sexta-feira, 26 de março de 2010

Elvis Presley - Memphis Recording Service

Aos 18 anos Elvis parecia não ter nenhuma perspectiva. Este foi um dos seus períodos mais melancólicos. A maior parte do dia ele passava trabalhando numa fábrica junto com seu primo Gene Smith, montando projéteis de canhão para o exército americano, das 7 da manhã até às 3 da tarde. Seu ordenado, 66 dólares por semana, era muito mais do que seu pai recebia depois de cinco anos trabalhando como carregador. Mas, no inverno, antes de fazer 19 anos, Elvis trocou seu emprego e foi ser motorista de caminhão de uma companhia de eletricidade. O ordenado era menor, mas a curtição era maior, pois ele era louco por carros e caminhões.

E foi de dentro da cabine deste caminhão que Elvis avistou pela primeira vez uma propaganda que logo lhe chamou a atenção. O anúncio do Memphis Recording Service dizia: "Gravamos qualquer coisa, em qualquer lugar, a qualquer hora". Com 4 dólares, era possível gravar duas músicas num acetato de 78 rotações. Por mais duro que fosse, Elvis tinha essa quantia e em junho de 1953 ele pintou pela primeira vez na Sun Records. De acordo com o mito ele foi gravar um disco para dar de presente de aniversário de sua mãe. Mas acontece que o aniversário de Gladys havia sido no dia 25 de abril e, além do mais, os Presleys não tinham vitrola. Elvis só estava curioso em saber como a sua voz ficava num disco. Embora sua perfomance tenha sido qualquer coisa, sua voz e presença impressionaram Marion Keisker, a secretária de Sam Phillips. Ela recorda: "foi no começo da tarde de um sábado muito atarefado que ele chegou, e eu achei uma figura muito estranha, com aquele cabelo grande. Ele me disse que queria gravar umas canções para sua mãe e eu perguntei que tipo de música ele cantava.

Ele então se virou até mim e disse: "Eu canto todo tipo de música". Fiquei intrigada e perguntei que tipo de interpretação tinha, se era hillbilly (caipira), porque ele tinha um jeito de caipira. Então eu perguntei: "Você vai imitar que cantor? Com quem você se parece?" Ele me olhou muito sério e disse: "Eu não me pareço com ninguém". Quando Marion começou a rodar a fita, ela viu que Elvis estava certo. Ele não se parecia com ninguém. Cantou um sucesso de um grupo negro, The Ink Spots, "My Happiness" e uma balada melosa, favorita de sua mãe: "That's when your Heartaches begin". E seu estilo era um cruzamento perfeito entre o timbre áspero e monocórdio dos negros e o gingado, o scat dos cantores brancos rurais. Elvis saiu com o disco para Gladys e Marion foi correndo mostrar a fita para Sam Phillips. Ele não ficou muito impressionado.

Só quando Elvis voltou, no começo de 1954, e pediu para fazer outro disco, Sam descobriu o que tinha nas mãos. Assistiu as gravações e anotou: "Elvis Presley. Bom baladista. Chamar na primeira oportunidade". Nove meses depois Sam Phillips lembrou-se do "garoto de costeletas" e resolveu ligar para ele. Elvis veio no maior pinote até o estúdio e, depois de tentar inutilmente copiar o disco de demonstração, encarou o exasperado Sam Phillips: "Bem, o que você sabe cantar, garoto?". Elvis desfilou seu repertório, passando por diversos estilos, com ênfase em Dean Martin. Contudo, quando a audição terminou, Phillips não estava nada convencido, e disse a Elvis que seria preciso "trabalhar muito". Presley respondeu que gostaria que ele lhe "arranjasse uma banda". O guitarrista Scotty Moore e o baixista Bill Black foram chamados e começaram a trabalhar junto com Elvis. Quatro meses depois, na noite de 5 de julho de 1954, Elvis voltou ao estúdio com sua banda para sua primeira gravação profissional. A música era uma balada country muito piegas, com uma parte recitada onde Elvis sempre engasgava. O som estava muito ruim e Phillips pediu aos rapazes para darem um tempo.

Elvis - Documento Histórico.

Elvis Presley - Sun Records

Antes dessa sessão de gravação, todavia, Sam havia sugerido a Elvis que ele cantasse algumas músicas de Arthur "big boy" Grudup, um dos pioneiros do Blues elétrico de Chicago. Presley conhecia muitas músicas de Grudup como "Cool Disposition", "Rock me Mama", "Hey Mama", "Everything's All Right" e "That's All Right Mama", que era a sua favorita. Agora, durante o intervalo, Elvis pegou uma garrafa de Coca-Cola e com ela nas mãos começou a cantar essa música, de maneira envenenada, só por brincadeira. "Elvis começou a brincar" - lembra Scotty, "e eu comecei a tocar junto assim que descobri em qual tom ele estava tocando. Então a porta da sala de controle se abriu. Sam entrou e disse: 'O que vocês estão fazendo?' Elvis respondeu que não sabia, que era só brincadeira. 'Bem', disse Sam, 'isso está muito bom. Vamos gravar' No terceiro ou no quarto take nós acertamos - e pronto"

A criação dessa música, tão modestamente descrita por Scotty Moore, foi uma obra de arte, a fusão perfeita de duas culturas distintas, a negra e a branca. Comparando-se o original de Grudup com a versão de Presley, dificilmente se pode dizer que ambos estejam cantando a mesma canção. A diferença é muito grande, algo assim como comparar Mick Jagger e Frank Sinatra cantando "satisfaction". Em sua versão, Elvis acrescentou um ingrediente fundamental - o sexo. Ele erotizou a canção, criando um som espontâneo e ritmado. Nascia o Rock'n'Roll como o conhecemos. O estilo country ao fundir-se com o rhyntim and blues, estabeleceu um novo gênero musical na América, até então dominada pelo jazz e pelos musicais da Broadway. Assim que Elvis firmou as bases dessa nova música, novos talentos surgiram como Carl Perkins, Johnny Cash, Jerry Lee Lewis, Buddy Holly, os Beatles e os Rolling Stones.

