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domingo, 15 de junho de 2025

Júlio César e Cleópatra

Júlio César e Cleópatra
Quando Júlio César desembarcou em Alexandria, no Egito, ele tinha apenas o objetivo de assinar uma série de tratados comerciais com aquela nação. Só que ao andar pelas ruas da milenar cidade fundada por Alexandre, o Grande, ele descobriu que o Egito estava praticamente em guerra civil. Havia um grupo político que apoiava o garoto Ptolomeu para se tornar o novo faraó e existia outro grupo rival, mais organizado e com nomes mais relevantes da sociedade, defendendo a subida da jovem Cleópatra ao trono. Júlio César, um político astuto e oportunista, logo percebeu que poderia tomar proveito daquela situação. 

Ele não achou que Ptolomeu fosse grande coisa. Foi conhecer ele pessoalmente e não ficou nada impressionado. Era jovem, tinha apenas 14 anos de idade, muito arrogante e não tinha nenhuma noção do poder de Roma. César sabia que duas legiões romanas poderiam destruir os exércitos daquele rapaz de uma forma até mesmo fácil. Era só querer e tomar o Egito, transformando aquela antiga civilização do Rio Nilo numa província romana. O ambicioso César porém ficou admirado com a garota Cleópatra, irmã mais velha daquele fedelho insolente. 

Reza a lenda que Cleópatra decidiu fazer uma entrada triunfal para conhecer César. Ela foi enrolada dentro de um grande tapete persa e assim foi colocada dentro do quarto do general romano. César, já um homem maduro, ficou realmente impressionado com ela, com sua beleza. E de fato Cleópatra tinha muito mais a oferecer. Era muito culta, falava vários idiomas e se mostrou ser uma pessoa extremamente inteligente, bem ao contrário de seu irmão mais jovem. Naquela noite, completamente seduzido por Cleópatra, César tomou sua decisão, ficando ao lado daquela bela jovem de 17 anos. Ela iria se tornar a nova Rainha do Egito!

No dia seguinte legionários romanos marchavam por toda a cidade, inaugurando um novo momento histórico do Egito. Ptolomeu foi descartado sumariamente e César colocou no trono a sua nova amada, agora com o título real de Cleópatra VII. Esse relacionamento iria mudar a geopolítico do mundo antigo. César iria ficar perdidamente apaixonado por ela, jogando seu juizo pela janela. Não tardou e a fofoca atravessou o mar e chegou em Roma. Sim, ele estava caindo de amores por uma exótica rainha do Egito. Júlio César não admitia críticas sobre sua vida pessoal e decidiu que iria retornar a Roma em breve, mas agora ao lado de sua nova paixão! A crise política logo iria se instalar na cidade eterna. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 8 de junho de 2025

A Morte de Júlio César

A Morte de Júlio César
Nos idos de março do ano de 44 a.c, o Cônsul Júlio César decidiu ir até o Senado romano. Sua esposa Calpúrnia disse que não fosse, pois havia tido sonhos ruins e pesadelos na noite anterior e isso seria uma premonição de que algo ruim iria lhe acontecer. Júlio César não lhe deu ouvidos, descartando tudo como mera superstições de uma mulher tola, como ele mesmo fez questão de dizer enquanto desfrutava de sua refeição matinal. O clima político de Roma andava tenso. O Senado acusava Júlio César de querer poder demais, repetindo os erros cometidos pelos antigos Reis de Roma nos primórdios de sua civilização. Para muitos senadores, Júlio César queria ser o novo Rei de Roma ou então um Tirano com poderes absolutos. Era necessário parar com essas ameaças aos poderes republicanos. 

Júlio César recusava essas acusações, dizendo amar a República Romana. Por isso faria de tudo para salvar as sagradas instituições da cidade eterna. Não convenceu os senadores, principalmente os que lhe fazia forte oposição como Caio Cássio Longino. Naquela manhã César entrou triunfante no Senado, pensado que iria ter mais um dia de vitórias políticas dentro daquela casa que em última análise representava o povo de Roma. Ele tinha novos projetos para apresentar aos senadores, entre eles uma grande reorganização do exército romano e sua legiões.

Não foi o que aconteceu. Assim que entrou no Senado, César foi cercado. Ele não entendeu em um primeiro momento o perigo que corria, sequer estava armado, o que era um erro para um homem como ele que havia colecionado inimigos por toda a sua vida. Pensou que os senadores estavam lhe cercando apenas para debater questões políticas, lhe pedir alguma coisa. Não era nada disso. Era uma armadilha mortal! Não demorou muito e os senadores tiraram de suas togas diversas armas, como punhais, espadas e adagas. Em questão de segundos Júlio César estava sendo esfaqueado por vários dos senadores. Ainda teve uma breve reação no meio de tanta dor ao ver que entre os assassinos se encontrava seu próprio filho adotivo, Marco Júnio Bruto! Ao olhar para ele, disse suas últimas palavras: "Até tu Brutus, filho meu!..."

O corpo de César caiu no chão, já sem vida. Em questão de minutos a notícia correu pela cidade! Júlio César havia sido assassinado no Senado! O povo ficou em choque! César era amado pelos romanos. Seu braço direito, o General Marco Antônio, formou um pequeno batalhão e foi ao Senado resgatar o corpo de César. Os senadores ficaram surpresos com a desaprovação dos romanos pois acreditavam que o povo de Roma ficaria ao seu lado. Aconteceu justamente o oposto disso! "Assassinos, assassinos! - gritava o povo romano em todas as ruas. Diante disso os senadores, um por um, começaram a fugir da cidade que estava prestes a explodir numa onda de revolta e ira contra o Senado de Roma. Eles não sabiam, mas com seu crime tinham decretado o fim da República romana! 

Pablo Aluísio. 

