quarta-feira, 1 de junho de 2005

Elvis Presley - O Começo da Queda

Além da apresentação em Pearl Harbor, Elvis também realizou dois concertos em Memphis antes de se retirar de forma prolongada dos concertos ao vivo durante os anos 60. No dia 25 de fevereiro de 1961 Elvis subiu ao palco do Ellis Auditorium. Foi um evento de homenagem ao próprio Elvis - o governador do estado Buford Ellington declarou o dia como 'Elvis Presley Day' - e também uma forma de arrecadar fundos para a caridade - mais de 50 mil dólares foram arrecados ao fim do concerto. Antes dos shows houve um evento em honra a Elvis no Hotel Claridge. O cantor não gostava muito de jantares sociais como esse mas foi convencido por Vernon a comparecer. Distribuiu sorrisos, autógrafos e recebeu as devidas homenagens. Depois disso Elvis só voltaria a se apresentar em Pearl Harbor no Havaí e só retornaria em 1968 no especial de TV na NBC e no ano seguinte em Las Vegas para temporadas longas no International Hotel (depois Las Vegas Hilton). Mas o que levou Elvis a ficar tantos anos fora dos shows ao vivo? Logo ele que tanto gostava do calor humano proporcionado por seus fãs?

A verdade é que Elvis queria de todas as formas dar certo no mundo do cinema. Ele estava vivendo seu sonho de ser James Dean, seu grande ídolo nas telas. E o Coronel Parker resolveu adotar o lema: "Se quiser ver Elvis cantando pague uma entrada de cinema". Nada de shows, nada de aparições em programas de TV, nada de entrevistas. Parker (e Elvis concordava com isso) entendia que se Elvis começasse a fazer turnês as pessoas deixariam de assistir seus filmes. Afinal se podiam ver Elvis em carne e osso para que iriam até o cinema para vê-lo em celulóide? É incrível mas eles insistiram nisso por praticamente toda uma década!

Com Elvis fora do caminho no mundo musical os jovens acabaram adotando outros ídolos. Os Beatles chegaram nos EUA e varreram as paradas de sucesso como nunca ninguém havia visto antes. Eles chegaram a ocupar os quatro primeiros lugares da Billboard em sequência, sem ninguém por perto para ameaçá-los. Elvis? Estava praticamente fora da lista dos mais vendidos. Era considerado carta fora do baralho. E logo após outros grupos semelhantes surgiram, tanto ingleses como americanos. Tudo estava mudando, as letras, as mensagens das músicas, os figurinos dos grupos de sucesso. Era uma nova onda musical surgindo, um novo estilo que vinha para romper com o marasmo.

Enquanto o mundo musical mudava e passava por uma revolução sem precedentes, Elvis que tinha de certa forma começado tudo aquilo nos anos 50, afundava em Hollywood estrelando filmes ruins e tolos que eram ignorados pela juventude da época. Só para se ter uma idéia do tamanho do desastre para a carreira de Elvis basta citar que ele ficou de 1962 a 1969 sem conseguir emplacar nenhum sucesso musical no topo da parada de singles da Billboard! Suas novas canções não tocavam mais nas rádios e ele foi desaparecendo lentamente do meio. Afinal quem não era visto não era lembrado.

Até no Brasil a crise foi sentida. A filial brasileira da RCA deixou até de lançar seus álbuns por aqui após um certo tempo. Elvis não vendia mais a ponto de justificar o lançamento de seus discos fora dos EUA. As fãs que gritavam pelos Beatles empunhavam cartazes onde se podia ler: "Viva os Beatles! Elvis já morreu". O pior era saber que nisso havia de fato um fundo de verdade. E pensar que tudo poderia ter sido diferente. Assim seus shows em Memphis e Pearl Harbor se tornaram significativos e simbólicos da crise que surgia no horizonte. Era o começo da queda. Foi a despedida de uma era de ouro para o artista Elvis.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 27 de maio de 2005

Elvis Presley - Reconsider Baby

Elvis Presley - Reconsider Baby
Nunca passou pela cabeça dos executivos da RCA Victor o lançamento de um disco apenas com músicas de blues gravadas por Elvis ao longo de sua carreira. Durante toda a sua discografia oficial que se encerrou em 1977 com sua morte, nada chegou ao mercado nesse sentido. Só em 1985 é que chegou no mercado essa coletânea blues de suas melhores faixas no gênero. Foi um resgate histórico tardio, mas muito bem-vindo. Afinal Elvis sempre foi um admirador da cultura negra dos Estados Unidos. O blues para ele era tão familiar e natural como havia sido o gospel, o country e, é claro, o rock.

