segunda-feira, 15 de junho de 2009

Elvis Presley - Elvis Book - Love Me Tender

Elvis Presley - Love Me Tender (1956)
Toda a trilha sonora do filme "Ama-me com Ternura" (Love Me Tender, EUA, 1956) foi lançada originalmente em compacto duplo. Todas as faixas foram providenciadas pelos estúdios Fox e depois repassadas para a RCA Victor, a gravadora que tinha contrato de exclusividade com Elvis na época. O interessante é que praticamente todo o material foi composto pelo diretor musical do estúdio Fox, o maestro e arranjador Ken Darby (que não aparecia nos créditos).

Como o filme era um faroeste ao velho estilo, todas as canções tiveram de uma maneira ou outra um sabor Country and Western. Claro, esse tipo de sonoridade não soava estranha a Elvis. Afinal ele vinha de Memphis, cidade próxima a Nashville, considerada a capital da country music nos Estados Unidos. Ele estava mais à vontade do que nunca com as canções, embora soubesse também que aquele tipo de música era no fundo apenas a visão de Hollywood sobre o estilo musical que tanto conhecia. Elvis porém era um cantor profissional e resolveu dar o melhor de si para o material previamente produzido pelos estúdios da Fox.

Praticamente tudo foi gravado em apenas uma sessão de gravação realizada no dia 24 de agosto de 1956. As músicas não foram produzidas por Steve Sholes, o produtor de Elvis na RCA, mas sim por Lionel Newman, outro contratado da Fox. Esse dispensou a banda de Elvis e ele teve que gravar pela primeira vez sem estar ao lado de seus músicos habituais. Scotty Moore, Bill Black e cia, ficaram de fora. Ele não gostou dessa mudança, porém não quis criar problemas. Mais tarde Elvis iria impor sua vontade, determinando que sua banda o acompanhasse nas trilhas sonoras, mesmo em Hollywood.

Outro aspecto digno de nota é que havia uma seleção de poucas músicas. No máximo Elvis teria que gravar apenas cinco canções para o filme. E isso descartava a edição de um LP por parte da RCA Victor. Um álbum teria que ter no mínimo dez canções, o que não era o caso aqui. No filme seguinte de Elvis, intitulado "Loving You", a RCA iria misturar as músicas do filme original com outras canções gravadas por Elvis em estúdio, mas sem ligação com a trilha sonora do filme que daria título ao novo disco. Só que para "Love Me Tender" isso não foi penado a tempo e as músicas chegaram aos fãs no formato de compacto duplo (conhecido como EP, nos Estados Unidos). 

A música mais importante do filme foi justamente daquela que lhe deu título. Claro que estamos falando do clássico "Love Me Tender", até hoje uma das músicas mais conhecidas da carreira de Elvis. No Brasil o filme recebeu o nome de "Ama-me com Ternura". O titulo original do filme era "The Reno Brothers", faroeste sem grande importância, estilo B da Fox, que nunca teria entrado na história se não fosse pela primeira participação de Elvis Presley no cinema. A história se passava durante o final da guerra civil norte-americana e tratava da delicada disputa de uma mulher por dois irmãos. Vance Reno (Richard Egan) voltava do campo de batalha e descobria, estarrecido, que sua antiga namorada Cathy (Debra Paget) estava agora casada com seu irmão mais novo Clint Reno (Elvis). E isso só havia acontecido porque todos estavam convencidos que ele havia morrido no campos de algodão do sul, lutando contra os exércitos da União. Já imaginou a confusão? O roteiro girava em torno desse triângulo amoroso familiar. Elvis, muito novo e com os cabelos ainda bem próximos de sua tonalidade natural, não comprometeu em nenhum momento, mesmo sendo sua estreia como ator. Quando lançado em 1956, "Love Me Tender" se tornou um tremendo sucesso de bilheteria.

Elvis mostrou que era um nome quente não só no mundo musical, como também na tela grande. Muitos fãs inclusive foram em peso na semana anterior ao lançamento oficial do filme apenas para assistir ao trailer que mostrava pequenos trechos de Elvis cantando! O disco acompanhou o sucesso do filme. A trilha foi lançada em um compacto duplo com "We're Gonna Move", "Let Me" e "Poor Boy" todas de autoria de Elvis Presley e Vera Matson. Era o inicio de uma carreira cinematográfica que iria contar com mais de trinta filmes. 

A canção "Love Me Tender", por sua vez, foi gravada em agosto de 1956 nos estúdios I da 20th Century Fox em Hollywood e lançada um mês depois em single com "Any Way You Want Me" no lado B, chegando ao primeiro lugar da Billboard na primeira semana. Elvis não contou com sua banda tradicional, os Blue Moon Boys, pois o estúdio não tinha contrato com eles e sim com músicos determinados pelo estúdio cinematográfico da Fox. Músicos profissionais do cast fixo da companhia. Mesmo um pouco fora do ambiente que lhe era familiar, Elvis, ao lado de Darby, produziu "Love me Tender" e lhe deu um arranjo bastante simples, porém muito eficiente, sentimental e belo.

Depois de registrar sua participação no estúdio Elvis aproveitou a oportunidade de se apresentar no The Ed Sullivan Show em 9 de setembro para promover a música e o filme. O sucesso foi imediato e Elvis foi assistido por mais de 50 milhões de americanos. 82,6% dos televisores dos EUA estavam sintonizados nele naquela noite. A nação parou para assistir Elvis interpretar "Love Me Tender", um recorde que só foi quebrado depois pelo assassinato do presidente Kennedy e pela apresentação em 1964 dos Beatles no mesmo programa. Tamanha repercussão levou rapidamente o disco a se tornar o primeiro da história a ter 1 milhão de cópias pré-vendidas, graças à expectativa gerada em torno de seu lançamento. Um marco na carreira de Elvis e uma das canções mais identificadas com sua imagem. Um ícone romântico da cultura musical dos Estados Unidos, baseada na velha música "Aura Lee" em inspirada adaptação do maestro Ken Darby.

Um aspecto curioso sobre esse filme é que o personagem que foi interpretado por Elvis, chamado Clint Reno, foi escrito originalmente no roteiro como sendo um adolescente, na faixa entre 16 a 17 anos de idade. E quando Elvis o interpretou ele já era um adulto, com 21 anos! Algumas mudanças pontuais no roteiro foram feitas, durante as filmagens, mas nem tudo foi mudado. Muitas atitudes e sentimentos de Clint Reno continuaram a ser de um jovem adolescente. E isso também se refletia em algumas músicas que tinham mesmo uma sonoridade bem juvenil. Afinal Elvis era o ídolo jovem mais amado da América naquele momento histórico. 

A música "Poor Boy" ia justamente por esse caminho. Embora haja muitos que não gostem da faixa, eu aprecio ela por sua singeleza. Também poderia ser encarada como uma espécie de canção-tema do personagem Clint Reno, afinal o que era ele a não ser um pobre rapaz do campo, pego de surpresa em sua própria adolescência por uma das mais sangrentas guerras da história dos Estados Unidos, a guerra civil. Um conflito que havia destruído sua família, afinal seu irmão mais velho era dado como morto no campo de batalha. 

Para muitos "Poor Boy" era apenas uma música bobinha e sem conteúdo, um country fabricado em Hollywood e sem o selo de qualidade Nashville. Mas tirando toda a diversidade de opiniões, "Poor Boy" é apenas uma canção que cumpre sua função de forma eficiente durante o filme. Dá uma chance a Elvis para mostrar uma boa apresentação e cantar de forma descontraída. 

Essa canção, assim como todas as outras dessa trilha sonora, embora tenham sidos creditadas à autoria da dupla Elvis Presley / Vera Matson, não foram compostas por eles. Elvis praticamente nunca escrevia as músicas que cantava e seu nome foi incluído apenas para que ele participasse nos royalties da canção (Essa aliás era uma atitude bastante comum durante os anos 50). Já Vera Matson que aparece nos créditos das canções ao lado de Elvis era a esposa de Ken Darby, diretor musical da Fox. Por problemas autorais ele resolveu colocar o nome de sua mulher para dividir os créditos da canção, que inclusive foi inteiramente composta por ele dentro do departamento de música do estúdio.

Elvis se decepcionou durante as filmagens desse filme porque ele havia se apaixonado pela atriz Debra Paget e ela acabou dando um fora nele. O fato é que Elvis estava vivendo um sonho de ser um ator de cinema. Para um rapaz pobre que havia sido lanterninha alguns anos atrás e que era apaixonado pela sétima arte, realmente era algo de outro mundo. Já sua parceira no filme era uma pessoa mais pé no chão, realista. Ela sabia que como atriz para subir na carreira ela tinha que se relacionar com os homens certos, os figurões da indústria. Assim Elvis que não era nada disso acabou dançando sozinho. 

De qualquer forma Elvis iria logo encontrar sua namorada ideal para aqueles anos. Era uma loirinha baixinha, mas muito bonita e bem feita de corpo chamada Anita Wood. Elvis a conheceu bem depois do fim das filmagens de Love Me Tender e ficou anos ao seu lado. Anita começou como locutora de rádio em um programa feito para adolescentes de Memphis na estação local. Depois se destacou em outro programa, só que na TV, onde organizava um grande salão de dança com os jovens de sua cidade. Foi ali que Elvis a conheceu e como sempre acontecia, foi amor á primeira vista. 

Todo esse romantismo chegaria em suas novas gravações, se bem que no meio da country music made in Hollywood da trilha sonora do filme também podíamos encontrar esse tipo de sentimento. "Let Me" pode ser citada como exemplo. Das músicas que vieram para coadjuvar "Love Me Tender" no compacto duplo essa é a que melhor se saiu bem. 

Vagamente lembrando "Poor Boy", "Let Me" é divertida, bem executada e dançante. Mas o melhor mesmo é a cena de Elvis no filme, numa performance memorável (mesmo que mal captada pelo diretor do filme, talvez propositadamente!). Um prazer ouvir e ver Elvis cantando essa canção, na flor da idade, com o futuro promissor pela frente. Impossível ficar indiferente ao seu ritmo alegre e de bom astral. Além disso o vocal de Elvis está simplesmente impagável. A cena do filme é ótima, quando ele a canta em um pequeno palco, durante uma feira de gado. Registro nota 10 de um Elvis Presley que ainda estava apenas começando a ganhar o mundo.

Então chegamos na última musica dessa curta trilha sonora da carreira de Elvis, a primeira de sua discografia. Trata-se da faixa intitulada "We're Gonna Move". Essa canção foi baseada numa marchinha muito popular entre os soldados confederados durante a guerra civil americana. Outra interessante adaptação de Ken Darby. De fato ele foi chamado às pressas e teve que se virar para compor uma trilha sonora em cima da hora. Como não havia muito tempo mesmo para escrever material inédito, ele resolveu adaptar algumas canções folclóricas da época da guerra como "Aura Lee" (Love Me Tender) e essa que era conhecida pelos confederados como "There's a Leak in this Old Building".

Até que se encaixou muito bem na trilha sonora. O ritmo bem marcante trouxe uma boa oportunidade para Elvis mostrar seu rebolado numa cena do filme. Além disso todos associavam Elvis a esse estilo vibrante, de puro movimento, que era o Rock em seus primórdios. Só que o sabor dessa faixa, como de muitas outras da trilha, era de country music. E também por essa razão essa música nunca se tornou um sucesso. Se formos pensar bem apenas "Love Me Tender" virou um hit, um sucesso. As demais canções não saíram do contexto do próprio filme. 

Quando a Fox trouxe Elvis para os sets de filmagens em 1956 houve até um certo debate sobre os rumos que o filme iria seguir a partir de sua entrada. Para o diretor Richard D. Webb o filme deveria seguir o roteiro original, ou seja, nada de músicas e nem destaque especial para Elvis, que no fundo iria apenas interpretar um mero papel coadjuvante. O filme de certa maneira iria servir mesmo como um teste para que o estúdio tomasse conhecimento se Elvis iria ou não funcionar no cinema. 

Mas sua opinião foi atropelada pela repercussão que Elvis estava tendo na mídia da época. Era praticamente impossível ignorar a presença de Presley no filme. Além do mais os fãs não iriam aceitar que o filme não tivessem músicas. Por ordens vindas da direção da Fox tudo mudou. O roteiro, antes melodramático e soturno, foi jogado para o alto e em seu lugar foi acrescentado várias cenas com Elvis cantando e exercendo seu direito óbvio de se destacar no elenco! O resultado então foi essa trilha sonora que apesar de não ser muito conhecida (tirando a música tema, claro!) também tem seu espaço dentro da vasta discografia de trilhas sonoras da carreira do cantor. 

Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 1
Toda a trilha sonora do filme "Ama-me com Ternura" (Love Me Tender, EUA, 1956) foi lançada originalmente em compacto duplo. Todas as faixas foram providenciadas pelos estúdios Fox e depois repassadas para a RCA Victor, a gravadora que tinha contrato de exclusividade com Elvis na época. O interessante é que praticamente todo o material foi composto pelo diretor musical do estúdio Fox, o maestro e arranjador Ken Darby (que não aparecia nos créditos).

Como o filme era um faroeste ao velho estilo, todas as canções tiveram de uma maneira ou outra um sabor Country and Western. Claro, esse tipo de sonoridade não soava estranha a Elvis. Afinal ele vinha de Memphis, cidade próxima a Nashville, considerada a capital da country music nos Estados Unidos. Ele estava mais à vontade do que nunca com as canções, embora soubesse também que aquele tipo de música era no fundo apenas a visão de Hollywood sobre o estilo musical que tanto conhecia. Elvis porém era um cantor profissional e resolveu dar o melhor de si para o material previamente produzido pelos estúdios da Fox.