John Lennon reconheceu publicamente a importância de Elvis ao declarar: "Antes de Elvis não existia nada". O jovem Elvis era um gênio. Durante seus anos na Sun, Presley criou uma música debochada, alegre e erótica e lançou as bases estéticas do Rock'n'Roll. O rock não é, como alguns críticos acreditam, apenas um mistura maluca de vários ritmos americanos. Tudo isso é a fonte do Rock, mas não a sua alma. A essência do Rock'n'Roll está no comportamento, na postura frente a vida. E quem primeiro expressou essa atitude foi Elvis, depois os Beatles e depois todos as grandes bandas de rock da história. Todos esses caras foram gozadores e muito chegados ao deboche e à paródia, a energia e o entusiasmo diante da vida, por mais cruel que ela tenha sido com eles (a maioria dos pioneiros do Rock tinham origem humilde e sofrida, inclusive o próprio Elvis e os Beatles). Para o lado B do primeiro single de Elvis foi escolhida uma tradicional canção de bluegrass de Bill Monroe, "Blue Moon Of Kentucky".

Com tudo pronto Sam começou os trabalhos de divulgação do disco. No próximo sábado à noite, ele levou o pequeno acetato para Dewey Phillips, na rádio WHBQ. Dewey era um disc Jockey muito louco que só tocava música negra, isso em Memphis, uma das cidades mais racistas do país. Ele ficou receoso em tocar Elvis, no começo. Depois de ouvir opiniões de outras pessoas, ele finalmente decidiu tocar, e assim por volta das nove horas, foi ao ar pela primeira vez na história um disco de Elvis Presley. O resultado foi incrível. Dewey sempre recebia muitos pedidos e conversava por telefone com seus ouvintes enquanto estava no ar. Isso foi antes da televisão e todo garoto de Memphis escutava seu programa. Nesse sábado à noite, o telefone da estação não parou um só minuto. Dewey tocava "That's All Right" virava o disco e tocava "Blue Moon of Kentucky". E foram só estas duas músicas a noite toda. Elvis ficou tão nervoso que sintonizou o rádio para seus pais e foi ao cinema. Mal sabia ele que naquela noite de sábado em Memphis começava a ser escrita uma das páginas mais importantes na história da música do mundo, o nascimento de uma revolução cultural que resiste até os dias de hoje. Uma revolução chamada Rock'n'Roll!

Elvis - Documento Histórico.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Elvis Presley - Lauderdale Courts, 328

Elvis estava agora com 16 anos. Nunca mais durante seu período escolar, ele se envolveria seriamente com outra garota. Pior ainda: ele começou a sofrer crises emocionais , manifestadas através de pesadelos e ataques de sonambulismo. Toda noite, enquanto dormia no sofá da sala, ele gritava, suava e saía andando, pelo prédio, acordando todo mundo. Qualquer família comum que visse o filho nesse estado, levaria-o ao médico imediatamente. Mas os Presleys não eram pessoas comuns - eram caipiras, uma gente acostumada com o estranho e o inexplicável.

Assim, associaram o comportamento de Elvis com os pesadelos que seu pai também tinha, e concluíram que isso era hereditário e simplesmente inevitável. Elvis também começou a ter problemas na escola, por causa da primeira grande manifestação de seu gênio criador. Num dia de verão em 1951, ele decidiu finalmente mudar o penteado do cabelo, depois de muitas experiências anteriores. Billie Wardlow recorda-se de que, certa vez, ela foi à casa do namorado depois da escola e viu sua mãe lhe fazendo um permanente. Outra vez, Billie levou um susto quando Elvis apareceu com um penteado estilo moicano, uma faixa de cabelo correndo pelo meio da cabeça, igual à moda punk atual. Agora, todas essas experiências iriam conduzi-lo a criação de uma obra prima. Elvis foi até o salão de beleza e mandou o atônico cabeleireiro cortar seu cabelo no estilo "Tony Curtis", que tinha visto num filme. Também já tinha deixado suas costeletas crescerem.

Como seu cabelo não parava no lugar, ele comprou uma lata de Royal Crown, uma brilhantina muito popular entre os negros. E, de tanto usá-la seu cabelo loiro começou a escurecer. Só faltavam as roupas: camisas em cores brilhantes e calças pretas com frizos verde-limão ou amarelos (sua fase rosa e preto só aconteceria aos 20 anos). Estava pronto o visual. Essa metamorfose marca o verdadeiro início de sua carreira como herói da cultura pop. Embora ele estivesse há anos do rock'n'roll e da Sun Records, já estava muito próximo da clássica imagem de Elvis Presley. Quando voltou à escola no verão, todo mundo caiu matando em cima dele.

Mas, apesar de toda a pressão, Elvis não mudou seu visual. Sua recusa em se conformar e voltar a ser o que era antes, tem sido glorificada há décadas como o primeiro grande ato de rebeldia do Rock'n'Roll, essa nova música que em breve iria tomar conta da América e do mundo.

Elvis - Documento Histórico.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Elvis Presley - Roustabout 1964

1964 foi um bom ano para Elvis nos cinemas, dos seus três filmes que estrearam naquele ano, dois foram sucesso tanto de público como de crítica: "Viva Las Vegas" e "Roustabout". O terceiro porém, foi um dos mais fracos de sua carreira: "Kissin Cousins" (com caipira não se brinca, no Brasil). Esse foi sem dúvida uma bola fora, mas vamos deixar para falar dele em uma outra oportunidade. O que interessa nesse momento é analisar um dos grandes sucessos do rei em Hollywood, o filme "Carrossel de Emoções" (Roustabout). Antes de mais nada é fácil afirmar que esta película trouxe para a carreira de Elvis uma de suas melhores trilhas sonoras. Claro que ela não foge à regra das trilhas de Elvis nos anos 60, claro que há músicas bobinhas e tal, mas neste caso elas estão em menor número, felizmente.

