terça-feira, 19 de novembro de 2024
A Árvore da Vida
segunda-feira, 12 de agosto de 2024
Evocação
Título Original: The White Cliffs of Dover
Ano de Produção: 1944
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer
Direção: Clarence Brown
Roteiro: Claudine West
Elenco: Irene Dunne, Alan Marshal, Roddy McDowall, Elizabeth Taylor
Sinopse:
O filme narra a estória dramática da vida de Susan Ashwood (Irene Dunne), uma enfermeira americana em Londres que ajuda na recuperação e tratamento de centenas de feridos em combate. Seu trabalho se torna ainda mais importante quando seu próprio filho volta do campo de batalha, completamente destruído tanto do ponto de vista físico como psicológico.
Comentários:
Outro filme da infância de Liz Taylor (ela tinha apenas 10 anos de idade quando a produção foi filmada). O roteiro foi baseado no poema de Alice Duer Miller, o que já nos dá uma ideia de como o cinema era lírico naqueles tempos. Outro fato digno de nota em relação à pequena Elizabeth Taylor é que esse foi o primeiro filme com ela no elenco a concorrer ao Oscar, na categoria Melhor Fotografia em preto e branco (méritos do excelente diretor de fotografia, o respeitado e conhecido George J. Folsey, que merecia ter levado o prêmio para casa). Embora possa ser classificado como um drama de guerra com pitadas de tragédia, esse filme tem como grande virtude resgatar um pouco do heroísmo das mulheres que serviram como enfermeiras durante a sangrenta segunda guerra mundial. Importante salientar que quando o filme foi lançado a guerra ainda persistia, o que no final das contas acabou se revelando uma bonita homenagem para todas essas heroínas anônimas que prestaram seus serviços no conflito mais devastador da história da humanidade.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 25 de dezembro de 2023
A Jovem que Tinha Tudo
terça-feira, 17 de outubro de 2023
O Melhor é Casar
quinta-feira, 8 de dezembro de 2022
Elizabeth Taylor - Hollywood Boulevard - Parte 1
segunda-feira, 10 de outubro de 2022
A História de Rock Hudson - Parte 12
A amizade começou no set. Rock Hudson geralmente se dava muito bem com as atrizes com quem contracenava. Geralmente criava uma bela amizade com elas. Em relação a Liz a primeira coisa que lhe chamou a atenção foi sua beleza. Rock costumava dizer a ela que nunca tinha visto nenhuma mulher tão bela com olhos tão marcantes. Elizabeth Taylor fazia pouco caso, dizendo a Rock que se achava parecida com Minnie, a namorada do ratinho Mickey Mouse da Disney.
O curioso é que por essa época Elizabeth ainda não sabia que Rock era gay e muitas vezes interpretava seus elogios como cantadas nada sutis. Enquanto foi vivo Rock jamais abriu o jogo a ela, embora em pouco tempo Liz tenha sabido por fofocas que Rock já havia se relacionado com homens em seu estúdio de coração, a Universal. Como estavam agora trabalhando na Warner, Liz procurou ser a mais discreta possível.
Assim o relacionamento entre eles jamais avançou para uma fase mais adulta, ficando bem juvenil, como dois jovens vivendo a melhor época de suas vidas. Rock gostava de piadas e da companhia de Liz e ambos festejaram bastante durante as filmagens de "Giant". Numa noite, com o frio à toda, Rock lembrou que ela e Liz tiveram a ideia de misturar chocolate derretido e Martini com gelo, dando origem a um novo drink, que acabaria se tornando bem popular nos Estados Unidos durante os anos 1950.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 18 de julho de 2022
Assim Caminha a Humanidade
Entretanto o filme se notabilizou mesmo dentro da história do cinema por ter sido o último da carreira de James Dean. Ele terminou sua participação e antes que o filme fosse editado e concluído, ele se espatifou com seu carro em uma estrada de Salinas. O jovem ator era apaixonado por carros velozes e participava ativamente de corridas que eram realizadas na Califórnia. Com sua morte o público ficou muito ansioso para ver o filme. Quando chegou nas telas "Giant" causou sensação, principalmente pelo fato de que era um filme bem longo, centrado, sério, sem pressa de contar sua história, que havia sido baseada no best-seller escrito por Edna Ferber. Sem dúvida um tipo de cinema grandioso que já não se faz mais nos dias atuais.
Assim Caminha a Humanidade (Giant, Estados Unidos, 1955) Direção: George Stevens / Roteiro: Fred Guiol, Ivan Moffat, baseados no romance escrito por Edna Ferber / Elenco: Elizabeth Taylor, Rock Hudson, James Dean / Sinopse: O filme conta a história de um casal, dono de vastas terras no Texas. E quando um de seus empregados encontra petróleo em seu pequeno rancho, as camadas sociais mudam de posição, onde um antigo empregado se torna mais rico que seu patrão, criando uma certa tensão entre todos os personagens. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor direção (George Stevens).
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 14 de julho de 2022
Cleópatra
Pois bem, o tempo passou, os anos foram ficando para trás e "Cleópatra" foi sendo exibido na TV e depois lançado em vídeo, em edição luxuosa, cheia de extras. Com isso o filme foi ganhando uma nova avaliação (inclusive da crítica especializada) que lhe deu finalmente o título de grande cinema. E penso que foi uma justiça tardia. Sempre discordei totalmente das críticas dos anos 60 que avaliaram o filme como uma bomba. Longe disso. Esse é um dos melhores épicos já produzidos por Hollywood. Tanto isso é verdade que nunca mais houve outro filme sobre essa rainha do Egito nessas dimensões. Uma prova que de fato foi um daqueles filmes definitivos sobre um dos capítulos mais conhecidos da história. Em meu ponto de vista é uma obra-prima da sétima arte.