Praticamente tudo foi gravado em apenas uma sessão de gravação realizada no dia 24 de agosto de 1956. As músicas não foram produzidas por Steve Sholes, o produtor de Elvis na RCA, mas sim por Lionel Newman, outro contratado da Fox. Esse dispensou a banda de Elvis e ele teve que gravar pela primeira vez sem estar ao lado de seus músicos habituais. Scotty Moore, Bill Black e cia, ficaram de fora. Ele não gostou dessa mudança, porém não quis criar problemas. Mais tarde Elvis iria impor sua vontade, determinando que sua banda o acompanhasse nas trilhas sonoras, mesmo em Hollywood.

Outro aspecto digno de nota é que havia uma seleção de poucas músicas. No máximo Elvis teria que gravar apenas cinco canções para o filme. E isso descartava a edição de um LP por parte da RCA Victor. Um álbum teria que ter no mínimo dez canções, o que não era o caso aqui. No filme seguinte de Elvis, intitulado "Loving You", a RCA iria misturar as músicas do filme original com outras canções gravadas por Elvis em estúdio, mas sem ligação com a trilha sonora do filme que daria título ao novo disco. Só que para "Love Me Tender" isso não foi penado a tempo e as músicas chegaram aos fãs no formato de compacto duplo (conhecido como EP, nos Estados Unidos). 

Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 2
A música mais importante do filme foi justamente daquela que lhe deu título. Claro que estamos falando do clássico "Love Me Tender", até hoje uma das músicas mais conhecidas da carreira de Elvis. No Brasil o filme recebeu o nome de "Ama-me com Ternura". O titulo original do filme era "The Reno Brothers", faroeste sem grande importância, estilo B da Fox, que nunca teria entrado na história se não fosse pela primeira participação de Elvis Presley no cinema. A história se passava durante o final da guerra civil norte-americana e tratava da delicada disputa de uma mulher por dois irmãos. Vance Reno (Richard Egan) voltava do campo de batalha e descobria, estarrecido, que sua antiga namorada Cathy (Debra Paget) estava agora casada com seu irmão mais novo Clint Reno (Elvis). E isso só havia acontecido porque todos estavam convencidos que ele havia morrido no campos de algodão do sul, lutando contra os exércitos da União. Já imaginou a confusão? O roteiro girava em torno desse triângulo amoroso familiar. Elvis, muito novo e com os cabelos ainda bem próximos de sua tonalidade natural, não comprometeu em nenhum momento, mesmo sendo sua estreia como ator. Quando lançado em 1956, "Love Me Tender" se tornou um tremendo sucesso de bilheteria.

Elvis mostrou que era um nome quente não só no mundo musical, como também na tela grande. Muitos fãs inclusive foram em peso na semana anterior ao lançamento oficial do filme apenas para assistir ao trailer que mostrava pequenos trechos de Elvis cantando! O disco acompanhou o sucesso do filme. A trilha foi lançada em um compacto duplo com "We're Gonna Move", "Let Me" e "Poor Boy" todas de autoria de Elvis Presley e Vera Matson. Era o inicio de uma carreira cinematográfica que iria contar com mais de trinta filmes. 

A canção "Love Me Tender", por sua vez, foi gravada em agosto de 1956 nos estúdios I da 20th Century Fox em Hollywood e lançada um mês depois em single com "Any Way You Want Me" no lado B, chegando ao primeiro lugar da Billboard na primeira semana. Elvis não contou com sua banda tradicional, os Blue Moon Boys, pois o estúdio não tinha contrato com eles e sim com músicos determinados pelo estúdio cinematográfico da Fox. Músicos profissionais do cast fixo da companhia. Mesmo um pouco fora do ambiente que lhe era familiar, Elvis, ao lado de Darby, produziu "Love me Tender" e lhe deu um arranjo bastante simples, porém muito eficiente, sentimental e belo.

Depois de registrar sua participação no estúdio Elvis aproveitou a oportunidade de se apresentar no The Ed Sullivan Show em 9 de setembro para promover a música e o filme. O sucesso foi imediato e Elvis foi assistido por mais de 50 milhões de americanos. 82,6% dos televisores dos EUA estavam sintonizados nele naquela noite. A nação parou para assistir Elvis interpretar "Love Me Tender", um recorde que só foi quebrado depois pelo assassinato do presidente Kennedy e pela apresentação em 1964 dos Beatles no mesmo programa. Tamanha repercussão levou rapidamente o disco a se tornar o primeiro da história a ter 1 milhão de cópias pré-vendidas, graças à expectativa gerada em torno de seu lançamento. Um marco na carreira de Elvis e uma das canções mais identificadas com sua imagem. Um ícone romântico da cultura musical dos Estados Unidos, baseada na velha música "Aura Lee" em inspirada adaptação do maestro Ken Darby.

Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 3
Um aspecto curioso sobre esse filme é que o personagem que foi interpretado por Elvis, chamado Clint Reno, foi escrito originalmente no roteiro como sendo um adolescente, na faixa entre 16 a 17 anos de idade. E quando Elvis o interpretou ele já era um adulto, com 21 anos! Algumas mudanças pontuais no roteiro foram feitas, durante as filmagens, mas nem tudo foi mudado. Muitas atitudes e sentimentos de Clint Reno continuaram a ser de um jovem adolescente. E isso também se refletia em algumas músicas que tinham mesmo uma sonoridade bem juvenil. Afinal Elvis era o ídolo jovem mais amado da América naquele momento histórico. 

A música "Poor Boy" ia justamente por esse caminho. Embora haja muitos que não gostem da faixa, eu aprecio ela por sua singeleza. Também poderia ser enccarada como uma espécie de canção-tema do personagem Clint Reno, afinal o que era ele a não ser um pobre rapaz do campo, pego de surpresa em sua própria adolescência por uma das mais sangrentas guerras da história dos Estados Unidos, a guerra civil. Um conflito que havia destruído sua família, afinal seu irmão mais velho era dado como morto no campo de batalha. 

Para muitos "Poor Boy" era apenas uma música bobinha e sem conteúdo, um country fabricado em Hollywood e sem o selo de qualidade Nashville. Mas tirando toda a diversidade de opiniões, "Poor Boy" é apenas uma canção que cumpre sua função de forma eficiente durante o filme. Dá uma chance a Elvis para mostrar uma boa apresentação e cantar de forma descontraída. 

Essa canção, assim como todas as outras dessa trilha sonora, embora tenham sidos creditadas à autoria da dupla Elvis Presley / Vera Matson, não foram compostas por eles. Elvis praticamente nunca escrevia as músicas que cantava e seu nome foi incluído apenas para que ele participasse nos royalties da canção (Essa aliás era uma atitude bastante comum durante os anos 50). Já Vera Matson que aparece nos créditos das canções ao lado de Elvis era a esposa de Ken Darby, diretor musical da Fox. Por problemas autorais ele resolveu colocar o nome de sua mulher para dividir os créditos da canção, que inclusive foi inteiramente composta por ele dentro do departamento de música do estúdio.

Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 4
Elvis se decepcionou durante as filmagens desse filme porque ele havia se apaixonado pela atriz Debra Paget e ela acabou dando um fora nele. O fato é que Elvis estava vivendo um sonho de ser um ator de cinema. Para um rapaz pobre que havia sido lanterninha alguns anos atrás e que era apaixonado pela sétima arte, realmente era algo de outro mundo. Já sua parceira no filme era uma pessoa mais pé no chão, realista. Ela sabia que como atriz para subir na carreira ela tinha que se relacionar com os homens certos, os figurões da indústria. Assim Elvis que não era nada disso acabou dançando sozinho. 

De qualquer forma Elvis iria logo encontrar sua namorada ideal para aqueles anos. Era uma loirinha baixinha, mas muito bonita e bem feita de corpo chamada Anita Wood. Elvis a conheceu bem depois do fim das filmagens de Love Me Tender e ficou anos ao seu lado. Anita começou como locutora de rádio em um programa feito para adolescentes de Memphis na estação local. Depois se destacou em outro programa, só que na TV, onde organizava um grande salão de dança com os jovens de sua cidade. Foi ali que Elvis a conheceu e como sempre acontecia, foi amor á primeira vista. 

Todo esse romantismo chegaria em suas novas gravações, se bem que no meio da country music made in Hollywood da trilha sonora do filme também podíamos encontrar esse tipo de sentimento. "Let Me" pode ser citada como exemplo. Das músicas que vieram para coadjuvar "Love Me Tender" no compacto duplo essa é a que melhor se saiu bem. 

Vagamente lembrando "Poor Boy", "Let Me" é divertida, bem executada e dançante. Mas o melhor mesmo é a cena de Elvis no filme, numa performance memorável (mesmo que mal captada pelo diretor do filme, talvez propositadamente!). Um prazer ouvir e ver Elvis cantando essa canção, na flor da idade, com o futuro promissor pela frente. Impossível ficar indiferente ao seu ritmo alegre e de bom astral. Além disso o vocal de Elvis está simplesmente impagável. A cena do filme é ótima, quando ele a canta em um pequeno palco, durante uma feira de gado. Registro nota 10 de um Elvis Presley que ainda estava apenas começando a ganhar o mundo.

Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 5
Então chegamos na última musica dessa curta trilha sonora da carreira de Elvis, a primeira de sua discografia. Trata-se da faixa intitulada "We're Gonna Move". Essa canção foi baseada numa marchinha muito popular entre os soldados confederados durante a guerra civil americana. Outra interessante adaptação de Ken Darby. De fato ele foi chamado às pressas e teve que se virar para compor uma trilha sonora em cima da hora. Como não havia muito tempo mesmo para escrever material inédito, ele resolveu adaptar algumas canções folclóricas da época da guerra como "Aura Lee" (Love Me Tender) e essa que era conhecida pelos confederados como "There's a Leak in this Old Building".

Até que se encaixou muito bem na trilha sonora. O ritmo bem marcante trouxe uma boa oportunidade para Elvis mostrar seu rebolado numa cena do filme. Além disso todos associavam Elvis a esse estilo vibrante, de puro movimento, que era o Rock em seus primórdios. Só que o sabor dessa faixa, como de muitas outras da trilha, era de country music. E também por essa razão essa música nunca se tornou um sucesso. Se formos pensar bem apenas "Love Me Tender" virou um hit, um sucesso. As demais canções não saíram do contexto do próprio filme. 

Quando a Fox trouxe Elvis para os sets de filmagens em 1956 houve até um certo debate sobre os rumos que o filme iria seguir a partir de sua entrada. Para o diretor Richard D. Webb o filme deveria seguir o roteiro original, ou seja, nada de músicas e nem destaque especial para Elvis, que no fundo iria apenas interpretar um mero papel coadjuvante. O filme de certa maneira iria servir mesmo como um teste para que o estúdio tomasse conhecimento se Elvis iria ou não funcionar no cinema. 

Mas sua opinião foi atropelada pela repercussão que Elvis estava tendo na mídia da época. Era praticamente impossível ignorar a presença de Presley no filme. Além do mais os fãs não iriam aceitar que o filme não tivessem músicas. Por ordens vindas da direção da Fox tudo mudou. O roteiro, antes melodramático e soturno, foi jogado para o alto e em seu lugar foi acrescentado várias cenas com Elvis cantando e exercendo seu direito óbvio de se destacar no elenco! O resultado então foi essa trilha sonora que apesar de não ser muito conhecida (tirando a música tema, claro!) também tem seu espaço dentro da vasta discografia de trilhas sonoras da carreira do cantor. 

Elvis Presley - Love Me Tender / Anyway You Want Me Elvis encerrou sua participação com chave de ouro em “Love Me Tender” com o lançamento desse single que rapidamente foi para a primeira posição da Billboard. Era o coroamento de um projeto que havia dado muito certo em todos os setores de mercado, na parada musical e nas bilheterias de cinema. Havia um compacto duplo com a trilha sonora vendendo muito bem, um filme fazendo bonito nas bilheterias e muita repercussão na mídia. O single também virou um êxito pois afinal era bem mais barato e em conta do que o compacto duplo (que custava o dobro, obviamente). Por essa época Elvis estava em todos os lugares, no cinema, na TV, nas revistas, nos jornais. Esse foi um dos momentos de maior popularidade de sua carreira. Não é para menos, poucos meses depois de ter assinado com a RCA Victor, Elvis já havia se tornado um fenômeno popular. Os executivos da gravadora estavam gratificados por seu sucesso. Nenhum outro nome naquele momento trazia mais lucro para a multinacional do que ele. E para surpresa de muitos, Elvis era, naquele momento, com apenas 21 anos de idade, o cantor mais popular do mundo!

O clássico romântico "Love Me Tender" foi usado como música tema de seu primeiro filme em Hollywood. Era um western passado durante a guerra civil norte-americana. Elvis interpretava o jovem irmão de um soldado que havia sido dado como morto em combate. Com isso ele se casava com sua noiva. Só que ao contrário do que todos pensavam ele não estava morto, voltando para casa, encontrando essa situação no mínimo incômoda. A canção foi gravada nos estúdios da Fox. Elvis não foi nessa ocasião acompanhado de sua banda tradicional, mas sim de músicos contratados pela companhia cinematográfica, algo que faria pouca diferença, uma vez que em termos de arranjo ela era bem simples, acústica, praticamente voz e violão. A diferença só seria notada mesmo nas demais canções da trilha sonora, que tinham um sabor bem country and western, para combinar com a temática do filme, um faroeste ao velho estilo. 