Imperador Romano Alexandre Severo

Imperador Romano Alexandre Severo
Marcus Aurelius Severus Alexander foi o último imperador romano da Dinastia Severa. Assumiu o poder no meio do caos que se sucedeu após o assassinato do Imperador Heliogábalo no ano de 222. Era primo dele e o único que havia sobrado da família para assumir o trono em Roma. O problema é que ele contava com apenas 13 anos de idade. Os militares romanos porém ignoraram isso e o colocaram como o novo imperador. Assim ele foi considerado um Imperador sui generis. Ao mesmo tempo em que teria linhagem de sangue com a Dinastia, só subiu ao poder por causa da força militar. 

E enquanto esteve defendendo o lado dos interesses do Exército Romano ele conseguiu governar com certa tranquilidade e habilidade. Combateu nas fronteiras as diversas invasões de bárbaros e deu os meios e as ferramentas de guerra necessárias para que as Legiões Romanas fossem bem sucedidas no campo de batalha. 

Conforme foi ganhando mais idade e se tornando mais independente, o jovem Imperador decidiu ir para uma política de apaziguamento e diplomacia para com os povos bárbaros. Ele venceu a guerra contra as tribos Sassânidas e abriu processos de paz para com os povos germânicos. Queria usar tratados de paz e não a espada para pacificar seu império! Estava cansado de tantas guerras e mortes. Aquela era uma guerra sem fim que destruía os cofres do Estado romano. Nesse aspecto o Imperador estava completamente certo. 

Só que os generais romanos não queriam paz e sim a guerra. Eles queriam a glória a ser conquistada nos campos de batalha. Com isso o Imperador foi aos poucos perdendo o apoio dos militares. Um golpe militar foi planejado e toda uma conspiração foi arranjada para matar o Imperador e sua mãe, Júlia Ávita. E assim foi feito. No dia 22 de março de 235, após 13 anos de poder, o jovem Imperador foi assassinado a punhaladas por Legionários. Ele tinha apenas 26 anos de idade e seus esforços de busca pela paz o estavam tornando popular em Roma. Antes que se tornasse forte demais, os militares deram o golpe, jogando Roma em mais uma grave turbulência política que iria ser conhecida como A Grande Crise do Terceiro Século. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 4 de maio de 2025

Urbano II e a Primeira Cruzada

Em 1070 a cidade santa de Jerusalém caiu nas mãos dos muçulmanos. O império Turco imediatamente proibiu o cristianismo na região, punindo com a morte quem não seguisse a religião do Islã. O fato chocou os cristãos da Europa. Não haveria mais como ir para a Terra Santa em peregrinação. Os seguidores de Maomé não iriam mais admitir essa heresia sob o ponto de vista de sua religião. A crise entre cristãos e muçulmanos não parou por aí. O Império Bizantino (que era cristão, também conhecido como Império Romano do Oriente) também sofria com a expectativa de uma grande invasão dos turcos. O desastre era iminente.

Diante de toda essa situação o Papa Urbano II resolveu agir. Ele pensou que todos os cristãos da Europa precisavam se unir para lutar contra a ameaça militar que vinha do Oriente. A solução em sua opinião era a organização de uma grande cruzada de cristãos para irem em direção à Terra Santa, para libertar Jerusalém das mãos do califado islâmico. Havia uma grande massa de pessoas pobres e sem perspectivas dentro do continente europeu. Muitos deles eram criminosos e tinham desperdiçado sua existência em crime e pecado. Para o Papa a violência entre cristãos deveria acabar definitivamente. A luta deveria ser travada contra o mundo muçulmano que colocava em perigo a existência do cristianismo.

Assim o Papa Urbano II proclamou em discurso: "Ricos e pobres devem igualmente partir, devem parar de se matar uns aos outros e, em vez disso, lutar uma guerra justa, realizando a obra de Deus; Deus os guiará. Quem morrer em combate receberá a absolvição e a remissão dos pecados. Aqui, a vida é miserável e malvada com homens que se entregam até destruir o próprio corpo e a própria alma; aqui, eles são pobres e infelizes, lá, serão felizes, ricos e verdadeiros amigos de Deus."

O Papa pensava que seu pronunciamento iria despertar a honradez de senhores feudais, reis e nobres, mas isso não aconteceu. Apenas as camadas mais populares responderam ao apelo papal. Assim as massas mais pobres das cidades da Europa começaram a se organizar. O problema é que não havia liderança entre eles e em pouco tempo a anarquia tomou conta da Primeira Cruzada que seria conhecida pela história como A Cruzada dos "Mendigos"!

Essa massa de pessoas, sem treinamento militar, sem hierarquia e sem disciplina começou a marchar indo em direção a Jerusalém. Sem recursos muitos começaram a pilhar as cidades por onde passavam. O pânico tomou conta as populações. Havia anarquia e crime entre seus participantes. Nem mesmo a suposta liderança de um homem chamado Pedro, o Eremita, conseguiu evitar o desastre completo. Por três anos esses cruzados - na verdade uma massa de pessoas pobres e desesperadas - destruíram tudo por onde passavam. Para o Papa Urbano II a convicção inicial havia sido esquecida. Os efeitos foram bem piores do que ele pensava e não havia qualquer controle sobre o que acontecia. A igreja assim retirou seu apoio. 

Por fim, o que era previsível aconteceu. Ao encontrar o exército turco aqueles pessoas que se diziam cruzados foram facilmente trucidados pelos islâmicos. Os homens foram mortos, as crianças e mulheres se tornaram escravos. Antes de matar todos os cruzados os muçulmanos lhes davam uma ótima chance de viver: eles poderiam se converter ao Islã, caso contrário teriam suas cabeças cortadas! E assim foi com milhares de pessoas. O Papa percebeu que apenas a boa fé não era suficiente. Era necessária a participação dos nobres, dos reis e de seus exércitos profissionais, não uma multidão de pessoas sem qualquer preparo. Em sua forma de pensar a ideia da cruzada não era ruim, mas teria que acontecer com planejamento e disciplina, caso contrário a matança seria inevitável.

