quarta-feira, 17 de junho de 2009

Elvis Presley - Coleção de Textos I

Nesse último capítulo resolvi reunir uma série de textos diversos sobre os anos pioneiros de Elvis em sua carreira e em sua vida pessoal. Como se pode perceber o ano de 1956, por exemplo, nunca acabou! De tempos em tempos somos presenteados com novos CDs, LPs, DVDs, livros e tudo mais sobre esses primeiros anos. Então, sem mais perda de tempo, segue essa compilação ampla de textos sobre 1954, 1955 e 1956, novos lançamentos, além de textos adicionais sobre sua vida sentimental nesse período de sua vida. 

Elvis e Dixie
Dixie Locke foi a primeira garota com a qual Elvis se envolveu mais seriamente. Antes ele já tivera alguns namoricos, mas com Dixie as coisas pareciam caminhar muito bem. Na mesma época em que tentava decolar uma carreira como cantor, Elvis procurava solidificar ainda mais esse relacionamento. Dixie era uma típica garota do sul. De boa família, respeitável, sociável e muito leal a Elvis. Os dois se conheceram meio ao acaso em um ringue de patinação. Elvis não sabia patinar e por isso ficava se agarrando na cerca e foi lá que ele puxou papo com ela pela primeira vez. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, Elvis era na realidade bastante tímido e reservado e na escola secundária jamais se comportou como um rebelde ou algo parecido. Jamais criou problemas em sala de aula e nunca se meteu em confusões. Ele era fã de James Dean, mas não se comportava como ele.

Conhecer Dixie foi muito bom para Elvis. Ele se tornou mais sociável e levava a namorada todos os domingos ao cinema local, o Memphian. Dixie também deu bastante apoio a Elvis em seu começo de carreira. Por conta própria resolveu fundar um fã clube próprio (o primeiro fã clube de Elvis Presley da história) e se tornou sua própria presidente. Ao lado de amigas divulgava as apresentações do namorado no colégio e incentivava os jovens de sua idade a irem ver Elvis. De fato tudo caminhava para um futuro casamento. A mãe de Elvis, Gladys, gostava de Dixie e se dava bem com ela. Infelizmente com o sucesso batendo às portas o namoro esfriou.

Elvis ficava quase todo o tempo viajando em locais distantes e o assédio feminino exagerado em cima dele piorou ainda mais a situação. Muitos anos depois Elvis ainda falaria de Dixie, ora com alívio por não ter se casado cedo demais, ora com arrependimento do casal não ter seguido em frente. Ele costumava dizer que "Meu primeiro disco salvou meu pescoço!" se referindo ao fato de não ter casado com Dixie, mas parece ter se arrependido disso tempos depois ao tentar um reencontro com a antiga namoradinha da escola.

Mas já era tarde demais. Dixie conheceu outro rapaz e com ele se casou. Tiveram filhos e ela virou um típica dona de casa do sul. Sempre manteve um carinho especial pelo ex namorado e de longe foi acompanhando sua escalada ao topo do sucesso. Alguns anos atrás ela finalmente resolveu falar sobre Elvis. Não havia mágoa nem mácula em relação a ele, apenas nostalgia pelos bons momentos que passaram juntos. A vida caminha para a frente, é um fato da vida e Dixie sabe muito bem disso.

Elvis e June Juanico 
June Juanico conheceu Elvis Presley no verão de 1955 em Biloxi, Mississippi. Na época Elvis ainda não era o cantor mundialmente conhecido que viria a se tornar. De fato era apenas um cantorzinho country que se apresentava antes das grandes estrelas da noite. Após seu show Elvis gostava de circular no meio do público, para conhecer garotas e assistir aos grandes astros que viriam após ele. Foi assim que acabou conhecendo June. Após algumas trocas de olhares ela resolveu tomar a iniciativa de se aproximar, Elvis então a segurou pelo braço e disse: "Olá, onde você está indo?". Juanico relembra: "As garotas achavam Elvis lindo mas eu não o conhecia. Quando começamos a conversar a primeira coisa que eu quis saber foi qual era o seu nome verdadeiro. Eu achava que Elvis era seu nome artístico. Elvis ficou surpreso com minha pergunta e disse: 'Esse é o meu nome verdadeiro, eu me chamo Elvis Aaron Presley!'. Achei estranho pois nunca tinha ouvido falar de alguém chamado Elvis".