Além do hit “Love Me Tender” o lado B trazia uma bem-vinda canção inédita para os fãs, a balada “Anyway You Want Me”. A música apostava no sentimento, com uma letra bem romântica e arranjo melódico. A guitarra chorosa de Scotty Moore acabou virando a marca registrada da canção sendo imitada depois em lançamentos de outros artistas. “Anyway You Want Me” havia sido gravada na mesma sessão de “Hound Dog” e “Don´t Be Cruel” e arquivada para ser lançada em um momento adequado. Nota-se inclusive até mesmo uma certa estafa na voz de Elvis. Também não poderia ser diferente, pois nessa mesma noite ele tinha trabalhado duro para chegar nas versões definitivas de "Don't Be Cruel" e "Hound Dog" (sendo que essa última teve mais de 30 takes gravados!).

Mesmo com pouco fôlego, Elvis registrou essa balada e deu por encerrada a sessão. Depois de ser lançada no single, a canção ainda voltaria ao mercado poucas semanas depois. Não contente, a RCA ainda a lançaria em mais um compacto duplo chamado justamente de “Anyway You Want Me” com várias reprises como "I'm Left You're Right She's Gone", "I Don't Care If The Sun Don't Shine" e "Mystery Train". Era a RCA seguindo o conselho do Coronel Parker de sempre faturar duas ou mais vezes com as mesmas músicas. A velha raposa definitivamente não brincava em serviço e fazia escola por onde passava. No saldo final o single “Love Me Tender” vendeu cinco milhões de cópias,  se tornando o segundo maior sucesso de Elvis naquele ano, ficando atrás apenas de “Hound Dog / Don´t Be Cruel". Nada mal para quem havia surgido no começo do ano apenas como uma promessa! No final das contas 1956 havia se tornado o grande ano de Elvis Presley.

Love Me Tender (Vera Matson - Elvis Presley) / (Elvis Presley Music, BMI) 2:41 - Data de gravação: 24 de agosto de 1956 - Local: 20th Century Fox Stage 1, Hollywood / Elvis Presley (vocal e violão) / Vito Mumolo (guitarra) / Mike Rubin (baixo) / Richard Cornell (bateria) / Luther Rountree (banjo) / Dom Frontieri e Carl Fortina (acordeon) / Rad Robinson (vocal) / Jon Dodson (vocal) / Charles Prescott (vocal) / Arranjado por Ken Darby e Elvis Presley / Produzido por Ken Darby / Anyway You Want Me (A. Schroeder / C. Owens) / (Chappel & Co, Inc, Rachel's Own Music, ASCAP) 2:13 - Data de gravação: 02 de julho de 1956 - Local: RCA Studios, Nova Iorque / Músicos: Elvis Presley (vocal e violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), DJ Fontana (bateria), Shorty Long (piano), Gordon Stoker (piano em "Hound Dog"), The Jordanaires (vocais de apoio) / Engenheiro de Som: Ernie Ulrich / Produção: Steve Sholes / Data de lançamento: setembro de 1956/ Melhor posição alcançada nas paradas: EUA #1 e UK #11

Elvis Presley - Love Me Tender - Ama-me Com Ternura 
Elvis entrou em "Love Me Tender" sem nunca ter atuado antes na vida. Nem um curso de arte dramática, nem aulas de teatro, nada. Hollywood queria saber se ele conseguia segurar as pontas, se conseguia pelo menos não decepcionar em cena. O resultado acabou sendo melhor do que esperavam. Elvis foi ajudado pelos atores e atrizes do elenco, além da sempre presença do diretor Robert D. Webb, que estava sempre ao lado do novato, lhe dando instruções, mostrando a marcação da cena, etc. Foi mesmo um aprendizado na prática, sem teoria, sem preparação técnica nenhuma.

E o roteiro até tinha sua carga dramática. Claro, o filme poderia ser enquadrado tranquilamente como um faroeste B da Fox, mas isso era apenas uma visão um pouco limitada de tudo. O enredo era até muito bom. Dois irmãos. Um mais jovem ficava no rancho da família, cuidando das mulheres e do trabalho do dia a dia. O outro ia para o campo de batalha, lutar na guerra civil americana. Depois de alguns meses chegava a notícia de sua morte. O irmão mais jovem então se casava com a noiva do irmão mais velho, agora dado como morto. Só que essa era uma informação falsa. Ele ainda estava vivo. O que fazer quando ele retornasse da guerra? Como se vê é um bom ponto de partida dramático. Elvis interpretava o jovem Reno e  Richard Egan o irmão mais velho que retornava. A noiva era a bela Debra Paget.

O filme foi produzido em preto e branco. Já havia cinema em cores na época, porém esse novo sistema era exclusivo para as grande produções. Para um faroeste de rotina como "Love Me Tender" isso era um luxo desnecessário. Esse e "King Creole" foram os únicos filmes de Elvis lançados em fotografia preto e branco, dos velhos tempos de Hollywood. Confesso que há um certo charme nostálgico envolvido, principalmente para quem aprecia as produções da era clássica do cinema americano. O filme de uma maneira em geral não decepciona. Obviamente ele jamais foi esquecido pelo simples fato de trazer um Elvis Presley jovem e no começo de sua carreira. Porém mesmo que não fosse esse o caso, "Ama-me com Ternura" também teria seus méritos próprios.

Ama-me com Ternura (Love Me Tender, Estados Unidos, 1956) Direção: Robert D. Webb / Roteiro: Robert Buckner, Maurice Geraghty / Elenco: Richard Egan, Debra Paget, Elvis Presley / Sinopse: Por um acaso do destino dois irmãos acabam disputando o amor de uma mesma mulher em uma nação devastada pela guerra civil americana.

Pablo Aluísio. 

 
Elvis Presley - Love Me Tender - Edição FTD 
Verdade seja dita: não havia mesmo muito material para compor esse novo título do selo FTD. Pense bem. O filme "Love Me Tender" contou apenas com quatro músicas: "Love Me Tender", "Let Me", "Poor Boy" e "We're Gonna Move". Elas foram compostas meio às pressas depois que o estúdio resolveu colocar Elvis para cantar nesse western que havia sido escrito inicialmente sem qualquer tipo de número musical. Assim o produtor Ernst Jorgensen tinha a complicada tarefa de compor um CD duplo com esse escasso material disponível. Para tanto ele acabou fazendo o que era previsível: encher linguiça. Analise bem o material que está aqui. Ernst precisou recorrer a gravações que nada tinham a ver com o filme para completar o lançamento. Assim ele, sem critério algum diga-se de passagem, enfiou no CD 2 as canções "Heartbreak Hotel", "Long Tall Sally", "I Was The One", "I Want You, I Need You, I love You", "I Got A Woman", "Don't Be Cruel", "Ready Teddy", "Hound Dog", "Don't Be Cruel", "Blue Suede Shoes" e "Baby Let's Play House". O que essas faixas tem a ver com "Love Me Tender", o filme? Nada! Claro que muitos vão dizer que a inclusão dessas canções gravadas em Tupelo em setembro de 1956 são importantes do ponto de vista histórico e que o concerto foi realizado no calor do lançamento do filme, mas nem isso justifica a inclusão delas em um título dedicado à trilha sonora do filme "Ama-me Com Ternura". Que tivessem sido lançadas em um CD próprio, com temática própria, e não pegando carona em "Love Me Tender" como foi feito por aqui.

Por essa razão é desnecessária a feitura de um CD duplo. Um lançamento simples e mais bem organizado seria muito mais bem-vindo. Além disso seria mais comercialmente viável, com preço mais justo. A FTD aqui quis realmente vender gato por lepre, inventando um CD duplo, sem material para tanto, com o único objetivo de vender um produto mais caro para o colecionador. Bola fora de Ernst Jorgensen. Para não dizer que o CD 2 é um desperdício completo podemos pelo menos elogiar as entrevistas presentes lá com o próprio Elvis, seus pais (Vernon e Gladys) e curiosamente um bate papo rápido realizado com o ator Nick Adams, figura muito presente na vida de Elvis na época, uma aproximação tão constante que chegou ao ponto de criar boatos de que o cantor tinha uma "amizade colorida" com o colega ator de Hollywood. Foi um dos poucos boatos envolvendo homossexualidade e Elvis que teve alguma repercussão a longo prazo. Bobagens à parte não deixe de ser curioso ouvir sua voz ecoando aqui novamente, dando sua opinião sobre Elvis e o seu futuro no cinema (algo que os anos iriam revelar ter sido mesmo uma má ideia por parte do astro e seu empresário Tom Parker). Por falar nele, só faltou mesmo o Coronel dando entrevistas, mas claro que isso ele não faria de graça para ninguém.

FTD Love Me Tender
CD-1 - Masters and outtakes: Love Me Tender / Let Me / Poor Boy / We're Gonna Move / Love Me Tender (end-title) / The Truth About Me / We're Gonna Move (take 4) / We're Gonna Move (take 9)  / Poor Boy (take 3) / Poor Boy [remake S20] (take 1*) / Poor Boy [S31] (VO 6) / Let Me (VO #3*) / Let Me (VO #4*) / Love Me Tender (stereo) / Let Me (stereo) / Poor Boy (stereo) / We're Gonna Move (stereo) / The Truth About Me Interview. / CD-2: Tupelo, Sept 26 1956 / Heartbreak Hotel / Long Tall Sally / Indroductions / I Was The One / I Want You, I Need You, I love You / Elvis talks / I Got A Woman / Don't Be Cruel / Ready Teddy / Love Me Tender / Hound Dog / Interview -Vernon and Gladys Prelsey / Interview -  Nick Adams / Interview - Judy Hopper / Interview - Elvis / Love Me Tender / I Was The One / I Got A Woman / Announcement / Don't Be Cruel / Blue Suede Shoes / Announcement / Baby Let's Play House / Hound Dog.  / * Faixas inéditas.

Pablo Aluísio. Elvis Presley - Elvis e Debra Paget 
Quando Elvis foi para Hollywood ele mal podia acreditar no que estava acontecendo. Não fazia muito tempo que ele trabalhava como lanterninha de cinema e agora, vejam só, ele estava prestes a iniciar um filme! Claro que seu papel era coadjuvante e seu nome só apareceria após os de Richard Egan e Debra Paget. A produção também não era lá essas coisas, era um western B da Fox sem grande orçamento ou repercussão. Para Elvis porém isso não importava, o que importava mesmo era que ele estava começando uma nova fase em sua vida, tão parecida com os seus ídolos da juventude que tudo o deixava maravilhado e feliz. No fundo Love Me Tender nada mais era do que um teste do produtor Hal Wallis para saber se Elvis daria certo nas telas. De fato ele não era ator, nunca havia representado na vida, e havia muitas dúvidas se poderia realmente convencer como ator.

Embora não fosse um profissional da área Elvis se dedicou com afinco. Estudou e leu o roteiro de ponta a ponta e em pouco tempo decorou todas as suas falas. Sua empolgação era tamanha que logo ele acabou também decorando os textos dos demais atores do filme. O script estava na ponta da língua mas obviamente atuar não se resume a apenas decorar suas falas mas também passar verossimilhança em sua atuação. Para ajudar em seu amadorismo e falta de experiência nas filmagens Elvis acabou contando com a ajuda muito preciosa da atriz Debra Paget. Ela era uma jovem intérprete que assim como Elvis também procurava seu lugar ao sol e quem sabe alcançar os picos da glória, almejando um dia ter a fama de uma Elizabeth Taylor. Paget aliás adorava Taylor e considerava sua carreira um espelho a seguir. Tão admiradora era do trabalho da colega que quase sempre pintava seus cabelos numa tonalidade bem escura, preto ao máximo, da mesma cor que Liz. Mas o fato era que a competição em Hollywood era atroz.

Debra já tinha um bom caminho percorrido quando contracenou com Elvis em Love Me Tender. Desde os 15 anos essa jovem de Denver, Colorado, vinha tentando emplacar no mundo da TV e cinema. Embora talentosa nunca conseguiu alcançar o primeiro time de estrelas de Hollywood mas fez bons filmes ao longo da carreira. Na vida pessoal se casou três vezes, inclusive uma com o famoso diretor de filmes de western Budd Boetticher. Ela gostava de homens mais velhos como Budd e Elvis representava o extremo oposto disso pois era jovem, inexperiente e parecia sempre estar deslocado, transparecendo uma agitação e um nervosismo que dava nos nervos de Debra. Mesmo Elvis não fazendo seu tipo Debra acabou se interessando pelo jovem cantor.

Durante muitos anos vários boatos surgiram afirmando que Debra e Elvis tiveram um caso durante as filmagens. Debra aliás foi mais longe e anos depois da morte de Elvis afirmou que ele teria ficado tão apaixonado por ela que a teria pedido em casamento! Verdade ou não? Muitos autores afirmam que tudo não teria passado de um simples e passageiro namorico. A questão era que Elvis era um jovem deslumbrado com a sorte que teve ao ser escalado para fazer filmes de Hollywood e todo o clima, todo o clamor o deixaram impressionado. Além disso a própria atitude e beleza de Debra o deixaram realmente interessado na jovem atriz mas no final das contas Elvis não quis levar adiante o breve romance. Aconselhado por Gladys, sua mãe, ele acabou criando uma mentalidade negativa em relação às garotas com quem trabalhava. Eram independentes e liberais demais para seu gosto pessoal. Na mente de Elvis atrizes eram ideais para pequenas aventuras românticas sem maiores consequências, nada para ser levado à sério.