Pablo Aluísio.

Henrique II e Thomas Becket

O Rei Henrique II da Inglaterra reinou de 1154 a 1189. Sua história é interessante porque esse foi um dos primeiros monarcas ingleses a entrarem em confronto direto com a Igreja Católica. Henrique II acreditava que o poder do clero católico era um empecilho ao seu próprio poder real. Assim resolveu cobrar impostos das igrejas e mosteiros. Sua atitude obviamente criou vários descontentamentos no reino. Em represália o Rei nomeou um de seus chanceleres, Thomas Becket, como Arcebispo da Cantuária, o mais alto cargo clerical da Inglaterra.

O curioso é que Becket começou a levar muito à sério seu trabalho como arcebispo e em pouco tempo começou a defender os interesses da igreja e não do Rei Henrique II. Isso obviamente enfureceu o monarca. O ponto de rompimento aconteceu quando um nobre mandou matar um padre. Becket exigiu sua punição como homicida, mas o Rei fraquejou com medo de causar uma revolta entre seus próprios nobres. Assim Becket como arcebispo decidiu excomungar o nobre. O choque entre a nobreza e o clero foi ficando cada vez mais deteriorado.

O Rei Henrique II considerava Thomas Becket seu grande amigo pessoal, por isso sentiu-se muito traído quando o Arcebispo começou a contrariar seus interesses. Dizem que em determinado dia o Rei teria dito aos seus cavalheiros: "Esse Arcebispo Becket me virou as costas. Me traiu. Será que não existe nenhum homem na Inglaterra que me livre desse padre?". O comentário casual foi mal interpretado por seus homens que depois foram até a catedral e mataram o arcebispo Thomas Becket em pleno altar, causando grande comoção na Inglaterra da época.

Historiadores afirmam que Henrique II não mandou matar Thomas Becket diretamente. De qualquer forma o religioso foi assassinado e considerado mártir. Três anos após sua morte o Papa Alexandre III reconheceu a santidade de Thomas Becket e o canonizou. Curiosamente esse santo inglês segue sendo venerado não apenas entre os católicos, mas também entre os anglicanos que o consideram até hoje um homem santo que lutou e morreu por sua fé inabalável. Essa história foi recriada no cinema através do clássico da sétima arte "Becket, o Favorito do Rei" (1964) onde Peter O'Toole interpretava o Rei Henrique II e Richard Burton dava vida ao mártir Thomas Becket. Com ótimo roteiro e uma direção precisa de Peter Glenville o filme ainda trazia em seu maravilhoso elenco o talentoso John Gielgud como o perigoso Rei Luís VII da França. Enfim uma aula de cinema revivendo uma história mais do que marcante.

Pablo Aluísio.

sábado, 26 de abril de 2025

Papa Francisco

Papa Francisco
Hoje foi sepultado o Papa Francisco. Sempre será lembrado por esse que escreve essas linhas como um bom homem que procurou priorizar os mais pobres, os marginalizados da sociedade. Não por acaso adotou o nome de Francisco, baseado na vida de Francisco de Assis, o santo conhecido em sua época como "o pobrezinho", um homem também de espírito elevado que procurava seguir os ensinamentos de Jesus ao pé da palavra. Ao ler que Jesus havia falado que devíamos abdicar de todos os bens terrenos, ele assim o fez, vivendo uma vida de pobreza e humildade. 

Um aspecto interessante do Papado de Francisco é que ele também sempre será lembrado como, muito provavelmente, o mais progressista (entenda-se esquerdista) de todos os Papas que já passaram pelo Vaticano. E isso se deu depois de dois Papas bem conservadores, João Paulo II e Bento XVI. Não é de se admirar que seus posicionamentos tenham criado certa controvérsia entre os conservadores (tanto os verdadeiros como os falsos). Eu nunca pensei assim, sempre o vi como um Humanista, acima de tudo, mas respeito os que pensam de forma diversa. 

Penso de modo diferente. Todas as pessoas possuem seu contexto de vida e isso delimita seus posicionamentos políticos e ideológicos na vida. Francisco foi um humanista cristão puro pois viveu os horrores da Ditadura Militar na Argentina. Ao ver seus amigos padres jesuítas sendo mortos pelos militares, não haveria outro posicionamento a se tomar. Claro que ele adotou um modo de pensar mais de acordo com a esquerda, não haveria como pensar diferente, ao viver tamanho brutalidade durante a sanguinária Ditadura Militar em seu país, mas no fundo ele priorizou mesmo o humanismo, não o esquerdismo. Foi acima de tudo uma defesa! Não se poderia compactuar com aqueles assassinos. 

Mas deixemos tudo isso de lado. Francisco foi acima de tudo um bom homem. Sim, ele muitas vezes bateu de frente com a visão mais conservadora da Igreja, mas isso também era de esperar. Para uma organização que já tem 2 mil anos de existência há de se supor que ela também seja moldada pelas mudanças dentro da própria sociedade. Não há como parar no tempo, com pensamentos e posições presas na rocha! Na cultura humana isso simplesmente não existe. Há de se ter algum avanço para frente. Francisco tentou esse tipo de posicionamento, embora tenha sofrido com isso uma intensa campanha de difamação, calúnia e destruição de reputação. Nesse aspecto também foi um herdeiro de Pio XII que também foi muito difamado e caluniado, tanto em vida como após sua morte. 