Esse álbum adquiri ainda na era do vinil, em 1985 mesmo. Foi um disco que chegou a ser lançado no Brasil. A capa e a contracapa seguiram o padrão americano, o que foi muito bem-vindo para os fãs. A filial brasileira da RCA inclusive manteve o texto original que vinha na contracapa em inglês. Isso deu uma certa sensação aos fãs na época de que o disco era importado, embora fosse realmente uma edição nacional, bem caprichada. A capa já chamava a atenção por trazer uma foto rebuscada de Elvis, tirada de forma amadora, com seu terno de listas que ele chegou a usar em algumas apresentações. O clima anos 50 era de fato bem adequado para esse tipo de lançamento.

A seleção também era bem elaborada. Em meados dos anos 80 as coisas tinham melhorado na major americana da RCA Victor. Os discos eram bem mais selecionados, contando com especialistas na discografia de Elvis Presley. Nada parecido com a bagunça que se tornou os lançamentos do cantor após sua morte em 1977. Nada de coletâneas de músicas infantis e outras bobagens. A intenção agora era de fato resgatar o melhor em termos de qualidade musical por parte de Elvis e seu legado. Assim os fãs acabaram sendo presenteados com um disco que tinha além de uma direção de arte muito bonita, também uma seleção digna de um nome como Elvis Presley.

1. Reconsider Baby    
A música principal do disco também lhe dava o título. "Reconsider Baby" é até hoje considerada a melhor música de blues gravada por Elvis. Ela fez parte inicialmente do sublime disco "Elvis is Back!" que foi gravado assim que Elvis retornou aos Estados Unidos da Alemanha, onde tinha ido cumprir seu serviço militar. Depois de ficar dois anos longe dos estúdios e dos microfones, Elvis parecia com muita disposição para gravar. O repertório desse disco foi simplesmente genial, uma maravilhosa sessão de canções que para muitos formaram o melhor trabalho do cantor nos anos 60. Certos exageros à parte, não há muito equívoco nesse tipo de opinião. "Reconsider Baby" estava aí para provar esse tipo de ponto de vista. Era mesmo uma obra prima do blues, divinamente cantada por Elvis Presley. Um daqueles momentos únicos que definiram toda a carreira de um artista como ele.

2. Tomorrow Night    
"Tomorrow Night" foi gravada por Elvis Presley ainda nos tempos da Sun Records. Até hoje não se sabe com exatidão em que ano ela foi gravada, se 1954 ou 1955. Quando o passe de Elvis foi comprado pela RCA Victor a gravadora levou todos os takes e músicas gravadas por Elvis na Sun Records. Essa foi uma delas. Ficou arquivada anos e anos e depois relançada com novo arranjo no álbum "Elvis For Everyone" de 1965. Ela ganhou uma roupagem musical nova com a assinatura do grande músico e produtor Chet Atkins. Os executivos da RCA achavam que não dava para lança-la tal como gravada na Sun, pois a consideravam muito simples, muito sem sofisticação. Atkins foi então designado para dar uma sonoridade mais moderna e bonita. A versão que temos nesse álbum é a crua, tal como foi gravada pelos Blue Moon Boys (Elvis, Scotty Moore e Bill Black). Embora a versão embelezada dos anos 60 seja de fato muito bonita, com uma bela guitarra tocada pelo próprio Chet Atkins atravessando toda a faixa, aqui a ouvimos tal como foi registrada por Elvis e banda em seus primórdios. É de fato a versão definitiva de Mr. Presley. Já a música original é bem mais antiga e foi lançada pelo cantor e compositor Lonnie Johnson. Hoje em dia essa composição é considerada uma das mais importantes da história do blues norte-americano. Evocativa e muito bem escrita, realmente é um ponto alto da discografia de Elvis Presley. Um momento que não foi bem aproveitado na época de sua gravação.

3. So Glad You´re Mine
A versão de "So Glad You're Mine” que ouvimos nesse álbum é a mesma do disco "Elvis" de 1956, sem maiores novidades. Apenas a RCA Victor trabalhou um pouco mais na master original para recuperá-la adequadamente. Alguns fãs e críticos dizem que ela tem uma leve aceleração em seu ritmo normal. De fato, se ouvirmos o disco de vinil lançado em 56, vamos notar mesmo uma pequena variação em sua duração. Esse porém é um detalhe tão absurdamente minucioso que para o ouvinte comum não fará muita diferença. No mais esse blues é outro grande clássico, criado e composto por Arhur "Big Boy" Crudup, um artista de blues pelo qual Elvis tinha especial admiração. Não podemos nos esquecer que a primeira gravação profissional de Elvis se deu com uma outra composição de Big Boy, a hoje clássica "That´s All Right (Mama)".
   
4. One Night    
"One Night" foi lançada como single em 1957. Chamou muito atenção em seu lançamento original pois a música foi considerada quase pornográfica para aquela sociedade muito conservadora e puritana dos anos 50. E isso porque o produtor Steve Sholes optou pelo lançamento de uma versão mais leve, não totalmente provocante que ficou conhecida dentro do estúdio como "One Night Of Sin". Pois foi justamente um dos takes da versão envenenada que foi selecionado para esse disco. Como não existia mais a preocupação em não chocar ou não escandalizar, a RCA resolveu restaurar os takes originais, sendo que esse ótimo momento chegou pela primeira vez no mercado justamente nesse título "Reconsider Baby", quase quarenta anos depois de sua gravação original! Como diz o ditado, antes tarde do que nunca...