Com Debra parece ter acontecido justamente isso. Na verdade ela seria a primeira de uma longa lista de envolvimentos de Elvis com suas parceiras de cena, nenhuma delas levadas adiante. Para Elvis a mulher ideal era bem distante de garotas como Debra Paget, independentes e donas de seu nariz. Essas garotas de Hollywood só pensavam em suas carreiras e não em seus namorados e maridos. A mulher deveria ficar do lado esquerdo do homem, perto de seu coração, lhe dando apoio e carinho, não beijando outros atores em filmes. Pois é, era exatamente assim que Elvis pensava e provavelmente foi por isso que ele poucos dias depois colocaria um fim em seu rápido envolvimento com Debra. Pedido de casamento?! Sem dúvida um exagero. Elvis tinha outros planos certamente.

Pablo Aluísio. Elvis Presley - Elvis e Anita Wood Após as coisas esfriarem completamente com Dixie Locke, sua namoradinha de colégio, Elvis ficou alguns meses sem uma “namorada oficial”. Para ele foi muito bom, cada vez mais popular por causa dos shows e apresentações na TV o cantor aproveitou para curtir um pouco de sua fama. Teve flertes com dançarinas, teenagers, tietes e quem mais lhe agradasse e lhe aparecesse pela frente. Ele queria aproveitar sua juventude acima de tudo. As coisas mudariam quando casualmente assistindo ao programa Top 10 Dance Party em um sábado à noite Elvis viu de relance uma das garotas mais bonitas que já tinha visto desde então. Ela era uma das adolescentes que dançavam no programa. Seu nome? Anita Wood.

Quando colocou os olhos em Anita, Elvis quis conhecê-la imediatamente. Para isso designou o gordinho Lamar Fike para descolar o telefone da beldade. Lamar fez um bom trabalho. Conseguiu através de seus contatos o número da garota e sem muitas delongas se apresentou a ela dizendo que Elvis Presley queria lhe encontrar. Atônica e surpresa Anita se desculpou com Lamar e disse que não desmarcaria um encontro que já tinha com outro rapaz para ir ao encontro de Elvis. Imaginem a cara de surpresa de Lamar quando soube disso. Sem pensar duas vezes disparou: “Você está louca?! Nenhuma garota rejeitaria um encontro com Elvis Presley!” Anita não se importou e recusou o encontro. Na realidade ela nem era fã do cantor na época. Esse seu lado durona deixou Elvis ainda mais intrigado em conhecer a espevitada loirinha. Nada atiçava mais seu lado conquistador do que uma garota durona que não lhe dava muita bola. Jovens se atirando aos seus pés não faltavam, mas Elvis queria agora acima de tudo conquistar a jovem dançarina do Top 10 Dance Party.

Elvis não desistiu e colocou o DJ George Klein na tarefa de convencer Anita a lhe encontrar. Lamar Fike também ficou no pé na garota fazendo de cupido pelos dias seguintes. Depois de muita insistência e desencontros finalmente Elvis mandou George e Lamar irem buscar Anita para um encontro reservado com ele. O encontro inicial de Elvis e Anita não poderia ser mais despojado e despretensioso. Elvis a encontrou em seu boteco preferido, um local nos arredores de Memphis que vendia Hambúrgueres e refrigerantes chamado “Crystal Hamburgers”. Apresentações formais foram feitas e depois de um breve bate papo Elvis disparou: “Você gostaria de conhecer minha casa Graceland?” Um convite assim poderia obviamente ser muito ousado para a época, afinal garotas não iam para as casas de rapazes em seu primeiro encontro. Elvis porém foi cuidadoso ao explicar a Anita que vivia com seus pais em Graceland e que eles certamente estariam lá durante a visita. Anita Wood era uma típica garota sulista que prezava muito por sua reputação mas diante das circunstâncias acabou aceitando ir para a casa do cantor famoso.

Anita e Elvis se deram bem imediatamente. Ela tinha tido a mesma educação sulista que ele, gostava das mesmas piadas, tinham gostos parecidos por música e cinema e se entrosaram de uma maneira incrível desde o primeiro encontro. Além disso Anita cultivava uma imagem de moça de família, pura e virgem, que caiu como uma luva no ideal que Gladys imaginava para ser uma boa namorada para Elvis. Anita e Gladys se deram muito bem. Despojada Anita logo no primeiro encontro ajudou a mãe de Elvis com a arrumação da cozinha, ganhando muitos pontos com a futura sogra. Também se deu muito bem com Minnie Mae, a avó de Elvis, que morava com eles desde os tempos de dureza em Tupelo.

Elvis ficou gratificado, tinha a aprovação da família, gostava de Anita, adorava sua presença e em pouco tempo estava completamente apaixonado por ela. Não tardou a Gladys dizer a Elvis que “Anita era uma boa moça para ele”. O começo do namoro com Anita foi tão gratificante para Elvis que ele até parou de correr atrás de outros rabos de saia quando estava na estrada fazendo shows ou gravando discos. Mal chegava em uma nova cidade sempre ligava para as duas pessoas mais importantes para ele na época, Anita e Gladys, para dizer que tinha feito boa viagem e estava tudo bem. O romance em pouco tempo ficou sério e todos ao redor de Elvis acreditavam que mais cedo ou mais tarde ele se casaria com Anita.

Elvis gostava de se referir a Anita como “a minha pequena”. Quando estava em Memphis Anita Wood ficava ao seu lado 24 horas por dia, indo ao cinema, fazendo lanches em seu boteco preferido ou em casa, assistindo filmes e ouvindo música. Anita era presença constante como namorada, companheira e amiga de todas as horas. Depois quando Elvis começou a rodar seus primeiros filmes logo levou Anita com ele para Hollywood. Viviam juntos e continuaram assim por longos seis anos. De fato Anita só deixou Elvis quando esse realmente se decidiu por Priscilla Presley. Quando Elvis conheceu Priscilla na Alemanha ele ficou em uma dúvida incrível sobre qual das duas iria construir uma vida em comum. Embora tenha se apaixonado perdidamente pela adolescente durante seu serviço militar, Elvis não conseguia romper com Anita, tanto que quando voltou aos EUA foi recebido por sua família e Anita no aeroporto.

Depois da volta Anita percebeu que Elvis não era mais o mesmo. Gladys havia falecido alguns meses antes e Presley não conseguia superar essa perda. Para piorar Anita descobriu sobre a existência de Priscilla através de cartas de amor que achou casualmente em Graceland. Além disso o romance de Elvis com Priscilla, a adolescente de 14 anos, foi muito divulgado pela imprensa sendo simplesmente impossível ignorar tal fato. Sem intenções de ser traída por uma adolescente Anita confrontou Elvis durante uma viagem e o clima azedou. Presley ainda tentou amenizar toda a situação afirmando que Priscilla era “apenas uma criança” e o caso “não tinha importância” mas Anita não quis mais saber e colocou um ponto final no longo romance. Ela pensou que Elvis esqueceria sua aventura com Priscilla após retornar aos EUA mas isso efetivamente não aconteceu. Assim ela resolveu colocar um ponto final em seu relacionamento com o cantor. Elvis ficou desolado e com medo de entrar em uma profunda depressão bombardeou Priscilla com telefonemas tentando convencer seus pais a deixa-la vir morar em Graceland, obviamente para ficar no lugar deixado por Anita – Elvis era um homem que detestava ficar sozinho. Anita pegou suas coisas e deixou Graceland definitivamente logo no começo de 1962. Em poucas semanas chegava Priscilla para iniciar um longo caso com Elvis o que culminaria no casamento de ambos cinco anos depois.

O curioso é que Elvis ainda tentou algumas reaproximações com Anita mas foi mal sucedido. Ela estava cansada das traições, das meias verdades e da indefinição de Elvis em relação ao seu romance. O cantor parecia incapaz de partir para o próximo passo natural entre eles que seria logicamente o casamento. Com medo de ficar solteirona ao lado de uma pessoa infiel por natureza, Anita resolveu tocar o barco da sua vida em frente. Conheceu um novo pretendente e se casou com ele alguns anos depois. Só muitos anos depois, quando morava em uma cidadezinha chamada Vicksburg, no Mississippi e que ao ler o jornal matinal Anita soube da morte de Elvis. Ela ficou chocada e triste pelo acontecimento. Apesar de tudo ainda nutria um sentimento de carinho por Elvis.

Ao longo dos anos Anita sempre foi muito discreta sobre os anos que passou ao lado de Elvis Presley, sempre evitando falar sobre o ex namorado famoso mas recentemente abriu algumas exceções, concedendo algumas entrevistas esporádicas. Ela estava decidida quando rompeu com Elvis e nunca mais olhou para trás mas obviamente ficaram as boas lembranças ao lado do antigo namorado. Essas nunca se apagarão.

Pablo Aluísio. Elvis Presley - O Cruzeiro 
Durante as filmagens de Love Me Tender (Ama-me com Ternura no Brasil) Elvis recebeu a presença de Dulce Damasceno de Brito, jornalista correspondente da popular revista "O Cruzeiro". Dulce estava em Hollywood desde 1952 e realizava um jornalismo muito próximo do atual colunismo social. Seus textos sempre focavam no aspecto mais social da indústria americana de cinema.

Por isso ela sempre procurava manter uma aproximação não apenas profissional com seus entrevistados mas também pessoal, de amizade mesmo. Assim se tornou grande amiga e confidente de estrelas da época como a nossa Carmen Miranda, cuja uma de suas últimas entrevistas foi concedida justamente a Dulce.

Também foi essa postura que lhe valeu verdadeiros furos na época de ouro do cinema americano. Avesso a receber jornalistas o ator Marlon Brando abriu uma grande exceção a Dulce, a recebendo em casa para uma entrevista, chegando inclusive ao ponto de deixar seu filho Christian aos seus cuidados pessoais.

Simpática e acessível, pouco à vontade com o jornalismo de fofocas que imperava na capital do cinema Dulce foi formando amigos entre as principais estrelas. Com Elvis manteve uma postura semelhante e encontrou no cantor uma atitude de muita cordialidade, educação (ao melhor estilo sulista) e polidez. Elvis respondeu a tudo com muita simpatia e acessibilidade.

A entrevista girou em torno de amenidades, bem de acordo ao estilo de Dulce. Mal sabia ela que seria a única jornalista brasileira a entrevistar Elvis Presley durante toda sua carreira, um feito e tanto para Dulce e um momento ímpar para os fãs brasileiros do cantor.

Pablo Aluísio. 

domingo, 14 de junho de 2009

Elvis Presley - Elvis Book - Elvis (1956) - Texto II

Elvis (1956) - Discografia Americana
Em relação a esse LP temos algumas curiosidades. A primeira e mais visível é que a RCA Victor não extraiu nenhum single de sua seleção de músicas. Isso significava acima de tudo que a gravadora estava começando a encarar os álbuns de uma maneira completamente diferente. Não é demais lembrar que nos anos 50 a principal fonte de renda de artistas e selos era proveniente da venda dos singles, compactos simples, com apenas duas músicas. O sucesso de um cantor era medido pelo número de compactos vendidos e pela posição que esses singles alcançavam nas paradas, em especial a da revista Billboard. 

Os álbuns com 10 a 12 faixas e maior duração eram mais usados para grandes concertos de música clássica e óperas. Trilhas sonoras com orquestras também encontravam nesse formato seu espaço ideal. Para o country, blues e a música pop, incluindo o rock, as gravadoras apostavam mais nos singles. A partir de Elvis as coisas começaram a mudar. Com isso houve uma clara mudança de estratégia dentro das grandes gravadoras americanas. A RCA Victor começava a entender o potencial dos álbuns de música popular dentro do mercado. 

ELVIS (1956)
RIP IT UP
LOVE ME
WHEN MY BLUE MOON TURNS TO GOLD AGAIN
LONG TALL SALLY
FIRST IN LINE
PARALYZED
SO GLAD, YOU'RE MINE
OLD SHEP
READY TEDDY
ANYPLACE IS PARADISE
HOW'S THE WORLD TREATING YOU
HOW DO YOU THINK I FEEL


Compactos Duplos: 
Se não houve interesse no lançamento de singles, a RCA Victor decidiu apostar no lançamento de EPs, compactos duplos com quatro músicas cada um. Os dois primeiros a chegarem no mercado foram chamados simplesmente de Elvis vol 1 e Elvis vol 2. Nenhuma novidade nas faixas, todas iguais ao álbum oficial e na capa. Curiosamente usaram a mesma foto do LP. Já para o terceiro EP havia novidades interessantes. A RCA escolheu uma foto inédita, com Elvis cantando de frente na clássica posição de "canto para a lua" como era chamada na época. 

Essa segunda capa quase virou a do disco original, só que os executivos da gravadora decidiram que a tirada de perfil era mais bonita. O terceiro EP (Extended Play) também ganhou um nome mais original, chamado de "Strictly Elvis" (Estritamente Elvis, em português). Na época era comum os EPs virem com artistas diferentes, como se fosse uma pequena seleção de hits das rádios. Com esse título a RCA deixava claro para os consumidores que nesse lançamento haveria apenas músicas com Elvis e nenhum outro artista.

Elvis vol 1: Rip it Up / Love me / When my blue Moon Turns to Gold Again / Paralyzed

Elvis vol 2: So Glad You're Mine / Old Sheep / Ready Teddy / Anyplace is Paradise

Strictly Elvis
Long Tall Sally
First in Line
How do you Think I fell
How's The World Treating You

Nota: Esse foi o último lançamento dessa coleção Elvis (1956). Só foi lançado uma única vez, sumindo do catálogo após pouco tempo. Algo esperado, uma vez que só trazia reprises do disco original. 