Cleópatra (Cleopatra, Estados Unidos, 1963) Direção: Joseph L. Mankiewicz / Roteiro: Joseph L. Mankiewicz, Ranald MacDougall / Elenco: Elizabeth Taylor, Richard Burton, Rex Harrison, Roddy McDowall, Martin Landau / Sinopse: O filme conta a história da rainha do Egito Cleópatra, que se envolveu romanticamente com Júlio César e depois teve um ardente romance com o general romano Marco Antônio.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 18 de janeiro de 2022
O Pecado de Todos Nós
O problema básico do Major Weldon Penderton (Marlon Brando) é que ele não tem mais nenhum desejo sexual pela esposa, pois na realidade é um homossexual enrustido que não consegue exteriorizar e vivenciar sua verdadeira orientação sexual. Após ver um soldado cavalgando nu pelo bosque, o Major acaba ficando obcecado por ele. Tudo caminha então para um clímax ao melhor estilo do diretor Huston, com muitas nuances psicológicas e tensão entre os principais personagens. A hipocrisia do núcleo familiar considerado ideal pela moralista sociedade norte-americana também é exposta sem receios. O grande número de homossexuais escondidos no armário dentro da vida militar também é explorada. O roteiro do filme acerta em cheio na hipocrisia reinante nesse meio.
O argumento soa na realidade como uma provocação por parte de John Huston para com toda a sociedade norte-americana. A família tradicional e o sistema militar são obviamente seus principais alvos. Na porta de entrada dos Estados Unidos na guerra do Vietnã, ele ousou colocar um tema tabu em cena: o homossexualismo dentro das casernas militares. Mais explosivo do que isso impossível. Além disso expõe os problemas que existiam por baixo da imagem impecável das famílias conservadoras daquele país. O marido que posa de cidadão exemplar na verdade despreza sua esposa e esconde seus desejos sexuais mais inconfessáveis. A esposa é infiel, sem conteúdo, rasa, vazia, materialista e tola. Um retrato demolidor de um modelo que nos anos 1960 vinha abaixo.
"Reflections in a Golden Eye" foi baseado na obra da escritora Carson McCullers, uma autora que não tinha receio de tocar nas feridas mais profundas da América. Aqui ao lado de Huston, Liz Taylor e Marlon Brando, ela finalmente encontrou a transposição perfeita de sua obra para as telas de cinema. Em conclusão, "O Pecado de Todos Nós" é uma produção nada confortável e nem amenizadora. No fundo é um retrato controvertido que coloca na berlinda alguns dos pilares mais prezados pelos conservadores americanos. Não deixe de assistir.
O Pecado de Todos Nós (Reflections in a Golden Eye, Estados Unidos, 1967) Direção: John Huston / Roteiro: Chapman Mortimer, Gladys Hill baseados na obra "Reflections in a Golden Eye" de Carson McCullers / Elenco: Elizabeth Taylor, Marlon Brando, Brian Keith, Julie Harris / Sinopse: O Major do exército americano Weldon Penderton (Marlon Brando) se torna obcecado por um jovem soldado da tropa que ele vê nu, cavalgando no bosque. Com fortes inclinações homossexuais, ele não consegue mais conter seus desejos ao mesmo tempo em que negligencia sua esposa Leonora (Elizabeth Taylor), uma dona de casa vazia e fútil, em um casamento de aparências, de fachada.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 25 de novembro de 2021
Elizabeth Taylor e Montgomery Clift
A amizade de Montgomery Clift com Elizabeth Taylor foi longa e muito verdadeira. Isso porque não demorou muito para Liz se colocar na posição de conselheira pessoal e íntima de Clift, algo que os anos provariam não seria nada fácil. Monty tinha muitos problemas emocionais em sua vida privada. Não conseguia se acertar com nenhuma garota por longo tempo (o que daria origem a infundadas fofocas de que era gay) e tampouco conseguia superar seus problemas de alcoolismo e depressão. O relacionamento com o pai também era fonte de vários problemas. O estilo refinado e educado do ator também lhe trazia algumas dificuldades de relacionamento na terra do exibicionismo barato que era Hollywood.
Segundo várias biografias no começo de tudo Montgomery Clift realmente deu vazão a uma paixão platônica em relação a Elizabeth Taylor. Isso ficou bem evidente no set de filmagens de "Um Lugar ao Sol". Não é de se admirar pois Liz e Clift era jovens radiantes, estavam subindo os degraus do Olimpo em Hollywood e viviam negando para a imprensa que havia um romance entre eles. De fato não havia, muito por causa da falta de coragem por parte de Clift em avançar o sinal e tentar algo com sua parceira de cena. Liz poderia ceder, mas ela tinha uma personalidade tão ofuscante que Clift se viu na sombra dela rapidamente. Para não perder sua amizade resolveu não arriscar. Afinal de contas se tentasse consumar um romance com ela e não desse certo, certamente perderia sua amizade.