Elvis então a levou para passear pela feira (era uma exposição rural de gado em Biloxi) e os dois pareceram se entrosar muito bem juntos. Um fato chamou muito a atenção de Elvis segundo June. "Elvis ficou surpreso porque eu disse que meus pais eram divorciados! Ele nunca tinha conhecido uma garota de pais divorciados. Ele me disse que achava aquilo horrível pois quando se casasse com alguém queria que fosse para sempre, como tinha que ser!". Nesse primeiro encontro June tinha 17 anos e Elvis 20 mas ele não se preocupou muito com isso e a convidou para ir até Memphis onde morava. June aceitou e poucas semanas depois foi visitar Elvis na sua cidade. Conheceu seus pais, Gladys e Vernon, e se deu bem com eles. June recorda bem do clima familiar da família Presley: "Gladys era uma mulher de personalidade muito forte. Ela gostou de mim porque a ajudei nos afazeres domésticos. Mostrei que sabia cozinhar, lavar e cuidar da casa. Gladys me disse que eu era uma boa moça e que Elvis precisava de alguém que cuidasse dele". Com a bênção de Gladys o namoro seguiu em frente. Como era Elvis como namorado? "Elvis era muito atencioso e respeitoso. Eu era virgem e ele parecia disposto a respeitar minha condição. Jamais me levou a fazer nada que eu não quisesse".

O namoro entre Elvis e June seguiu sem maiores problemas até surgir duas pessoas na vida do cantor que atrapalharia seus planos ao lado do namorado. A primeira era o empresário de Elvis, o Coronel Parker. June relembra: "O Coronel Parker queria que Elvis se relacionasse com mulheres famosas, atrizes e dançarinas, para que assim saísse nos jornais e revistas. Eu era uma jovem comum, anônima. Sempre que Elvis ia para a estrada cumprir seus shows o Coronel arranjava para que ele se encontrasse com alguma starlet e fosse parar nas colunas sociais". Outro que acabou abalando o namoro entre June e Elvis foi o ator Nick Adams. "Nick Adams se tornou amigo de Elvis e muitas vezes agia como uma pessoa inconveniente. Se metia em seus assuntos particulares e vivia se auto convidando para ir jantar e passar o fim de semana na casa de Elvis! Eu não gostava daquilo. Depois começou a incentivar Elvis a se encontrar com a estrela de cinema Natalie Wood. O que eu poderia fazer a respeito? Nada!" concluiu June Juanico.

Conforme Elvis foi se tornando mais famoso os encontros entre eles foram ficando cada vez mais raros. Elvis sempre estava na estrada fazendo shows ou filmes. Gradualmente o romance foi se esvaziando até June entender que tudo havia acabado. June só voltaria a ver novamente seu ex-namorado na década de 60 em um cinema de Memphis. Elvis estava acompanhado de sua nova namorada, Priscilla, uma adolescente que ele havia conhecido na Alemanha quando estava servindo o exército. O encontro foi inesperado mas Elvis se portou bem, sendo educado e gentil com ela. Quando soube em 1977 que Elvis havia morrido por causa do consumo de drogas ela ficou perplexa e surpresa. "Nunca tinha visto Elvis tomar qualquer tipo de droga em todo o tempo que fui sua namorada! Não sei como isso pode ter acontecido".

Vinte anos depois da morte de Elvis ela então decidiu contar seu romance com o cantor no livro "Elvis in the Twilight of Memory". O livro foi definido por alguns como um "diário de classe de uma jovem no High School" (o equivalente ao nosso ensino médio). Embora tenha criado certa repercussão alguns especialistas em Elvis como Peter Guralnick acabaram elogiando a obra. No final das contas é mais um registro de alguém que viveu ao lado de Elvis logo no começo de sua carreira e presenciou eventos e fatos que ficaram registrados na memória. O texto tem vários clichês românticos mas serve como fonte de consulta e registro histórico, tendo sua importância, certamente. No lançamento do livro ela falou sobre Elvis concluindo: "Eu tive uma vida maravilhosa, dois filhos e netos. Amei meu marido mas nunca deixei de amar Elvis também. Nunca fui capaz de deixar de amar ele".