Ficha Técnica: 
Elvis Presley (vocal, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Gordon Stoker (piano) / The Jordanaires (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado no Radio Recorders - Hollywood / Data de Gravação: 01 a 03 de setembro de 1956. 

Elvis Presley - Elvis (1956) - FTD Elvis 
O selo FTD (Follow That Dream) vem lançando edições especiais dos álbuns da discografia oficial de Elvis Presley entre os anos de 1956 a 1977. Esses CDs são lançados com muito material inédito como takes alternativos, versões não lançadas, ensaios, etc. O problema no caso do álbum Elvis de 1956 é que praticamente nada resistiu ao tempo. A sessão perdeu-se, não se sabe se foi destruída, jogada fora ou perdida. A RCA não conseguiu preservar esse material e essa situação se reflete nesse FTD. Tirando as versões oficiais do disco que todos possuem, não há praticamente nada de extra ou sobras de estúdio no repertório. Apenas alguns takes da música "Rip it Up" sobreviveram. O resto, ao que tudo indica, foi soterrado e perdido para sempre nas areias do tempo. 

O selo inclusive quase desistiu desse titulo, justamente pela ausência de material. Só mudaram de ideia quando encontraram alguns registros feitos ao vivo por Elvis em dezembro de 1956. Foi um show que Elvis realizou na cidade de Shreveport. Nada muito espetacular, mas pelo menos nessa apresentação Elvis resolveu incluir várias faixas do álbum em seu concerto. São justamente essas que estão nessa seleção. Ele estava obviamente promovendo seu novo disco que chegava nas lojas naquele momento. Vale então como registro histórico. Então é isso. Pobre em naterial inédito, que no final das contas nem existe mais, esse título do FTD se resume a cobrir eventuais buracos que iriam existir na coleção, caso ele não fosse lançado. 

Elvis Presley - Elvis (1956) - FTD Elvis 

CD-1: Masters and outtakes
Rip It Up
Love Me
When My Blue Moon Turns To Gold Again
Long Tall Sally
First In Line
Paralyzed
So Glad You're Mine
Old Shep
Ready Teddy
Anyplace Is Paradise
How's The World Treating You
How Do You Think I Feel
Playing For Keeps
Too Much
Don't Be Cruel
Hound Dog
Any Way You Want Me
Rip It Up (10, 11, 12, 13, 14) [Today, Tomorrow...]
Rip It Up (15) [Platinum]
Rip It Up (16) [Flashback]
Rip It Up (17*) (2.06)
Rip It Up (18*, 19 [M]) (3.53)
Old Shep (5)

CD-2: Shreveport, December 15 1956
Heartbreak Hotel
Long Tall Sally
I Was The One
Love Me Tender
Don't Be Cruel
Love Me
I Got A Woman
When My Blue Moon Turns To Gold Again
Paralyzed

Elvis (1956) - Sessão de Gravação
Para seu segundo álbum na RCA Victor, Elvis fez algumas exigências. Afinal ele agora havia se tornado o maior vendedor do selo, então tinha também seu direito de exigir determinadas coisas. Não era mais um jovem promissor apenas, havia mostrado força entre os jovens. Era bom vendedor de discos! A RCA queria levar ele de volta a Nova Iorque, como havia acontecido no primeiro álbum. Elvis não queria mais gravar em Nova Iorque. Ele não gostava da cidade para falar a verdade. Para um jovem do interior tudo aquilo lhe soava meio intimidador. Seu objetivo era gravar apenas em Nashville, perto de Memphis, onde se sentia melhor. 

A RCA tinha bons estúdios por lá, afinal Nashville era a capital da country music. Só que apertado com tantos compromissos profissionais, pois Elvis também queria começar uma carreira no cinema, as sessões foram transferidas para os estúdios da RCA conhecidos como Radio Recorders, que ficavam em West Hollywood, Califórnia. Era um estúdio moderno, muito profissional, onde a RCA gravava trilhas sonoras para filmes dos grandes estúdios de Hollywood. Era um dos melhores estúdios de gravação dos Estados Unidos. 

Elvis também pediu que novos músicos fossem contratados para trabalharem ao seu lado. Afinal não dava para contar apenas com Scotty Moore, Bill Black e DJ Fontana. Assim a RCA montou uma ótima banda de apoio a Elvis. O lendário guitarrista Chet Atkins veio para colaborar, inclusive no aprimoramento de arranjos. De certa forma ele trabalhou mais nisso do que o próprio produtor Steve Sholes, que já com uma certa idade e sem ter muito conhecimento daquele novo gênero musical que surgia, o Rock, acabou apenas administrando a sessão de gravação, mas sem interferir muito no quesito artístico e musical. 

Elvis também pediu a contratação do grupo vocal The Jordanaires formado pelos cantores Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Hugh Jarrett. De certa maneira eles lembravam muito daqueles antigos quartetos de gospel music que Elvis adorava desde a infância. Ele havia se encontrado várias vezes com os Jordanaires em shows pelo sul dos Estados Unidos e em um desses encontros havia prometido a eles que a RCA iria contratá-los para que viessem trabalhar em seu próximo disco. Promessa feita, promessa cumprida. 

Elvis gravou a maioria das músicas entre os dias 1 a 3 de setembro de 1956. Relativamente poucas horas de estúdio e o disco estava terminado. Elvis tinha uma capacidade de trabalho excelente, era rápido e certeiro nas gravações, o que fazia os lucros da gravadora aumentarem ainda mais. Seus discos não custavam muito caro e eram campeões de vendas. O jovem Elvis era educado, prestativo, paciente e aceitava sugestões sem ataques de estrelismos. De certa maneira era o artista ideal, aquele com que todo presidente de gravadora da época sonhava encontrar. 

Elvis Presley - RCA Victor Studios - Em setembro de 1956 Elvis entrou em estúdio para gravar seu segundo LP. O clima era bem diferente daquele que ele enfrentou na gravação de seu primeiro disco, as coisas agora seriam diferentes. Para começar Elvis deixava de ser apenas uma promessa para a RCA, ele havia se tornado o bem mais precioso da milionária gravadora, tratado com todo o respeito e reverência. Com o sucesso de seu primeiro álbum Elvis deixou de ser apenas "um garoto metido" e sua música não era mais apenas uma piada nos corredores da multinacional. Elvis rapidamente se tornou o maior vendedor de discos da Victor, deixando nomes consagrados para trás. E isso tudo aconteceu em um curto espaço de tempo, na verdade Elvis deixou de ser um artista desconhecido e sua fama se tornou mundial em apenas poucos meses, praticamente da noite para o dia. Pode ter certeza que tudo iria mudar de agora em diante.

A RCA resolveu mudar seu modo de lidar com Elvis, todos seus desejos e exigências seriam atendidas sem a menor contestação, a gravadora inclusive deu carta branca para Elvis mudar de produtor, já que Steve Sholes não havia se dado muito bem com o cantor nas gravações do disco anterior.

Mas Elvis não fez nada, não exigiu a dispensa de Sholes e nem mudou sua postura se tornando arrogante ou algo parecido, Elvis continuou como antes. Na realidade ele só queria uma coisa: que o deixassem em paz para ele produzir seus discos e escolher a seleção das músicas de seu segundo trabalho. Scotty Moore relembra: "Elvis não iria despedir Steve Sholes, apesar dele ter sido um pouco grosseiro nas primeiras gravações. Elvis não iria se sentir bem mandando alguém para o olho da rua, não era o estilo dele". Sholes ficou, mas ficou em segundo plano. Elvis iria trazer outras pessoas de sua confiança para ajudar nas gravações como os compositores Leiber e Stoller e iria ouvir mais seus músicos, inclusive Chet Atkins que ele conheceu na Victor mas que sempre trazia boas sugestões para os takes. Curiosamente nos anos seguintes, com o afastamento de Sholes por motivos de saúde, Atkins iria se tornar o verdadeiro produtor de Elvis na RCA.

Elvis tomou outra decisão diminuindo o número de instrumentistas nas sessões, sendo que a partir de agora seriam apenas cinco músicos (Scotty, Bill, D.J. Elvis e os Jordanaires). Como não haveria um pianista fixo, ele próprio, Elvis, iria se tornar, ao lado de Gordon Stocker dos Jordanaires, o pianista dessas sessões. De certa maneira Elvis ficou sobrecarregado, pois ele iria produzir o disco, tocaria violão e guitarra e ainda teria que ser o dono dos teclados durante as gravações. Mas Elvis não se importou, para ter mais controle ele também teria que assumir mais responsabilidades. Só mais um coisa: Elvis pediu um estúdio melhor, pois tocar em uma sacristia não era bem o seu lugar preferido para gravar músicas. Sugestão prontamente aceita pelos executivos da major americana.

Como a RCA não tinha um estúdio decente em Nashville e nem em Memphis o jeito foi levar todos para a costa oeste, para Hollywood, para que o disco fosse gravado no melhor estúdio da gravadora: o Radio Recorders. No começo a RCA sugeriu seus estúdios em Nova Iorque, mas Elvis já tinha gravado por lá e achava que ir para Hollywood seria melhor. D.J. relembra: "Na verdade queríamos ir para o Radio Recorders, um estúdio de gravação com o melhor em recursos técnicos". Com tudo acertado Elvis continuou sua série de shows e aparições na TV americana. Parou uns dias em casa para descansar e ensaiar ao piano as principais canções do disco. Depois juntou a turma e seguiram viagem para Los Angeles, onde seriam realizadas as gravações de "Elvis", seu antológico segundo disco. O grupo entrou em estúdio para aquela que seria a sua primeira sessão verdadeira na RCA Victor. Em apenas três dias ele gravaria 13 músicas, um recorde absoluto.

Com o controle dentro dos estúdios Elvis impôs seu modus operandi. Cada sessão começava com algumas canções gospel conhecidas, com todos os músicos em sua volta formando um círculo. Isso podia durar minutos ou horas. As canções eram testadas do pop ao R&B. As músicas eram repetidas insistentemente. Na hora de ouvi-las, se Elvis gostava, fazia um sinal com a cabeça mostrando que queria ouvir novamente. Se não, simplesmente passava o indicador sobre a garganta. A RCA queria que Elvis gravasse "Rock Around The Clock" de Bill Halley, mas Elvis logo a descartou. Também rejeitou várias outras como "I Almost Lost My Mind", "Your Secret's Safe With Me" e "Rock'n'Roll Ruby". Chegou a ensaiar "Mulberry Rush" mas logo desistiu dela também. Ao invés dessas Elvis se concentrou em composições de Leiber e Stoller como "Love Me" e de Blackwell como "Paralyzed". Gravou ainda uma canção de Chet Atkins e outra de um autor desconhecido de Nova Iorque, Ben Weisman. Mais três músicas que foram sucesso com Little Richard e uma velha canção de Willie Walker e Gene Sullivan chamada "When My Blue Moon Turns Gold Again". Depois foi até ao piano e gravou uma versão de "Old Shep", balada sobre a amizade de um garoto e seu cachorrinho.

Ecletismo é a palavra chave para descrever essa maravilhosa sessão de gravação. A grande diferença em relação ao disco anterior é que Elvis e sua equipe conseguiram recriar a atmosfera das gravações da Sun Records. Produziram material da mesma qualidade. Com isso todos ficaram satisfeitos. Mas Elvis não parava e não se mostrava cansado, ele ouvia as canções inúmeras vezes, tentando extrair o máximo que podia de cada música. Bones Howe, assistente do engenheiro de gravação Thorne Nogar disse que Elvis "ficava trabalhando muito tempo numa música, e seu critério era ter uma boa sensação ao ouvir as demos. Ele não se importava com pequenos erros. Estava interessado em extrair uma certa magia das canções. As sessões sempre eram diferentes e divertidas, havia muita energia, ele sempre estava fazendo algo inovador" Elvis terminou sua participação na madrugada do dia 3 de setembro. O disco chegaria nas lojas um mês depois, ocupando a primeira posição em 46 países diferentes ao redor do mundo, um sucesso digno de um Rei, de um Rei do Rock.

Pablo Aluísio - dezembro de 2003

Elvis Presley - Elvis Book - Elvis (1956) - Texto I

Elvis Presley - Elvis (1956) - O segundo disco de Elvis na RCA Victor foi bem mais produzido do que o primeiro. A gravadora ganhou confiança com o trabalho do cantor que já naquela altura havia se tornado o artista mais vendido do selo. Para alguém com vinte e poucos anos era um feito e tanto! Assim o produtor Steve Sholes trouxe para o estúdio mais músicos, mais instrumentos, tudo para melhorar o som do novo álbum. Em 1956 o principal veículo de promoção de Elvis não foi o cinema (seu primeiro filme ainda nem tinha sido filmado), mas sim a televisão e seus programas de variedades. Bastaram as primeiras apresentações de Elvis na TV para que a polêmica tomasse conta da imprensa.

Falem mal de mim, mas falem de mim - diria o Coronel Parker. Claro, grande parte dos artigos eram críticas ferozes a forma como Elvis cantava e dançava. Para muitos aquilo era sexualizado demais, impróprio para as adolescentes que começavam a curtir Elvis. Hoje em dia a dança de Elvis nesses primeiros programas de televisão aparentam ser apenas giros bem originais de um artista que tentava de alguma forma chamar a atenção para sua música. A cabeça das pessoas dos anos 50 era mesmo bem diferente da nossa. Ecos de um mundo mais conservador e tradicional.