Tudo isso agora é história. E de história a Igreja Católica é imbatível. Tradição e história formam os alicerces dessa religião que já passou por tudo, mas ainda está aí. Penso que Francisco, como já frisei, será lembrado como um bom homem e um Papa controvertido. Tudo de acordo com o que ele pensava e pregava. Afinal dizia que devemos romper com certos tipos de mentalidades do passado. Ele estava mais do que certo nesse aspecto. Ao seu modo foi um homem livre e esse será, no meu ponto de vista, seu grande legado como Papa. 

Pablo Aluísio.

O Julgamento do Papa Formoso

O Julgamento do Papa Formoso
Quando o Papa Formoso subiu ao trono de Pedro no dia 6 de outubro de 891 o povo de Roma celebrou. Ele era bem visto dentro de um clero católico que era marcado pela corrupção. Naqueles tempos, hoje distantes, o poder de um Papa era maior do que o poder de qualquer rei, imperador ou monarca europeu. De certa forma todos os que tinham ambição de subir ao poder máximo em suas nações precisava da aprovação do Papa em Roma. 

E Formoso não era um Papa fácil de convencer nesse sentido. Ele não gostava da família Espoleto que almejava subir ao poder máximo do Sacro Império Romano-Germânico. Por essa razão não deu sua aprovação para tal. Também impediu a subida de pessoas corruptas ao trono do Patriarcado de Constantinopla. Do mesmo modo entrou na sucessão do trono da França, o que lhe rendeu muitos inimigos poderosos. De certa maneira muitos nobres da época queriam a morte de Formoso. 

O Pontificado de Formoso foi curto, durou apenas 4 anos. Ele escapou de várias tentativas de envenenamento, mas acabou morrendo de um AVC fulminante, que o matou enquanto ele estava sentado no trono de Pedro, numa audiência pública. Ao falecer tinha 80 anos de idade. Na Idade Média essa era uma expectativa de vida de surpreender, pois a maioria das pessoas morriam por volta dos 40 anos! 

Com sua morte todos os seus inimigos finalmente chegaram ao poder. Esses novos reis e imperadores subornaram o corrupto Papa Estêvão VI para que julgasse o Papa Formoso, com o objetivo de destruir sua reputação, ainda que ele estivesse morto. O que se deu depois foi um julgamento completamente bizarro!

O corpo em decomposição do Papa Formoso foi retirado de sua tumba e levado para uma sala de julgamentos no Vaticano. Colocaram seu corpo ali e começaram uma série de acusações contra o falecido. O corrupto Papa Estêvão VI apontava o dedo para o corpo de Formoso, dizendo que ele era herege e filho de Lúcifer. Depois tiraram as vestes papais do Papa morto e o condenaram. A sentença dizia que seus restos mortais deveriam ser jogados no Rio Tibre! E assim fizeram. Quando o povo de Roma soube de tudo houve um choque coletivo. Mesmo na Idade Média aquilo era demais! Uma coisa horrenda que revelava o lado corrupto e perverso do novo Papa. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 20 de abril de 2025

Ivan, O Terrível

Ivan, O Terrível
A história de Ivan reúne todas as características que a criminologia afirma ser os alicerces na formação de uma mente psicopata. Seu pai, o monarca de Moscovo, morreu muito cedo, com Ivan ainda na infância. Assim ele passou a ser cercado por parentes violentos que no fundo queriam sua morte, afinal ele era o herdeiro do trono. E houve mesmo muitas tentativas de matar a criança chamada Ivan. Quase não sobreviveu ao terror que foi sua infância! Nesse ambiente de medo e violência Ivan cresceu, tentando proteger sua mãe, que também era um alvo preferido para os que desejavam usurpar o seu trono. 

Ivan subiu ao poder muito jovem e inexperiente, mas já sabendo que para sobreviver naquela corte teria quer ser bem mais violento que todos os demais membros da realeza. E ele foi, sem dúvida. Mandou matar centenas de milhares de nobres, parentes ou não, fossem eles inimigos reais ou imaginários. Formou uma guarda pessoal de homens que se vestiam de negro e aterrorizavam toda a população. Eram assassinos profissionais, prontos a cumprir as ordens de seu novo Czar. 

Sem dúvida Ivan foi um dos criadores do império Russo, uma vez que ficou obcecado em expandir seus territórios. Logo o pequeno reino de Moscovo que herdou se transformou no Império da Rússia. Ivan era essencialmente implacável contra seus inimigos, promovendo massacres e genocídios nas cidades que ousassem lutar contra seus exércitos. Era um homem cruel e sem qualquer sentimento de humanidade para com o próximo. Dizia-se na época que era essencialmente perigoso ser um inimigo de Ivan, mas era igualmente mortal ser seu aliado. Paranoico ao extremo, o Czar mandava enforcar ou morrer pela espada todos os que lhe traziam desconfianças, sejam eles amigos do trono nos campos de batalhas ou inimigos declarados. Não havia misericórdia em seu vocabulário, apenas vingança e violência ao extremo. Seu nome na Europa virou sinônimo de Tirano sanguinário! 

Só que nada iria superar o auge de sua brutalidade dentro de sua própria família. Ao passar pela nora pelos corredores do palácio, Ivan a repreendeu pelos trajes que usava. Para o Czar aqueles eram trajes indignos de uma mulher que no futuro seria a Rainha da Mãe Russa. A jovem não gostou e respondeu de forma rude ao Czar. Foi o que bastou. Um erro fatal! Ivan avançou sobre ela com um bastão militar e a matou a pauladas! O pior estava por vir, pois ela estava grávida de seu neto!

O filho de Ivan, herdeiro do trono, vendo a cena partiu para cima de seu pai e o caos se instalou. Ivan o atacou com uma espada e a enfiou em seu coração. Foi morte certa! Numa só tarde Ivan havia destruído toda a linhagem sucessória de sua Dinastia. Ele matou em questão de minutos o próprio filho, a nora e o neto! Todos estavam mortos e tudo por causa da ira do Czar! O povo russo ficou completamente chocado com tudo o que aconteceu! Depois disso Ivan nunca mais foi o mesmo. Ele se isolou de forma reclusa em seus palácios, se negando a ver qualquer pessoa de sua corte. Dizem que o velho Czar morreu louco e paranóico, falando sozinho pelos corredores de seus palácios por onde passava. 

