Na foto ao lado temos um dos primeiros ensaios de Norma Jean já contratada pela Fox e com o nome de Marilyn Monroe. Entre as mudanças Marilyn exibe seus cabelos loiros, recentemente pintados por ordem do diretor de elenco do estúdio. Na verdade era uma época dura para ela, já que apesar de estar contratada por um ano, com salário de 75 dólares semanais, essa quantia ainda era muito pouco para se viver de forma digna em Los Angeles. Assim ao lado de seu trabalho como atriz ela continuou a fazer ensaios fotográficos como modelo. O interessante é que Marilyn logo percebeu por essa época a importância de se fazer amigos na imprensa e no meio social de Hollywood. Ela conheceu Charles Chaplin Jr, filho do grande ator e diretor, e pensou que ele de alguma forma lhe ajudaria em sua carreira mas com o tempo descobriria que isso seria em vão. Chaplin Jr era uma triste figura. Ele também tinha o sonho de ser um grande ator mas a sombra de seu famoso pai o massacrava.
O trágico para Marilyn era que ao contrário do que poderia se supor Charles Chaplin Jr era tão pobre e sem perspectivas quanto ela. Seu pai não lhe dava uma ajuda consistente e nem procurava lhe ajudar a ser um ator de sucesso. Pelo contrário, Charles Chaplin, o eterno Carlitos, lhe dava o mínimo para que ele não morresse de fome e pagasse o aluguel de um quarto barato na periferia. Charles Chaplin Jr contou a Marilyn que seu pai era um sujeito ignorante, imbecil e violento com a família. Certa vez esmurrou um de seus filhos em plena noite de natal. Na outra o expulsou de um almoço o chamando de vagabundo imprestável. Também preferia ajudar as inúmeras amantes (algumas menores de idade) do que dar a mão a seus filhos em dificuldades. Como era muito influente em Hollywood todos os grandes estúdios evitavam contratar seu filho e isso o jogou numa vida de muitas dificuldades, alcoolismo, desemprego e depressão.
Talvez a vida trágica de Charles Chaplin Jr tenha despertado o lado mais maternal e amigo de Marilyn e ela ficou ao seu lado, mesmo sabendo que nada viria dali em termos de ajuda profissional. Eles chegaram a ter um breve romance mas logo ficou claro que eram melhores como amigos do que como amantes, além disso Marilyn não conseguia se decidir entre Charles Chaplin Jr ou seu irmão Sidney, outro filho renegado de Chaplin que vivia de forma miserável em Los Angeles. Após namorar por algumas semanas com Chaplin Jr ele a flagrou na cama do próprio irmão. Não houve brigas e nem atritos, apenas o convencimento mútuo de que um romance entre eles não tinha qualquer futuro.
Embora Marilyn tenha se esforçado para ajudar os amigos Chaplins, o fato é que essa aproximação acabou causando mais danos a ela do que benefícios. Charles Chaplin Jr estava entrando no mundo das pílulas e acabou passando esse vício para Marilyn que passou a acreditar que uma bolinha era o segredo e solução para tudo - para ajudar a levantar o astral, emagrecer e conter os acessos de fome. O estado sempre melancólico e depressivo de Charles Chaplin Jr também acabou contagiando a amiga. Em determinado ponto de sua vida ele não conseguiu mais lidar com o fracasso e começou a alimentar ideias de se suicidar. Mais de uma vez Marilyn o salvou de literalmente pular pela janela de seu apartamento barato onde morava. Em pouco tempo esse tipo de pensamento mórbido, de acabar com a própria vida, acabaria sendo absorvido pela própria Marilyn, algo que com o tempo se tornaria um verdadeiro desastre emocional para sua vida pessoal.
Pablo Aluísio.