De qualquer forma para Elvis e seu grupo de músicos o importante era fazer um bom trabalho de estúdio. As primeiras músicas do novo disco foram gravadas nos estúdios da RCA na costa oeste. Era o Radio Recorders, localizado em West Hollywood, Califórnia. A primeiro canção não poderia ser mais simbólica, a bela balada "Love Me" de Leiber e Stoller. Nesse mesmo dia Elvis já havia gravado "Playing for Keeps" que seria lançada em single. Para "Love Me" foram necessários 9 takes para que Elvis se desse por satisfeito. O curioso é que anos depois Jerry Leiber explicaria que havia composto a música quase como uma sátira ao estilo country de Nashville. Elvis ignorou essa intenção original do compositor e fez uma grande gravação, uma das melhores e mais memoráveis faixas dessa fase de sua carreira.

Esse segundo álbum de Elvis Presley na RCA Victor foi muito bem gravado. Havia todo um cuidado técnico, até porque Elvis já era naquela altura o maior vendedor de discos da gravadora multinacional. Com isso Elvis também se firmava como o roqueiro número 1 do mundo, um fenômeno de popularidade sem precedentes. Nesse mesmo ano ele começava a ser conhecido pelo mundo afora. Deixava de ser um artista de Memphis e do sul, para ser um artista internacional. Também foi o primeiro disco oficial de Elvis a ser lançado no Brasil, numa edição completamente fiel ao disco americano original.

O apuro técnico dentro do estúdio se refletiu principalmente em faixas como "Rip It Up". Hoje em dia essa composição da excelente dupla formada por Robert Blackwell e John Marascalco é considerada um dos maiores clássicos da história do rock. Uma canção vibrante, que contou com uma performance irretocável por parte de Elvis, que é importante frisar, não passava de um jovem cantor de 21 anos de idade na época. Tão jovem e já tão revolucionário em termos musicais.

O country também não poderia ficar de fora. Afinal Elvis não negava suas origens sulistas. "When My Blue Moon Turns to Gold Again" era uma típica representante do estilo mais rural dentro do álbum. Essa música havia sido composta pelo cantor cowboy Gene Sullivan. Elvis que não queria perder sua público mais fiel, aquele que o acompanhava desde os primeiros shows em Memphis, a escolheu como uma espécie de homenagem a esse tipo de fã. Sim, Elvis abraçava o rock, mas não estava disposto a virar o rosto para o country and western de seus primeiros anos. Assim temos uma boa faixa, bem gravada, com Elvis evocando o antigo estilo de cantar do country de Nashville.

De Arthur Crudup, Elvis trouxe para o álbum a balada blues "So Glad, You're Mine". Para a turma de Nova Iorque, da equipe da RCA Victor na cidade, aquele tipo de sonoridade soava como algo diferente, até mesmo novo. Só que na verdade era uma velha canção, muito popular em bares e espeluncas de Memphis. Não que Elvis a conhecesse desses lugares do tipo barra pesada, mais voltada para o público negro da cidade, mas sim do rádio. Esse aparelho era o principal meio de entretenimento da família Presley, sempre ligado ao fundo. Assim Elvis a conhecia muito bem, por isso também resolveu gravar sua própria versão que ficou excelente, melhor do que qualquer outra já feita, antes ou depois desse disco.

Uma das músicas preferidas de Elvis nesse disco era a balada sentimental "Old Shep" de Red Foley. Elvis a cantava desde quando era um garotinho em Memphis. Inclusive essa foi a primeira música que Elvis cantou em um palco na sua vida, quando ainda era bem jovem e participava de um programa de calouros numa feira de gado, típico evento popular em sua cidade.

Outro fato que chama a atenção nessa faixa é que ele tem mais de 4 minutos de duração, o que fugia do padrão da época. As músicas geralmente tinha apenas dois minutos ou um pouco acima disso. Era uma duração ideal para tocar nas rádios. Além do mais a gravação ficou com uma sonoridade que lembrava em muito seus anos na Sun Records. Teria sido algo proposital? Não sabemos ao certo.

"First In Line" era outra balada romântica. Essa, ao contrário de "Old Shep", não tinha ligação com o passado de Elvis. Na realidade era uma boa criação da "fábrica" de criação da RCA Victor. A companhia, como se sabe, mantinha equipes de compositores prontos para criarem qualquer música, sempre que a gravadora solicitasse. Essa faixa foi composta pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman. Eles se tornariam bem presentes nas trilhas sonoras de Elvis nos anos 60. Weisman, por exemplo, compôs muitas das canções dos filmes de Elvis em Hollywood. Segundo alguns dados chegou a escrever mais de 50 músicas para Presley! Um número bastante significativo.

O produtor e guitarrista Chet Atkins também trouxe sua contribuição para o disco. No estúdio ele apresentou a Elvis a canção "How's The World Treating You". Ele tinha composto a faixa ao lado do parceiro e amigo de Nashville Boudleaux Bryant. Elvis ouviu a música e não demorou muito a se convencer a gravá-la. Foi até curiosa essa escolha, pois nesse momento de sua carreira Elvis se firmava com a imagem de um roqueiro rebelde, um "James Dean de guitarra" como chegou a escrever um jornalista influente de Nova Iorque. Então mais uma balada chorosa contrastava com essa imagem. Porém para quem o conhecia mais de perto não havia surpresa alguma. Elvis era mesmo esse artista com coração, que sempre apreciava esse tipo de som mais sentimental.

Elvis não colocava muita fé em sua carreira em seus anos iniciais. Quando um repórter perguntou a ele o que estaria fazendo dali a dez anos, Elvis pensou um pouco e respondei: "Não sei! Acho que vou abrir uma loja de carros usados ou algo assim". Diante da resposta incomum o jornalista quis saber se Elvis não se via cantando no futuro ao que ele deixou a entender que não pois "cantores surgem e somem com rapidez".

De qualquer maneira naquele distante ano de 1956 Elvis vivia um dos melhores momentos de sua vida pessoal e artística. Sua mãe Gladys estava viva, ele curtia a onda de sucesso de seus discos e tinha assinado como uma grande gravadora, a RCA Victor. O que poderia estar faltando? Basicamente nada. Era só questão de gravar bons discos e seguir em frente com o mesmo sucesso.

Nesse momento ele também recebeu o título de "Rei do Rock". O curioso é que Elvis não gostava de ser chamado de Rei. Para ele apenas Jesus Cristo poderia ser chamado de Rei, no caso de "Rei dos Reis", conforme o título de um filme épico de sucesso da época. Aproveitando de toda a onda dessa nova música a RCA por sua vez queria que Elvis gravasse cada vez mais rocks, um atrás do outro, pois era esse tipo de gravação que andava vendendo muito por todo o país. Elvis cedeu e gravou "Ready Teddy", um rock visceral composto pela dupla Robert Blackwell e John Marascalco. A música era dinamite pura e Elvis foi encorajado para apresentá-la ao vivo em sua apresentação na TV. A performance do jovem roqueiro com cabelo cheio de brilhantina causou grande comoção em todo o país. Os mais velhos odiaram. Os mais jovens amaram. No meio de toda a polêmica que se seguiu Elvis ficou ainda mais famoso.

"Long Tall Sally" foi outro rock de raiz gravado por Elvis nesse LP.  Era uma original de Little Richard, que anos depois disse estar honrado de ter ouvido uma de suas músicas gravadas pelo garoto de Memphis. Era algo especial. Isso também colocava por terra aquela velha narrativa de que Elvis seria um ladrão da cultura negra. Um branco bonitão que colocou as mãos nas músicas compostas pelos primeiros roqueiros negros e depois ficou rico e famoso com elas. Na verdade o próprio Richard desmentiria isso, dizendo que o fato de Elvis ter gravado sua música o teria lhe ajudado muito naqueles tempos pioneiros. Era um ato de colaboração, ajuda e amizade e não de exploração como muitos quiseram fazer crer anos depois.

Na primeira vez que escrevi sobre "How Do You Think I Feel" eu afirmei que essa música tinha claros contornos latinos em sua harmonia. Há algum tempo li que seu autor, Webb Pierce, estava em férias no México quando a compôs. Assim tudo fica devidamente explicado. Quando o disco foi lançado originalmente em 1956 ninguém deu muita atenção para essa faixa. Nenhum crítico perdeu seu tempo em analisá-la devidamente, até porque o álbum já tinha tantos clássicos do rock para chamar a atenção.

Ficar na sombra foi uma vocação natural para essa gravação. De minha parte gosto de sua sonoridade. O arranjo é simples, nada parecido com o que se ouviria anos depois em trilhas sonoras como "Fun in Acapulco" (O Seresteiro de Acapulco de 1963), mas mantinha um arranjo agradável aos ouvidos. Também acabou se tornando uma música exclusiva de estúdio, nunca cantada por Elvis nos palcos.

O compositor Joe Thomas criou a ótima "Anyplace is Paradise". Essa faixa poderia ter sido melhor trabalhada pela RCA Victor pois em minha visão tinha muito potencial para se tornar um hit nos anos 50. Só que a gravadora de Elvis não pensou dessa forma e a música foi relegada a ser um autêntico "Lado B" da discografia do cantor. Isso porém não a desmereceu em nada. O grupo de Elvis aqui se destaca, em especial o guitarrista Scotty Moore, que teve uma excelente oportunidade para desfilar seu repertório de solos. Outro destaque é o piano de Marvin Hughes. Nos tempos da Sun Records não havia piano nas gravações. Quando Elvis foi para a RCA Victor o produtor Steve Sholes determinou que uma banda completa iria ficar à disposição de Elvis. Isso trouxe um conjunto de belos arranjos para seus discos. Ficou muito bom, mais encorpado, mais bem trabalhado.

Certa vez, durante uma entrevista, Raul Seixas citou "Paralyzed" como uma de suas músicas preferidas de Elvis. O roqueiro brasileiro entendia mesmo da discografia de seu ídolo, pois só quem era familiarizado muito bem com seus discos dos anos 50 poderia citar essa faixa com tamanha convicção. O que podemos ainda dizer sobre essa canção? È uma das letras mais maliciosas de Elvis, isso numa época em que estavam pegando em seu pé por causa de seus rebolados na TV. Ela foi gravada nos estúdios logo depois da baladona "Old Shep". Depois de todo aquele drama nostálgico Elvis procurou por algo mais relaxante, para deixar o stress de lado. E a música serviu perfeitamente aos seus propósitos. O Elvis que ouvimos aqui parece completamente à vontade para cantá-la.

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 1 - O segundo disco de Elvis na RCA Victor foi bem mais produzido do que o primeiro. A gravadora ganhou confiança com o trabalho do cantor que já naquela altura havia se tornado o artista mais vendido do selo. Para alguém com vinte e poucos anos era um feito e tanto! Assim o produtor Steve Sholes trouxe para o estúdio mais músicos, mais instrumentos, tudo para melhorar o som do novo álbum.

Em 1956 o principal veículo de promoção de Elvis não foi o cinema (seu primeiro filme ainda nem tinha sido filmado), mas sim a televisão e seus programas de variedades. Bastaram as primeiras apresentações de Elvis na TV para que a polêmica tomasse conta da imprensa.

Falem mal de mim, mas falem de mim - diria o Coronel Parker. Claro, grande parte dos artigos eram críticas ferozes a forma como Elvis cantava e dançava. Para muitos aquilo era sexualizado demais, impróprio para as adolescentes que começavam a curtir Elvis. Hoje em dia a dança de Elvis nesses primeiros programas de televisão aparentam ser apenas giros bem originais de um artista que tentava de alguma forma chamar a atenção para sua música. A cabeça das pessoas dos anos 50 era mesmo bem diferente da nossa. Ecos de um mundo mais conservador e tradicional.

De qualquer forma para Elvis e seu grupo de músicos o importante era fazer um bom trabalho de estúdio. As primeiras músicas do novo disco foram gravadas nos estúdios da RCA na costa oeste. Era o Radio Recorders, localizado em West Hollywood, Califórnia. A primeiro canção não poderia ser mais simbólica, a bela balada "Love Me" de Leiber e Stoller. Nesse mesmo dia Elvis já havia gravado "Playing for Keeps" que seria lançada em single. Para "Love Me" foram necessários 9 takes para que Elvis se desse por satisfeito. O curioso é que anos depois Jerry Leiber explicaria que havia composto a música quase como uma sátira ao estilo country de Nashville. Elvis ignorou essa intenção original do compositor e fez uma grande gravação, uma das melhores e mais memoráveis faixas dessa fase de sua carreira.

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 2 - Esse segundo álbum de Elvis Presley na RCA Victor foi muito bem gravado. Havia todo um cuidado técnico, até porque Elvis já era naquela altura o maior vendedor de discos da gravadora multinacional. Com isso Elvis também se firmava como o roqueiro número 1 do mundo, um fenômeno de popularidade sem precedentes. Nesse mesmo ano ele começava a ser conhecido pelo mundo afora. Deixava de ser um artista de Memphis e do sul, para ser um artista internacional. Também foi o primeiro disco oficial de Elvis a ser lançado no Brasil, numa edição completamente fiel ao disco americano original.

O apuro técnico dentro do estúdio se refletiu principalmente em faixas como "Rip It Up". Hoje em dia essa composição da excelente dupla formada por Robert Blackwell e John Marascalco é considerada um dos maiores clássicos da história do rock. Uma canção vibrante, que contou com uma performance irretocável por parte de Elvis, que é importante frisar, não passava de um jovem cantor de 21 anos de idade na época. Tão jovem e já tão revolucionário em termos musicais.

