Sempre gostei muito dos livros escritos pelo autor inglês Bernard Cornwell. Ele geralmente ambiente seus romances em duas épocas básicas, durante as guerras contra Napoleão Bonaparte ou então nas batalhas épicas da formação da nação inglesa, logo após a saída dos romanos da Britânia. Cornwell gosta de escrever longas sagas históricas, em diversos livros em séries, mas aqui nesse "O Condenado" temos um livro único, com história fechada. O protagonista é um ex-tenente das guerras napoleônicas. Ele esteve na batalha de Waterloo servindo ao exército inglês. Agora, de volta à vida civil, ele é contratado pelo secretário do interior para fazer uma investigação não oficial. Ele precisa descobrir se um jovem pintor que foi condenado à morte pela justiça é de fato mesmo o autor do assassinato de uma marquesa. O pedido da investigação partiu da própria Rainha que nunca acreditou na versão oficial.
Assim esse tenente chamado Ridel Sandman sai em Londres em busca de pistas. Ao seu lado surgem outros personagens que lhe dão apoio, como um curioso e divertido Lord inglês, que adora o esporte em que Sandman é considerado um craque, uma bela jovem chamada Sally e um velho sargento, também veterano das guerras napoleônicas. O objetivo é localizar uma criada que teria sido testemunha do crime e saberia a verdadeira identidade do assassino.
Bernard Cornwell escreveu um bom livro. Ele se debruçou por meses na biblioteca de Londres para estudar sobre o contexto histórico da chamada "era dos enforcamentos", um tempo no século XIX em que muitos criminosos foram executados na forca na praça principal da capital do império. Ele inclusive decidiu usar os nomes reais de certas pessoas que participaram desses enforcamentos em seus personagens de ficção. Um fato curioso é que os condenados que conseguiam escapar da forca, através de algum perdão real, acabavam sendo expulsos para a Austrália. Enfim, um livro muito bom de ler, principalmente para quem gosta de mistérios e aspectos de uma época em que a criminologia valoriza a punição pública pela corda.
Pablo Aluísio.