Com o passar dos anos Montgomery Clift foi ficando cada vez mais absorvido em si mesmo, em seus problemas. Liz foi testemunhando sua queda lentamente. Mesmo assim resolveu ficar o mais perto possível do ator, tentando colocar ele de volta ao bom caminho. E foi justamente após uma festa em sua casa que Clift sofreu um terrível acidente de carro, por estar dirigindo completamente embriagado. O acidente deformou parte de seu rosto e praticamente destruiu sua carreira em Hollywood. Foi justamente Liz que tentou escalar Clift em vários filmes seus após esse acidente, justamente para que ele não ficasse desempregado e nem deprimido em sua casa.
Esse ato fez com que Montgomery Clift ficasse tão próximo a ela que mais parecia um irmão mais jovem da atriz. Infelizmente nada disso evitou a morte precoce de Montgomery Clift em julho de 1966 em Nova Iorque. Ele tinha apenas 45 anos mas uma vida de excessos havia cobrado seu preço e Monty mais parecia um velho ao morrer. Tinha fortes dores de cabeça em decorrência da batida de seu carro e tentava controlar tudo com forte medicação e muita bebida. Essa mistura explosiva acabou com o restante de sua saúde. Para Clift a morte acabou sendo um alívio de seus demônios pessoais. A tragédia deixou a atriz abalada e ela procurou resumir o amigo de uma forma bem carinhosa ao se referir a ele como "uma alma bondosa e terna".
Pablo Aluísio.
domingo, 10 de novembro de 2019
A Última Vez Que Vi Paris
Outra curiosidade é a presença de um jovem Roger Moore, fazendo um desportista que seduz e tenta conquistar o coração de Helen (Elizabeth Taylor). O jeito sutilmente canastrão que iria usar anos depois na série James Bond já é bem visível aqui em cena. A recepção de "A Última Vez Que Vi Paris" em seu lançamento foi controversa. Alguns críticos acusaram o filme de tentar ser um novo "Casablanca", usando inclusive dos clichês do clássico de Michael Curtiz. Outros focaram seu alvo em Van Johnson, considerado exagerado em cena. Quem se saiu ilesa das resenhas negativas foi justamente Liz Taylor. No mais o filme aproveita bastante a ótima ambientação de Paris, com todos os seus monumentos e pontos turísticos, além da música, sempre presente e evocativa. “A Última Vez Que Vi Paris” é isso, um romance dramático ambientado no pós Guerra em plena cidade luz que naquele momento histórico renascia para nunca mais se apagar.
A Última Vez Que Vi Paris (The Last Time I Saw Paris, EUA, 1954) Direção: Richard Brooks / Roteiro: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein e Richard Brooks baseados na obra de F. Scott Fitzgerald / Elenco: Elizabeth Taylor, Van Johnson, Walter Pidgeon, Donna Reed, Roger Moore / Sinopse: Jovem soldado se apaixona por americana que mora em Paris durante as comemorações do dia de libertação da cidade das forças alemãs. Após se casarem ele tenta emplacar uma carreira de escritor de sucesso mas as coisas acabam não indo do jeito que planejava.
Pablo Aluísio.
sábado, 9 de novembro de 2019
Adeus às Ilusões
Laura Reynolds (Elizabeth Taylor) é uma mulher nada convencional. Artista, ateia, mãe solteira, vive com seu jovem filho numa pequena cabana, localizada numa praia isolada e ensolarada da Califórnia. Lá passa os dias pintando a natureza em seus quadros, enquanto seu garotinho explora as belezas naturais da região. Os dias de tranquila paz porém logo são encerrados. Após o garoto matar um animal silvestre ele é enviado para o juizado de menores onde um severo juiz impõe a seguinte escolha para sua mãe, Laura: Ou ele é enviado para uma escola de ensino religioso onde aprenderá os mais importantes valores morais da sociedade ou então será encaminhado para o reformatório, onde terá contato com pequenos marginais.
Laura não segue nenhuma religião e definitivamente não deseja que seu filho seja doutrinado mas diante da situação extrema concorda em matricular o jovem numa escola religiosa local administrada pelo reverendo Edward (Richard Burton). Esse aliás fica impressionado pelo modo de vida de Laura e seu filho. Vivendo de caça e pesca, com um suado trocado proveniente das vendas dos quadros de sua mãe, Edward fica intrigado pela estrutura dessa família sui generis e diferente. A aproximação porém trará sérias conseqüências na vida de todos os envolvidos pois o religioso começa a sentir uma atração incontida por Laura. Poderá um romance entre um religioso conservador e uma artista liberal, de idéias modernas, dar realmente certo?
“Adeus às Ilusões” é um drama estrelado pelo casal Elizabeth Taylor e Richard Burton sob direção do famoso Vincente Minnelli. O argumento é baseado na obra do autor Dalton Trumbo (um dos grandes roteiristas e escritores da era de ouro do cinema americano) e explora um amor que nasce de duas pessoas completamente diferentes. Ele é um religioso austero, disciplinador, firme em suas convicções e crenças e ela é o extremo oposto disso, artista, de alma livre, que não segue nenhuma regra e vive em harmonia no meio da natureza. Além disso é ateia convicta e não acredita em Deus. Como seria possível duas pessoas de pensamentos tão contrários se apaixonarem, passando por cima de todas as convenções sociais? O texto é excepcionalmente bem escrito, com diálogos saborosos onde cada um tenta convencer o outro de suas crenças (ou da falta delas).
