
O filme é principalmente um exercício de cinema do velho mestre do suspense. São oito tomadas de dez minutos - duração de cada rolo - que fazem esteticamente um único plano sequência, isto é, 80 minutos aparentemente sem cortes durante os quais os rapazes matam, escondem o cadáver numa arca e celebram sobre ela o tal festim do título. A homossexualidade dos assassinos é sugerida, ficando num patamar subliminar, quase despercebido. Na época não houve nenhum alvoroço em torno do assunto, mas com certeza a reação do público teria sido diferente se Brandon e Phillip fossem bons moços e não uma dupla assassina, depravada e imoral. Para acentuar ainda mais o desprezo pelo resto da humanidade, eles convidam para o banquete os pais e a noiva da vítima e, num último toque de "vaidade de artista", convidam também o professor que teria sido sua inspiração, querendo no fundo a sua aprovação. Mas, afinal, quem descobre a trama é o próprio Rupert, perplexo e chocado com a capacidade de degradação do ser humano. Nota 10
Festim Diabólico (Rope, EUA, 1948) Direção: Alfred Hitchcock / Roteiro: Hume Cronyn adaptado da peça de Patrick Hamilton / Elenco: James Stewart, John Dall, Farley Granger / Sinopse: O filme foi inspirado no chocante assassinato ocorrido em 1924 na cidade de Chicago (EUA) onde dois jovens de família judia de classe média alta - Richard Loeb e Nathan Leopold Jr - mataram o menino Bobby Frank, de 14 anos, pelo simples "estímulo intelectual do crime", como definiu um jornalista na ocasião.
Telmo Vilela Jr.
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