Elvis e Anita Wood 
Após as coisas esfriarem completamente com Dixie Locke, sua namoradinha de colégio, Elvis ficou alguns meses sem uma “namorada oficial”. Para ele foi muito bom, cada vez mais popular por causa dos shows e apresentações na TV o cantor aproveitou para curtir um pouco de sua fama. Teve flertes com dançarinas, teenagers, tietes e quem mais lhe agradasse e lhe aparecesse pela frente. Ele queria aproveitar sua juventude acima de tudo. As coisas mudariam quando casualmente assistindo ao programa Top 10 Dance Party em um sábado à noite Elvis viu de relance uma das garotas mais bonitas que já tinha visto desde então. Ela era uma das adolescentes que dançavam no programa. Seu nome? Anita Wood.

Quando colocou os olhos em Anita, Elvis quis conhecê-la imediatamente. Para isso designou o gordinho Lamar Fike para descolar o telefone da beldade. Lamar fez um bom trabalho. Conseguiu através de seus contatos o número da garota e sem muitas delongas se apresentou a ela dizendo que Elvis Presley queria lhe encontrar. Atônica e surpresa Anita se desculpou com Lamar e disse que não desmarcaria um encontro que já tinha com outro rapaz para ir ao encontro de Elvis. Imaginem a cara de surpresa de Lamar quando soube disso. Sem pensar duas vezes disparou: “Você está louca?! Nenhuma garota rejeitaria um encontro com Elvis Presley!” Anita não se importou e recusou o encontro. Na realidade ela nem era fã do cantor na época. Esse seu lado durona deixou Elvis ainda mais intrigado em conhecer a espevitada loirinha. Nada atiçava mais seu lado conquistador do que uma garota durona que não lhe dava muita bola. Jovens se atirando aos seus pés não faltavam, mas Elvis queria agora acima de tudo conquistar a jovem dançarina do Top 10 Dance Party.

Elvis não desistiu e colocou o DJ George Klein na tarefa de convencer Anita a lhe encontrar. Lamar Fike também ficou no pé na garota fazendo de cupido pelos dias seguintes. Depois de muita insistência e desencontros finalmente Elvis mandou George e Lamar irem buscar Anita para um encontro reservado com ele. O encontro inicial de Elvis e Anita não poderia ser mais despojado e despretensioso. Elvis a encontrou em seu boteco preferido, um local nos arredores de Memphis que vendia Hambúrgueres e refrigerantes chamado “Crystal Hamburgers”. Apresentações formais foram feitas e depois de um breve bate papo Elvis disparou: “Você gostaria de conhecer minha casa Graceland?” Um convite assim poderia obviamente ser muito ousado para a época, afinal garotas não iam para as casas de rapazes em seu primeiro encontro. Elvis porém foi cuidadoso ao explicar a Anita que vivia com seus pais em Graceland e que eles certamente estariam lá durante a visita. Anita Wood era uma típica garota sulista que prezava muito por sua reputação mas diante das circunstâncias acabou aceitando ir para a casa do cantor famoso.

Anita e Elvis se deram bem imediatamente. Ela tinha tido a mesma educação sulista que ele, gostava das mesmas piadas, tinham gostos parecidos por música e cinema e se entrosaram de uma maneira incrível desde o primeiro encontro. Além disso Anita cultivava uma imagem de moça de família, pura e virgem, que caiu como uma luva no ideal que Gladys imaginava para ser uma boa namorada para Elvis. Anita e Gladys se deram muito bem. Despojada Anita logo no primeiro encontro ajudou a mãe de Elvis com a arrumação da cozinha, ganhando muitos pontos com a futura sogra. Também se deu muito bem com Minnie Mae, a avó de Elvis, que morava com eles desde os tempos de dureza em Tupelo.

Elvis ficou gratificado, tinha a aprovação da família, gostava de Anita, adorava sua presença e em pouco tempo estava completamente apaixonado por ela. Não tardou a Gladys dizer a Elvis que “Anita era uma boa moça para ele”. O começo do namoro com Anita foi tão gratificante para Elvis que ele até parou de correr atrás de outros rabos de saia quando estava na estrada fazendo shows ou gravando discos. Mal chegava em uma nova cidade sempre ligava para as duas pessoas mais importantes para ele na época, Anita e Gladys, para dizer que tinha feito boa viagem e estava tudo bem. O romance em pouco tempo ficou sério e todos ao redor de Elvis acreditavam que mais cedo ou mais tarde ele se casaria com Anita.

