabou sendo facilmente esquecida após algum tempo.
Pablo Aluísio.
Essa faixa porém não agradou muito. Para muitos ela seria apenas uma canção qualquer, feita para completar cronologicamente o LP. É uma visão até bem pessimista, já que apesar de ser bem comum a melodia desse country ainda apresenta alguns momentos bons, de clara inspiração melódica. A RCA Victor porém não fez nada por ela, se tornando assim mais uma música pouco conhecida fora do círculo dos fãs mais conhecedores da obra de Elvis. "When I'm Over You" nunca foi lançada em outro álbum, nem em coletâneas, nem em nada. E como Elvis também nunca a cantou em concertos ela foi simplesmente sumindo, desaparecendo com o passar dos anos.
"If I Were You" é outro country considerado bem abaixo da média. Ela foi composta pelo músico Gerald Nelson. Essa canção foi gravada no último dia de sessão da famosa Nahsville Marathon. Era o dia 8 de junho de 1970 e após gravar dezenas e dezenas de canções Elvis estava visivelmente cansado e esgotado. Nessa noite em especial ele conseguiu ainda emplacar outras cinco canções: "There Goes My Everything", "Only Believe", "Patch Up" (que seria lançada no disco "That´s The Way It Is") e "Sylvia" (o grande sucesso de Elvis no Brasil, lançado no disco "Elvis Now" dois anos depois de ser gravada).
Impossível não notar um certo clima de fim de festa. Elvis era um cantor muito produtivo dentro dos estúdios, mas depois de tantas gravações ele se mostrava mesmo bem cansado, principalmente em sua performance vocal. A linha de melodia da canção também não ajuda muito, sempre rodando em círculos, sem ir para qualquer direção. A letra era novamente romântica e referencial, onde um homem apaixonado tentava convencer sua paixão a ficar ao seu lado. Um tema até bem batido, mesmo dentro dos padrões de Nashville. Enfim, uma música sem novidades que acabou sendo facilmente esquecida após algum tempo.
Pablo Aluísio.
domingo, 18 de abril de 2010
Elvis Presley - From Elvis in Memphis - Parte 1
As pessoas precisam entender que até o lançamento desse álbum, Elvis vinha em uma situação muito ruim em sua carreira. A discografia de Elvis atravessava uma péssima fase. A grande maioria de seus discos se resumiam em trilhas sonoras de seus filmes. Esses já não eram grande coisa e as músicas também deixavam muito a desejar. Embora existissem gemas preciosas perdidas, o material como um todo era adolescente demais, quase bobo. O problema básico era que Elvis já era um homem de 30 anos, cantando e agindo como um adolescente apaixonado no cinema. Era fora de época, quase bizarro. Os fãs dos velhos tempos de Elvis também já tinham deixado os tempos colegiais de lado, estavam casados, com filhos, enfrentando problemas no casamento e tudo o mais. Quem iria ainda perder tempo comprando discos de Elvis Presley onde ele basicamente cantava letras falando de namoricos, bichinhos de estimação e praia? Nesse tempo Elvis foi sendo abandonado pelos antigos fãs ao mesmo tempo em que não conquistava novos admiradores entre os adolescentes dos anos 60 que estavam curtindo outro tipo de som. Elvis era apenas um tiozão querendo dar uma de garotão para essa nova geração.
Assim em 1969 todos da organização Presley tomaram consciência que a mudança teria que vir. Os discos não vendiam mais bem, as trilhas encalhavam nas lojas e Elvis era um autêntico artista ultrapassado, um ídolo roqueiro do passado que "já era", ele pouco significava em termos comerciais para o mercado fonográfico. Como mudar isso? A primeira providência foi deixar Hollywood para trás. Ainda havia alguns contratos a cumprir com os estúdios de cinema, mas depois deles, nunca mais. Outro passo importante era voltar aos shows ao vivo. Elvis ficou tanto tempo fora dos palcos que as pessoas simplesmente esqueceram que ele ainda existia. A estratégia de Tom Parker em isolar Elvis do público como forma de incentivar a venda de ingressos nos cinemas não deu certo. Elvis foi sumindo dos jornais, das revistas e finalmente dos olhos do público. Ao invés de estar fazendo shows e turnês memoráveis, Elvis estava afundando em roteiros de péssima qualidade em filmes que estavam sendo solenemente ignorados pelas pessoas em geral.
Pois bem, Elvis já tinha deixado Hollywood para trás e voltado aos shows em Las Vegas. O próximo passo era voltar ao estúdio de gravação para gravar boas músicas. "From Elvis in Memphis" entra nesse último quesito. Ao invés de letras bobocas sobre amores adolescentes o produtor Chips Moman selecionou um repertório de verdade, com temas interessantes, adultos, bem de acordo com os tempos em que todos viviam. O saldo de qualidade foi absurdo. Elvis que não era bobo nem nada ouviu todos aqueles demos e ficou empolgado. Ali estava um material para enfiar a cara, dar o melhor de si. Ao invés das ridículas canções sobre mariscos e ostras de seus filmes de praia, Elvis agora tinha uma bela coleção de canções para trabalhar. Ele ficou empolgado com a oportunidade de novamente cantar bem, fazer bonito perante a crítica e principalmente reconquistar seu velho público que havia ido embora depois de tantos discos medíocres.
