sábado, 1 de outubro de 2005
Elvis Presley - A Boy Like Me a Girl Like You
Cantor: Elvis Presley
Música: A Boy Like Me a Girl Like You
Compositores: Tepper / Bennett
Álbum: Girls, Girls, Girls
Selo: RCA Victor
Data de Gravação: 27 de março de 1962
Produção: Joseph Lilley
Engenheiro de Som: Thorne Nogar
Local de Gravação: Radio Recorders, Hollywood, California
Músicos: Elvis Presley (vocal), Scotty Moore (guitarra), Hilmer J. "Tiny" Timbrell (guitarra), Barney Kessel (guitarra e violão), Ray Siegel (baixo), Neal Matthews (guitarra), D.J. Fontana (bateria), Hal Blaine (bateria), Bernie Mattinson (percussão), Homer "Boots" Randolph (sax), Dudley Brooks (piano), The Jordanaires (vocais), The Mellow Men (vocais), Norma Zimmer (vocais), The Amigos (vocais).
Comentários:
Gosto dessa balada romântica. Essa trilha sonora do filme "Garotas, Garotas e mais Garotas' tem seus bons momentos. É um conjunto de boas canções, embora nenhuma delas seja uma obra prima dentro da discografia de Elvis. A letra dessa "A Boy Like Me a Girl Like You" é bem no estilo romance adolescente que se espalhava pelas trilhas de Elvis em Hollywood durante os anos 60.
De bom mesmo temos a melodia, sempre terna e tranquila. O produtor Joseph Lilley quis trazer uma sonoridade mais de acordo com os boleros caribenhos, isso apesar do filme se passar no Havaí. Por falar nas ilhas americanas no Pacífico, é interessante notar que os compositores desse disco fugiram do som havaiano que todos tinham ouvido na trilha de "Blue Hawaii". Apesar do sucesso de vendas - o LP foi um dos mais vendidos da carreira de Elvis - a RCA acreditava que o público não estaria disposto a comprar dois discos de Elvis com o mesmo tipo de som.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - A Big Hunk o' Love
Cantor: Elvis Presley
Música: A Big Hunk o' Love
Compositores: Aaron Schroeder / Sid Wyche
Álbum: 50,000,000 Elvis Fans Can't Be Wrong - Elvis' Golden Records Vol.2
Selo: RCA Victor
Data de Lançamento: 3 de novembro de 1959
Produção: Steve Sholes
Local de Gravação: RCA Studios, Nashville
Músicos: Elvis Presley (vocal e guitarra) / Chet Atkins (guitarra) / Hank Garland (guitarra) / Bob Moore (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Buddy Harmon (bongôs) / The Jordanaires (vocais).
Comentários:
Rock gravado por Elvis nas últimas sessões realizadas antes dele ir embora para a Alemanha, onde serviu o exército americano até 1960. O Coronel Parker queria que Elvis gravasse várias faixas, para que fossem sendo lançadas periodicamente, em singles, enquanto ele estivesse longe na Europa. Depois esses mesmos compactos foram reunidos nesse álbum intitulado "50,000,000 Elvis Fans Can't Be Wrong - Elvis' Golden Records Vol.2". Coisas que as gravadoras faziam na época.
A música é um dos grandes clássicos da carreira de Elvis Presley. Um rock memorável que inclusive foi reutilizado por ele duas décadas depois em seus concertos ao vivo, já na década de 1970. Caso tenha interesse em ouvir essa mesma canção em sua versão "Live" procure pelo disco duplo "Aloha From Hawaii" que você terá uma ideia na diferença entre as versões - a de estúdio dos anos 50 e a ao vivo dos anos 70. Em minha opinião ambas são excelentes, isso apesar de não gostar muito dos arranjos de metais que foram incorporados nas versões dos discos ao vivo.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 29 de setembro de 2005
Elvis Presley - Are You Lonesome Tonight? / I Gotta Know
Como o último single de Elvis, “It´s Now Or Never”, tinha sido um sucesso espetacular de vendas o mercado esperou ansiosamente pela chegada do novo compacto nas lojas. E ele de fato não decepcionou, correspondeu bem às expectativas vendendo algo em torno de 10 milhões de cópias, um número robusto, forte, que posicionava Elvis Presley ainda mais no trono de rei da música naquele momento. Certamente não era mais o roqueiro desafiador dos anos 50 mas mantinha seu status inalterado. E para o Coronel Parker todo esse sucesso de vendas só significava que os novos rumos que Elvis trilhava em sua nova musicalidade era de fato o caminho certo a seguir. Por fim uma curiosidade: “Ate You Lonesome Tonight?” foi certamente um sucesso no mundo todo mas alguns anos depois voltou às paradas numa versão divertida gravada por Elvis Presley em 1969 onde ele não conseguia conter sua risada, rindo bastante durante toda a execução da música. Na Inglaterra a “versão dos risos” de Elvis voltou a ser um novo sucesso nas rádios locais.