Elvis gostava de se referir a Anita como “a minha pequena”. Quando estava em Memphis Anita Wood ficava ao seu lado 24 horas por dia, indo ao cinema, fazendo lanches em seu boteco preferido ou em casa, assistindo filmes e ouvindo música. Anita era presença constante como namorada, companheira e amiga de todas as horas. Depois quando Elvis começou a rodar seus primeiros filmes logo levou Anita com ele para Hollywood. Viviam juntos e continuaram assim por longos seis anos. De fato Anita só deixou Elvis quando esse realmente se decidiu por Priscilla Presley. Quando Elvis conheceu Priscilla na Alemanha ele ficou em uma dúvida incrível sobre qual das duas iria construir uma vida em comum. Embora tenha se apaixonado perdidamente pela adolescente durante seu serviço militar, Elvis não conseguia romper com Anita, tanto que quando voltou aos EUA foi recebido por sua família e Anita no aeroporto.

Depois da volta Anita percebeu que Elvis não era mais o mesmo. Gladys havia falecido alguns meses antes e Presley não conseguia superar essa perda. Para piorar Anita descobriu sobre a existência de Priscilla através de cartas de amor que achou casualmente em Graceland. Além disso o romance de Elvis com Priscilla, a adolescente de 14 anos, foi muito divulgado pela imprensa sendo simplesmente impossível ignorar tal fato. Sem intenções de ser traída por uma adolescente Anita confrontou Elvis durante uma viagem e o clima azedou. Presley ainda tentou amenizar toda a situação afirmando que Priscilla era “apenas uma criança” e o caso “não tinha importância” mas Anita não quis mais saber e colocou um ponto final no longo romance. Ela pensou que Elvis esqueceria sua aventura com Priscilla após retornar aos EUA mas isso efetivamente não aconteceu. Assim ela resolveu colocar um ponto final em seu relacionamento com o cantor. Elvis ficou desolado e com medo de entrar em uma profunda depressão bombardeou Priscilla com telefonemas tentando convencer seus pais a deixa-la vir morar em Graceland, obviamente para ficar no lugar deixado por Anita – Elvis era um homem que detestava ficar sozinho. Anita pegou suas coisas e deixou Graceland definitivamente logo no começo de 1962. Em poucas semanas chegava Priscilla para iniciar um longo caso com Elvis o que culminaria no casamento de ambos cinco anos depois.

O curioso é que Elvis ainda tentou algumas reaproximações com Anita mas foi mal sucedido. Ela estava cansada das traições, das meias verdades e da indefinição de Elvis em relação ao seu romance. O cantor parecia incapaz de partir para o próximo passo natural entre eles que seria logicamente o casamento. Com medo de ficar solteirona ao lado de uma pessoa infiel por natureza, Anita resolveu tocar o barco da sua vida em frente. Conheceu um novo pretendente e se casou com ele alguns anos depois. Só muitos anos depois, quando morava em uma cidadezinha chamada Vicksburg, no Mississippi e que ao ler o jornal matinal Anita soube da morte de Elvis. Ela ficou chocada e triste pelo acontecimento. Apesar de tudo ainda nutria um sentimento de carinho por Elvis.

Ao longo dos anos Anita sempre foi muito discreta sobre os anos que passou ao lado de Elvis Presley, sempre evitando falar sobre o ex namorado famoso mas recentemente abriu algumas exceções, concedendo algumas entrevistas esporádicas. Ela estava decidida quando rompeu com Elvis e nunca mais olhou para trás mas obviamente ficaram as boas lembranças ao lado do antigo namorado. Essas nunca se apagarão.

Elvis e Nick Adams
Elvis Presley era Gay? Logo nos primeiros dias de sucesso Elvis, por se vestir de maneira muito sui generis, teve que arcar com insinuações e boatos de que na verdade seria gay. Afinal de contas nenhum homem dançava como ele nos conservadores anos 1950! Um homem rebolar naqueles tempos era algo inaceitável para muitos. Não raro Elvis era xingado por algum namorado enciumado quando descia do palco, isso foi algo que ele teve que conviver desde os primeiros dias na estrada. Elvis com o tempo passou a ignorar os gritos de "Bicha, bicha" para evitar maiores problemas. Por muito tempo as acusações de que Elvis era gay não passaram disso, meros xingamentos provenientes de pessoas que não gostavam dele, nem de seu estilo escandaloso e nem de sua dança diferente. O Rock era o inimigo e Elvis o seu alvo preferido. Quando se tornou um grande mito popular e foi para Hollywood os boatos voltaram a ganhar força. Apesar de parecer uma comunidade muito sofisticada, a capital do cinema também tinha hábitos de cidadezinhas do interior, inclusive fofocas infundadas.