De qualquer forma a desgraça de Ivan significou a subida ao trono da Rússia do primeiro Romanov. Essa dinastia iria governar a nação pelos 3 séculos seguintes!  Ivan não era um Romanov. Essa família entrou na linha de sucessão da Rússia através de nobres que acabaram herdando o trono por causa da inexistência de herdeiros vivos de Ivan, afinal ele havia matado todos eles! 

Algumas décadas depois foi descoberto um documento nos arquivos da Igreja Ortodoxa Russa. Era uma lista, elaborada no reinado de Ivan, trazendo centenas de milhares de nomes de pessoas que tinham morrido em seu regime de violência e brutalidade. O próprio Czar havia mandado fazer a lista. A intenção era que a igreja realizasse missas em nomes das almas de todos eles! Essa aliás foi uma prova que apesar de toda a tirania, Ivan tinha alguma consciência e de certa maneira alguma compaixão por todos aqueles que matou ao longo de seu reinado de horror e sangue. 

Pablo Aluísio. 

As Três Pirâmides do Faraó Seneferu

As Três Pirâmides do Faraó Seneferu
Ele foi um dos grandes faraós do Egito Antigo e reinou por cerca de 40 anos por volta do ano 2 600 a.C. Esse monarca sempre despertou muito interesse da arqueologia e história por um motivo bem fácil de entender: Ele foi o construtor não apenas de uma grande pirâmide, mas de três delas! Isso mesmo, esse Faraó levou seu povo a construir três enormes tumbas para si, antes de sua morte. 

A primeira pirâmide não agradou ao Faraó. Ele achou ela feia! E isso depois de levar anos e anos para terminarem. Era uma pirâmide de degraus, realmente não muito bem feita. Para Seneferu aquela pirâmide não iria levar sua alma para o céu! Devoto da Rainha dos Céus, a Deusa Ìsis, ele almejava algo maior. Ele matou uma parte dos construtores e determinou aos que tinham sobrevivido que fizessem uma pirâmide melhor! 

Assim seus arquitetos correram e começaram uma nova pirâmide. Essa segunda também deu errado. No meio da construção ela começou a ruir com seu próprio peso! Com um ângulo de 60 graus e construída sobre terreno arenoso, ela realmente não conseguia se sustentar. Ainda foi tentada um conserto, mas no final não ficou do agrado do Faraó. Conhecida como Pirâmide Curvada ela foi rejeitada pelo monarca. Ele decidiu que iria construir mais uma pirâmide gigantesca. 

O problema é que o povo do Egito estava exausto e os cofres do Estado tinham ficado vazios com a construção das duas primeiras pirâmides. O Faraó Seneferu encontrou a solução de seus problemas na guerra. Invadiu ao oeste o Reino da Líbia. Escravizou milhares de homens jovens e fortes e os levou acorrentados para o Egito onde iriam trabalhar na construção de sua terceira pirâmide. Depois invadiu o Reino da Núbia ao Sul. Mais um grande carregamento de escravos foi levado para o Egito. Todos eles foram usados como mão de obra escrava para a construção de sua terceira e última pirâmide que iria ficar conhecida como a Pirâmide Vermelha, por causa da cor de suas pedras. 

Ao realizar tantas construções monumentais o Faraó Seneferu mudou a história do Egito. Ele trouxe inúmeras riquezas das nações conquistadas, além dos seres humanos que escravizou. A elite ficou imensamente rica depois dessas suas invasões. O Faraó porém tinha um único objetivo: ter a pirâmide certa no qual seria sepultado. E assim o fez. Seu filho Quéops seguiu a tradição do pai e seria o construtor da maior pirâmide da história, em Gizé. Seus netos também foram grandes construtores de pirâmides. 

Porém todas elas foram saqueadas, onde os corpos dos grandes Faraós foram retirados de suas tumbas sagradas, com seus tesouros roubados por ladrões. Por isso, a partir de uma determinada geração, pouco após a Dinastia de Quéops, os Faraós do Egito desistiram das pirâmides, passando a sepultar os monarcas no Vale dos Reis, em tumbas escavadas nas rochas das montanhas que eles consideravam mais seguras. Foi o fim de uma era de construções majestosas das grandes pirâmides do Egito. Mesmo não dando certo para seus propósitos religiosos originais, as pirâmides garantiram à civilização do Egito Antigo um lugar muito especial na história da humanidade. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 13 de abril de 2025

Jack, o Estripador

Ele foi certamente o mais infame serial killer da história, notabilizado não apenas pelos crimes bárbaros que cometeu, mas também pelo fato de que sua identidade ficou submersa por uma nuvem de mistérios. Ao longo da história mais de 20 suspeitos foram apontados como Jack, indo desde nobres com ligações à realeza, pintores, escritores e até médicos famosos. Apenas a ciência conseguiu responder a uma pergunta que já durava séculos. Usando os mais modernos métodos forenses de investigação conseguiu-se finalmente revelar a verdadeira face de Jack. Para tanto se utilizou de um xale de uma das prostitutas que foram mortas por ele naqueles distantes dias de puro terror.

A mulher identificada como Catherine Eddowes foi brutalizada por Jack, morta a punhaladas e golpes de faca, sendo que depois o assassino, seguindo seu modus operandi ou ritual, retirou seus órgãos internos. Uma pesquisa de DNA no xale conseguiu localizar traços de sêmen do matador. A partir daí vários parentes de suspeitos do crime doaram voluntariamente suas amostras genéticas para comparação. O DNA bateu com familiares de Aaron Kosminski, um velho conhecido da polícia de Londres que inclusive foi detido e ouvido na época dos crimes. Como não havia provas ele foi liberado. Hoje sabe-se que ele foi o real Jack.