Todas as dez músicas do filme são boas, algumas são de excelente qualidade e apesar de Elvis as gravar em playback (a banda gravou a instrumentação e só depois Elvis colocou sua voz), os resultados não foram prejudicados. O filme em si também é muito bom, ver Elvis em um casaco de couro negro, andando por aí de moto e interpretando um "Easy Rider" é sempre um prazer sem culpa. O próprio deve ter gostado muito de fazer esse papel de "Brando Soft". Obviamente se você tem mais de trinta anos certamente o assistiu alguma vez na TV, principalmente porque ele se tornou um dos maiores clássicos "Sessão da Tarde" da carreira de Elvis ao lado de "Feitiço Havaiano" (esse campeão absoluto na categoria). Convenhamos, o filme ainda é muito legal mesmo depois de 40 anos de seu lançamento. Vale a pena ver e ouvir de novo.

Destaques do disco:
Roustabout (Giant/Baum/Kaye) - Canção título do filme. Essa é na realidade a versão "B", pois a primeira versão tema foi rejeitada por Hal Wallis que considerou sua letra ofensiva. Essa versão "A" chamada de "I'm Roustabout" só foi lançada em 2003 no disco "Elvis 2nd to none". Ela foi redescoberta por acaso por seu autor pegando poeira em seus arquivos. Então ele entrou em contato com Ernst Jorgensen e perguntou se ele estaria interessado em lançar uma gravação inédita de Elvis no mercado (Isso é lá pergunta que se faça!). O produtor atual dos discos de Elvis ficou encantando com a versão descoberta e tratou logo de a colocar no CD. O resultado todos conhecem: primeiro lugar nos EUA e Inglaterra e milhões de cópias vendidas ao redor do mundo. Pois é, mais vale um Elvis empoeirado do que milhares de artistas atuais tinindo de novo. Ei, qualidade não tem idade!

Little Egypt (Leiber / Stoller) - Esta canção acabou se tornando uma dor de cabeça para os produtores do filme. Tudo porque uma bailarina chamada "Little Egypt" resolveu processar todo mundo, afirmando que seu nome havia sido utilizado sem permissão no filme. E para completar ela pedia 3 milhões de dólares de indenização. Os advogados da Paramount conseguiram provar no tribunal que o filme se baseava em uma outra bailarina que usava o mesmo nome artístico, chamada Catherine Devine, que fez carreira em 1893 nos EUA. No fundo quem estava imitando e usando o nome de forma inadequada era a dançarina que processou o estúdio. No final ela acabou sendo processada pelos herdeiros da primeira bailarina. Isso é o que eu chamo de confusão jurídica!

Big Love Big Heartache (Fuller/Morris/Hendrix) - Uma das melhores músicas do disco, com ótima vocalização de Elvis, além de um arranjo primoroso. Ela seria lançada em single para tentar repetir o sucesso estrondoso de "Can't Help Falling in Love", mas como o LP vendeu muito bem e alcançou rapidamente o topo nos EUA (em pleno auge da Beatlemania) os produtores se contentaram com as vendas e cancelaram o lançamento do single. Momento de alto nível da trilha e do filme, pois a cena em que Elvis a canta foi muito bem fotografada.

There's a Brand New Day on the Horizon (J. Byers) - Eu particularmente gosto muito dessa música porque ela é antes de tudo uma canção alto astral que traz uma mensagem positiva (afinal de contas todos nós precisamos de um pouco disso, principalmente nos dias atuais). Ela fecha a seqüência final do filme. A trilha sonora desse filme foi gravada no Radio Recorders em Hollywood e foi lançada antes da estréia do filme, chegando ao primeiro lugar entre os mais vendidos. Além de "I'm Roustabout", duas outras gravações dessas sessões estão desaparecidas há anos: "I Never Had It So Good" e uma outra versão de "Poison Ivy League" com letra mudada. Em recente entrevista Ernst Jorgensen afirmou que não perdeu as esperanças de achá-las, vamos torcer para que algum dia ele consiga atingir esse objetivo. Milhões de fãs de Elvis ao redor do mundo torcem por ele.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Feitiço Havaiano

Trilha sonora do oitavo filme de Elvis Presley, que no Brasil, recebeu o título de "Feitiço Havaiano". Este disco se tornou um enorme sucesso de vendas quando foi lançado em outubro de 1961, se tornando o disco mais vendido da carreira do cantor. Ele atingiu rapidamente o primeiro lugar ficando nesta posição durante 5 Meses!!! (recorde absoluto). O single extraído da trilha com "Can't Help Falling in Love / Rock A-Hula Baby" também acompanhou o grande sucesso deste filme, vendendo mais de 6 milhões de cópias. "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961) seria o grande responsável pelos rumos que a carreira de Elvis iria tomar a partir daí. Praticamente todos os seus filmes posteriores iriam seguir a fórmula desta película, com o roteiro versando sobre garotas bonitas, praias turísticas e o interesse romântico do personagem principal. A direção do filme ficou novamente a cargo de Norman Taurog e a estrela seria novamente a atriz Joan Blackman que já havia contracenado com Elvis em "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957).