Como se sabe Elvis foi um grande fã de James Dean. Era apaixonado por seus filmes e seu estilo de vida. Assim que pintou em Hollywood Elvis fez questão de conhecer todos os membros da antiga turminha de atores e atrizes que formavam os amigos mais próximos de Dean. O problema é que assim como James Dean praticamente todos ao seu redor ou eram gays ou bissexuais. Sal Mineo e Nick Adams, por exemplo, eram notoriamente conhecidos por seus casos homossexuais dentro e fora dos estúdios. Embora para o grande público nada disso fosse revelado dentro da comunidade de Hollywood esse segredo era bem conhecido. Ao ver Elvis tão próximo da turma gay de Dean as fofocas começaram a pipocar em todas as festas, encontros e eventos sociais do meio cinematográfico. Afinal de contas viver cercado desse pessoal não ajudaria muito na convicção de que Elvis era um autêntico macho viril. Se a grande maioria deles era gay o que Elvis estaria fazendo no meio daquela turma?

Embora Elvis tenha colecionado namoradas naqueles anos os boatos sempre persistiram. Afinal ele bem poderia ser como o seu próprio ídolo James Dean que era bissexual, saindo com homens, se apaixonando por mulheres, tudo ao mesmo tempo agora. A questão é que Presley ficou muito próximo de Nick Adams e todos sabiam que Nick era gay. No fundo Elvis queria alguém com experiência em arte dramática para lhe ajudar nos filmes pois ele nunca havia atuado antes em sua vida, era algo novo. Como nunca havia também estudado para ser ator, ele começou a usar Nick para lhe ajudar nisso. Assim quando estava filmando Elvis precisou da presença constante de Adams ao seu lado. Ao levar o amigo para sua mansão em Los Angeles a boataria só inflamou.

A verdade pura e simples é que Elvis era de fato um heterossexual convicto, a tal ponto inclusive de eliminar qualquer outra pessoa com traços gays de sua convivência pessoal. Ele entrou na turma de James Dean mas aquelas pessoas não era subordinadas a ele em nada e nem tinham satisfações a dar. Certamente eram gays e não estavam nem aí para o que pensavam deles. Em se tratando de Máfia de Memphis porém Elvis era intransigente. Qualquer novo membro que demonstrasse qualquer sinal de homossexualidade era logo afastado do grupo. Hoje em dia ele até correria o sério risco de ser chamado de homofóbico dentro dos padrões morais do politicamente correto que impera. Sem dúvida era um aspecto dúbio em sua personalidade. Em Hollywood Elvis se mostrava bem tolerante com as pessoas ao seu redor, mas em Memphis as coisas mudavam de tom.

Nick Adams morreu muito jovem, em 1968, pois sua carreira foi decaindo cada vez mais até o ponto em que ficou estagnada. Nick foi para o mundo da TV (considerado um meio menor para quem já tinha sido um ator de cinema) e acabou se entregado ao vício em drogas pesadas. Elvis tentou ajudar. mas ninguém pode salvar uma pessoa de si mesma. De uma forma ou outra ele continuou sendo amigo de Adams até o fim de sua vida. Não raro ao saber que o colega estava filmando em algum estúdio vizinho ia até lá para um aperto de mãos ou uma conversa agradável sobre os velhos tempos. Existem vários fotos de Elvis com Nick Adams, inclusive no set de filmagens da série "The Rebel", com o ator ainda caracterizado como seu personagem.

A partir dos anos 70 ninguém mais falava da amizade próxima de Elvis e Nick Adams, nem para tentar macular de alguma forma a masculinidade de Presley. Era algo esquecido e que ficara para trás. Afinal o astro de Memphis namorou centenas de mulheres elegantes e bonitas ao longo de sua vida. Ninguém tinha mais dúvidas sobre sua opção sexual. A pergunta se Elvis era gay voltou à tona novamente por causa de um livro escandaloso escrito pela  madrasta do cantor após sua morte. Dee Stanley havia se casado com Vernon Presley após a morte de sua esposa Gladys, e conviveu muitos anos com Elvis. O Rei do Rock não gostava dela por motivos óbvios e isso criou uma tensão entre eles.