Are You Lonesome Tonight? (Roy Turk / Lou Handman) - Are you lonesome tonight, / do you miss me tonight? / Are you sorry we drifted apart? / Does your memory stray to a brighter sunny day / When I kissed you and called you sweetheart? / Do the chairs in your parlor seem empty and bare? / Do you gaze at your doorstep and picture me there? / Is your heart filled with pain, shall I come back again? / Tell me dear, are you lonesome tonight? / I wonder if you're lonesome tonight / You know someone said that the world's a stage / And each must play a part. / Fate had me playing in love you as my sweet heart. / Act one was when we met, I loved you at first glance / You read your line so cleverly and never missed a cue / Then came act two, you seemed to change and you acted strange / And why I'll never know. / Honey, you lied when you said you loved me / And I had no cause to doubt you. / But I'd rather go on hearing your lies / Than go on living without you. / Now the stage is bare and I'm standing there / With emptiness all around / And if you won't come back to me / Then make them bring the curtain down. / Is your heart filled with pain, shall I come back again? / Tell me dear, are you lonesome tonight?
I Gotta Know (Paul Evans / Matt Williams) - Get up in the mornin' feelin' might weak / A tossin' and a turnin' well, I had ain't no sleep / Oh baby, what road's our love taking? / To romance or heartbreaking' / Won't you say which way you're gonna go / I gotta know, gotta know, gotta know / Nine and nine make fourteen, four and four make nine / The clock is strikin' thirteen I think I lost my mind / You know it's gettin' aggravatin' / How long can I keep waitin' / Tell me if you love me yes or no, / I gotta know, gotta know, gotta know / Oh, how much I need you / Have pity on this heart of mine / Well, if you need and want me too, / I'll be your one and only till the end of time / Saw the fortune teller, had my fortune read / She sent me to the doctor, who sent me straight to bed / He said I'm lonesome and I'm lovesick / I've got my mind on lipstick / Will you kiss away my cares and woe? / I gotta know, gotta know, gotta know.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Elvis e Juliet Prowse
Seus dotes artísticos foram decisivos para ser escalada em “G.I. Blues”, o novo filme de Elvis Presley, afinal a sua personagem era uma dançarina de um night club na Alemanha. Prowse não conhecia Elvis pessoalmente mas assim que foram apresentados e começaram os ensaios no set de filmagem compreendeu que dariam certo nas telas. "Ele tinha um senso de ritmo muito bom! Sua dança era muito envolvente" – afirmaria a atriz anos depois. Logo no começo das filmagens uma série de boatos sobre um suposto envolvimento de Elvis com ela começou a circular em Hollywood, o que era um problema já que Prowse era considerada uma das garotas intocáveis de Frank Sinatra. Mas será que houve algum envolvimento mesmo entre os dois ou o suposto romance não passou de mais uma peça publicitária montada pela Paramount?
Algumas fontes afirmam que Elvis e Juliet começaram bem empolgados no filme e o flerte entre eles se tornou inevitável, mas Elvis não foi em frente. Na verdade o cantor estava mais preocupado com outras coisas, entre elas o próprio filme. Elvis achava que o roteiro explorando de forma fantasiosa sua vida na Alemanha era algo tolo e as músicas que faziam parte da trilha sonora eram simplesmente horríveis. Sua vida sentimental também andava bem confusa pois embora ainda estivesse namorando com Anita Wood não conseguia tirar Priscilla da cabeça. Chegou a fazer vários telefonemas para ela desabafando sobre o filme. Elvis queria que a metade das cenas em que ele cantava no filme fossem cortadas, mas nem a RCA, nem a Paramount e nem muito menos o Coronel Parker lhe deram ouvidos.