5. When It Rains, It Really Pours
"When It Rains, It Really Pours" é bem mais interessante. Um velho blues gravado por Elvis que ficou anos e anos arquivado, sem que a gravadora do cantor a colocasse no mercado. Quem lembra do disco "Elvis For Everyone" de 1965? Pois é, era um álbum bem estranho, não sendo nem um disco oficial de inéditas gravado em estúdio e nem uma coletânea tradicional. Ficando no meio termo entre as duas classificações, acabou chamando pouca atenção dos fãs. Essa música também já havia sido lançada no álbum "Elvis: A Legendary Performer Volume 4" e aqui ganha nova roupagem. Está bem mais trabalhada, com visível melhoria na qualidade sonora.
    
6. My Baby Left Me    
"My Baby Left Me" é uma antiga gravação de Elvis que foi lançada pela primeira vez em álbum no LP "For LP Fans Only". Nem precisa dizer que essa foi uma coletânea da RCA nos tempos em que Elvis estava servindo o exército na Alemanha. Um mero caça-níqueis? Em termos, havia boa coisa ali, além disso preservou para a posteridade grandes momentos da carreira de Elvis, inclusive sua primeira gravação profissional, a excelente "That´s All Right (Mama)", gravada nos tempos em que Elvis pertencia ao selo Sun Records. Bom, diante de tudo isso é interessante notar que a versão de "My Baby Left Me" que foi incluída nesse disco é a oficial, master, sem novidades.

7. Ain´T That Loving You Baby
Já tive oportunidade de escrever várias vezes isso e repito mais uma vez: a versão de "Ain't That Loving You Baby" que você encontra nesse disco de Elvis é a melhor de todas as que já ouvi! Muito superior inclusive ao master oficial que sem ritmo, sem pegada, fracassou nas paradas quando foi lançada tardiamente em single durante os anos 60. Aqui há uma batida inigualável! De todas as músicas que Elvis gravou em sua carreira essa ocupa um lugar de destaque pelos motivos errados. Como é possível ignorarem esse take, escolhendo um bem mais inferior para lançar oficialmente? Um verdadeiro desperdício. O mais estranho é que essa versão ficou anos e anos fora do mercado. Enfim, se você precisa de apenas uma razão para comprar esse disco "Reconsider Baby" essa é a inclusão desse take maravilhoso na seleção musical. Um pedaço de genialidade de Elvis que foi injustamente jogado de lado pela RCA Victor.    

8. I Feel So Bad
"I Feel So Bad" também é outro momento muito bom do disco. Elvis a gravou em 1961 em uma época em que ele estava ficando mais centrado apenas nas trilhas sonoras de filmes. É uma faixa que nos faz lembrar o quão Elvis poderia ter sido interessante nos anos 60 se não tivesse sido literalmente engolido pelos estúdios de Hollywood. É a tal coisa, a música ficou em segundo plano, enquanto o Elvis ator não conseguia ir muito além do lugar comum. Uma pena. Mal lançada, sem promoção, esse blues ainda conseguiu chegar na décima quinta posição da Billboard, mostrando que a música de qualidade de Elvis sobrevivia a tudo mesmo, até mesmo ao péssimo gerenciamento de seus lançamentos pela RCA.   

9. Down In The Alley
"Down in the Alley" é outra gravação resgatada dos anos 60, mais um excelente momento de Elvis no gênero blues. Outra que nunca foi aproveitada de forma adequada na discografia de Elvis. Outra que foi usada como bonus songs de uma trilha sonora menor, "Spinout". No lado B desse álbum, que vendeu pouco e foi ignorado, a música, apesar de sua grande qualidade, foi deixada de lado, esquecida completamente. Curiosamente Elvis parecia acreditar nela, a tal ponto que chegou a usá-la ao vivo nos anos 70. Ele a resgatou do esquecimento com o objetivo de variar um pouco seu repertório de palco, mas a recepção do público, que mal a conhecia, foi fria e indiferente. Com isso Elvis a jogou de novo na gaveta do esquecimento. Provavelmente se tivesse sido bem recebida Elvis teria um mudado um pouco a lista das canções que sempre apresentava em seus concertos. Como o público porém queria mesmo ouvir "Love Me Tender" e "Suspicious Minds" Elvis foi ficando dentro de uma zona de conforto, cantando basicamente as mesmas músicas, ano após ano. Uma pena.   