Como não poderia deixar de ser a química entre o casal salta aos olhos nas cenas mais ardentes. Elizabeth Taylor está belíssima em cena, falando suavemente e de forma contida (o extremo oposto de sua personagem histérica em “Quem Tem Medo de Virginia Wolf?”). Burton também se sobressai com o dilema moral que vive seu reverendo. Não conseguindo mais conciliar entre sua fé e a paixão que sente por Laura (Taylor) ele sucumbe aos prazeres do amor e da sedução. Vincente Minelli reservou longos planos abertos para mostrar toda a beleza do lugar onde a produção foi realizada. Também encheu o filme de uma bela trilha sonora com muito jazz e bossa nova. Até o durão Charles Bronson aparece suavizado, em um papel singular, a de um jovem artista escultor que vive na praia entre amigos e saraus. Produção bem escrita, requintada e de bom gosto, “Adeus às Ilusões” é programa obrigatório para os fãs de Elizabeth Taylor, que aqui surge radiante. Não deixe de assistir.
Adeus às Ilusões (The Sandpiper, EUA, 1965) Direção: Vincente Minnelli / Roteiro: Irene Kamp, Louis Kamp, Dallton Trumbo / Elenco: Elizabeth Taylor, Richard Burton, Charles Bronson, Eva Marie Saint, Robert Webber / Sinopse: Religioso austero, conservador e rígido (Richard Burton) se apaixona por jovem artista (Elizabeth Taylor) que além de liberal e atéia também é mãe solteira de um pequeno garoto que se torna aluno da escola religiosa onde administra. Filme vencedor do Oscar de Melhor Canção Original, “The Shadow Of Your Smile".
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2019
Cleópatra
Seguramente um dos filmes mais famosos da história do cinema. O filme nasceu da megalomania dos executivos da Fox, em especial do todo poderoso Darryl F. Zanuck, que tomou às rédeas da realização do filme com punhos de ferro. Embora não tenha sido creditado como diretor a verdade é que ele acabou dirigindo muitas das cenas pessoalmente, mostrando a importância que o projeto tinha para o estúdio naquele momento. Vendo a rival MGM colecionando um sucesso atrás do outro com seus épicos bíblicos a Fox resolveu correr atrás do prejuízo. Mesmo com problemas de caixa resolveu investir milhões em uma produção extremamente arriscada e problemática. Desde o momento em que o filme foi anunciado pelo estúdio, Cleópatra chamou a atenção da imprensa. Era caro demais, suntuoso ao extremo e traria o mito Elizabeth Taylor como a famosa rainha do Egito.
Para contracenar com ela foi escalado o trio formado por Rex Harrison (Júlio César), Roddy McDowall (Otavio Augusto) e finalmente Richard Burton (Marco Antônio). O roteiro já era por demais conhecido. O general Júlio César se apaixona pela monarca do Egito, Cleópatra, uma mulher tão bonita quanto sedenta de poder. Após Júlio César ser assassinado por senadores contrários ao seu constante acúmulo de poder, o braço direito de César, o também general Marco Antônio, se une à rainha do Egito para destruir a sede de poder de Otavio, sobrinho de César que pretendia subir ao trono de forma absoluta. Essa página é muito conhecida porque foi a partir dela que a República Romana foi substituída pelo Império, dando origem a uma linhagem de imperadores sanguinários e pervertidos.
Elizabeth Taylor ganhou um milhão de dólares para interpretar Cleópatra. Nunca na história uma atriz recebera tanto dinheiro por um só filme. A quantia chocou as pessoas e Elizabeth Taylor cunhou uma de suas mais famosas frases: “Se existe um idiota que me paga um milhão de dólares por um filme, não serei idiota de recusar” Quando as filmagens começaram Liz Taylor era considerada o supro sumo da Diva do cinema. Jovem, linda, famosa e rica, ela tinha todos os requisitos para interpretar a soberana com extrema fidelidade. Aliás os bastidores de filmagens do épico acabaram se tornando mais famosos que o próprio filme. Taylor se apaixonou por Burton e ambos começaram um caso amoroso ruidoso que escandalizou mais uma vez Hollywood. Entre tapas e beijos eles colocaram a Fox em alerta. Para piorar a atriz teve um sério problema de saúde durante as filmagens que tiveram que ser interrompidas. Com cenários enormes e centenas de milhares de extras contratados a paralização das filmagens custou uma soma imensa para os já cambaleantes cofres do estúdio. Após vários meses de confusões, brigas e escândalos o filme finalmente foi lançado e dividiu as opiniões. Para alguns críticos a produção era um show de mau gosto e da breguice. Para outros era uma maravilha da sétima arte.
O público prestigiou, pois a curiosidade era forte. Durante muitos anos se afirmou que o filme foi um fracasso de bilheteria. Não é verdade. Apesar de ter sido extremamente caro, Cleópatra conseguiu pagar os custos da produção. Sua bilheteria ao redor do mundo salvou o filme de ser um desastre e deixou um pequeno lucro para a Fox. Não era o que o estúdio estava esperando mas também estava longe de ser um grande fracasso. Hoje, após tantos anos, podemos dizer que o saldo final de Cleópatra é bastante positivo. A imagem de Liz Taylor como a rainha virou ícone de nossa cultura e o filme é símbolo de um tipo de cinema épico que não mais se faz hoje em dia, infelizmente. A maior prova da longevidade da produção é o fato de sabermos que até hoje, mesmo após tantos anos, nenhum filme conseguiu superar a grandiosidade dessa película. Não existe maior prova de sua qualidade do que essa.