No final o filme fez um grande sucesso apesar dos receios de Presley. O êxito comercial deu um impulso incrível na carreira de Juliet Prowse que depois de alguns anos simplesmente cansou de Hollywood, preferindo voltar aos palcos onde estrelou peças e shows de sucesso, inclusive em Las Vegas e Londres (onde atuou ao lado de outros grandes nomes como Rock Hudson). Em relação a Elvis ela só lamentou mesmo não ter feito outro filme com ele. A Paramount queria Prowse em “Feitiço Havaiano”, mas não conseguiram chegar a um acordo financeiro sobre seu cachê. Uma pena pois era uma presença talentosa em cena, bem diferente de outras partners sem muita expressão com as quais Elvis começou a contracenar. Coisas de Hollywood, enfim.
Pablo Aluísio
quarta-feira, 28 de setembro de 2005
Elvis Presley - Elvis e Frank Sinatra
Em 1960 quando Elvis voltou do exército, Sinatra finalmente deu o braço a torcer, pagando uma pequena fortuna para Presley cantar algumas poucas músicas em seu programa televisivo. Foi uma aproximação um pouco problemática, afinal Elvis definitivamente não gostava de Sinatra, mas no final tudo deu certo. A verdade é que embora não fossem rivais diretos (Sinatra tinha um outro estilo musical e um outro público, bem diferente do de Elvis), eles nunca conseguiram se entrosar. Frank Sinatra fazia mais o estilo do sujeito criado nas ruas das grandes cidades, filho de italianos pobres, tinha criado todo aquele estilo meio malandro de quem sempre está querendo tirar proveito dos outros. Elvis Presley teve uma origem bem diferente, criado em pequenas cidades do sul rural, cresceu sob a proteção de uma mãe que certamente não o deixou vivenciar as coisas que Sinatra aprendeu desde cedo em sua vida. O mais discrepante de tudo era que Elvis era profundamente religioso enquanto Sinatra fazia piadinhas com a Bíblia. Pessoas tão diferentes assim certamente nunca seriam amigas.
Isso talvez explique o fato de ambos terem trabalhado somente uma vez na vida, justamente nesse programa de TV. Ao longo dos anos 60 Sinatra bem que tentou outras parcerias. Entrou em contato várias vezes com o Coronel Parker sugerindo que queria trabalhar ao lado de Elvis no cinema. Ofertas foram feitas mas jamais se concretizaram. Sinatra confidenciou a amigos que desconfiava que Parker nem sequer passava suas propostas para Elvis e por isso resolveu procurar Presley pessoalmente no set de filmagens de “Frankie e Johnny”. Elvis como sempre foi muito educado e polido e ouviu as sugestões de Sinatra para estrelar um filme ao seu lado. Prometeu pensar mas nunca deu uma resposta direta, aceitando ou recusando a idéia. Só a partir desse encontro Sinatra teve certeza que o problema não era o Coronel mas o próprio Elvis, que definitivamente não ia com sua cara. De qualquer modo de um jeito ou outro Elvis abriu as portas não para Sinatra mas para sua filha, Nancy, no filme “Speedway”. Provavelmente fez isso para Frank parar de mandar novas propostas de trabalho juntos.
O curioso é que na década de 70 Elvis foi para Las Vegas, o verdadeiro QG de Sinatra e o Rat Pack. Mesmo assim não houve novamente uma boa aproximação entre ambos. Pra falar a verdade Elvis gostava bem mais de Dean Martin, cantor que admirava e que tinha uma boa amizade. Durante as filmagens de “Saudades de um Pracinha” (G.I. Blues, 1960) Dean Martin havia promovido uma festa surpresa para Elvis e desde então eles se tornaram bons colegas. Em 1977 após a morte de Elvis, Sinatra declarou que “Havia perdido um grande amigo”. Curioso, já que Elvis definitivamente nunca realmente quis ser amigo de Sinatra.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - It´s Now Or Never / A Mess of Blues
De inicio a crítica estranhou o fato de Elvis estar gravando uma versão em língua inglesa da famosa canção italiana “O Sole Mio”. O cantor havia tomado contato com ela enquanto estava na Europa, servindo o exército americano. Era inevitável e praticamente impossível um artista como Elvis não sofrer qualquer tipo de influência enquanto estivesse no velho continente. Presley absorveu as sonoridades que ouviu por lá e as trouxe para a América, incorporando ao seu som. O resultado foi muito bom pois trouxe variedade ao seu repertório. No começo Elvis pensou em gravar uma nova releitura da primeira versão em língua inglesa de “O Sole Mio” chamada "There's No Tomorrow", gravada pelo cantor Tony Martin em 1949, mas depois mudou de ideia.