O roteiro era baseado no romance "O rapaz Havaiano da praia" e a estória versava sobre um jovem de família rica, recém saído do exército, que tentava vencer na vida sozinho. O disco, é claro, segue a mesma temática do filme e Elvis pelo menos no caso desta trilha nos brinda com algumas belas canções que ficaram imortalizadas na sua voz e que iriam se incorporar definitivamente em seu repertório de shows durante os anos 1970. "Blue Hawaii" (feitiço havaiano, 1961) é isso aí: um filme bonito de se ver, mostrando os pontos mais turísticos das ilhas havaianas, com Elvis pegando umas ondas com seu "jacaré", namoros, diversão e música. Talvez por ser sido tão "relax e na paz" tenha tido tanto sucesso.

Os Grandes sucessos de Blue Hawaii:
Blue Hawaii (Robin/Rainger) - Música título do filme. A versão original desta canção foi lançada em 1937 por Bing Crosby para a trilha do filme "Waikiki Wedding". Em 1957 o cantor Billy Vaughn a relançou com grande sucesso. Finalmente Elvis gravou sua versão em 22 de março de 1961. Sem sombra de dúvida é uma bela canção que faz jus ao talento do Rei do Rock. A crítica Pauline Kael escreveu sobre "Blue Hawaii": "Elvis parece que deixou sua moto e seu casaco de couro negro à la Brando de lado e o trocou por uma prancha de surf! Só uma coisa parece não ter mudado: seu topete para fazer filmes bobinhos".

Can't Help Falling in Love (Peretti/Creatore/Weiss) - Canção baseada em "Plaisir d'Ámor" do compositor francês de origem alemã Jean Paul Martini. A versão de Presley foi muito feliz pois foi muito bem adaptada. O maior sucesso do filme. Quando foi lançada em Single em Novembro de 1961 alcançou um enorme sucesso de vendas. Nos anos setenta ela seria utilizada como desfecho de todos os seus shows. Nos anos 90 o grupo UB40 faria uma nova versão de grande sucesso.

Rock a Hula Baby (Wise/Weisman/Fuller) - Lado B do Single "Can't Help Falling in Love". Vinha classificado no compacto como "twist special". A verdade é que esta não é uma canção do ritmo imortalizado por Chubby Checker e sim apenas mais uma canção pop da trilha. Curiosidade: as filmagens, ao contrário do que pode parecer, foram um tédio para Elvis. Ele afirmou depois que tinha que ficar trancado no Hotel e só descia para as tomadas de cena. Elvis não poderia sair à praia para se divertir como um pessoa comum, pois certamente iria acontecer um tumulto, assim ele só sairia do hotel para realmente trabalhar. Esta música foi relançada no disco "Elvis 2nd to none" em 2003.

No More (Yradler/Robertson/Blair) - Adaptação do grande sucesso mundial "La Paloma" do compositor cubano Sebastian Yradler. A adaptação foi feita por Don Robertson, que novamente compareceu em estúdio para ajudar nas gravações. É um dos mais belos momentos de toda a carreira de Elvis Presley. Aqui fica claro que quando o Rei contava com material de ótima qualidade ele demonstrava toda a plenitude de seu talento. A inclusão desta canção italiana se justifica porque o personagem de Elvis serviu o exército na Itália. Assim ele a canta para seus amigos na praia para mostrar o som que rolava nas forças armadas.

Hawaiian Weeding Song (King/Hoffman/Manning) - Canção que Elvis cantou para Priscilla na sua lua de mel segundo o próprio relato dela no livro "Elvis e Eu" (Elvis and Me, Editora Rocco, 1985). Pode-se encontrar duas versões ao vivo desta canção gravadas pelo cantor nos anos setenta. Uma está presente no já citado disco "Alternate Aloha" e a outra que faz parte do trabalho musical póstumo "Elvis in Concert". Termina assim a trilha, como no filme, com a "canção havaiana de casamento".

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de março de 2010

Elvis Presley - Elvis e Linda Thompson

Assim que as negociações para o divórcio de Elvis e Priscilla tiveram início, Elvis conheceu Linda Thompson, com quem iria viver nos próximos quatro anos e meio a mais íntima e satisfatória relação de toda a sua vida. A data foi julho de 1972 em um cinema de Memphis, onde Elvis estava curtindo uma sessão noturna privativa. Linda Thompson era a nova Miss Tennessee 1972. Precisa dizer mais? Então lá vai: Linda era virgem. Todavia, logo depois desse encontro, Linda saiu de férias com a família por três semanas e Elvis não conseguiu encontrá-la. Desiludido, ele foi para a costa oeste começar os ensaios para a temporada de agosto em Las Vegas.

Elvis estava com Kit quando ficou sabendo que Linda estava de novo em Memphis. Na mesma hora telefonou para ela e, na manhã seguinte, Linda estava desembarcando no aeroporto de Los Angeles. Elvis, que nunca acordava antes do meio dia estava à sua espera, nervoso como um garoto no seu primeiro encontro com a namorada. Naquela mesma noite, os dois voaram juntos para Las Vegas e kit foi logo esquecida. Linda ganhou o afeto de Elvis por ser coquete, engraçada, atenciosa, afetuosa, inteligente e leal. No começo, Elvis achou seu novo amor tão absorvente e satisfatório, que pela primeira vez em sua vida adulta, ficou cerca de um ano sem ver outra mulher. Quando porém achou que a fidelidade o confinava em demasia e começou a inventar desculpas para dar suas escapadas, Linda encarou o desafio. Linda queria que nada lhe fosse escondido e ambos chegaram a um entendimento que proporcionou considerável liberdade para Elvis. Eles tornaram-se tão íntimos nesse assunto, que Elvis algumas vezes apresentava a Linda sua mais recente descoberta feminina e os três saíam juntos.
Quando o encontro terminava, Elvis discutia com Linda sua nova descoberta, querendo saber sua opinião, se a gatinha serviria para ele.

