terça-feira, 19 de novembro de 2024
A Árvore da Vida
quinta-feira, 14 de janeiro de 2021
A Noite da Emboscada
Título Original: The Stalking Moon
Ano de Produção: 1968
País: Estados Unidos
Estúdio: National General Production Inc
Direção: Robert Mulligan
Roteiro: Alvin Sargent, Wendell Mayes
Elenco: Gregory Peck, Eva Marie Saint, Robert Forster, Russell Thorson, Frank Silvera, Lonny Chapman
Sinopse:
Um destacamento da cavalaria americana acaba encontrando uma mulher branca no meio de um bando de Apaches acampados no meio do deserto. Há muitos anos ela fora raptada por guerreiros da tribo e lá, feita prisioneira, acabou tendo um filho mestiço. Agora, em liberdade, ela pretende voltar para sua cidade natal e para isso acaba contando com a preciosa ajuda de Sam Varner (Gregory Peck), um batedor civil do exército que agora tem planos de voltar para seu rancho, localizado no Novo México. Tudo parece correr bem até que Sam descobre que o pai do garoto índio que viaja ao lado da mãe, está em busca deles. O conflito então se tornará inevitável.
Comentários:
Mais um ótimo western estrelado pelo grande ator Gregory Peck. O filme tem muitas peculiaridades que o tornam mais do que interessante. Um deles é a posição da mulher branca que tendo um filho mestiço com um guerreiro Apache (não por vontade própria, mas por ser prisioneira) acaba sentindo ela própria todo o preconceito racial contra os índios naquela região. Para piorar tudo, ela ainda tem que contar com o fato da incerteza pelo que lhe espera no mundo dos brancos, pois seus parentes mais próximos foram mortos quando ela foi raptada e paira uma dúvida sobre se ainda existem parentes distantes vivos para a cidade onde ela quer retornar, Columbus. E como reagirá sua família branca ao ter que lidar com um filho mestiço, fruto de estupro por parte do pai do garoto? São questões melindrosas que o roteiro não discute abertamente, mas que deixa bem subentendido.
Como o próprio nome do filme sugere, grande parte do filme se passa no rancho do personagem interpretado por Peck quando ele e os demais sofrem uma emboscada mortal do guerreiro Salvaje (Nathaniel Narcisco). Esse por sua vez é muito bem explorado pelo roteiro pois quase nunca se mostra totalmente, mais parecendo uma sombra na colina, espalhando mortes terríveis por onde passa. O duelo final entre Sam (Peck) e Salvaje assim se torna muito esperado pelo espectador e quando isso acontece certamente não decepciona. Também era de se esperar, pois o diretor Robert Mulligan também assinou outras pequenas e grandes obras primas como "O Sol É Para Todos" (com o mesmo Peck no elenco) e "Quando Setembro Vier" (ótima comédia romântica com o galã Rock Hudson). Assim deixo a recomendação desse "A Noite da Emboscada" para os fãs de faroestes clássicos. É um item para se ter na coleção de qualquer admirador desse gênero cinematográfico.
Pablo Aluísio.
sábado, 18 de janeiro de 2020
Intriga Internacional
O mestre do suspense Alfred Hitchcock costumava dizer que não estava muito interessado nas estórias que contava, mas sim na forma como as contava. Ele se considerava um "pintor de flores" do mundo cinematográfico. Esse filme "North by Northwest" se encaixava bem nesse ponto de vista. O filme não tem um grande enredo. Na verdade tudo se resume na estória de um homem errado que se encontra no lugar errado, no momento errado, sendo confundido com um assassino internacional, um espião há muito procurado por serviços de inteligência ao redor do mundo. Depois que isso acontece sua vida se torna caótica, onde ele tenta sobreviver de todas as maneiras às várias tentativas de eliminá-lo! O curioso é que, como o roteiro explica depois, o espião verdadeiro com o qual ele é confundido sequer existe, sendo apenas uma invenção da CIA para despistar seus perseguidores.
Além do habitual suspense, Alfred Hitchcock também investiu bastante nas cenas de ação É o seu filme mais movimentado nesse aspecto. Há duas sequências que ficaram bem conhecidas. A primeira acontece quando o personagem de Grant é perseguido por um avião no meio do nada! Essa cena é a mais conhecida do filme até os dias de hoje. Também é a que melhor aproveita o suspense que foi a marca registrada da filmografia do diretor. Outro ponto alto acontece no clímax do filme, em seu final, quando Grant e Marie Saint participam de uma perseguição no alto do monte Rushmore (com os rostos dos presidentes americanos mais memoráveis da história, esculpidos na rocha). A cena é tecnicamente perfeita e demonstra muito bem que os efeitos especiais em Hollywood na época já eram bem avançados.