Cleópatra (Cleopatra, EUA, 1963) Direção: Joseph L. Mankiewicz, Rouben Mamoulian (não creditado), Darryl F. Zanuck (não creditado) / Roteiro: Joseph L. Mankiewicz, Ranald MacDougall, Sidney Buchman / Elenco: Elizabeth Taylor, Richard Burton, Rex Harrison, Roddy McDowall, Martin Landau, Cesare Danova / Sinopse: A rainha do Egito Cleópatra (Elizabeth Taylor) se apaixona e tem um filho com o poderoso romano Júlio César (Rex Harrison). Após sua morte violenta no idos de março no Senado, ela resolve se unir com o General Marco Antônio (Richard Burton) contra as forças de Otávio Augusto (Roddy McDowall). A guerra irá definir o destino de Roma nos séculos seguintes.
Pablo Aluísio.
domingo, 22 de julho de 2018
Jane Eyre
Título Original: Jane Eyre
Ano de Produção: 1943
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Robert Stevenson
Roteiro: Aldous Huxley
Elenco: Orson Welles, Joan Fontaine, Margaret O'Brien, Elizabeth Taylor
Sinopse:
Depois de uma infância dura, a órfã Jane Eyre é contratada por Edward Rochester, o dono e senhor de uma mansão misteriosa, para cuidar de sua filha. Não demora muito e ela logo se sente atraída pelo inteligente, vibrante e energético Mr. Rochester, um homem com o dobro de sua idade.
Comentários:
Mais uma bela versão para o clássico livro "Jane Eyre" de autoria da escritora inglesa Charlotte Brontë (1816 - 1855) que publicou seu romance pela primeira vez em 1847. Nesse filme temos algumas coisas relevantes para os amantes da sétima arte. A primeira delas é o fato de termos um elenco realmente excepcional, em especial o grande diretor Orson Welles no papel de Edward Rochester. Sua voz de trovão e maravilhosa presença cênica já vale o filme inteiro. Some-se a isso a bela atuação de Joan Fontaine como Jane Eyre e você terá seguramente um dos melhores elencos já reunidos para essa adaptação. Como brinde o cinéfilo ainda será presenteado pela atuação da pequena Elizabeth Taylor como Helen Burns. A atriz tinha apenas 11 anos quando realizou o filme, mas já mostrava todo seu talento em cena, não se intimidando com os monstros da sétima arte que contracenavam com ela. Algumas pessoas realmente já nascem como estrelas, independente da idade, que o diga a pequena Liz nesse "Jane Eyre".
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 24 de maio de 2018
Gata em Teto de Zinco Quente
Título Original: Cat on a Hot Tin Roof
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Brooks
Roteiro: James Poe, Richard Brooks
Elenco: Elizabeth Taylor, Paul Newman, Burl Ives, Jack Carson, Judith Anderson, Madeleine Sherwood
Sinopse:
Com roteiro baseado na peça "Cat on a Hot Tin Roof" de Tennessee Williams, o filme narra o complicado relacionamento entre a jovem Maggie (Elizabeth Taylor) e seu marido Brick Pollitt (Paul Newman). O casamento de ambos está em frangalhos, principalmente por causa do distanciamento que cresce a cada dia entre eles. Para piorar Brick se sente oprimido por viver em uma velha e tradicional casa do sul dos Estados Unidos dominada por um rico proprietário à moda antiga. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Paul Newman), Melhor Atriz (Elizabeth Taylor), Melhor Direção (Richard Brooks), Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia (William H. Daniels). Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama e Melhor Direção.
Comentários:
O filme foi roteirizado pelo diretor Richard Brooks. Se formos analisar bem sua carreira veremos que ele sempre foi mais um roteirista do que propriamente um diretor. Pois bem, embora Tennessee Williams tenha reclamado de algumas mudanças em seu texto original, temos que convir que o roteiro em si é muito bem escrito e trabalhado, deixando o filme com ótimo ritmo, fugindo da armadilha de o deixar teatral demais.. Penso que os textos de autoria do grande Tennessee Williams eram perigosos ao serem adaptados ao cinema, pois poderiam deixar qualquer filme pesado ou com aspecto de teatro filmado, o que não seria adequado pois artes diferenciadas exigem também adaptações diferentes. Nem sempre o que é adequado ao teatro consegue ser satisfatório na tela. Em "Gata em Teto de Zinco Quente" isso definitivamente não acontece e o espectador ao final da exibição terá a certeza de que assistiu a um grande filme, cinema puro. A produção é elegante, acima de tudo. O enredo se passa todo dentro de um grande casarão que é sede de uma fazendo de algodão no sul dos EUA. Embora isso possa parecer tedioso, não é. Hoje a MGM está à beira da falência, mas naquela época não economizava no bom gosto, como bem podemos comprovar aqui. A fazenda tipicamente sulista, o bonito figurino (especialmente de Liz Taylor) e a fotografia inspirada confirmam a elegância da película.