Aaron Kosminski tinha um passado de traumas. Imigrante judeu, presenciou cenas chocantes de perseguição, violência e morte contra pessoas de sua família. Essa teve que fugir das perseguições, indo morar em Londres. Aaron não conseguiu ter boa sorte na grande cidade. Miserável, sem emprego e vivendo de bicos, presume-se que tenha contraído sífilis com prostitutas baratas, as mesmas que mataria depois nos crimes violentos e selvagens de Jack, o Estripador. Ao que tudo indica Aaron estava em sua mente se vingando daquelas mulheres que haviam lhe passado uma doença incurável na época. A loucura dos crimes também condiz com esse quadro já que a sífilis acaba destruindo a mente da pessoa infectada, a levando gradualmente à loucura.

Kosminski escapou da polícia, porém não teve um final feliz. Ele foi enlouquecendo com o passar do tempo e virou praticamente um mendigo de rua com problemas mentais. Os últimos registros dão conta que ele foi recolhido pelo departamento de saúde mental da capital inglesa e internado numa instituição para doentes mentais onde veio a falecer com a idade provável de 53 anos. Os crimes de Jack foram cometidos quando ele tinha entre 25 a 30 anos de idade, não se sabe ao certo. A sífilis destruiu sua mente, porém antes disso ele supostamente matou entre 11 a 25 mulheres, prostitutas que viviam pelas ruas. O mais infame serial killer da história morreu livre, porém de uma forma ou outra acabou pagando pelos seus crimes assustadores.

Pablo Aluísio.

domingo, 6 de abril de 2025

A Guerra do Peloponeso

A Guerra do Peloponeso
O que foi a Guerra do Peloponeso? Na antiguidade a região da Grécia era dividida em diversas cidades. Essas comunidades seguiam um sistema básico que os historiadores hoje denominam de Cidade-Estado. Embora falassem a mesma língua e tivessem basicamente a mesma cultura, os gregos não estavam unidos em um país, mas sim em cidades que eram independentes entre si. Cada cidade-Estado contava com seu próprio sistema e regime políticos e não eram subordinadas a nenhuma outra cidade da Grécia antiga. 

No meio de dezenas de cidades duas se destacavam: Atenas e Esparta. Eram inimigas e seguiam regimes políticos antagônicos. Enquanto Atenas era uma democracia, com alteração de poderes, Esparta era uma tirania militarista, fortemente armada, baseada totalmente em disciplina de guerra, em disciplina militar rígida. Esse clima de guerra entre as duas cidades fizeram com que elas se unissem com outras cidades com quem tinham afinidades políticas. Atenas criou a Liga de Delos e Esparta passou a chefiar a Liga do Peloponeso (nome da região onde a maioria dessas cidades foram erguidas). 

Não demorou muito para a crise se instalar. Atenas entrou em um conflito político com Coríntio (ou Corinto), que era protegida de Esparta e fazia parte de sua liga de proteção militar. Quando Atenas posicionou tropas em direção a Coríntio, Esparta foi acionada. Dentro da liga existia uma cláusula que determinava que Esparta iria defender qualquer uma de suas cidades aliadas, caso fossem atacadas por Atenas ou qualquer uma de suas parceiras de Delos. E foi justamente isso que aconteceu!

Essa guerra entre Esparta e Atenas foi extremamente longa e sangrenta. No total, entre idas e vindas, tratados de paz e voltas ao campo de batalha, se passaram 27 anos de guerra! Milhares morreram e praticamente todas as cidades da Grécia antiga se envolveram nessa luta feroz. Muitas das belas cidades gregas foram queimadas, com populações dizimadas! Isso enfraqueceu o mundo grego, abrindo as portas para a invasão de povos estrangeiros, inicialmente os persas e bem mais tarde, os Romanos, que iriam transformar a Grécia em uma de suas províncias. 

Foi a guerra que destruiu o mundo grego antigo. Terrível para todos os envolvidos. De qualquer forma quem levantou em seu final a bandeira da vitória, após quase três décadas de banho de sangue, foi a militar Esparta! Só que foi uma vitória em vão. A própria Esparta ficou sem recursos, abalada fortemente pelo conflito. Milhares de centenas de homens de seu exército foram mortos, a economia ficou em frangalhos. Como era uma Cidade-Estado com economia baseada no modo de produção escravista, logo estouraram inúmeras rebeliões de escravos pelos domínios de Esparta. Sem exército suficiente para conter essas rebeliões, o caos se espalhou. Milhares de civis, mulheres, crianças e idosos espartanos foram mortos de forma violenta. 

Com esse desastre social instalado a Pérsia decidiu invadir a Grécia, causando ainda mais destruição e mortes. Esparta, que havia vencido com o orgulho a Guerra do Peloponeso, viu as muralhas de sua cidade serem destruídas pelos invasores do império Persa. Praticamente nada ficou de pé e a Grécia e suas lindas cidades foram destruídas de uma vez. Um cronista escreveu que não havia sobrado pedra sobre pedra na Grécia! Foi um triste final para uma das mais maravilhosas civilizações do mundo antigo. 

Pablo Aluísio. 

Império Romano: A Morte nas Florestas da Germânia

Império Romano: A Morte nas Florestas da Germânia
Ao longo de sua história o Império Romano enfrentou diversas guerras. Uma das mais destrutivas e mortíferas do Império aconteceu nas geladas florestas da Germânia. Nessa região de floresta fechada, com baixas temperaturas, realmente congelantes, as legiões romanas enfrentaram um inimigo poderoso: as Tribos Germânicas do Norte da Europa. 