Quando o filme termina, chegamos em algumas conclusões. É fato que Alfred Hitchcock aqui optou pelo lado mais comercial do cinema americano, deixando seu lado autoral (que sempre foi seu maior legado) um pouco de lado. Fica evidente que ele estava em busca de um sucesso de bilheteria, acima de qualquer outra coisa. Outro aspecto é perceber que Hitchcock já tinha entendido que haveria um boom de filmes de espionagem. A MGM já tinha anunciado que iria trazer James Bond para o cinema e o velho mestre logo entendeu que essa seria uma tendência a dominar o cinema na década que estava para nascer. Algo que efetivamente aconteceu mesmo nos anos 1960. Pelo visto Hitchcock tinha talento não apenas para realizar bons filmes de suspense, como também para antecipar o que iria cair no gosto do público.
Intriga Internacional (North by Northwest, Estados Unidos, 1959) Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) / Direção: Alfred Hitchcock / Roteiro: Ernest Lehma / Elenco: Cary Grant, Eva Marie Saint, James Mason, Martin Landau, Jessie Royce Landis, Josephine Hutchinson / Sinopse: Um homem comum, publicitário de Nova Iorque, é confundido com um perigoso e mortal espião internacional. A partir daí ele passa a lutar por sua própria sobrevivência. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Original (Ernest Lehman), Melhor Direção de Arte (William A. Horning, Robert F. Boyle) e Melhor Edição (George Tomasini).
Pablo Aluísio.
sábado, 9 de novembro de 2019
Adeus às Ilusões
Laura Reynolds (Elizabeth Taylor) é uma mulher nada convencional. Artista, ateia, mãe solteira, vive com seu jovem filho numa pequena cabana, localizada numa praia isolada e ensolarada da Califórnia. Lá passa os dias pintando a natureza em seus quadros, enquanto seu garotinho explora as belezas naturais da região. Os dias de tranquila paz porém logo são encerrados. Após o garoto matar um animal silvestre ele é enviado para o juizado de menores onde um severo juiz impõe a seguinte escolha para sua mãe, Laura: Ou ele é enviado para uma escola de ensino religioso onde aprenderá os mais importantes valores morais da sociedade ou então será encaminhado para o reformatório, onde terá contato com pequenos marginais.
Laura não segue nenhuma religião e definitivamente não deseja que seu filho seja doutrinado mas diante da situação extrema concorda em matricular o jovem numa escola religiosa local administrada pelo reverendo Edward (Richard Burton). Esse aliás fica impressionado pelo modo de vida de Laura e seu filho. Vivendo de caça e pesca, com um suado trocado proveniente das vendas dos quadros de sua mãe, Edward fica intrigado pela estrutura dessa família sui generis e diferente. A aproximação porém trará sérias conseqüências na vida de todos os envolvidos pois o religioso começa a sentir uma atração incontida por Laura. Poderá um romance entre um religioso conservador e uma artista liberal, de idéias modernas, dar realmente certo?
“Adeus às Ilusões” é um drama estrelado pelo casal Elizabeth Taylor e Richard Burton sob direção do famoso Vincente Minnelli. O argumento é baseado na obra do autor Dalton Trumbo (um dos grandes roteiristas e escritores da era de ouro do cinema americano) e explora um amor que nasce de duas pessoas completamente diferentes. Ele é um religioso austero, disciplinador, firme em suas convicções e crenças e ela é o extremo oposto disso, artista, de alma livre, que não segue nenhuma regra e vive em harmonia no meio da natureza. Além disso é ateia convicta e não acredita em Deus. Como seria possível duas pessoas de pensamentos tão contrários se apaixonarem, passando por cima de todas as convenções sociais? O texto é excepcionalmente bem escrito, com diálogos saborosos onde cada um tenta convencer o outro de suas crenças (ou da falta delas).
Como não poderia deixar de ser a química entre o casal salta aos olhos nas cenas mais ardentes. Elizabeth Taylor está belíssima em cena, falando suavemente e de forma contida (o extremo oposto de sua personagem histérica em “Quem Tem Medo de Virginia Wolf?”). Burton também se sobressai com o dilema moral que vive seu reverendo. Não conseguindo mais conciliar entre sua fé e a paixão que sente por Laura (Taylor) ele sucumbe aos prazeres do amor e da sedução. Vincente Minelli reservou longos planos abertos para mostrar toda a beleza do lugar onde a produção foi realizada. Também encheu o filme de uma bela trilha sonora com muito jazz e bossa nova. Até o durão Charles Bronson aparece suavizado, em um papel singular, a de um jovem artista escultor que vive na praia entre amigos e saraus. Produção bem escrita, requintada e de bom gosto, “Adeus às Ilusões” é programa obrigatório para os fãs de Elizabeth Taylor, que aqui surge radiante. Não deixe de assistir.