10. Hi-Heel Sneakers
O vinil vai passando e então soam os primeiros acordes de "Hi-Heel Sneakers". Esse é um blues das antigas, gravado pela primeira vez por Tommy Tucker, cantor negro de blues, excelente pianista e compositor de mão cheia. É dele uma das mais bonitas e lindas músicas de todos os tempos, "My Girl". Pois bem, aqui Tucker foi direto no fonte, mesclando o blues mais tradicional com uma sonoridade que ele pensava ser atrativa para as rádios. No fundo ele queria fazer sucesso, óbvio. E de fato ele acertou em cheio pois a canção conseguiu chegar na décima primeira posição da concorrida parada Billboard Hot 100. Para um blues era algo excepcional. Elvis sempre ligado no que estava acontecendo ficou realmente atraído por aquele som. Elvis cresceu com uma excelente formação musical, ouvindo muito blues, country, gospel, enfim, as sonoridades que eram tocadas nas rádios comerciais de sua cidade. A música estava no ar e Elvis obviamente sabia quando ouvia um blues de qualidade. O problema é que por essa época ele já estava preso aos contratos das companhias cinematográficas. Os pacotes das trilhas sonoras chegavam fechados, sem possibilidade de Elvis discutir o que iria ou não gravar. Mesmo assim, com as mãos amarradas, ele decidiu que iria fazer sua versão. Algo que ficou maravilhoso em sua voz. Ouvindo faixas como essas podemos ter uma noção de como Elvis perdeu tempo gravando todo aquele material de Hollywood. Se ele tivesse se dedicado apenas a bons materiais nessa fase de sua vida teríamos algo bem melhor para ouvir hoje em dia.   

11. Stranger In My Own Home Town
"Stranger In My Own Home Town" ganhou um destaque melhor na discografia de Mr. Presley. Essa fez parte da histórica sessão de gravação de Elvis no American Studios em 1969. Lançada no álbum "From Memphis to Vegas – From Vegas to Memphis"e relançada logo depois no "Back in Memphis", esse blues sempre ganhou elogios da crítica em geral. Não fez sucesso nas rádios e nem se tornou um hit, mas trouxe prestígio a Elvis em um momento de virada em sua carreira. Depois de anos de trilhas sonoras massacradas pela crítica, Elvis finalmente ganhou reconhecimento pelo belo trabalho que produziu no American em Memphis. Afinal ele estava em casa e tinha que honrar seu lugar entre os grandes intérpretes e cantores da história da música norte-americana.
   
12. Merry Christmas Baby
Outro blues fantástico é "Merry Christmas Baby". Para muitos foi a única obra prima gravada por Elvis durante as sessões que deram origem ao disco "Elvis Sings the Wonderful World of Christmas". Aquele mesmo álbum de 1971 só com músicas de natal, que o próprio Elvis nem queria gravar, mas que acabou cedendo aos desejos e caprichos da RCA Victor e do Coronel Parker. Originalmente essa canção saiu como lado B de um single pouco conhecido durante o pós-guerra. Era o ano de 1947 e a indústria fonográfica ainda engatinhava. Elvis com apenas 12 anos de idade teve contato com a versão original? Não sabemos, mas é possível, afinal ele foi uma pessoa que cresceu ao lado do rádio ouvindo tudo o que era tocado. Muitos creditam a inspiração de Elvis a outra gravação, de Chuck Berry, em 1958, quando ele estava começando o serviço militar. Isso também é possível, porém essa é aquele tipo de pergunta que só poderia ser respondida pelo próprio Presley. De uma forma ou outra o que temos certeza é que a gravação do cantor é absurdamente bem realizada. Puro blues, puro blues.
   
Pablo Aluísio.

quinta-feira, 26 de maio de 2005

Elvis Presley - Elvis e "Big Boy" Crudup

Quem compôs a primeira música que Elvis Presley gravou comercialmente foi Arthur "Big Boy" Crudup. E quem foi ele? Crudup foi um cantor, instrumentista e compositor negro nascido em Forest, Mississippi, bem no meio do Delta do famoso rio. Ele fez parte de uma longa linhagem de grandes músicos de Blues que eram muito comuns no Sul dos Estados Unidos. Como se sabe o Blues nasceu dos lamentos dos escravos e depois dos negros libertos que ganhavam a vida em condições muito duras nas plantações de algodão do sul americano. Como o violão era um instrumento barato e de fácil acesso logo se formou um grande número de músicos, profissionais ou não, que tocavam o bom e velho blues, seja em clubes noturnos, seja nas próprias ruas, sempre em busca de alguma contribuição de alguém que vinha passando.

No caso de Crudup ele tinha um diferencial pois além do Blues do Delta era também um grande admirador do gospel que era cantado nas igrejas negras pelo sul. Essa proximidade de dois ritmos diferentes iria ser bem marcante em suas composições, o que nos anos seguintes levaria à fusão de estilos que acabaria dando origem ao que hoje conhecemos como Rock´n´Roll. Arthur Crudup uniu as linhas de melodia do velho blues ao estilo dançante e vibrante do gospel negro, dando origem, até de forma inconsciente, em uma nova linguagem musical. Para completar o caldo o que mais era necessário? Ora, o country branco dos caipiras. E foi um caipira, Elvis Presley, que jogou o último ingrediente no caldeirão. O prato que saiu de tantas misturas nós já conhecemos muito bem.