Algumas biografias afirmam que Dee tentou inclusive ter um romance com Elvis bem debaixo do nariz de Vernon e que o cantor a despachou de forma veemente. Aliás ficou bastante escandalizado com sua falta de discrição dentro de sua família. Verdade ou não, parece que Dee se vingou de Elvis nas páginas de seu livro ao afirmar que literalmente pegou Elvis na cama com Nick Adams nos tempos de Hollywood. Ela sem querer abriu a porta do quarto de Presley e os flagrou na mesma cama em situação bastante suspeita! Infelizmente todos os envolvidos nisso estão mortos, Elvis, Adams e Dee (falecida ano passado em Nashville). Os fãs de Elvis na época do lançamento do livro obviamente ficaram furiosos com as afirmações de que Elvis teria experimentado alguma atividade homossexual em seus tempos de membro da ex-turminha de James Dean, mas ela jamais voltou atrás em suas afirmações. No final das contas fica o dito pelo não dito. Particularmente não acredito em sua versão dos fatos. De uma maneira ou outra essa questão sobre a verdadeira sexualidade de Elvis não deixa de ser um dos aspectos mais curiosos de sua biografia ao qual cada um deverá tirar sua própria conclusão.

Elvis Presley - O Namoro com Natalie Wood
Quando Elvis foi para Hollywood tentar uma carreira como ator ele acabou conhecendo diversos atores e atrizes de sua idade. Seu sonho maior porém jamais se concretizou. Elvis queria conhecer pessoalmente James Dean, seu grande ídolo nas telas de cinema. Porém quando Elvis chegou em Hollywood, Dean já havia morrido de um acidente de carro. De uma forma ou outra Elvis conheceu o resto do elenco do filme "Juventude Transviada". E a pessoa que mais lhe chamou a atenção foi a atriz Natalie Wood.

Ela vinha atuando em Hollywood desde quando era apenas uma garotinha. Obviamente ficou impressionada com a beleza e a fama de Elvis. Não demorou muito e eles começaram a namorar. Era a companhia preferida de Elvis por essa época. O cantor também ficou muito próximo de Nick Adams, outro ator da turma do falecido James Dean. Natalie e Nick acabaram apresentando Hollywood a Elvis. As melhores e mais badaladas lanchonetes, as festas, o círculo social, etc. Elvis retribuiu levando Natalie e Nick para conhecer sua cidade, Memphis. Só que após um começo promissor o namoro de Elvis e Natalie esfriou e terminou sem maiores explicações. O que teria acontecido?

Anos depois a atriz deu algumas explicações. Para ela Elvis soou um tanto normal, além da conta do que ela esperaria de um rockstar. Em Memphis, por exemplo, Natalie foi levada ao cinema, depois para a lanchonete preferida de Elvis. Tudo muito comum, sem maiores novidades. A conversa de Elvis também não agradou muito a atriz depois de um tempo. Elvis parecia religioso demais, sempre falando em Deus, em ter feito sucesso por causa de Deus, etc. Para Natalie, uma garota criada no meio da agitação de Los Angeles, aquilo parecia um pouco estranho, até esquisito. No final Natalie Wood acabou dizendo que Elvis era "convencional demais" para seu gosto. O fato é que no começo ela até tentou entender o ponto de vista de Elvis, mas depois aquilo começou a soar meio fora do normal, fora de moda. Ela queria ter conversas joviais com Elvis, não ficar falando de religião ou Deus! Era um assunto pesado demais para se discutir em um sábado à noite com o namorado. Ela era uma típica garota da Califórnia. Ninguém de seu grupo de amigos falava daquele jeito ou pensava daquela maneira.

De fato a personalidade dos dois não combinou. Ela era acostumada a festas e estreias glamorosas, com tapete vermelho, agitação e diversão. Ela queria ir a uma festa diferente, todas as noites. Queria o máximo que Hollywood tinha a oferecer. Então encontrar Elvis ali numa forma mais modesta, falando em religião, deixou a garota um pouco surpresa e até mesmo decepcionada. Elvis também havia percebido que sua mãe Gladys não havia gostado muito dela. De repente Elvis começou a menosprezar garotas como Natalie Wood, dizendo coisas como "Ela era apenas uma estrelinha de Hollywood". Dentro da concepção conservadora em que Elvis fora criado, que valorizava mais a mulher do lar, dona de casa, Natalie Wood de fato não se enquadraria nunca. Ela era independente, ganhava seu próprio dinheiro e nem pensava em um dia ir morar em Memphis, uma cidade que depois ela diria ser "provinciana demais" para seu gosto. Enfim, como se pode perceber, o namoro deles estava fadado ao fracasso desde o início.

Pablo Aluísio. 

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