A grande força do filme porém vem de seu elenco maravilhoso. Elizabeth Taylor está linda e talentosa, dominando a cena. Ela esbanja naturalidade e carisma em cada momento que surge na tela. Paul Newman, que passa o tempo todo de muletas e engessado, também demonstra muito talento no papel de Brick Pollitt, talvez o único personagem com algum valor moral dentro daquela casa. O curioso é que mesmo atores com escolas diferentes (com Newman vindo do teatro e Liz sendo basicamente uma atriz de cinema) conseguem se entender extremamente bem em cena. Sua química salta aos olhos, mesmo Paul Newman interpretando um marido que diante de tantos problemas negligencia sua bela e jovem esposa. Do elenco de apoio tenho que destacar primeiramente Burl Ives (Big Daddy, ótimo em sua caracterização de um homem que não conseguiu passar afeto aos seus familiares durante toda a sua vida) e Madeleine Sherwood (que faz a insuportável Mae Pollitt). Dentre as várias excelentes cenas destacaria aquela que se passa entre Newman e Ives no porão quando em tom de nostalgia Big Daddy se recorda de seu falecido pai, um mero vagabundo. Ali ele se mostra totalmente, sem máscaras, o que de certa maneira também serve para revelar a verdadeira face de sua família. Ótimo momento no quesito atuação. Enfim temos aqui um dos maiores clássicos da era de ouro de Hollywood, com dois de seus grandes astros em plena forma pessoal e dramática. Um filme mais do que clássico, absoluto.
Pablo Aluísio.
Disque Butterfield 8
Título Original: Butterfield 8
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Daniel Mann
Roteiro: John O'Hara, Charles Schnee
Elenco: Elizabeth Taylor, Laurence Harvey, Eddie Fisher
Sinopse:
Gloria Wandrous (Elizabeth Taylor) é uma bonita e sensual mulher que esconde um aspecto de sua vida pois trabalha como call girl (garota de programa de luxo) para completar sua renda. Praticamente ninguém de seu círculo social sabe disso. Sua vida muda completamente quando resolve se envolver com um homem casado, o que lhe trará inúmeros problemas pessoais. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Atriz (Elizabeth Taylor). Também indicado na categoria de Melhor Fotografia (Joseph Ruttenberg e Charles Harten). Indicado ainda ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Drama (Elizabeth Taylor).
Comentários:
Esse filme é uma grata surpresa por vários motivos. Primeiro por seu tema. O roteiro enfoca a vida de uma call girl (expressão antiga para designar aquilo que você está pensando mesmo, uma espécie de prostituta de luxo) interpretada com muita sensualidade, luxúria e decadência por Liz Taylor. Pensar que um filme assim foi realizado no começo dos anos 60 já é um feito e tanto. É preciso entender que a primeira metade daquela década foi a época em que comédias românticas bobinhas com Doris Day estavam na moda e nada é mais longe daquela ingenuidade do que esse Butterfield com Elizabeth Taylor. Seu personagem mora com a mãe, que finge não saber o que ela faz. Ao se envolver com um homem casado, Gloria (Liz Taylor) tenta reabilitar sua vida que está fora dos eixos desde a morte precoce do pai. O filme não tem a profundidade daqueles que foram baseados em peças escritas por Tennessee Williams e nem é tão bem desenvolvido como "Gata em Teto de Zinco Quente", por exemplo, mas compensa isso com diálogos inteligentes recheados de duplo sentido. Aliás o cinismo do filme é um dos atrativos do roteiro.
A prostituta Gloria sabe o que é e brinca com o fato. A cena inicial do filme, um longo plano sequência com ela se levantando após uma noite de aventuras com um homem casado é um primor de naturalismo no cinema. Eu acredito que Liz realizou esse filme em resposta ao escândalo de seu envolvimento com o marido de Debbie Reynolds, o cantor Eddie Fisher (que inclusive está no filme). Como ela foi xingada bastante de vagabunda pela imprensa e pelo público em geral, então resolveu interpretar uma personagem assim no cinema! O resultado é ótimo e ela levou seu primeiro Oscar (que dizem ter sido de consolação pois ela enfrentava sérios problemas de saúde na época, a ponto de muitos dizerem que não iria longe!). Mas isso é o de menos. Assista "Butterfield 8" e entenda porque ela foi uma das grandes divas da história do cinema americano.
Pablo Aluísio.
sábado, 16 de dezembro de 2017
A Maldição do Espelho
Título Original: The Mirror Crack'd
Ano de Produção: 1980
País: Inglaterra
Estúdio: G.W. Films, EMI Films
Direção: Guy Hamilton
Roteiro: Jonathan Hales, Barry Sandler
Elenco: Angela Lansbury, Rock Hudson, Elizabeth Taylor, Kim Novak, Geraldine Chaplin, Tony Curtis, Edward Fox
Sinopse:
Uma equipe de filmagem americana vai até a Inglaterra para produzir um filme. O diretor da produção caberá ao renomado cineasta Jason Rudd (Rock Hudson) que precisará lidar com vários problemas, entre eles duas estrelas que se odeiam (Taylor e Novak), um produtor inconsequente e irresponsável (Curtis) e um assassinato! Isso mesmo, durante a recepção para a equipe uma jovem inglesa aparece morta, ao que tudo indicado vítima de um envenenamento mortal! Mas afinal de contas, quais seriam as motivações para o crime e quem teria sido o autor da morte? Miss Marple (Lansbury) parece ter a chave para a solução do mistério.