Ao longo de sua vida Arthur Big Boy transitou ora pelo Blues mais visceral, ora pelo gospel dos grupos vocais fazendo parte inclusive do Harmonizing Four, um dos preferidos de Presley. Muitas biografias afirmam que Arthur Big Boy Crudup teve uma vida miserável e morreu pobre e esquecido. Isso é verdade apenas em termos. Ao longo da carreira o música assinou com grandes companhias, inclusive a RCA em que Elvis gravava seus discos e teve uma vida próspera no auge do sucesso. Após alguns problemas com um selo ocasionados por direitos autorais Arthur resolveu deixar o mundo da música de lado e voltou para a Virginia onde morreu em 1974. O lado positivo é que em vida foi homenageado e reconhecido. Elvis Presley gravou outras canções suas como "My Baby Left Me" e "So Glad You're Mine" e depois em agradecimento lhe presenteou com uma placa de ouro comemorativa de seu primeiro single, "That´s All Right (Mama)". Era o reconhecimento de Presley para com o velho músico negro que tanta contribuição deu para o mundo da música americana (e mundial).

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e o Bluegrass

Outro grande nome da música norte-americana que cruzou caminho com Elvis Presley foi o cantor e compositor country Bill Monroe, o autor de "Blue Moon Of Kentucky". Músico pioneiro, é conhecido nos Estados Unidos como o pai do Bluegrass. O próprio Bill se auto denominava "um fazendeiro com um bandolim e uma voz de tenor". Ele e seu conjunto de Bluegrass ajudaram e influenciaram profundamente o Western Swing e o honky-tonk (variações da música rural americana).

Bill Monroe nasceu em Rosine, Kentucky no ano de 1911. Em 1934 juntou-se ao seu irmão, Charlie Monroe, e juntos começaram a tocar em Estados do Sul como a Carolina. Dois anos depois firmaram um contrato com uma subsidiária da RCA, a Bluebird label. Em 1938 se separa de seu irmão e forma sua própria banda, Bill Monroe & His Bluegrass Boys e começam a se apresentar no Grand Ol' Opry.

Depois do fim da banda em 1945, Monroe continua em carreira solo, se apresentando em vários festivais de Country Music. Em 1954, Elvis Presley gravou seu primeiro single com uma canção de Monroe no Lado B "Blue Moon of Kentucky". Essa música foi gravada originalmente por Monroe em 1947 quando o músico assinou com a gravadora Columbia. Na mesma linha ele emplacou vários sucessos country como "Toy Heart," "Blue Grass Breakdown," "Molly and Tenbrooks", "Wicked Path of Sin," "My Rose of Old Kentucky" e "Little Cabin Home on the Hill", essa última uma das preferidas de Elvis.

Monroe também cruzou o caminho de outro mito, Hank Williams, e se imortalizou entrando para o Country Hall da fama nos anos 70 e no Rock and Roll Hall da fama em 1997. Foi também homenageado no álbum "Bill Monroe and Friends", lançado em 1985 contando com grandes nomes da música country como Johnny Cash, Willie Nelson e Emmylou Harris. Bill Monroe morreu no dia 9 de setembro de 1996 em Springfield, Tennessee. Seu legado musical porém permanece firme até os dias de hoje.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 25 de maio de 2005

Elvis Presley - The Blue Moon Boys

Elvis Presley - The Blue Moon Boys
Quando Elvis Presley apareceu para sua primeira audição na Sun Records ele chegou sozinho com seu violão. O produtor e dono da Sun Records, Sam Phillips, queria gravar uma música e sua secretária sugeriu que ele chamasse o "cara das costeletas" para um teste. Elvis então foi convidado para o estúdio para ver se ele interpretaria a música como Phillips queria. Não deu muito certo. A canção era muito careta para um jovem daqueles bancar o baladeiro meloso. Elvis era um garotão e não tinha o sentimento ideal para aquele tipo de melodia. Nesse ponto Sam poderia ter desistido de Elvis, afinal ele era só um chofer de caminhão anônimo em Memphis. Curiosamente não o fez. Por puro instinto, sexto sentido ou qualquer outra coisa Phillips teve a intuição de que Elvis poderia ser promissor. Ele perguntou a Presley se ele tinha uma banda ou alguns músicos que pudessem comparecer com ele em um novo dia na Sun. Elvis não tinha ninguém. Sem outra alternativa Sam resolveu ligar para dois músicos amigos seus para tocar com Elvis numa data que pretendia marcar. Eles eram Scotty Moore e Bill Black.