A RCA então designou dois compositores de Nova Iorque, Wally Gold e Aaron Schroeder, para que fizessem uma nova versão. Assim nasceu “It´s Now Or Never”. Desnecessário até falar muito sobre o impacto que essa canção teve ao ser lançada. Basta dizer apenas que rapidamente se tornou o single mais vendido da carreira de Elvis até então. A primeira semana nas lojas americanas foi um estrondo. O compacto vendeu inacreditáveis seis milhões de cópias, sendo superado na semana seguinte com oito milhões de exemplares. Um fenômeno. E o sucesso se espalhou pelo mundo afora, se tornando finalmente o grande estouro que a RCA vinha esperando desde que Elvis voltara. Embora estimativas precisas sejam complicadas de se chegar, em razão dos problemas de comunicação e documentação da época, o fato é que especula-se que o single “It´s Now Or Never” tenha vendido ao total algo em torno de 22 a 25 milhões de cópias em todo o mundo. Foi o produto fonográfico mais bem sucedido da história até aquela data, virando um marco de vendas e um recorde que seria complicado de superar! Nunca Elvis havia vendido tantas cópias de apenas uma música em sua carreira!
O lado B “A Mess of Blues” foi obviamente subestimado, mas também era uma excelente gravação de Elvis em um momento particularmente muito inspirado de sua voz. Essa gravação tinha todas as características que fizeram de seu disco "Elvis is Back!" um dos mais interessantes de sua discografia. Aliás a canção foi gravada para fazer parte desse álbum, mas a RCA Victor achou por bem trazer qualidade nesse compacto também em seu lado B. A gravadora já vinha apostando no sucesso do single antes mesmo dele começar a ser produzido. Depois do sucesso confirmando nas lojas a RCA finalmente pôde respirar aliviada. Elvis, o fenômeno de vendas, estava definitivamente de volta ao mercado.
It's Now Or Never (Aaron Schroeder - Wally Gold / Di Capua) - It's now or never, / come hold me tight / Kiss me my darling, / be mine tonight / Tomorrow will be too late, / it's now or never / My love won't wait. / When I first saw you / with your smile so tender / My heart was captured, / my soul surrendered / I'd spend a lifetime / waiting for the right time / Now that your near / the time is here at last. / It's now or never, / come hold me tight / Kiss me my darling, / be mine tonight / Tomorrow will be too late, / it's now or never / My love won't wait. / Just like a willow, / we would cry an ocean / If we lost true love / and sweet devotion / Your lips excite me, / let your arms invite me / For who knows when / we'll meet again this way / It's now or never, / come hold me tight / Kiss me my darling, / be mine tonight / Tomorrow will be too late, / it's now or never / My love won't wait. / Data de Gravação: 3 de abril de 1960.
A Mess of Blues (Doc Pomus / Mort Shuman) - I just got your letter baby / Too bad you can't come home / I swear I’m goin' crazy / Sittin' here all alone / Since your gone / I got a mess of blues / I ain't slept a week since Sunday / I can't eat a thing all day / Every day is just blue Monday / Since you've been away / Since your gone / I got a mess of blues / Whoops there goes a teardrop / Rollin' down my face / If you cry when you're in love / It sure ain't no disgrace / Whoops there goes a teardrop / Rollin' down my face / If you cry when you're in love / It sure ain't no disgrace / I gotta get myself together / Before I lose my mind / I'm gonna catch the next train goin' / And leave my blues behind / Since your gone / I got a mess of blues / I got a mess of blues / Data de Gravação: 20 de março de 1960.
Elvis Presley - It´s Now Or Never / A Mess of Blues (RCA Victor, EUA, 1960)
Data de gravação: 3 de abril e 20 de março de 1960
Local de gravação: RCA Studio B, Nashville, Tennessee
Produção: Steve Sholes / Chet Atkins
Engenheiro de Som: Bill Porter
Músicos: Elvis Presley (vocais e violão) / Hank Garland (guitarra) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Murrey "Buddy" Harman (bateria) / Homer "Boots" Randolph (sax) / Floyd Cramer (piano) / The Jordanaires: Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker (Backup Vocals).