O estúdio escolhido foi o American que ficava ali em Memphis mesmo, em um bairro de vizinhança pobre e negra da cidade. No passado o American havia sido usado por inúmeros artistas de black music. Ao contrário dos assépticos estúdios da costa oeste, com seu ambiente de plástico, agora Elvis estava respirando história musical ali dentro. Procurando absorver os bons ares do local ele costumava chegar cedo ao estúdio para acompanhar as gravações de artistas negros que gravavam antes dele. Elvis sempre foi um apaixonado pela música negra e agora podia se sentir fazendo parte daquela comunidade de artistas. Era algo muito gratificante para ele naquele momento complicado de sua vida profissional.
Outra decisão que ajudou Elvis a respirar novos ares foi a despedida de sua antiga banda. Com os anos muitos daqueles músicos foram pegando vícios dentro dos estúdios. A convivência por muito tempo acabou criando uma certa saturação de relacionamento. Com a entrada de um novo grupo musical esses ares se renovavam. Os novos membros da banda de estúdio de Elvis nunca tinham trabalhado com ele antes. Eram jovens e admiravam Presley pelo que ele havia conquistado por todos aqueles anos, porém todos concordavam que os últimos álbuns do cantor eram verdadeiras palhaçadas. Ajudar Presley passou a ser mais um ponto de incentivo para todos. Scotty Moore, DJ Fontana e a velha banda de Elvis então foram dispensados pelo Coronel Parker. Eles faziam parte do passado e Elvis agora procurava olhar para a frente, em busca de novos horizontes e objetivos a conquistar. Uma nova era começava em sua vida.
Pablo Aluísio.
Assim em 1969 todos da organização Presley tomaram consciência que a mudança teria que vir. Os discos não vendiam mais bem, as trilhas encalhavam nas lojas e Elvis era um autêntico artista ultrapassado, um ídolo roqueiro do passado que "já era", ele pouco significava em termos comerciais para o mercado fonográfico. Como mudar isso? A primeira providência foi deixar Hollywood para trás. Ainda havia alguns contratos a cumprir com os estúdios de cinema, mas depois deles, nunca mais. Outro passo importante era voltar aos shows ao vivo. Elvis ficou tanto tempo fora dos palcos que as pessoas simplesmente esqueceram que ele ainda existia. A estratégia de Tom Parker em isolar Elvis do público como forma de incentivar a venda de ingressos nos cinemas não deu certo. Elvis foi sumindo dos jornais, das revistas e finalmente dos olhos do público. Ao invés de estar fazendo shows e turnês memoráveis, Elvis estava afundando em roteiros de péssima qualidade em filmes que estavam sendo solenemente ignorados pelas pessoas em geral.
Pois bem, Elvis já tinha deixado Hollywood para trás e voltado aos shows em Las Vegas. O próximo passo era voltar ao estúdio de gravação para gravar boas músicas. "From Elvis in Memphis" entra nesse último quesito. Ao invés de letras bobocas sobre amores adolescentes o produtor Chips Moman selecionou um repertório de verdade, com temas interessantes, adultos, bem de acordo com os tempos em que todos viviam. O saldo de qualidade foi absurdo. Elvis que não era bobo nem nada ouviu todos aqueles demos e ficou empolgado. Ali estava um material para enfiar a cara, dar o melhor de si. Ao invés das ridículas canções sobre mariscos e ostras de seus filmes de praia, Elvis agora tinha uma bela coleção de canções para trabalhar. Ele ficou empolgado com a oportunidade de novamente cantar bem, fazer bonito perante a crítica e principalmente reconquistar seu velho público que havia ido embora depois de tantos discos medíocres.
O estúdio escolhido foi o American que ficava ali em Memphis mesmo, em um bairro de vizinhança pobre e negra da cidade. No passado o American havia sido usado por inúmeros artistas de black music. Ao contrário dos assépticos estúdios da costa oeste, com seu ambiente de plástico, agora Elvis estava respirando história musical ali dentro. Procurando absorver os bons ares do local ele costumava chegar cedo ao estúdio para acompanhar as gravações de artistas negros que gravavam antes dele. Elvis sempre foi um apaixonado pela música negra e agora podia se sentir fazendo parte daquela comunidade de artistas. Era algo muito gratificante para ele naquele momento complicado de sua vida profissional.
Outra decisão que ajudou Elvis a respirar novos ares foi a despedida de sua antiga banda. Com os anos muitos daqueles músicos foram pegando vícios dentro dos estúdios. A convivência por muito tempo acabou criando uma certa saturação de relacionamento. Com a entrada de um novo grupo musical esses ares se renovavam. Os novos membros da banda de estúdio de Elvis nunca tinham trabalhado com ele antes. Eram jovens e admiravam Presley pelo que ele havia conquistado por todos aqueles anos, porém todos concordavam que os últimos álbuns do cantor eram verdadeiras palhaçadas. Ajudar Presley passou a ser mais um ponto de incentivo para todos. Scotty Moore, DJ Fontana e a velha banda de Elvis então foram dispensados pelo Coronel Parker. Eles faziam parte do passado e Elvis agora procurava olhar para a frente, em busca de novos horizontes e objetivos a conquistar. Uma nova era começava em sua vida.
Pablo Aluísio.
Assinar:
Postagens (Atom)