Muitos autores chamam essa primeira formação que tocou ao lado de Elvis de "The Blue Moon Boys". De fato em algumas ocasiões o trio chegou a usar esse nome mas na realidade eles não se viam assim. Eram apenas Elvis, Scotty e Bill, como aliás aparecia nos selos dos primeiros compactos de Elvis na Sun. Logo que se conheceram Elvis percebeu que se daria muito melhor com Bill Black. Ele era um sujeito bonachão, de sorriso fácil e gostava de uma boa piada sulista. Scotty por outro lado era fechado, taciturno e pouco extrovertido. Era calado e ficava o tempo todo na dele. Na realidade mal chegou a criar um laço de amizade com Elvis mesmo trabalhando ao seu lado por tantos anos. Como todo mundo sabe Presley gostava de um clima mais leve, geralmente contando casos engraçados ou fazendo gozações. Com Moore não havia muito espaço para esse tipo de coisa. Ele era mais velho do que Elvis e se mantinha numa postura mais profissional. Isso contrastava com o baixista gordinho da trupe. Bill Black era o mais velho do grupo, tinha quase 10 anos a mais que Elvis, mas não se comportava como tal. Ria com Presley e se divertia ao lado dele nos estúdios e quando caíam na estrada para fazer shows em cidades vizinhas.

Após alguns meses o baterista D.J. Fontana entrou para o grupo. Juntos gravaram praticamente todas as músicas que Elvis gravou na década de 1950. Presley estimava seus colegas músicos e os levou junto quando foi contratado pela RCA Victor. Além disso fez questão de levá-los também para Hollywood quando começou a fazer filmes. Apesar de ter sido leal o fato é que a estrela de Elvis começou a subir a um patamar que Scotty e Bill ficaram totalmente ofuscados. Seus nomes desapareceram dos discos e eles viraram coadjuvantes do superstar Elvis. Em 1958 Bill Black resolveu cair fora. Ele já vinha com projetos próprios e sentia que devia seguir seu caminho. Além disso tinha entrado em atrito com o empresário de Elvis, Tom Parker, por melhores ganhos. Com a saída de Black os Blue Moon Boys chegaram ao fim. Scotty Moore porém seguiu em frente tocando com Elvis em muitos de seus álbuns pela década de 60 afora. D.J. Fontana também se tornou um músico de estúdio dos mais presentes na sessões de Elvis nos anos seguintes. De fato com a saída de Black eles próprios nunca mais se viram como um grupo em si. Era apenas Elvis Presley e a banda que o acompanhava.

Alguns anos atrás o vocalista Bono do U2 afirmou numa entrevista que o som que Elvis, Scotty e Bill fizeram na Sun Records jamais será superado. Ele tem razão. Eram as pessoas certas no lugar certo na época exata! O trio e depois quarteto com violão, guitarra, baixo e bateria acabaria se tornando o padrão dos grupos de rock até os dias de hoje! Até os Beatles seguiram exatamente essa formação. E pensar que tudo começou meio por acaso numa pequena gravadora de Memphis...

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e Chet Atkins

Chet Atkins foi um influente guitarrista e produtor musical, que ajudou a modernizar a música country na década de 60, abrindo caminho para o enorme sucesso comercial do gênero. Chet Atkins teve uma carreira multifacetada: como músico de estúdio, participou de gravações com Elvis Presley e os Everly Brothers; como artista com uma grande produção própria; e como um "caçador de talentos", descobriu novos artistas country.

Entre suas descobertas estão Charley Pride e Waylon Jennings. Chet Atkins produziu alguns dos maiores sucessos de Elvis como "It's Now or Never", "Are You Lonesome Tonight?", "Surrender", "Kiss Me Quick" e várias outras canções interpretadas pelo cantor. Atkins era uma das pessoas mais poderosas em Nashville, a capital da música country dos Estados Unidos, principalmente durante os anos 60, quando trabalhava na RCA Records, produzindo estrelas como Eddy Arnold, Don Gibson e Jim Reeves.

Ele era chamado de "o Rei da viela dos Músicos", referência à região de Nashville onde ficavam todas as gravadoras. Até sua morte, ele manteve um escritório na mesma área. Artistas como Mark Knopfler, George Harrison e Paul McCartney frequentemente citavam o estranho estilo de Atkins tocar guitarra como uma importante influência. Atkins devolveu o favor aos Beatles ao gravar, em 1966, o álbum "Chet Atkins Picks on the Beatles."

Mark Knopfler, que liderava o Dire Straits, dividiu dois prêmios Grammys com Atkins em 1990 pelo aclamado disco "Neck and Neck." Atkins venceu 14 Grammys no total, o último deles em 1996. Aos 49 anos, ele foi a pessoa mais jovem a ser indicada para o Country Music Hall of Fame. Começando no meio da década de 50, Atkins lançou mais de 100 álbuns, e ganhou o apelido de Mr. Guitar Man. Sempre que assinava um papel, ele acrescentava as iniciais "cgp" -- certified guitar player, ou guitarrista certificado. Seu legado será o "Som de Nashville", que ele ajudou a criar ao lado do lendário produtor da Decca Records, Owen Bradley, o homem que criou Patsy Cline e Loretta Lynn. Chet Atkins morreu em julho de 2001. 