Na visão daqueles romanos, os germânicos não passavam de povos bárbaros. Eram vistos como sujos, fedorentos, barbudos e mal cheirosos. Povos não civilizados! Para um romano que vivia em uma civilização mais avançada, aqueles bárbaros não mereciam a menor consideração. Os romanos obviamente se sentiam muito superiores a eles. Só que o Império Romano não podia negar que eram grandes guerreiros. Os germânicos dariam origem, séculos depois, aos povos da Prússia, depois Alemanha e Áustria. Era guerreiros fortes, altos, prontos para o combate. Algo que iria custar muitas vidas para os legionários de Roma. 

O Imperador romano que mais se empenhou em destruir e vencer os Germânicos foi Marco Aurélio. Ele foi para o front de guerra e viveu praticamente 13 anos de sua vida naquelas florestas úmidas e frias, lutando e combatendo ao lado de seus soldados, nas condições mais adversas que poderia se imaginar. Não foi algo fácil e nem terminou bem. O próprio Imperador Marco morreria nessas florestas. Até hoje não se sabe ao certo do que morreu, mas provavelmente foi uma doença adquirida naquelas regiões inóspitas. A floresta tinha seus próprios males e até mesmo o Imperador sucumbiu a eles.

A morte de Marco Aurélio foi um desastre para as Legiões. Após sua morte, o seu sucessor, seu filho Comôdo, simplesmente bateu em retirada. Mais de uma década lutando naquele ambiente hostil não serviu para nada! Com a retirada das tropas romanas as fronteiras ficaram indefesas. Diversos povos bárbaros invadiram o Império Romano, destruindo as vilas e cidades romanas por onde passavam. Foi um desastre de grandes proporções. E o mais importante de tudo: mostrou a outros povos que Roma poderia ser vencida no campo de batalha! Tudo isso iria dar origem a Queda do Império Romano do Ocidente, mudando a história da humanidade para sempre. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 30 de março de 2025

As Guerras Púnicas

As Guerras Púnicas
Nos dias atuais uma guerra como a da Rússia contra a Ucrânia choca a maioria da população mundial. Pelo menos a parte civilizada da humanidade. Só que se formos olhar para o passado veremos que a própria história humana está cheia de casos semelhantes a esse, que os historiadores chamam de guerras de conquista. E esse termo conquista deve ser usado da forma mais ampla possível pois se trata de conquista territorial, cultural, humana, religiosa, absolutamente tudo que envolva duas grandes nações em choque. 

Um dos casos mais clássicos de conquista aconteceu nas chamadas Guerras Púnicas. Esse pode ser considerado até mesmo um termo genérico, pois esse conflito entre Roma e Cartago durou quase mais de um século, de  264 a.C. a 146 a.C. Não foi um evento ou uma operação militar isolada, mas sim batalhas sangrentas que aconteceram em momentos históricos até distantes entre si. 

De um lado estava Roma, em pleno momento de expansão e conquistas. A outrora pequena Cidade-Estado já havia dominando toda a península itálica e vários territórios ao norte da Europa. E então voltou seus olhos para essa que era a outra grande cidade daquele período clássico, a bela e próspera Cartago. 

Cartago era localizada no norte da África. Tinha um dos portos mais ricos da bacia do Mediterrãnea e dominava toda a região ao redor, além da costa costeira onde estava situada. Roma queria colocar as mãos em toda aquela riqueza. Sob o nosso ponto de vista atual não podemos ter outra visão: era uma guerra de conquista mesmo. Os romanos agiam como ladrões e saqueadores, tal como aconteceria com os Vikings alguns séculos depois. 

Cartago, como a potência que era, resistiu muito bem por muitas décadas, mas os romanos eram muito persistentes e de certa forma pacientes. Eles implantaram um bloqueio comercial severo, adotaram até mesmo táticas de guerrilha náutica para ir destruindo a frota naval da cidade inimiga. Com o esgotamento do comércio e o constante assédio militar finalmente Cartago caiu em mãos romanas. O Mar Mediterrâneo caiu inteiramente em mãos romanas, o que os levou a chamá-lo em latim de Mare Nostrum (Nosso Mar). 

E depois de vencer, Roma foi especialmente impiedosa com os Cartaginenses. Praticamente escravizou todo o seu povo, pois em Roma imperava o modo de produção escravo, onde era imperioso sempre suprir o mercado da escravidão na cidade das sete colinas. Milhares daquele povo foram levados em correntes para o coração de Roma onde foram vendidos como escravos para a elite da cidade romana. Eles foram proibidos de falar sua língua nativa e passaram a cultuar a religião romana, sob ameaça de castigos físicos severos. 

A bela cidade de Cartago estava destruída após décadas de guerra. O que sobrou foi colocado abaixo pelo exército romano. E suas riquezas foram saqueadas, sendo levadas de barco para Roma. Dizem inclusive que os romanos espalharam toneladas de sal onde antes havia existido Cartago, para que assim nunca mais nada viesse a nascer ali. Um exemplo claro da maldade do ser humano, já em enorme evidência naqueles tempos antigos. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 2 de março de 2025

Louis XIV - O Rei Sol

Louis XIV - O Rei Sol
Foi sem dúvida o monarca mais marcante da história da dinastia Bourbon, que iria governar a França por quase um milênio! Amava o luxo e a riqueza, por essa razão ficou marcado para sempre na mente das pessoas como um monarca extravagante, com roupas de alto luxo, muitos babados em seus figurinos, grande perucas e sapatinhos brilhantes de cores chamativas. Esse seu jeito de se vestir levantava rumores de que era homossexual, mas nada poderia estar mais distante da realidade. Luís XIV era muito mulherengo e colecionou centenas de amantes enquanto governou. 