Adeus às Ilusões (The Sandpiper, EUA, 1965) Direção: Vincente Minnelli / Roteiro: Irene Kamp, Louis Kamp, Dallton Trumbo / Elenco: Elizabeth Taylor, Richard Burton, Charles Bronson, Eva Marie Saint, Robert Webber / Sinopse: Religioso austero, conservador e rígido (Richard Burton) se apaixona por jovem artista (Elizabeth Taylor) que além de liberal e atéia também é mãe solteira de um pequeno garoto que se torna aluno da escola religiosa onde administra. Filme vencedor do Oscar de Melhor Canção Original, “The Shadow Of Your Smile".
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 1 de novembro de 2019
Sindicato de Ladrões
Para Marlon Brando esse filme era o retrato de todos os fracassados da América. Todos os derrotados pelo sistema. Aquelas pessoas que não conseguiam o sucesso, a fama e a fortuna. Ele interpretava um boxeador com uma carreira cheia de fracassos que entregava as lutas para que a máfia ganhasse dinheiro fácil no mundo das apostas esportivas. Algum tempo depois essa mesma quadrilha acabava cometendo um crime, colocando um peso a mais na consciência do personagem de Brando. Era aqui que Kazan tentava justificar seus atos no passado, tentando criar uma justificativa baseada em grandes valores para todos aqueles que entregavam seus antigos comparsas ou como no caso dele, dos antigos companheiros de causa.
O filme traz um retrato cru e realista. As cenas foram rodadas nas ruas e nas docas, no meio de pessoas comuns, sem excessos de produção e nem nada do tipo. Marlon Brando, com seu jeito da classe trabalhadora, simplesmente atuava ao lado das pessoas do dia a dia, sempre procurando pelo realismo. Seu talento lhe valeu o primeiro Oscar de sua carreira. Curiosamente Brando compareceu à cerimônia onde recebeu a estatueta de uma linda Grace Kelly. Depois tirou fotos e seguiu todo o protocolo da Academia. Algo que iria renegar anos depois quando seria premiado por "O Poderoso Chefão", ao recusar a premiação. No caso do Oscar vencido por "Sindicato de Ladrões" ele decidiu dar a estatueta para um amigo. Era uma forma dele demonstrar que não dava valor ao Oscar e nem à Academia. Também era uma maneira rebelde de se dissociar da futilidade de uma Hollywood que em sua opinião era vazia e sem sentido. De uma forma ou outra o filme foi aclamado por público e crítica, vencendo os principais prêmios de cinema naquele ano. Foi a forma de Hollywood dizer que finalmente Kazan estava perdoado.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
Nada em Comum
Título Original: Nothing in Common
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Garry Marshall
Roteiro: Rick Podell, Michael Preminger
Elenco: Tom Hanks, Jackie Gleason, Eva Marie Saint, Hector Elizondo, Barry Corbin, Bess Armstrong
Sinopse:
David Basner (Tom Hanks) é um jovem executivo de publicidade muito bem-sucedido, que precisa lidar com uma situação no mínimo delicada, quando é informado que seus pais estão se divorciando, após décadas de casamento.
Comentários:
Tom Hanks surgiu no mundo do cinema como um astro de comédias, um comediante de ofício, gaiato, em filmes como "Despedida de Solteiro" e "Splash - Uma Sereia em Minha Vida". Filmes descompromissados, leves e até, de certo modo, bobinhos. Esse aqui foi seu primeiro filme com um roteiro mais centrado, mais sério, tratando de temas humanos mais profundos. Ainda pode ser considerada uma comédia, porém uma comédia dramática, vamos colocar nesses termos. E isso é curioso porque na época os fãs do ator tiveram uma surpresa e tanto quando chegaram aos cinemas pensando que iriam rir bastante, como nos seus filmes anteriores, e acabaram se deparando com temas pesados como divórcio, velhice, etc. Mesmo assim é um bom filme, sem dúvida. E o Tom Hanks só iria se aprofundar ainda mais no drama, como sua carreira no futuro bem iria demonstrar.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 13 de novembro de 2007
Exodus
Nesse primeiro ato logo somos apresentados ao personagem Ari Ben Canaan (interpretado por Paul Newman), cuja principal função na ilha é retirar uma parcela desses judeus em cativeiro para levá-los até a Palestina, para que com isso crie pressão sobre a ONU na aprovação da criação de Israel. O segundo ato já se desenvolve nos assentamentos judeus na Palestina e tenta mostrar o cotidiano dessas famílias empenhadas em ficar no país e assim começar uma nova nação. Finalmente no terceiro ato temos a criação de Israel e as reações (algumas vezes violentas) que esse fato gerou, principalmente por parte da população palestina, que naquela altura sentiu que simplesmente estavam tomando sua nação e seu país e a entregando aos recém chegados judeus. O tema é melindroso e até hoje repercute. O filme, é claro, toma partido ao lado do povo judeu e sua causa, até porque não seria diferente haja visto que os grandes estúdios de Hollywood são administrados e comandados por judeus.