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 24 de maio de 2005

Elvis Presley - Discografia de Singles - Anos 1950

Elvis Presley - Discografia de Singles - Anos 1950 - Segue abaixo todos os singles (compactos simples) lançados por Elvis Presley em sua carreira durante os anos 50. Muitos desses discos originais são bem raros nos dias de hoje, valendo pequenas fortunas para colecionadores de material do cantor. Outro aspecto a se levar em conta é que nem todos os singles tiveram capas com fotos de Elvis ou arte mais bem elaborada feita pela gravadora. Os primeiros singles da Sun Records eram bem simples, contando apenas com capa padrão da gravadora e selo amarelo, sem luxos. Só a partir do momento em que Elvis virou um fenômeno de vendas é que a RCA Victor procurou melhorar na apresentação dos singles, contratando artistas para a elaboração de bem feitas capas, algumas delas com design até hoje imitados por outros artistas. Segue abaixo a lista completa, com informações adicionais.

1) That's All Right / Blue Moon of Kentucky (Sun) 1954
2) Good Rockin Tonight / If I Don't Care if the Sun Don't Shine (Sun) 1954
3) Milkcow Blues Boogie / You're a Heartbreaker (Sun) 1955
4) Baby Let's Play House / I'm Left, You're Right, She's Gone (Sun) 1955
5) I Forgot to Remember to Forget / Mystery Train (Sun) 1955
6) Heartbreak Hotel / I Was The One 1956 # **
7) I Want You, I need You, I Love You / My Baby Left Me 1956 #
8) Don't Be Cruel / Hound Dog 1956 #
9) Blue Suede Shoes / Tutti Frutti 1956
10) I Got a Woman / I'm Counting On You 1956
11) I'll Never Let You Go / I'm Gonna Sit Right Down and Cry 1956
12) I Love You Because / Trying to Get You 1956
13) Just Because / Blue Moon 1956
14) Money Honey / One-Sided Love Affair 1956
15) Shake, Rattle and Roll / Lawdy, Miss Clawdy 1956
16) Love Me tender / Anyway You Want Me 1956 #
17) Too Much / Playing for Keeps 1957 #
18) All Shook Up / That's When Your Heartaches Begin 1957 #
19) Teddy Bear / Loving You 1957 #
20) Jailhouse Rock / Treat Me Nice 1957 #
21) Don't / I Beg Of You 1958 #
22) Wear My Ring Around Your Neck / Doncha Think It's Time 1958 #
23) Hard Heard Woman / Don't Ask Me Why 1958 #
24) One Night / I Got Stung 1958 #
25) A Fool Such As I / I Need Your Love Tonight 1959 #
26) A big Hunk O'Love / My Wish Came True 1959 #

**A partir deste single todos saíram pela RCA Victor.
# Singles premiados com Disco de Ouro e/ou Platina.

Elvis Presley - Gold Leaf

Elvis Presley e a Gold Leaf
Data:1957 / fonte: "Day By Day" de Ernst Jorgensen / Photo:Joe Tunzil / Suit: Gold Leaf / Nota: Após terminar seu filme "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957), Elvis fez uma apresentação no International Amphitheater em Chicago no dia 24 de março de 1957. Na ocasião o cantor usou a famosa suit "gold-leaf". A roupa toda dourada foi uma criação do estilista Nudie Cohen. Cinco dias depois o cantor voltava ao palco no Kiel Auditorium em St. Louis, no repertório seus maiores hits no momento, "All Shook Up", "Don't be Cruel" entre outras. Esta famosa jumpsuit, a "Gold Leaf", apareceu na capa do disco "Elvis Golden Records vol 2", este é um disco que reúne os principais singles de sucesso de Elvis Presley no período em que ele estava servindo o exército na Alemanha.

Na minha modesta opinião é o melhor trabalho musical de toda a carreira do cantor. As canções aqui presentes são simplesmente o melhor exemplo do Rock'n'Roll de Elvis nos anos 50. Foi lançado em dezembro de 1959 marcando a despedida do rei aos melhores anos de sua trajetória artística. É a reunião dos cincos singles lançados por Elvis, no período de janeiro de 1958 a junho de 1959. Todos estes compactos receberam o disco de ouro e se tornaram "as gravações douradas do Rei". Apesar de ter sido lançadas separadamente, estas músicas foram gravadas nas mesmas sessões de gravação, que se realizaram um pouco antes do cantor partir para a Alemanha. O subtítulo "50.000.000 Elvis Fans Can't Be Wrong", ou seja, "50.000.000 de fãs de Elvis não podem estar errados" retrata bem a popularidade do cantor em fins dos anos cinqüenta. Na capa em diversas fotos da mesma pose o cantor está vestindo sua roupa primeira "jumpsuit", a famosa "Gold Leaf", avaliada em dez mil dólares, que passa a mensagem de que Elvis realmente era "o sonho dourado da indústria fonográfica".