Finalmente Elvis tinha toda a liberdade sexual que queria, sem ter nenhum sentimento de culpa. Mas Elvis não conseguia esquecer Priscilla. Duas semanas depois de seu show Aloha From Hawaii, Elvis iniciou nova temporada em Las Vegas. Mas infelizmente ele começou a sofrer complicações respiratórias e um especialista recomendou-lhe que se internasse. Priscilla achava que Linda era uma boa influência sobre Elvis, como ela mesmo escreveu em seu livro "Elvis e eu": "A medida que os meses passavam, Linda Thompson tornou-se uma companheira constante de Elvis e achei que isso era bom para ele. Elvis começou a fazer viagens a Aspen e Hawaii, saindo mais, por causa da personalidade extrovertida de Linda. Quando conversávamos parecia bastante animado". Essa opinião era compartilhada por todas as pessoas em volta de Elvis, Linda logo se tornou também querida de toda a Máfia de Memphis. Um dos caras da turma declarou: "Linda era um tipo de sopro de ar fresco comparada com o resto de malas sujas que nós tínhamos encontrado e que andavam com Elvis naquela época.

Apesar de um começo promissor, conforme o tempo foi passando, Linda começou a enxergar a realidade à sua volta de uma forma diferente. O prolongado caso de Elvis com Linda chegou ao fim em 1976. Linda foi tudo que uma mulher poderia ser para Elvis: amante, mãe, esposa, filha e concubina. Ela demonstrou uma extraordinária capacidade de se adaptar à vida de Elvis e seu exasperado temperamento. No início, Linda era uma jovem apaixonada por um superstar e gostava de aparecer. Acima de tudo, Linda gostava da proximidade com o trono. Por essa época, ela cunhou a frase: "O poder é o maior dos afrodisíacos". Mas passados os primeiros dezoito meses, Linda começou a ver Elvis por um ângulo diferente, enxergando nele uma pessoa realmente doente, com várias complicações de saúde, como insônia e obesidade, um mulherengo extremado, um narcisista supremo e um homem totalmente avesso ao casamento. Gradualmente, Linda foi conduzindo seu affair com Elvis de acordo com a fórmula "romance igual a dinheiro", e nos anos seguintes ela tratou de conseguir tudo o que pudesse. Elvis comprou-lhe uma casa com piscina, perto de Graceland e deu-lhe 75 mil dólares somente para a decoração.

Linda ainda acumulou mais de um quarto de milhão de dólares em jóias dadas por Elvis, fora um guarda roupa completo, caríssimo, comprado todo nos melhores estilistas de moda da Europa e dos EUA. Mas não foi só, no último ano com Elvis, Linda obteve um apartamento em Los Angeles e começou a trabalhar como comediante sexy em um programa de TV. Percebendo que seu romance tinha se transformado num grande tédio e marasmo, Elvis decidiu acabar com o caso, pois ele estava interessado em uma nova mulher: Ginger Alden. Como Elvis tinha dificuldades de lidar com essas situações, ele incumbiu Joe Esposito de encontrar Linda e contar a decisão dele de colocar um ponto final no romance. Esposito ainda disse a Linda que ela retirasse todos os seus pertences de Graceland. Linda ficou irritada por levar um fora de um assistente de Elvis. Nunca mais se viram de novo. Linda foi até Graceland recolher todas as suas coisas e se despedir da avó de Elvis, Minnie Mae, que ficou muito decepcionada com o fim do romance. Para não ver sua partida, Elvis viajou até Nashville, pois ele queria evitar um confronto final. Quem também sentiu muito a partida de Linda foi Lisa Marie Presley, na época com apenas 9 anos, que gostava muito dela. Essa amizade dura até os dias de hoje.

Elvis - Documento  Histórico.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Elvis Presley - Today 1975

Em 1975, Elvis, o coronel e o produtor Felton Jarvis se reuniram em Graceland, onde Elvis se recuperava de mais um problema de saúde. Elvis expôs a Felton seu descontentamento com a RCA Victor e seu método de trabalho. Elvis criticou particularmente as "maratonas" impostas pelo estúdio em que eram gravadas muitas canções em um pequeno espaço de tempo. Citou ao produtor as sessões de junho de 1970 e as de maio de 1971 em que tudo foi feito e gravado em uma correria incrível. Para Elvis isso prejudicava muito os resultados artísticos das músicas. Por fim Elvis falou a Felton Jarvis que ele deveria marcar uma nova sessão de gravação, se possível em um estúdio melhor do que o de Nashville. Elvis deu como exemplo o fato de que muitas das canções que foram gravadas em 70 e 71 sequer tinham a banda presente no estúdio, muitas vezes apenas com Elvis e um pianista e que isso estava destruindo sua inspiração. Felton explicou que essa era uma atitude padrão da gravadora.

O cantor não gostou nada da posição e dos argumentos do produtor. Elvis encerrou a conversa mostrando muito desapontamento com tudo e se retirou bastante aborrecido da reunião. Em Nova Iorque o produtor levou as queixas aos executivos da RCA e recebeu a seguinte instrução: "Pelo amor de Deus, faça tudo o que Elvis Presley quiser". E assim Felton Jarvis resolveu tomar todas as providências que Elvis exigiu. De ínício escolheu os estúdios C da RCA em Hollywood, pois Elvis mantinha uma casa em Los Angeles e sua localização iria facilitar as gravações. Marcou cinco dias de gravação mas... Elvis não apareceu. Uma nova data foi marcada em fevereiro e nada de Elvis. Isso tudo ocorreu em uma situação em que a gravadora exigia um disco de estúdio de Elvis, pois já fazia mais de um ano que Presley não entrava em estúdio para gravar.

