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terça-feira, 22 de dezembro de 2020

Os Esquecidos

Título no Brasil: Os Esquecidos
Título Original: Los Olvidados
Ano de Produção: 1950
País: México
Estúdio: Ultramar Films
Direção: Luis Buñuel
Roteiro: Luis Alcoriza, Luis Buñuel,
Elenco: Alfonso Mejía, Javier Amezcua, Roberto Cobo, Victorio Blanco, Estela Inda.

Sinopse:
Um grupo de garotos de rua vivem da marginalidade numa Cidade do México miserável e super povoada. Para sobreviver à crueldade que impera nos becos e vielas o líder do bando, El Jaibo (Roberto Cobo), não se importa em cometer roubos e outros crimes. A situação realmente sai do controle quando durante uma briga ele espanca um rapaz até a morte. Pedro (Alfonso Mejía), um dos membros delinquentes de seu grupo, acaba tendo uma crise de consciência com tudo o que acontece o que o fará enfrentar El Jaibo mais cedo ou mais tarde pelos destinos e rumos de todos aqueles jovens.

Comentários:
O cinema pode ser também um belo instrumento de denúncia dos males sociais. Que o diga o genial Luis Buñuel nesse Los Olvidados, considerada uma de suas maiores obras primas. Em seu lançamento o filme chocou pois não mostrou crianças e jovens idealizados (como era comum no cinema americano, por exemplo) mas sim garotos endurecidos por uma realidade brutal e sem salvação. Vivendo numa verdadeira lei da selva das ruas o diretor mostra de uma forma muito inteligente os instintos mais básicos e viscerais do ser humano. Nada de bobagens, apenas a realidade nua e crua. Um filme que na verdade é um estudo humanista das misérias do terceiro mundo. O retrato de Buñuel não está muito distante das nossas ruas na atualidade por isso não consigo entender quando vejo um espectador brasileiro ficando chocado com esse filme. Será que essa pessoa nunca olhou pela janela de seu carro para a miséria que assola o Brasil também? De qualquer forma o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes em 1951 dado a Luis Buñuel foi mais do que merecido já que a direção que ele desenvolveu aqui realmente é fantástica! Uma obra excepcional. Coisa de gênio.

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de outubro de 2020

A Bela da Tarde

"Belle du Jour" (A Bela da Tarde) mostra a nada comum rotina de Séverine, uma jovem rica e bem nascida que sente-se infeliz e frustrada em sua vida sexual. Para realizar todos os seus mais escondidos desejos ela resolve frequentar um bordel parisiense, onde acaba encontrando a paixão e o prazer sexual que inexiste em sua relação com o marido, frio e distante. Esse filme foi  premiado no Festival de Veneza de 1967. Uma premiação mais do que justa pois o filme é realmente excelente, se tornando um dos mais conhecidos da década de 1960. A ousadia do roteiro fez história no cinema da época. Rompeu barreiras e tabus. O cineasta Luis Buñuel é considerado um dos grandes diretores da história do cinema. Considero ele dono de um estilo único, mais sofisticado e cult. Com um verniza mais intelectualizado o diretor trazia para seus filmes temas bem polêmicos e até mesmo inovadores. Tudo sem a grande carga moral que imperava naqueles tempos mais pioneiros. Analisando bem sua filmografia logo podemos perceber que Luis Buñuel criou uma obra bem profunda do ponto de vista social e até mesmo filosófico.

De minha parte gosto bastante desse "A Bela da Tarde", muito por causa da atuação de Deneuve, que considero um caso até bem raro de união entre beleza e talento. A produção também mostra como estava à frente de seu tempo. Enquanto no cinema americano havia ainda aquela proposta mais moralizante, "Belle du Jour" ousava expor a sexualidade de uma mulher que insatisfeita com sua vida pessoal resolve procurar por outros caminhos, por mais inusitados e fora do comum que fossem. O destaque aqui certamente vai para Catherine Deneuve que acabou virando uma diva existencialista da geração de 68. Bonita, educada, fina e elegante, ela acabou capturando o imaginário masculino ao se despir de culpas e arrependimentos para sair em busca do que desejava.

Curiosamente por essa época os americanos começaram a prestar grande atenção nas estrelas de cinema da velha Europa, muito provavelmente deslumbrados por sua liberdade e sexualidade sem aquele peso e rancor tão presente na sociedade americana que afinal foi fundada por imigrantes puritanos. Assim Deneuve e Bardot viraram símbolos sexuais exóticos na terra do Tio Sam. Revisto hoje em dia "Belle du Jour" obviamente não causa mais o mesmo impacto pois os tempos são outros, mas mesmo assim é impossível não reconhecer sua grande importância dentro daquele momento cultural, onde a revolução sexual dominava todos os aspectos da sociedade mundial.

A Bela da Tarde (Belle du Jour, França, Itália, 1967) Direção: Luis Buñuel / Roteiro: Jean-Claude Carrière baseado em romance de Joseph Kessel / Elenco: Catherine Deneuve, Jean Sorel, Michel Piccoli, Geneviève Page, Pierre Clémenti / Sinopse: Belle du Jour mostra a nada comum rotina de Séverine, uma jovem rica e bem nascida que sente-se infeliz e frustrada em sua vida sexual. Para realizar todos os seus mais escondidos desejos ela resolve frequentar um bordel parisiense, onde acaba encontrando a paixão e o prazer sexual que inexiste em sua relação com o marido, frio e distante. Filme premiado no Festival de Veneza de 1967.

Pablo Aluísio.