O fato engraçado é que mesmo tendo a usado em alguns shows, ele não aprovou a roupa por achá-la muito pesada e quente. Melhor assim, desta forma a "Gold Leaf" ficou representando para a posteridade este momento da carreira de Elvis. Época que ficaria conhecida como àquela em que ninguém liderou as paradas mundiais de sucesso com tanta freqüência quanto ele. Estas canções marcam também a despedida do contrabaixista Bill Black pois ele deixou de trabalhar com Elvis depois de entrar em conflito com o coronel Parker por motivos financeiros. Assumiu deste modo o posto deixado por Black o músico Bob Moore. Era o fim dos "Blue Moon Boys".

Single nas lojas:
All Shook Up (Elvis Presley / Blackwell) — Esta canção alcançou tamanho sucesso quando lançada que se tornou parte do vocabulário da juventude norte americana da época. Elvis alcança uma das mais brilhantes interpretações de sua vida resultando num dos singles mais vendidos de sua carreira. A canção chegou a Elvis através de Steve Sholes, seu produtor na RCA Victor. O single alcançou o primeiro lugar da parada da revista Billboard em março de 1957 tendo sido gravada em 12 de janeiro do mesmo ano nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. Esta canção foi gravada primeiramente como I´m All Shook Up por David Hill, na Aladdin Records. Elvis gravou fazendo percussão na parte de trás do violão. O single ficou durante nove semanas no topo das paradas dos EUA, seu maior tempo consecutivo como número 1. Também foi seu primeiro número 1 na Inglaterra.  

That's When Your Heartaches Begin (Raskin / Brown / Fisher} - Em 1953 Elvis entrou pela primeira vez num estúdio de gravação. Pagou quatro dólares e saiu com o primeiro acetato de sua vida. A lenda afirmava que o cantor havia gravado este disco para dar de presente a sua mãe mas o que Elvis queria mesmo era ouvir como ficava sua voz num disco. Este pequeno acetato contava com "My Happiness" no lado A e esta música no lado B. Esta é uma versão gravada posteriormente por Elvis já como cantor profissional e que foi lado B de "All Shook Up" em março de 1957. A versão do Acetato só foi encontrada muitos anos depois e lançada na caixa de cinco CDs intitulada "The King of Rock'n'Roll". A Versão original desta música foi lançada em 1950 pelo grupo "The Ink Spots".

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de maio de 2005

Elvis Presley - Elvis e Red West

Não poderíamos deixar passar em branco a morte de Red West, aos 81 anos de idade, no último dia 18 de julho. De todos os membros da Máfia de Memphis ele foi seguramente o mais próximo e o maior amigo de Elvis (pelo menos assim pensava o cantor). Essa foi uma amizade longa, que começou nos tempos de colégio e que acabou mal, quando Red foi demitido por Vernon e resolveu escrever um livro de revelações que de certa forma demolia a imagem pública de Elvis, o colocando pela primeira vez perante o público em geral como um viciado em drogas, com sérios problemas pessoais.

Elvis ficou surpreso e sem saber o que fazer direito, pois a traição de Red West era algo que ele jamais esperaria acontecer. Afinal eles foram amigos, grandes amigos, por tantos anos. Assim que se tornou famoso e viu que sua carreira iria decolar, Elvis contratou Red que estava desempregado na época, para trabalhar ao seu lado, geralmente como guarda costas e segurança. A verdade porém era que Elvis apenas queria dar um emprego ao seu velho amigo, para que ele e Sony West, seu primo, não passasse por apertos financeiros.

Assim Red West viveu praticamente toda a sua vida como empregado e amigo de Elvis. Viajando ao seu lado, indo para Hollywood na época dos filmes ou para Nashville quando Elvis ia até lá cumprir algum compromisso com sua gravadora, a RCA Victor. Praticamente Red viveu o tempo todo ao lado de Elvis, chegando em certa época a morar em Graceland. Elvis o estimava muito e considerava um de seus homens de maior confiança. A traição de Red em 1976 atingiu Elvis de uma maneira bem forte. "Como Red fez isso comigo?" - chegou a perguntar! Elvis ficou realmente abalado emocionalmente com tudo o que aconteceu.

Além da amizade e proximidade um fato interessante também chama a atenção. Elvis abriu espaço para Red West em sua própria carreira musical. O cantor chegou a gravar várias canções escritas por Red, algumas até muito boas, temos que admitir. Também fez questão que Red tivesse pequenos papéis em alguns de seus filmes. Não raro Elvis pedia aos roteiristas que colocassem algumas cenas de lutas para que Red aparecesse ao seu lado (pois assim como Elvis, Red também adorava artes marciais). Enfim, é mais um membro da Máfia de Memphis que se vai. Muitos fãs não gostam de Red West pelo que ele fez, agindo como uma espécie de Judas na história de Elvis, porém o fato inegável é que ele foi certamente um dos personagens mais próximos da vida de Elvis Presley.

Pablo Aluísio.