Pablo Aluísio.
terça-feira, 27 de setembro de 2005
Elvis Presley - Stuck On You / Fame and Fortune
As canções que faziam sucesso agora eram da linha pop romântica adolescente. Nada de rebeldia ou afronta aos valores dos pais. As letras falavam geralmente do mesmo tema, a paixão na escola, a garota ideal, o romantismo de tentar conquistá-la. O romantismo pueril estava de volta. O curioso é que houve um grande retrocesso nas próprias letras, se nas músicas de Chuck Berry ele usava de carrões para dar uns amassos nas garotas, os personagens do novo bom mocismo tinham um outro comportamento. Agora os carinhas das músicas usavam os carros dos pais (obviamente emprestados) para levar as mocinhas aos bailes da escola. Tudo muito bem comportado, é bom explicar. Nada de cruzar o sinal como fazia Berry.
Diante desse novo cenário a música de Elvis também mudou. Nos primeiros singles que Presley lançou logo após deixar o exército praticamente não havia mais rocks (e os que apareciam eram muito suaves). Ele se concentrou em também abraçar um pop romântico mais inofensivo. Um exemplo disso é esse seu primeiro compacto após voltar para a vida artística nos EUA. “Stuck On You / Fame and Fortune” é um single pop por excelência.
Nas paradas reinava há nove semanas a ultra romântica "Theme from A Summer Place" de Percy Faith. Embora tivesse uma melodia lindíssima – que até hoje emociona – aquilo definitivamente não tinha mais nada a ver com Rock ´n´ Roll. Elvis, a RCA e o Coronel Parker preferiram ir por essa linha ao invés de tentar ressuscitar o velho Rock dos anos 50, que agora cheirava mal e causava desconfiança nos mais velhos. Afinal Elvis havia virado também um bom moço, após servir o exército e sair com ficha impecável em seu serviço militar. Sai o Elvis roqueiro e entra o Elvis pop. Apesar disso nenhuma das faixas deixam a desejar, são inegavelmente boas canções, belamente executadas, mas que não tinham mais nenhum sinal do bom e velho rock de Elvis Presley. Pois é, o mundo havia mudado e o Rei... do Rock também.
Elvis Presley - Stuck On You / Fame and Fortune (1960)
Elvis Presley (vocais e guitarra) / Hank Garland (baixo e guitarra) / Scotty Moore (guitarra) / Bob Moore (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Murrey "Buddy" Harman (bateria) / Floyd Cramer (piano) / The Jordanaires: Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Ray Walker (Backup Vocals) / Prudução: Steve Sholes e Chet Atkins / Engenheiro de Som: Bill Porter / Local de Gravação: RCA Studio B, Nashville, Tennessee, EUA.
Fame And Fortune (Fred Wise - Ben Weisman) - Fame and fortune / how empty they can be / But when I hold you in my arms / That's heaven to me / Who cares for fame and fortune / They're only passing things / But the touch of your lips on mine / Makes me feel like a king / Your kind of love is a treasure I hold / It's so much greater / than silver or gold / I know that I have nothing / If you should go away / But to know that you love me / Brings fame and fortune my way / But to know that you love me / Brings fame and fortune my way / Gravado no dia 21 de março de 1960.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - O Retorno aos Estados Unidos
Isso significava muito pois era a forma encontrada por Elvis para agradecer a Priscilla por todos os momentos em que passaram juntos na fria e distante Bad Nauheim. Presley não a escondeu da imprensa e nem do público e de repente os jornalistas americanos que cobriam sua despedida se viram na frente daquela adolescente que havia sido a namorada do cantor em seus anos na Europa. Antes de se despedir Elvis disse que iria se virar no momento em que entrasse no avião, que olharia para ela para se despedir. E assim o fez. As revistas americanas não perderam tempo e clicaram cada segundo de seu embarque.
O Coronel Parker havia planejado um grande show de retorno na TV americana. Quem ganhou e comprou o passe de Elvis por uma verdadeira fortuna foi o cantor Frank Sinatra que desembolsou um cachê jamais pago no mundo da televisão para que Elvis cantasse algumas canções ao seu lado. Presley nunca havia nutrido simpatia por Sinatra, ainda mais depois que ele tinha soltado farpas contra o rock e os cantores desse gênero que considerava sem valor e barulhento, mas resolveu deixar suas reservas de lado. Mas antes de qualquer coisa, de qualquer compromisso, a RCA exigiu que ele entrasse logo em estúdio para gravar suas novas faixas. O mercado fonográfico estava ávido pela volta de Elvis. Ninguém em sua ausência tinha conseguido chegar sequer perto de seus números de vendas enquanto estava na Alemanha. A demanda pelo primeiro single de Presley já superava mais de um milhão de pedidos antecipados, isso sem ele nem ao menos ter gravado nada ainda.