O country também não poderia ficar de fora. Afinal Elvis não negava suas origens sulistas. "When My Blue Moon Turns to Gold Again" era uma típica representante do estilo mais rural dentro do álbum. Essa música havia sido composta pelo cantor cowboy Gene Sullivan. Elvis que não queria perder sua público mais fiel, aquele que o acompanhava desde os primeiros shows em Memphis, a escolheu como uma espécie de homenagem a esse tipo de fã. Sim, Elvis abraçava o rock, mas não estava disposto a virar o rosto para o country and western de seus primeiros anos. Assim temos uma boa faixa, bem gravada, com Elvis evocando o antigo estilo de cantar do country de Nashville.

De Arthur Crudup, Elvis trouxe para o álbum a balada blues "So Glad, You're Mine". Para a turma de Nova Iorque, da equipe da RCA Victor na cidade, aquele tipo de sonoridade soava como algo diferente, até mesmo novo. Só que na verdade era uma velha canção, muito popular em bares e espeluncas de Memphis. Elvis a conhecia também do rádio, das estações black de Memphis. Esse aparelho era o principal meio de entretenimento da família Presley, sempre ligado ao fundo. Assim Elvis a conhecia muito bem, por isso também resolveu gravar sua própria versão que ficou excelente, melhor do que qualquer outra já feita, antes ou depois desse disco.

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 3 - Uma das músicas preferidas de Elvis nesse disco era a balada sentimental "Old Shep" de Red Foley. Elvis a cantava desde quando era um garotinho em Memphis. Inclusive essa foi a primeira música que Elvis cantou em um palco na sua vida, quando ainda era bem jovem e participava de um programa de calouros numa feira de gado, típico evento popular em sua cidade.

Outro fato que chama a atenção nessa faixa é que ele tem mais de 4 minutos de duração, o que fugia do padrão da época. As músicas geralmente tinham apenas dois minutos ou um pouco acima disso. Era uma duração ideal para tocar nas rádios. Além do mais a gravação ficou com uma sonoridade que lembrava em muito seus anos na Sun Records. Teria sido algo proposital? Não sabemos ao certo.

"First In Line" era outra balada romântica. Essa, ao contrário de "Old Shep", não tinha ligação com o passado de Elvis. Na realidade era uma boa produção da "fábrica" de criação da RCA Victor. A companhia, como se sabe, mantinha equipes de compositores prontos para criarem qualquer música, sempre que a gravadora solicitasse. Essa faixa foi composta pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman. Eles se tornariam bem presentes nas trilhas sonoras de Elvis nos anos 60. Weisman, por exemplo, compôs muitas das canções dos filmes de Elvis em Hollywood. Segundo alguns dados chegou a escrever mais de 50 músicas para Presley! Um número bastante significativo.

O produtor e guitarrista Chet Atkins também trouxe sua contribuição para o disco. No estúdio ele apresentou a Elvis a canção "How's The World Treating You". Ele tinha composto a faixa ao lado do parceiro e amigo de Nashville Boudleaux Bryant. Elvis ouviu a música e não demorou muito a se convencer a gravá-la. Foi até curiosa essa escolha, pois nesse momento de sua carreira Elvis se firmava com a imagem de um roqueiro rebelde, um "James Dean de guitarra" como chegou a escrever um jornalista influente de Nova Iorque. Então mais uma balada chorosa contrastava com essa imagem. Porém para quem o conhecia mais de perto não havia surpresa alguma. Elvis era mesmo esse artista com coração, que sempre apreciava esse tipo de som mais sentimental.

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 4 - Elvis não colocava muita fé em sua carreira em seus anos iniciais. Quando um repórter perguntou a ele o que estaria fazendo dali a dez anos, Elvis pensou um pouco e respondei: "Não sei! Acho que vou abrir uma loja de carros usados ou algo assim". Diante da resposta incomum o jornalista quis saber se Elvis não se via cantando no futuro ao que ele deixou a entender que não pois "cantores surgem e somem com rapidez".

De qualquer maneira naquele distante ano de 1956 Elvis vivia um dos melhores momentos de sua vida pessoal e artística. Sua mãe Gladys estava viva, ele curtia a onda de sucesso de seus discos e tinha assinado como uma grande gravadora, a RCA Victor. O que poderia estar faltando? Basicamente nada. Era só questão de gravar bons discos e seguir em frente com o mesmo sucesso.

Nesse momento ele também recebeu o título de "Rei do Rock". O curioso é que Elvis não gostava de ser chamado de Rei. Para ele apenas Jesus Cristo poderia ser chamado de Rei, no caso de "Rei dos Reis", conforme o título de um filme épico de sucesso da época. Aproveitando de toda a onda dessa nova música a RCA por sua vez queria que Elvis gravasse cada vez mais rocks, um atrás do outro, pois era esse tipo de gravação que andava vendendo muito por todo o país. Elvis cedeu e gravou "Ready Teddy", um rock visceral composto pela dupla Robert Blackwell e John Marascalco. A música era dinamite pura e Elvis foi encorajado para apresentá-la ao vivo em sua apresentação na TV. A performance do jovem roqueiro com cabelo cheio de brilhantina causou grande comoção em todo o país. Os mais velhos odiaram. Os mais jovens amaram. No meio de toda a polêmica que se seguiu Elvis ficou ainda mais famoso.

"Long Tall Sally" foi outro rock de raiz gravado por Elvis nesse LP.  Era uma original de Little Richard, que anos depois disse estar honrado de ter ouvido uma de suas músicas gravadas pelo garoto de Memphis. Era algo especial. Isso também colocava por terra aquela velha narrativa de que Elvis seria um ladrão da cultura negra. Um branco bonitão que colocou as mãos nas músicas compostas pelos primeiros roqueiros negros e depois ficou rico e famoso com elas. Na verdade o próprio Richard desmentiria isso, dizendo que o fato de Elvis ter gravado sua música o teria lhe ajudado muito naqueles tempos pioneiros. Era um ato de colaboração, ajuda e amizade e não de exploração como muitos quiseram fazer crer anos depois.

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 5 - Na primeira vez que escrevi sobre "How Do You Think I Feel" eu afirmei que essa música tinha claros contornos latinos em sua harmonia. Há algum tempo li que seu autor, Webb Pierce, estava em férias no México quando a compôs. Assim tudo fica devidamente explicado. Quando o disco foi lançado originalmente em 1956 ninguém deu muita atenção para essa faixa. Nenhum crítico perdeu seu tempo em analisá-la devidamente, até porque o álbum já tinha tantos clássicos do rock para chamar a atenção.

Ficar na sombra foi uma vocação natural para essa gravação. De minha parte gosto de sua sonoridade. O arranjo é simples, nada parecido com o que se ouviria anos depois em trilhas sonoras como "Fun in Acapulco" (O Seresteiro de Acapulco de 1963), mas mantinha um arranjo agradável aos ouvidos. Também acabou se tornando uma música exclusiva de estúdio, nunca cantada por Elvis nos palcos.

O compositor Joe Thomas criou a ótima "Anyplace is Paradise". Essa faixa poderia ter sido melhor trabalhada pela RCA Victor pois em minha visão tinha muito potencial para se tornar um hit nos anos 50. Só que a gravadora de Elvis não pensou dessa forma e a música foi relegada a ser um autêntico "Lado B" da discografia do cantor. Isso porém não a desmereceu em nada. O grupo de Elvis aqui se destaca, em especial o guitarrista Scotty Moore, que teve uma excelente oportunidade para desfilar seu repertório de solos. Outro destaque é o piano de Marvin Hughes. Nos tempos da Sun Records não havia piano nas gravações. Quando Elvis foi para a RCA Victor o produtor Steve Sholes determinou que uma banda completa iria ficar à disposição de Elvis. Isso trouxe um conjunto de belos arranjos para seus discos. Ficou muito bom, mais encorpado, mais bem trabalhado.

Certa vez, durante uma entrevista, Raul Seixas citou "Paralyzed" como uma de suas músicas preferidas de Elvis. O roqueiro brasileiro entendia mesmo da discografia de seu ídolo, pois só quem era familiarizado muito bem com seus discos dos anos 50 poderia citar essa faixa com tamanha convicção. O que podemos ainda dizer sobre essa canção? È uma das letras mais maliciosas de Elvis, isso numa época em que estavam pegando em seu pé por causa de seus rebolados na TV. Ela foi gravada nos estúdios logo depois da baladona "Old Shep". Depois de todo aquele drama nostálgico Elvis procurou por algo mais relaxante, para deixar o stress de lado. E a música serviu perfeitamente aos seus propósitos. O Elvis que ouvimos aqui parece completamente à vontade para cantá-la.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de junho de 2009

Elvis Presley - Elvis Book - Elvis na Sun Records

Elvis na Sun Records
O que levou aquele jovem a entrar na Sun Records e sair de lá com um disquinho gravado embaixo de seu braço, segue sendo um mistério! Para alguns, ele teria gravado o acetato para dar de presente para sua mãe, mesmo que não fosse um presente de aniversáro. Para outros Elvis tinha ambições de um dia se tornar um artista, embora isso fosse algo tão distante dele como um pouso na Lua. Pensando bem, apenas Elvis poderia responder a essa pergunta. Só ele sabia o que se passava em seu mente. Todo o resto não passa mesmo de mera especulação dos autores. 

Naqueles tempos duros, Elvis lutava pela sobrevivência, sua e de sua família. Eles tinham saído de Tupelo para Memphis em busca de trabalho. O pai era um homem sem educação formal e vivia de empregos que ia conseguindo aqui e acolá. Em Memphis as chances eram maiores pois Vernon era um trabalhador comum que precisava alimentar seu filho e sua esposa. 

Nesse aspecto o destino da família Presley não se difenciava em nada de milhares de outras famílias que viviam sob as mesmas condições no sul dos Estados Unidos. Vernon era um homem esforçado e apesar de muitas biografias o retratarem como um ser insolente, sem ambições, até preguiçoso, esse é uma grande mentira! Vernon apenas estava limitado em seu próprio contexto econômico e social. Ele nunca deicou de lutar por uma vida melhor para sua família. Mesmo com todas as dificuldades ele sempre estava em busca de trabalho! Nunca desistiu! 

Na época em que Elvis gravou "My Happiness" na Sun, ele morava em Lauderdale Courts, um conjunto habitacional para famílias de pequena renda, bancada pelo governo Roosevelt. O importante era manter a dignidade daquelas populações em estado de vulnerabilidade social. 

Assim, quando terminou o ensino médio, Elvis foi atrás de um emprego. Acabou arranjando um como motorista do caminhão de manutenção da Crown Electric, a companhia de eletricidade de Memphis. E em um dia de trabalho comum ele passou pela frente da Sun Records. 

Em busca de receitas, seu dono, Sam Phillips, colocou uma placa em frente à sua pequena gravadora convidando qualquer pessoa a gravar um disquinho para dar de presente. Poderia ser uma declaração de amor entre um casal de namorados, ou tentar a sorte cantando uma música. Claro, Elvis optou pela segunda opção. 

"My Happiness" não passa de uma gravação amadora, mas tem muita emoção envolvida. Isso ninguém pode negar. Elvis, com a voz fina de um adolescente, dedilhou seu violão e cantou com todo o coração. Acabou chamando a atenção da secretária da Sun, mas não de Sam Phillips. Nesse primeiro momento ele realmente não achou que Elvis iria salvar seu pequeno selo da falência. 

Depois ele iria ser chamado para um teste e disso resultou seu primeiro single, "That´s All Right" (Mama). Um lance de sorte, um desses acasos do destino que surprendem. De qualquer forma a discografia de Elvis na Sun Records se limitou a esses cinco singles (no Brasil chamamos esse tipo de exemplar de Compacto Simples). Uma música no Lado A e outra no Lado B. Nada mais. Era gravar e torcer para que alguém se interessasse em comprar! 

Não tinham capas com fotos e nada disso. Era tudo muito simples, vendidos por alguns centavos. Sam ficava contente quando um disquinho desses vendia 50 cópias! Imagine sua surpresa quando os pedidos começaram a se acumular para o primeiro single daquele garoto chamado Elvis! Ele certamente não esperava por nada parecido, embora tivesse até se empenhado para promover o disquinho, indo em emissoras de rádio de Memphis e cidade próximas. 

Abaixo segue uma análise dos cinco primeiros compactos da carreira de Elvis Presley. 

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley - Elvis Book - Coleção EPs 1956

Compactos Duplos Extraídos do álbum Elvis Presley (1956): 

1. Elvis Presley - Volume 1
(Blue Suede Shoes / Tutti Frutti / I Got a Woman / Just Because)

2. Elvis Presley - Volume 2
(Blue Suede Shoes / I Got a Woman / I'm Gonna Sit Right Down and Cry / I'll Never Let You Go / I Got a Woman / One-Sided Love Affair / Tutti Frutti / Trying to Get You)

O Coronel Tom Parker costumava dizer que toda gravação de Elvis deveria ser vendida mais de uma vez, ou seja, colocadas no mercado muitas vezes para que os verdadeiros fãs comprassem os produtos. No caso desse disco de Elvis parece que os executivos da RCA Victor levaram bem à sério os conselhos do veterano empresário. 

Além dos dois títulos acima mencionados devemos também lembrar que no compacto duplo "Heartbreak hotel" também havia duas músicas desse primeiro álbum de Elvis. Isso apesar da própria música "Heartbreak Hotel" ter ficado fora do repertório do LP, algo que considero até hoje um dos maiores erros da história em relação à discografia de Elvis Presley!

