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quinta-feira, 14 de maio de 2020

Bolden

Logo no começo do filme o público é informado de que não se sabe muitas informações sobre a vida pessoal do músico Buddy Bolden. Ele morreu em 1931, internado em uma instituição para doentes mentais em Nova Orleans, Louisiana. Embora tenha sido um homem saudável e produtivo ao longo de quase toda a sua vida, ele em seus últimos anos sucumbiu após ser diagnosticado com esquizofrenia. Foi um trágico fim para um instrumentista que até hoje é considerado por historiadores como um gênio da música americana. Acontece que Bolden é visto como um dos pais do Jazz. Sim, ele ao lado de outros músicos de sua época, ajudou a criar esse novo idioma musical que até hoje é muito reverenciado.

Pobre e negro, ele viveu uma existência sofrida. O pai morreu cedo e a mãe teve muitas dificuldades para cria-lo. Sua salvação veio na música. Com muito sacrifício conseguiu comprar um instrumento musical de segunda mão e começou a se apresentar no rico cenário artístico de sua cidade. Logo se destacou pois gostava de improvisar durante as apresentações. Inicialmente membro de um grupo de ragtime ele decidiu que iria se descolar dos modelos mais rígidos da época e abraçou a improvisação, a criação em pleno palco. Nesse aspecto acabou se tornando um dos mais inteligentes e criativos músicos do sul.

As histórias de quem o viu tocar ao vivo dão conta que ele tinha um talento realmente excepcional, mas infelizmente nada sobreviveu de suas performances. Ele chegou a fazer algumas gravações, em primitivos sistemas de registro em cilindros (uma tecnologia anterior ao disco), mas esses registros até hoje nunca foram encontrados. Suas músicas porém sobreviveram, muito pela tradição de músicos de sua cidade que nunca deixaram de tocar seus números. Com isso as canções foram preservadas.

O roteiro do filme usa uma linha narrativa interessante colocando Bolden já internado no sanatório onde morreu. Dentro de sua mente ele então passa a relembrar o passado e sua história é contada por longos flashbacks. Porém a direção de Dan Pritzker optou por uma narração bem fragmentada. A mente de Bolden lembrava dos fatos, mas como ele sofria de uma grave doença mental tudo é mostrado para o espectador sob esse viés. Por isso algumas pessoas podem até mesmo acusar o filme de ser um pouco confuso na edição de suas imagens. Eu penso de forma diferente. Achei uma opção de narrativa muito criativa. Assim deixo a dica sobre esse filme que conta a história daquele que muito provavelmente foi o primeiro artista de Jazz da história.

Bolden (Bolden, Estados Unidos, 2019) Direção: Dan Pritzker / Roteiro:  Dan Pritzker, Dan Pritzker / Elenco:  Gary Carr, Erik LaRay Harvey, Ian McShane / Sinopse: Esse filme conta a história real do músico negro norte-americano Buddy Bolden (Gary Carr). No começo do século XX ele começou a chamar a atenção para seu talento como instrumentista numa banda de ragtime. Em poucos anos acabou se tornando um dos grandes fundadores do estilo musical que passou a ser conhecido como Jazz.

Pablo Aluísio.