Enfim depois de uma longa viagem Elvis finalmente pisou novamente em solo americano. Depois pegou um trem e voltou imediatamente para Graceland, sua mansão querida em Memphis. Durante todo o trajeto foi saudado, não importando a hora e nem o local. Elvis também fez questão de sempre aparecer para seus fãs onde quer que eles estivessem. Surgindo com sua roupa militar ele acenava para todos. Quando chegou em Memphis o tumulto foi generalizado. A policia teve que ser chamada e fortemente protegido Elvis foi finalmente escoltado para Graceland. E então o inevitável aconteceu. Assim que abriu as portas de sua casa a lembrança de sua querida mãe, Gladys, se abateu sobre ele. Elvis respirou fundo, sentou-se no velho sofá e decidiu que era o momento de seguir em frente na vida. Havia muito trabalho a ser feito e ele o faria.
Uma das primeiras pessoas a chegar para cumprimentar Elvis por sua volta foi seu empresário Tom Parker. Ele veio repassar a agenda com Elvis. Inicialmente o cantor iria viajar a Nashville para gravar suas primeiras músicas após sua volta do exército. Depois iria a Los Angeles, começar a filmar seu próximo filme na Paramount que já tinha inclusive cenas filmadas em segunda unidade na Alemanha. Nesse meio tempo Elvis cumpriria seu contrato com Frank Sinatra se apresentado no programa “Welcome Home Elvis” (Bem vindo ao lar Elvis). Não havia mais dúvidas, o Rei do Rock estava de volta!
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 26 de setembro de 2005
Elvis Presley - Kid Galahad
A trilha sonora de Kid Galahad (Talhado para Campeão) me despertou um pensamento após ouvi-la. Na primeira metade dos anos 60 o som de Elvis passou por um processo de suavização e abrandamento cirurgicamente determinado pelo Coronel Parker e pelos produtores de Hollywood como bem podemos perceber nessa trilha sonora de "Kid Galahad". A ideia básica era começar uma brilhante carreira no cinema e se para atingir esse objetivo fosse preciso "limpar" a imagem e o som de Elvis para a classe média americana então que fosse. Elvis foi literalmente pasteurizado e embalado para o gosto padrão médio americano. Tudo estaria muito bom para Elvis se ele e sua música recém convertida ao American Way of Life não fosse atropelada pelas maiores mudanças sociais e comportamentais do século XX que viriam nos anos a seguir.
Se os EUA e o mundo continuassem com todos os valores que foram tão sagrados nos anos 50 certamente Elvis e o Coronel seriam bem sucedidos. Mas depois que Kennedy foi assassinado, Luther King e Malcom X começaram a luta pelos direitos sociais, a revolução sexual se alastrou e os filhos da América começaram a morrer nas florestas do Vietnã o mundo perdeu a inocência. Com isso a música de Elvis, feita para se conectar com uma sociedade similar à que existia nos anos 50, ficou totalmente ultrapassada e fora de contexto.
Curioso: nos anos 50 Elvis era um ameaça a uma sociedade ainda impregnada de caretice e moralismo, era considerado um artista revolucionário e renovador e nos anos 60 tudo se inverteu, Elvis virou a própria caretice e falso moralismo da América enquanto a própria sociedade americana virava de cabeça para baixo. Elvis estava fora do compasso da dança das mudanças que aconteciam à sua volta.
Se isso era positivo nos anos 50, virou um problema nos anos 60, porque nessa década era ele quem estava do lado errado. Todas as suas trilhas sonoras dos anos 60, sem exceção, sofrem dessa verdadeira esquizofrenia histórica e social. Em poucas palavras: todos esses discos transformaram Elvis Presley em um artista completamente fora de contexto, fora de moda, descompassado com seu tempo, um anacronismo cultural. Só em 1968 mesmo foi que Elvis finalmente acertou o passo de sua dança com o som que estava rolando ao seu redor. Em outras palavras, só no final dos anos 60 Elvis começou a seguir a maré e a corrente das mudanças que estavam mudando todo o mundo à sua volta. Com isso ele voltou a ser novamente um artista relevante e importante para o cenário musical de sua época. Só desse momento em diante Elvis, que sempre foi um grande dançarino, acertou seu passo e dançou a melodia certa de seu tempo.
Pablo Aluísio.