Tudo isso contribuiu ainda mais para que a tensão entre o cantor e a gravadora aumentasse a cada dia. Finalmente em março Elvis apareceu nos dias 10, 11 e 12 e gravou o disco. Apenas 10 músicas, nada mais. "Sem maratonas" como disse o próprio Elvis no estúdio (esse trecho pode ser encontrado em alguns discos piratas dos anos 80). A equipe foi a mesma da estrada e Elvis gravou todas as canções de forma impecável. Essas são as músicas de "Elvis Today" ou seria "Elvis Yesterday"?:

Destaques do disco:
T-R-O-U-B-L-E (Jerry Chesnut) - Uma das coisas mais significativas sobre a carreira de Elvis Presley nos anos 70 era a ausência de rocks em seus discos. Os críticos sempre perguntavam onde estavam os rocks nos trabalhos do "Rei do Rock" durante esta fase. A resposta é simples: Elvis evoluiu como artista, talvez não fosse mais tão importante para ele gravar apenas um tipo de música. Além disso ele sempre se queixou da falta de material de qualidade deste gênero durante os anos 70. Sua visão era simples, ele queria mudar e como ele mesmo afirmou: "Não quero ser um cantor de 40 anos cantando Hound Dog". Outro fator importante era a forma como Elvis usava a música para exorcizar seus dramas pessoais. E nada estava mais longe do estado de espírito de Presley neste período do que rocks. De qualquer forma sempre surgia uma canção como essa e "Promised Land" para deixar claro que Elvis era sim o "Rei do Rock", cujo trono aliás não tem sucessor.

And I Love You So (Don McLean) - Uma das provas mais contundentes do que afirmei antes. Estaria Elvis se dirigindo a Priscilla para realçar seu amor por ela, ao afirmar que ainda a amava tanto? Na minha opinião, sem dúvida. Muitas das músicas retratavam o homem Elvis com perfeição transparente, eis um exemplo cabal disso. A canção é linda, dispensa maiores comentários. Apenas junte-se a Elvis neste momento de mais uma declaração de amor na sua carreira. Em tempo: No "Elvis in Concert" está uma versão ótima deste canção ao vivo. Imperdível.

Pieces of my Life (Troy Seals) - Bela canção de amor. O destaque fica com o arranjo primoroso. A banda de Elvis está afinadíssima. A canção começa de forma intimista e vai crescendo até se tornar apoteótica, voltando a seu ritmo inicial. De muito bom gosto, sem dúvida. Foi lançada como single com outra verdadeira pérola da carreira de Elvis: "Bringing It Back". O vocal de Elvis está ótimo, principalmente na parte falada, algo que ele não usava desde 1960 com "Are You Lonesome Tonight?" Destaque final: o acompanhamento da orquestra e a bateria de Ronnie Tutt. Ótima.

Green Green Grass of Home (Claude Putman, Jr) - Essa foi escolhida especialmente por Elvis, sendo a que ele dispensou os maiores cuidados em termos de arranjo e gravação, pois sem dúvida era uma de suas preferidas. O tema, que louva o estilo sulista de ser, foi gravada pela primeira vez por Tom Jones. Mas vamos deixar o próprio Elvis Presley refletir, em suas palavras, o significado dessa música em sua vida: "Quando Green Green Grass Of Home foi lançada com Tom, eu e os rapazes retornávamos a Memphis no nosso grande ônibus vermelho. Ouvimos a canção pelo rádio e começamos a chorar. Sua letra significava muito para nós do sul". O resultado final não poderia ser outro, como foi gravada com um sentimento muito presente por parte de Elvis ela se tornou uma das mais belas músicas da carreira do cantor.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Indian Sultan

Em fevereiro de 1972, depois de anos levando uma vida dupla, Priscilla decidiu que havia chegado a hora de contar toda a verdade ao marido, e anunciou sua decisão a Mike Stone, seu amante: "Vou voar até Las Vegas essa semana e contar a ele toda a verdade. Já é hora da gente parar de se esconder desse jeito. Quero que todo mundo saiba o quanto te amo e que vou deixá-lo para viver com você" Foi o que Priscilla fez. Mas, assim que encontrou o marido e começou a recitar seu texto bem decorado, Elvis explodiu: "Ficou louca mulher?!!! Você não tem tudo o que uma mulher deseja nesse mundo?!!! Perdeu o juízo? Tem tudo o que uma mulher pode querer. Não pode estar falando sério, Sattnin" - sua voz estava cheia de angústia - "Não posso acreditar no que estou ouvindo.

Está querendo dizer que tenho sido tão cego que não percebi o que estava acontecendo? Andei tão distraído que não percebi o que poderia vir!". Priscilla encarou Elvis, olhos nos olhos: "Nosso casamento acabou há muito tempo, estamos vivendo vidas separadas". Elvis estava totalmente desnorteado. A morte de sua mãe havia sido o grande trauma de sua vida, mas o fim de seu casamento era o maior abalo que poderia sofrer. Finalmente perguntou: "Perdi você para outro homem?" Priscilla respondeu: "Não é que você tenha me perdido para outro homem... apenas me perdeu para minha própria vida. Estou descobrindo a mim mesma, pela primeira vez" - Priscilla começou a arrumar as malas, com Elvis em silêncio, deitado na cama - "Tenho de ir. Se eu ficar agora, nunca mais irei embora". Ela pegou a mala e se dirigiu à porta - "Cilla!" - gritou Elvis - "Talvez em outra ocasião, em outro lugar".

Priscilla, com lágrimas nos olhos se virou até onde Elvis estava e se despediu: "Talvez. Apenas este não é o momento". Elvis ficou completamente arrasado. Mas era tarde demais. Priscilla o abandonou e foi, com a filha, viver com Mike Stone, num apartamento alugado em Marina Del Rey. Os jornais deram em manchete: "Priscilla abandona Elvis!". O rei ficou mal. O cantor se trancou no quarto e entrou em um estado de profunda depressão. Elvis era um homem martirizado pela carreira e pela fama, que vivia sob enorme pressão que interferia em seu metabolismo natural, produzindo angustiantes problemas médicos, como a insônia. Agora, com o fim de seu casamento, Elvis se isolou cada vez mais, seus problemas de saúde pioraram, ele não conseguia mais dormir, seus olhos estavam vermelhos e suas olheiras eram profundas... a tempestade estava próxima!