E justamente por isso talvez Exodus não seja uma obra completa. O ponto de vista é unilateral, focado apenas na visão judia da questão. Tirando um único personagem (um palestino que nutre amizade e simpatia por um personagem judeu) nada mais nos é mostrado sobre o outro lado da questão, sobre a forma de agir e pensar do povo palestino naquele momento. O roteiro não esconde e nem tenta disfarçar de que lado realmente está. Como a questão Israel - Palestina é muito mais complexa do que isso ficamos com a sensação pouco confortável de estarmos assistindo na realidade um grande e pomposo manifesto político em prol de Israel.
Já sobre o filme em si, tecnicamente falando, a produção apresenta alguns problemas. O maior deles talvez seja a duração excessiva. O filme em alguns momentos se arrasta, cenas sem grande importância ganham um destaque desproporcional. O filme poderia sem problemas ter duas horas de duração sem perda de conteúdo. A direção de Otto Preminger por sua vez comete alguns erros primários (em certos momentos podemos perceber a sombra da câmera e do cameraman se projetando sobre os atores). São coisas menores mas que em certos momentos incomodam. Já a trilha sonora, ainda hoje lembrada, é um destaque. O compositor Ernest Gold foi inclusive premiado com o Oscar por seu trabalho. Enfim, Exodus é um bom filme e só peca pela tentativa de fazer propaganda política sem dar chance à outra parte de se manifestar, fora isso é um bom passatempo, isso claro se você tiver disposição de assistir uma película com uma duração tão excessiva como essa.
Exodus (Exodus, Estados Unidos, 1960) / Direção: Otto Preminger / Roteiro: Dalton Trumbo / Elenco: Paul Newman, Eva Marie Saint, Ralph Richardson, Peter Lawford, Lee J. Cobb / Sinopse: O filme mostra diversos eventos que deram origem à criação do Estado de Israel ao mesmo tempo em que o mesmo luta para sobreviver diante da hostilidade das nações vizinhas.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 16 de abril de 2007
Exodus
Título Original: Exodus
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Otto Preminger
Roteiro: Dalton Trumbo
Elenco: Paul Newman, Eva Marie Saint, Ralph Richardson, Peter Lawford, Lee J. Cobb, Sal Mineo
Sinopse:
Baseado no livro escrito por Leon Uris, o filme "Exodus" conta a história de formação do Estado de Israel. Ari Ben Canaan (Paul Newman) é um jovem judeu que ajuda outros de sua nação a emigrarem para a Palestina, nas vésperas da criação de Israel pela ONU. Roteiro parcialmente baseado em fatos históricos reais.
Comentários:
"Exodus" foi produzido para ser um filme grandioso, uma super produção de Hollywood. O tema era polêmico, mostrando uma série de personagens que ajudaram na criação do Estado de Israel. O problema dessa criação é que já existia na mesma região um país chamado Palestina. Isso criou um conflito armado entre judeus e palestinos que dura até os dias de hoje. Como se aprende nas aulas de ciência política não há como haver paz se duas nações habitam um mesmo território. A guerra se torna iminente. Deixando de lado essa questão o fato é que o diretor Otto Preminger optou por um corte excessivamente longo. O filme tem mais de 3 horas de duração, o que de certa forma o prejudicou muito comercialmente na época em que foi lançado nos cinemas. Com a história dividida em três grandes atos há uma inegável lentidão na edição, o que pode tornar o filme cansativo para muitos espectadores. De qualquer forma, pelo importante tema que trata, "Exodus" ainda é uma peça importante para se entender a questão palestina naquela região de conflitos políticos, econômicos e religiosos.
Pablo Aluísio.