Comentários:
Para quem aprecia cinema clássico esse filme é uma pequena preciosidade histórica. Se formos analisar o elenco perceberemos facilmente que a produção foi praticamente uma despedida de astros e estrelas que foram ícones do cinema americano nas décadas de 1950 e 1960 e que depois não voltariam a trabalhar juntos novamente. Assim temos os dois grandes galãs da era de ouro da Universal (Rock Hudson e Tony Curtis) ao lado de uma dupla de grandes estrelas do cinema americano (as maravilhosas Elizabeth Taylor e Kim Novak) que na tela representam... isso mesmo, duas grandes estrelas do passado que nutrem uma antipatia mútua! Como se trata de uma adaptação de um livro de Agatha Christie intitulado "The Mirror Crack'd from Side to Side" já podemos antever o que iremos encontrar pela frente: um mistério a ser desvendado, onde existem inúmeros suspeitos, todos com motivos suficientes fortes para cometerem um crime. Quem deverá descobrir a identidade do verdadeiro assassino é uma das personagens mais queridas do universo da escritora: a simpática velhinha Miss Marple (interpretada pela carismática Angela Lansbury, curiosamente usando maquiagem para parecer mais velha do que era na época). O resultado de tudo isso é um filme bem cuidado, bem produzido e com inegável sabor nostálgico para quem adora o cinema do passado. Rever todos esses grandes nomes sempre é um prazer renovado para o cinéfilo mais tradicionalista. A aparência de alguns desses mitos pode, em um primeiro momento, chocar o espectador. Todos, sem maiores exceções, mostram as marcas do tempo. Isso porém deve ser visto com elegância e sabedoria, afinal de contas eles envelheceram sim, mas também sobreviveram, mostrando que foram vencedores em suas respectivas carreiras. Assim temos um ótimo programa, a que eu particularmente recomendo bastante.
Pablo Aluísio.
sábado, 2 de maio de 2015
Assim Caminha a Humanidade
Em sua autobiografia Rock Hudson relembra como foi tratado por George Stevens. O diretor lhe colocou a par de todos os aspectos da produção e chegou a dizer a ele que escolhesse a cor da casa de seu personagem no filme. Nunca um diretor havia feito algo assim com ele. Isso demonstrava o modo de trabalhar de Stevens, ele queria que todos se sentissem parte do processo de realização do filme. Hudson afirmou em seu livro que nunca vira nada igual antes. Se o diretor queria aproximação completa entre ele e o elenco o mesmo não se podia dizer dos dois atores principais. Desde o começo Rock Hudson e James Dean não se deram bem. Dean vinha de Nova Iorque e procurava ir fundo em suas interpretações. Hudson foi formado na Universal, dentro do Star System, e estava pouco preocupado com maneirismos do Actors Studio. Assim travou-se uma verdadeira batalha nas cenas, dois atores com formação completamente diferente que não se gostavam muito pessoalmente. Dean achava Rock um mero galã e um "poste" - apelido que usou por causa da grande altura do ator. Como ele era baixinho, Dean acabou sentindo-se intimidado por Rock. Já Hudson achava Dean esquisito, complicado de se lidar. Curiosamente apesar de ambos não se darem bem, os dois se tornaram grandes amigos da estrela Elizabeth Taylor. Para Dean, Liz era como uma irmã que nunca teve. Amorosa e simpática procurava entender o rebelde ator mesmo quando ele nitidamente se comportava mal com os outros. Já em relação a Rock ela se comportava como uma amiga de farras. Ambos tomaram grandes porres juntos e inventaram o Martini de chocolate, uma combinação explosiva que exigia um intestino de aço de quem ousasse beber aquela mistureba toda. Elizabeth Taylor virou amiga até os últimos dias de vida de Rock Hudson e quando esse morreu de AIDS em 1985 ela fundou uma instituição de apoio a pesquisas para combater a doença.
A edição do filme foi complicada e demorada. Havia muito material gravado, por diversas câmeras e assim George Stevens passou longos meses montando tudo aquilo. Quando o filme finalmente ficou pronto e foi lançado James Dean já havia morrido há mais de um ano. Como tinha se tornado um mito eterno da sétima arte com sua morte suas jovens fãs correram para os cinemas para conferir o último trabalho do encucado ator. O que viram foi uma produção completamente diferente de "Juventude Transviada". Enquanto aquele era uma crônica sobre a juventude e seus problemas, "Giant" era monumental, de enorme duração e com ares de cinema épico. A crítica se dividiu mas de forma em geral todos concordaram que estavam na presença de um dos maiores filmes já feitos por Hollywood. Um dos pontos mais criticados foi justamente a maquiagem realizada nos atores nas cenas em que eles surgem envelhecidos. Para Rock Hudson e Elizabeth Taylor as perucas grisalhas realmente não caíram bem. De fato apenas James Dean surge bem nessas cenas, o que não deixa de ser uma grande ironia pois ele nunca teria a chance de envelhecer como seu personagem, que aparece bêbado e caindo em um vexame público. Aliás muitas das falas de Dean ficaram ruins nesse momento final e o diretor George Stevens, sem opção, teve que contratar o ator Nick Adams para dublar certas partes do texto do ator falecido. Assim em conclusão podemos dizer que "Assim Caminha a Humanidade" não é apenas uma obra de cinema fenomenal mas também um marco histórico do cinema americano. Um filme tão grande quanto o Texas. Um momento maravilhoso do cinema americano que todos os cinéfilos devem assistir.