No mês seguinte, entre o final da temporada em Las Vegas e o início da excursão em abril, na primavera, os caras da Máfia de Memphis observaram alarmados Elvis aumentar seu consumo de drogas, principalmente de antidepressivos, e se afundar numa terrível fossa existencial. Eram sinais muito claros de que uma tempestade se avizinhava. Para evitar o desastre, pensaram os caras, o único jeito era arrumar uma nova mulher para pacificar o torturado superstar. Assim que a excursão começou, todos saíram à caça dessa maravilhosa criatura, capaz de salvar o rei. Três dias depois, quando estavam em Detroit, a procura chegou ao fim. O biógrafo Albert Goldman informa em seu livro que a garota chamava-se apenas "kit" (gatinha). Rosto maravilhoso, cabelos escuros, alta e com um corpo de fazer padre abandonar a batina. Kit era bailarina de uma famosa companhia de dança que também estava se apresentando em Detroit. Ela morava com uma amiga em um apartamento em Los Angeles, e esta amiga - também dançarina - foi convidada para uma das festinhas de Elvis.

Um mês depois, essa garota foi novamente convidada para um fim de semana em Palm Springs, e dessa vez Kit foi junto. Kit era a garota perfeita, uma jovem muito correta, católica, não fumava, não bebia, não falava palavrão e, embora tivesse 24 anos, ainda era virgem. Quando Elvis a conheceu, foi amor à primeira vista, como sempre. Quando a festa de fim de semana acabou, Kit voltou para seu apartamento em Los Angeles e começou a ser bombardeada com telefones de Elvis. Logo ele estava indo buscá-la em seu carro Stutz Blackhank, especialmente construído e que deixou Kit bastante impressionada. Não muito depois, quando a estava levando para casa numa tarde, Kit apontou um "adorável" carrinho esporte que passava pela rua. Elvis não disse nada, mas duas horas depois, a colega de Kit foi atender o telefone.

Era Elvis. "Faça ela vir até a rua" - exigiu ele - "Diga a ela que o cachorrinho precisa passear ou qualquer coisa - eu estou lhe trazendo um carro novo!" Quando Elvis chegou dirigindo o adorável carro esporte (com os caras acompanhando-o em um outro carro, é claro) tudo estava de acordo com seu script. Kit estava na calçada, ele estacionou o carro novinho, pulou pela porta e aproximou-se de sua amada com as chaves numa das mãos e os documentos na outra. "Seu desejo é uma ordem para mim" - Disse Elvis à surpresa Kit. Mas achar uma nova companheira para Elvis não foi suficiente. Ele ligava todos os dias para Priscilla, implorando para que ela voltasse. Em uma das poucas ocasiões em que Elvis se abriu com alguém sobre seu casamento fracassado com Priscilla, ele falou: "Eu tentei moldá-la naquilo que eu pensava que queria. Só muito tarde é que fui descobrir que isso não é possível. Você não pode ensinar uma pessoa a ser afetuosa. Ela era uma pessoa fria por natureza. Ela era muito reservada. Ela era muito disciplinada, cresceu num ambiente militar. Muito disciplinada. Muito reservada. Então eu tentei ensiná-la a ser quente, divertida, amorosa e terna. Ela tentou ser assim, mas não se pode realmente ensinar alguém a ser o que não é". Esta foi uma das raras ocasiões em sua vida que Elvis abriu seu coração para alguém e essa pessoa tinha que ser especial para ele, e era. Seu nome era Linda Thompson. Elvis encontrou em Linda Thompson, com quem iria viver nos próximos quatro anos e meio a mais íntima e satisfatória relação de toda a sua vida, a mulher que procurava. Mas essa é uma outra história...

Elvis - Documento Histórico. 

domingo, 21 de março de 2010

Elvis Presley - O Elvis Gospel

Um aspecto muito importante e pouco conhecido da carreira de Elvis Presley era o seu profundo amor à música Gospel. Nascido e criado numa pequena cidade do sul dos Estados Unidos (Tupelo), Elvis teve desde o começo de sua vida uma aproximação muito grande com a canção religiosa. Foi ouvindo estes hinos sacros que o jovem Presley aprendeu a cantar e expressar seus sentimentos através da música. Todos os domingos Elvis, sua mãe Gladys e seu pai Vernon iam aos cultos protestantes da Igreja Primeira Assembléia de Deus. Lá o pequeno garoto do Mississipi ficava deslumbrado com o magnetismo e a vibração dos pastores.

Pode-se dizer, sem medo de errar, que foi com estes pregadores que Elvis aprendeu que a música deveria ser acompanhada de uma perfomance que prendesse a atenção do público. Se mexer e sacudir ao som do Senhor era a regra básica e, sem dúvida o futuro Rei do Rock aprendeu isto perfeitamente. - Gospel significa evangelho, credo, evangelizar. Gospel também é a música religiosa, seja ela de que movimento ou tendência cristã for, mas a Gospel music é muito mais identificada com a música evangélica americana.

Nasceu nas pequenas comunidades religiosas espalhadas pelas cidades do interior dos Estados Unidos. Os primeiro imigrantes ingleses que desembarcaram na América estavam fugindo da perseguição religiosa na Europa e foram para o novo mundo com a convicção de construir um novo lar, um novo país. Quando se instalavam em um novo local para construir ali as bases desta nova comunidade, a primeira coisa que construíam era um local para se realizar seus cultos religiosos. Uma capela, um pequeno templo, algo para que todos pudessem se reunir e agradecer a Deus as graças alcançadas. Estes religiosos, como os puritanos, calvinistas, luteranos ou quakers, tinham em sua igreja um local para fortalecer os laços entre os membros destes grupos para deste modo, enfrentar as imensas dificuldades que tinham pela frente. Na "Chapel" os protestantes encontravam apoio e união, era o momento de confraternização e alegria e também de música.