Por fim, em setembro de 1956 a RCA Victor lançou o úlitmo lote dessas primeiras gravações de Elvis na gravadora. Era um EP (compacto duplos) simplesmente chamado Elvis Presley. As canções "I Love You Because" e "Blue Moon" estavam lá, ao lado de faixas mais recentes gravadas por Elvis na gravadora de Nova Iorque. 

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley - Elvis Book - Elvis Presley em 1956

Elvis Presley Biografia 1956
8 de janeiro
- Elvis celebra seu aniversário de 21 anos de idade ao lado de sua mãe Gladys. Ele havia acabado de assinar com a gravadora RCA Victor que tinha grandes planos para o jovem artista. Com o dinheiro do novo contrato Elvis planejava comprar uma nova casa para a família.

10 e 11 de janeiro - Elvis viaja até Nashville para suas primeiras gravações na nova gravadora. Seu produtor passa a ser Steve Sholes. Nessa primeira sessão na RCA Elvis grava as seguintes músicas: I Got a Woman, Heartbreak Hotel, Money Honey, I'm Counting on You e I Was The One.

20 de janeiro - A RCA Victor não perde tempo e lança o primeiro single (compacto simples) de Elvis Presley no mercado. É o primeiro disco do cantor com o selo da nova gravadora. O single vem com as canções Heartbreak Hotel e I Was The One (no lado B) e se torna um grande sucesso de vendas, chegando ao primeiro lugar nas paradas, em especial da Billboard, a mais importante dos Estados Unidos. É o primeiro sucesso nacional de Elvis que assina a composição, embora não a tenha composto de fato. Uma letra estranha, um desabafo de um homem solitário, inspirada em um bilhete de um suicida. Apesar do tema sombrio acabou virando um grande hit. Como parte da promoção da nova canção a RCA escala Elvis para aparecer em programas de TV.

30 e 31 de janeiro - A RCA Victor tem planos de colocar no mercado um álbum (LP) de Elvis Presley, mas não tem músicas suficientes para tanto. Assim Elvis viaja até Nova Iorque para a gravações de novas faixas. Nessa sessão em NYC ele grava as seguintes músicas: Blue Suede Shoes, My Baby Left Me, One-Sided Love Affair, So Glad You're Mine, I'm Gonna Sit Right Down and Cry e Tutti Frutti. Nessa mesma ocasião Elvis participa de programas de TV de grande sucesso de audiência, o que eleva e muito sua popularidade por todo o país.

3 de fevereiro - A RCA quer mais músicas gravadas por Elvis em estúdio. Assim ele participa de mais uma sessão em Nova Iorque onde grava apenas duas músicas: Lawdy Miss Clawdy e Shake Rattle and Roll. Essas duas músicas, ótimas por sinal, deveriam fazer parte do primeiro álbum de Elvis pela RCA que seria lançado no mês seguinte, mas curiosamente foram arquivadas pela gravadora, só chegando no mercado anos depois no disco "For LP Fans Only".

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Discografia de Singles - Anos 1950 - Segue abaixo todos os singles (compactos simples) lançados por Elvis Presley em sua carreira durante os anos 50. Muitos desses discos originais são bem raros nos dias de hoje, valendo pequenas fortunas para colecionadores de material do cantor. Outro aspecto a se levar em conta é que nem todos os singles tiveram capas com fotos de Elvis ou arte mais bem elaborada feita pela gravadora. Os primeiros singles da Sun Records eram bem simples, contando apenas com capa padrão da gravadora e selo amarelo, sem luxos. Só a partir do momento em que Elvis virou um fenômeno de vendas é que a RCA Victor procurou melhorar na apresentação dos singles, contratando artistas para a elaboração de bem feitas capas, algumas delas com design até hoje imitados por outros artistas. Segue abaixo a lista completa, com informações adicionais.

Relação dos compactos lançados de 1954 a 1959 de Elvis Presley de acordo com a discografia dos EUA:

1) That's All Right / Blue Moon of Kentucky (Sun) 1954
2) Good Rockin Tonight / If I Don't Care if the Sun Don't Shine (Sun) 1954
3) Milkcow Blues Boogie / You're a Heartbreaker (Sun) 1955
4) Baby Let's Play House / I'm Left, You're Right, She's Gone (Sun) 1955
5) I Forgot to Remember to Forget / Mystery Train (Sun) 1955
6) Heartbreak Hotel / I Was The One 1956 # **
7) I Want You, I need You, I Love You / My Baby Left Me 1956 #
8) Don't Be Cruel / Hound Dog 1956 #
9) Blue Suede Shoes / Tutti Frutti 1956
10) I Got a Woman / I'm Counting On You 1956
11) I'll Never Let You Go / I'm Gonna Sit Right Down and Cry 1956
12) I Love You Because / Trying to Get You 1956
13) Just Because / Blue Moon 1956
14) Money Honey / One-Sided Love Affair 1956
15) Shake, Rattle and Roll / Lawdy, Miss Clawdy 1956
16) Love Me tender / Anyway You Want Me 1956 #
17) Too Much / Playing for Keeps 1957 #
18) All Shook Up / That's When Your Heartaches Begin 1957 #
19) Teddy Bear / Loving You 1957 #
20) Jailhouse Rock / Treat Me Nice 1957 #
21) Don't / I Beg Of You 1958 #
22) Wear My Ring Around Your Neck / Doncha Think It's Time 1958 #
23) Hard Heard Woman / Don't Ask Me Why 1958 #
24) One Night / I Got Stung 1958 #
25) A Fool Such As I / I Need Your Love Tonight 1959 #
26) A big Hunk O'Love / My Wish Came True 1959 #

**A partir deste single todos saíram pela RCA Victor.
# Singles premiados com Disco de Ouro e/ou Platina.

Elvis em 1956
Vamos fazer um balanço de sua carreira nesse ano. A lista serve como guia rápido e prático para o internauta encontrar todas as informações de que precisa de forma mais objetiva. Segue abaixo tudo o que se refere a dados fonográficos de Elvis Presley em termos de discografia norte-americana. Na lista de sessões de gravação temos pela ordem: Data da gravação, músicas gravadas e local de gravação. Nas demais categorias estão listados os álbuns, compactos duplos e compactos simples (singles). Todas as datas se referem aos lançamentos no mercado norte-americano. Todos os produtos foram lançados pela RCA Victor.

É importante esclarecer que na lista de posições nas paradas muita informação se perdeu ao longo dos anos. Não se sabe ao certo, por exemplo, os números reais de vendas dos discos de Elvis Presley no Brasil e nem que posições ocuparam entre os mais vendidos. Até mesmo nos EUA há problemas em catalogar com precisão esse tipo de informação o que torna o número exato de discos vendidos pelo cantor um número meramente estimativo. Apenas alguns anos depois é que houve uma preocupação maior da indústria de registrar as vendas com maior precisão. De qualquer modo segue a lista completa de tudo o que Elvis produziu em termos fonográficos no ano de 1956.


Sessões de Gravação - 1956:
10 de janeiro: "Heartbreak Hotel," "I Got A Woman," "Money Honey" (RCA Studios, Nashville, TN)
11 de janeiro: "I'm Counting On You," "I Was The One" (RCA Studios, Nashville, TN)
30 de janeiro: "Blue Suede Shoes," "My Baby Left Me," "One-Sided Love Affair," "So Glad You're Mine" (RCA Studios, New York, NY)
31 de janeiro : "I'm Gonna Sit Right Down And Cry," "Tutti Frutti" (RCA Studios, New York, NY)
03 de fevereiro: "Lawdy Miss Clawdy," "Shake Rattle and Roll," (RCA Studios, New York, NY)
14 de abril: "I Want You, I Need You, I Love You" (RCA Studios, Nashville, TN)
02 de julho: "Hound Dog," "Don't Be Cruel," "Any Way You Want Me (That's How I Will Be)" (RCA Studios, New York, NY)
24 de agosto: "Love Me Tender," "We're Gonna Move" (Stage 1, 20th Century Fox Studios, Hollywood, CA)
01 de setembro: "Playing For Keeps," "Love Me," "How Do You Think I Feel?," "How's The World Treating You?"(Radio Recorders, Hollywood, CA)
02 de setembro: "When My Blue Moon Turns To Gold Again," "Long Tall Sally," "Old Shep," "Paralyzed," "Too Much," "Anyplace Is Paradise," (Radio Recorders, Hollywood, CA)
03 de setembro: "Ready Teddy," "First In Line," "Rip It Up" (Radio Recorders, Hollywood, CA)
05 de setembro: "Poor Boy," "Let Me" (Stage 1, 20th Century Fox Studios, Hollywood, CA)

Singles (Compactos Simples):
11 de fevereiro: "Heartbreak Hotel" / "I Was The One" (RCA Victor 47-6420)
12 de maio: "My Baby Left Me" / "I Want You, I Need You, I Love You" (RCA Victor 47-6540)
21 de julho: "Hound Dog" / "Don't Be Cruel" (RCA Victor 47-6604)
08 de setembro:
"Blue Suede Shoes" / "Tutti Frutti" (RCA Victor 47-6636)
"I Got A Woman" / "I'm Counting On You" (RCA Victor 47-6637)
"I'll Never Let You Go (Little Darlin')" / "I'm Gonna Sit Right Down And Cry (Over You)" (RCA Victor 47-6638)
"Tryin' To Get To You" / "I Love You Because" (RCA Victor 47-6639)
"Blue Moon" / "Just Because" (RCA Victor 47-6640)
"Money Honey" / "One Sided Love Affair" (RCA Victor 47-6641)
"Lawdy Miss Clawdy" / "Shake Rattle And Roll" (RCA Victor 47-6642)
06 de outubro: "Love Me Tender" / "Any Way You Want Me (That's How I Will Be)" (RCA Victor 47-6643)

EPs (Compactos Duplos)
Março:
Elvis Presley (RCA EPA 747): "Blue Suede Shoes" "Tutti Frutti" "I Got A Woman" "Just Because"

Elvis Presley (RCA EPB 1254): "Blue Suede Shoes" "I'm Counting On You" "I Got A Woman" "One Sided Love Affair" "Tutti Frutti" "Tryin' To Get To You" "I'm Gonna Sit Right Down And Cry (Over You)" "I'll Never Let You Go (Little Darlin')"

Maio:
Heartbreak Hotel (RCA EPA 821): "Heartbreak Hotel" "I Was The One" "Money Honey" "I Forgot To Remember To Forget"

Setenbro:
Elvis Presley (RCA EPA 830): "Shake Rattle And Roll" "I Love You Because" "Blue Moon" "Lawdy Miss Clawdy"

Outubro:
The Real Elvis (RCA EPA 940): "Don't Be Cruel" "I Want You, I Need You, I Love You" "Hound Dog" "My Baby Left Me"

Any Way You Want Me (RCA EPA 965): "Any Way You Want Me" "I'm Left, You're Right, She's Gone" "I Don't Care If The Sun Don't Shine" "Mystery Train"

Elvis Volume 1 (RCA EPA 992): "Rip It Up" "Love Me" "When My Blue Moon Turn To Gold Again" "Paralyzed"

Novembro:
Love Me Tender (RCA EPA 4006): "Love Me Tender" "Let Me" "Poor Boy" "We're Gonna Move"

Elvis Volume 2 (RCA EPA 993): "So Glad You're Mine" "Old Shep" "Ready Teddy" "Anyplace Is Paradise"

Álbuns:

Março:
Elvis Presley (RCA LPM 1254): "Blue Suede Shoes" "I'm Counting On You" "I Got A Woman" "One Sided Love Affair" "I Love You Because" "Just Because" “Tutti Frutti" "Tryin' To Get To You" "I'm Gonna Sit Right Down And Cry (Over You)" "I'll Never Let You Go (Little Darlin')" "Blue Moon" "Money Honey"

Outubro:
Elvis (RCA LPM 1382): "Rip It Up" "Love Me" When My Blue Moon Turns To Gold Again" "Long Tall Sally" "First In Line" "Paralyzed""So Glad You're Mine" "Old Shep" "Ready Teddy""Anyplace Is Paradise""How's The World Treating You?""How Do You Think I Feel?"

Principais Classificações e Prêmios:

Músicas no Hall da Fama do Grammy:
Hound Dog (1988)
Heartbreak Hotel (1995)
Don't Be Cruel (2002)

Músicas Número 1 nas Paradas:
Heartbreak Hotel - Pop, Country Billboard - Cashbox Pop - 1956
I Want You, I Need You, I Love You - Pop(Best Sellers), Country, R&B, Billboard - 1956
Hound Dog - Pop, R&B Sales, Country Billboard - Cashbox Pop - 1956
Don't Be Cruel - Pop, R&B Sales, Country Billboard - Cashbox Pop - 1956
Love Me Tender - Pop Billboard - Cashbox Pop – 1956

Estados Unidos - Discos (LP, CD, EP) Número Um
Elvis Presley - Billboard Pop - Cashbox Pop - 1956
Elvis - Billboard Pop - Cashbox Pop - 1956
Elvis Vol. 1 - EP - Billboard – 1956

Inglaterra - Discos (LP, CD, EP) Número Um
Elvis Presley (Rock'N Roll) - Record Mirror – 1956

Outros Países - Músicas Número Um
Love Me Tender - Canadá(Pre Chum Chart) - 1956
Heartbreak Hotel - Canadá(Pre Chum Chart) - 1956 - Itália - 1957
Hound Dog - Canadá(Pre Chum Chart) - 1956 - Itália – 1957
Tutti Frutti - Itália - 1957

Pablo Aluísio