Assim Caminha a Humanidade (Giant, Estados Unidos, 1956) Direção: George Stevens / Roteiro: Fred Guiol, Ivan Moffat baseados na obra de Edna Ferber / Elenco: Elizabeth Taylor, Rock Hudson, James Dean, Carroll Baker, Mercedes McCambridge, Jane Withers, Chill Wills, Sal Mineo, Dennis Hopper / Sinopse: "Assim Caminha a Humanidade" conta a estória do rico fazendeiro Bick Benedict (Rock Hudson) . Após cortejar e se casar com a mimada Leslie (Elizabeth Taylor) ele retorna para sua imensa casa de fazenda bem no meio do grandioso estado americano do Texas. Lá tem que lidar com todos os problemas de sua propriedade, inclusive seus empregados. Entre eles se destaca o estranho e taciturno Jett Rink (James Dean) que parece nutrir uma indisfarçável paixão pela esposa de seu patrão.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Um Lugar ao Sol
O roteiro foi baseado no livro "An American Tragedy" de Patrick Kearney. Embora ficcional a estória foi inspirada em fatos reais acontecidos em Chicago na década de 20. A situação toda é bastante sórdida e demonstra que não existem muitos limites para a maldade da alma humana, embora no filme o personagem Geroge Eastman seja de certa forma amenizado. É fácil compreender a razão. Não haveria como rodar toda uma produção como essa em cima de um mero assassino. Assim tudo foi cuidadosamente suavizado para não chocar muito o público americano dos anos 50. O resultado de tanto capricho veio depois nas bilheterias e nas ótimas críticas que o filme conseguiu. Shelley Winters e Montgomery Clift foram indicados ao Oscar. Embora não tenham sido premiados o filme em si conseguiu vencer em seis categorias (inclusive direção e roteiro), se consagrando naquele ano. Até o gênio Charles Chaplin se rendeu ao filme declarando que havia sido o "melhor filme que já tinha assistido em sua vida". Além disso os bastidores da produção deram origem a muitas histórias saborosas envolvendo Clift e Taylor, que se tornariam amigos até o fim de suas vidas. Depois disso não há muito mais o que escrever. Para os cinéfilos "Um Lugar ao Sol" é mais do que obrigatório. Um filme essencial.
Um Lugar ao Sol (A Place In The Sun, Estados Unidos, 1951) Direção: George Stevens / Roteiro: Harry Brown, Michael Wilson / Elenco: Montgomery Clift, Elizabeth Taylor, Shelley Winters, Anne Revere / Sinopse: George Eastman (Montgomery Clift) é o jovem sobrinho de um rico industrial do mercado de roupas femininas. Seu tio logo o emprega em uma das fábricas como empacotador. Lá conhece a operária Alice (Shelley Winters) e logo se enamora dela. Ao mesmo tempo em que corteja Alice acaba se envolvendo também com Angela Vickers (Elizabeth Taylor) uma rica garota da alta sociedade. O triângulo amoroso trará consequência trágicas para todos os envolvidos. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia (William C. Mellor), Melhor Figurino (Edith Head), Melhor Edição (William Hornbeck) e Melhor Música (Franz Waxman).
Pablo Aluísio.
domingo, 15 de janeiro de 2012
O Pecado de Todos Nós
O problema básico do Major Weldon Penderton (Marlon Brando) é que ele não tem mais nenhum desejo sexual pela esposa, pois na realidade é um homossexual enrustido que não consegue exteriorizar e vivenciar sua verdadeira orientação sexual. Após ver um soldado cavalgando nu pelo bosque, o Major acaba ficando obcecado por ele. Tudo caminha então para um clímax ao melhor estilo do diretor Huston, com muitas nuances psicológicas e tensão entre os principais personagens. A hipocrisia do núcleo familiar considerado ideal pela moralista sociedade norte-americana também é exposta sem receios. O grande número de homossexuais escondidos no armário dentro da vida militar também é explorada. O roteiro do filme acerta em cheio na hipocrisia reinante nesse meio.
O argumento soa na realidade como uma provocação por parte de John Huston para com toda a sociedade norte-americana. A família tradicional e o sistema militar são obviamente seus principais alvos. Na porta de entrada dos Estados Unidos na guerra do Vietnã, ele ousou colocar um tema tabu em cena: o homossexualismo dentro das casernas militares. Mais explosivo do que isso impossível. Além disso expõe os problemas que existiam por baixo da imagem impecável das famílias conservadoras daquele país. O marido que posa de cidadão exemplar na verdade despreza sua esposa e esconde seus desejos sexuais mais inconfessáveis. A esposa é infiel, sem conteúdo, rasa, vazia, materialista e tola. Um retrato demolidor de um modelo que nos anos 1960 vinha abaixo.
"Reflections in a Golden Eye" foi baseado na obra da escritora Carson McCullers, uma autora que não tinha receio de tocar nas feridas mais profundas da América. Aqui ao lado de Huston, Liz Taylor e Marlon Brando, ela finalmente encontrou a transposição perfeita de sua obra para as telas de cinema. Em conclusão, "O Pecado de Todos Nós" é uma produção nada confortável e nem amenizadora. No fundo é um retrato controvertido que coloca na berlinda alguns dos pilares mais prezados pelos conservadores americanos. Não deixe de assistir.
O Pecado de Todos Nós (Reflections in a Golden Eye, Estados Unidos, 1967) Direção: John Huston / Roteiro: Chapman Mortimer, Gladys Hill baseados na obra "Reflections in a Golden Eye" de Carson McCullers / Elenco: Elizabeth Taylor, Marlon Brando, Brian Keith, Julie Harris / Sinopse: O Major do exército americano Weldon Penderton (Marlon Brando) se torna obcecado por um jovem soldado da tropa que ele vê nu, cavalgando no bosque. Com fortes inclinações homossexuais, ele não consegue mais conter seus desejos ao mesmo tempo em que negligencia sua esposa Leonora (Elizabeth Taylor), uma dona de casa vazia e fútil, em um casamento de aparências, de fachada.
Pablo Aluísio.