Assim nasceu a música Gospel, ritmo feito para todos cantarem juntos (por isso a presença constante do coral) , de diversas formas, mas com aceleração rítmica acelerada e alegre (pois era um momento de alegria para todos ), com predominância de teclados (como órgãos e instrumentos semelhantes) , com todos batendo palmas e louvando o nome de Deus através da música, pois não foi Ele mesmo que nos deu o dom musical e a alegria de viver? Estes cultos despertaram um sentimento tão forte em Elvis que, aos 9 anos, num gesto de caridade após o culto deu tudo o que possuía (um monte de gibis velhos) às crianças carentes da região. Já adulto e famoso, Elvis sempre ia aos cultos das igrejas de negros para ouvir e cantar canções religiosas. Isto era um ato muito corajoso por parte do cantor, pois o sul dos Estados Unidos vivia uma separação racial muito forte entre brancos e negros. Para Elvis isto tinha pouca importância, para ele esta divisão não existia: tudo era música, tudo era mágica.
 
Destaques do álbum How Great Thou Art:
How Great Thou Art (Stuart K. Hine) - Escrita em 1886 pelo Reverendo Carl Boberg com o nome de "O Stored Gud". Em 1907 o Reverendo Stuart K. Hine escreveu a primeira versão em língua inglesa, esta por sua vez baseada na versão alemã da canção intitulada "Wie Gross Bist Du". A primeira gravação foi de George Beverly Shea em 1955, seguida da versão dos Blackwood Brothers em 1957. Elvis recebeu o prêmio Grammy na categoria "Melhor Perfomance Inspirativa" por sua interpretação desta música em 1974 no disco "Elvis As Recorded Live On Stage in Memphis" (1974). Sem dúvida um marco na carreira de Presley.

Stand By Me(Charles B.Tindley) - Não é a famosa canção de Ben E.King que se tornou um grande sucesso nos anos 70 na voz de John Lennon e que foi tema do filme "Stand by Me (conta comigo) nos anos 80. Esta é na verdade, uma música composta em 1905 que foi gravada por Red Foley e pelo grupo The Harmonizing Four (o melhor grupo vocal da história, segundo Elvis). Era uma das preferidas de Elvis no período em que ele esteve servindo o exército na Alemanha.

Crying In the Chapel (Artie Glenn) - Escrita por Artie Glenn em 1953 com apenas 16 anos de idade. Chegou ao primeiro lugar nas paradas R&B com o obscuro grupo Sonny Till and the Orioles. Em 1953 esta música explodiu nas paradas nas vozes de Rex Allen e June Valli. A versão de Elvis foi gravada em 1960. Se tornou um single de enorme sucesso em 1965. O sucesso foi tamanho que o single com "I believe in the man in the Sky" (canção do disco "His Hand In Mine") no lado B chegou ao primeiro lugar na parada britânica. Devido a toda esta repercussão a canção foi incluída no disco para ajudar em sua promoção.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - King Creole

A principal preocupação de Danny Fischer (Elvis) não é ser um astro do rock, mas sim terminar seus estudos e se formar. Mas, com o pai desempregado o único jeito de conseguir isso é ir trabalhar como copeiro, limpando mesas num night club barra pesada, onde ele conhece todos os tipos que frequentam o submundo de New Orleans. Entre essas pessoas está Ronnie (Carolyn Jones), uma prostituta com um coração de ouro, a quem ele protege de um bando de bêbados matutinos quando ela está voltando para casa depois de uma noite dura. Eles ficam amigos e, quando Ronnie o acompanha até a escola, alguns estudantes a insultam.

Danny acaba brigando com eles e é expulso da escola, perdendo a chance de se formar. A barra começa a ficar mais pesada e, na mesma noite, ele se envolve com uma gang de marginais liderados por Tubarão (Vic Morrow) e começa a roubar lojas de departamentos. Danny só precisa cantar para a freguesia, desviando a atenção dos companheiros que roubavam a loja. É a partir desta parte da trama que o personagem de Danny Fischer começa a pensar seriamente em se tornar um cantor. Entre assaltos e canções, Danny conhece Maxie Fields (Walther Matthau), um sinistro chefe da máfia local, e tem um caso com Ronnie e outro com a ingênua Nellie (Dolores Hart) e começa a cantar em uma boate chamada King Creole, onde vira um enorme sucesso, atraindo multidões.

Maxie Fields, dono do Blue Shade, uma boate rival, tenta tirar Danny do King Creole e contratá-lo para o seu club. Como ele não aceita, acaba sendo chantageado por tomar parte num roubo cuja vítima, desconhecido para ele, era seu próprio pai, que fica muito machucado e vai parar no hospital. Sem dinheiro para pagar a conta do pai hospitalizado, Danny aceita a oferta de Maxie Fields. Nas garras do gangster ele segura a situação por algum tempo, mas quando Maxie conta ao pai de Danny que seu filho foi um dos ladrões que o atacaram, Danny fica possesso e bate no mafioso.

Em busca de vingança, Fields manda seus homens atrás dele, que está escondido com Ronnie numa cabana remota. Quando são descobertos pelos capangas, Ronnie leva um tiro e morre. Felizmente, Maxie Fields também é encontrado morto e Danny pode voltar para o King Creole, onde se reconcilia com o pai e com a sempre fiel Nellie. Elvis sempre dizia que de todos os seus filmes, King Creole era o seu favorito

Elvis - Documento Histórico.