Também era um governante astuto e inteligente. Quando percebeu que a corte de Paris era formada basicamente por conspiradores, fofoqueiros e pessoas vis de todos os tipos, decidiu construir um enorme palácio para onde levaria toda a nobreza da França. Versalhes já existiu como casa de campo de seu pai, mas Louis XIV queria construir ali o maior palácio da Europa. Iria transferir todos os nobres para seu palácio, confinando a nobreza para assim controlar as intrigas palacianas, eliminando os inimigos da coroa. 

Também criou um rígido protocolo social que mantinha os nobres sempre presos a ele. Tudo em Versalhes era controlado, nada era natural. Todos os rituais que você possa imaginar foram criados. Os nobres assistiam ao monarca em seus momentos mais privados, como as refeições, o banho ou o momento de deitar-se. Cada nobre tinha uma função específica nesses momentos e não poderia sair da etiqueta que era controlada com extremo rigor. Agindo dessa maneira em pouco tempo o Rei estava no controle total de sua nobreza. Nada dentro daquele palácio poderia acontecer sem sua ordem. 

Mas houve o outro lado ruim de toda essa exuberância da corte. A construção do Palácio de Versalhes, o luxo, o requinte sem limites, acabou quebrando as finanças do Estado francês. Louis XIV custava muito caro. Ele tinha milhares de roupas luxuosas, cavalos, artistas em sua folha de pagamento. Foi o maior mecenas da história! Era um homem que não admitia ter limites para sua gastança. Quando criticado por estar quebrando a economia do Estado Francês, ele se saiu com a frase que iria ser lembrada para sempre: "O Estado sou eu!". 

Louis XIV teve vários problemas de saúde. Alguns por causa de suas inúmeras amantes, pois teve muitas doenças venéreas, outras por causa de doenças naturais que vieram com a idade. Teve um sério problema de gota que praticamente apodreceu uma de suas pernas. A ferida gerava um fedor insuportável e o Rei, que havia se notabilizado também por seus caríssimos perfumes, ficou bem perturbado por isso. Morreu com a França quebrada por seus exageros. Ele literalmente gastou cada centava que havia no tesouro real. Não sobrou nada para seus sucessores. Louis XV, seu herdeiro, iria passar todo o seu reinado tentando consertar isso, mas não houve jeito. As sementes da Revolução Francesa estavam plantadas. Monarquia rica demais com um povo miserável, chegando a passar fome pelas ruas de Paris. Não poderia dar em outra coisa. 

Pablo Aluísio. 

Pedro, o Grande

Pedro, o Grande
Um dos mais celebrados líderes da história russa. Pedro realmente era um grande homem, além de ser um homem grande, literalmente falando. Estima-se que tinha mais de 2 metros de altura! Embora fosse um nobre e herdeiro do trono, Pedro ganhou o carinho do povo russo por causa de seu jeito de ser. Era um sujeito extrovertido, que se misturava no meio do povão, bebia com eles, dançava em suas festas, parecia mesmo amar os seus súditos. Era muito simpático no trato social, nada ameaçador ou tirânico. Todos pareciam gostar muito dele. Festeiro, gostava de andar com artistas de circo, tanto que tinha sua própria trupe de bobos da corte formada por anões, que o acompanhavam por toda parte. Então onde chegasse, Pedro trazia sua própria festa e animação. 

Quando se tornou Czar, Pedro decidiu que iria construir uma nova capital para o império russo. Estava cansado de Moscou, uma cidade que não lhe agradava. Ele amava a bela arquitetura e achava os prédios de Moscou muito feios! Assim começou as obras de sua adorada nova capital que iria se chamar São Petersburgo! O lugar para erguer essa grande cidade não poderia ser pior. Era uma região cheia de pântanos, mas Pedro, confiante que tudo iria dar certo, tocou o projeto em frente. O resultado de suas ambições pode ser conferida até os dias atuais. É a mais européia das cidades russas, com lindos palácios que atraem até hoje milhares de turistas todos os anos. 

Pedro era um homem de ação e provou isso inúmeras vezes. Além da construção de uma nova capital ele decidiu construir uma grande armada, uma nova marinha para a Rússia. Com muitos portos congelados pelo frio, a Marinha russa sempre foi a mais desprestigiada das armas, mas Pedro queria mudar isso. Construiu uma grande indústria naval e participou ativamente da construção de grandes barcos e navios de guerra. Agindo assim deu trabalho para milhares de russos que estavam desempregados, elevando a economia do país a um grande nível de prosperidade entre a parte mais pobre do império. 

Na política externa Pedro admirava muitos os grande países europeus ocidentais, principalmente a França e Inglaterra. De certa maneira copiou a arquitetura de grandes palácios como o de Versalhes, para as novas construções de sua capital. Gostava da Inglaterra e chegou a cogitar se casar com alguma princesa da casa real britânica, mas isso acabou não acontecendo. A Suécia, por outro lado, era a grande inimiga da Rússia, e Pedro entrou em guerra com essa nação algumas vezes, mas nada muito marcante. Pedro, o Czar que queria melhorar a Rússia, a mantendo mais próxima da Europa civilizada, morreu jovem e foi aclamado pelo povo russo em seu funeral. Foi um dos mais populares líderes daquela poderosa nação. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 23 de fevereiro de 2025

Faraó Seti I

Faraó Seti I
Esse faraó era filho de Ramsés I e pai de Ramsés II, considerado o grande faraó da era de ouro da história do Egito Antigo. Seti herdou o nome da divindade do caos e do submundo, o que não deixou de ser algo que até hoje intriga os historiadores do mundo antigo. A teoria mais aceita é que ele nasceu em uma região do Delta do Nilo onde se venerava esse antigo Deus do Egito e por essa razão recebeu esse nome. Apesar de ser um Deus "do mal" o povo do Egito cultuava tanto os deuses bons, como por exemplo Osíris, como os maus, pois eram as duas faces de uma mesma moeda em sua mitologia religiosa. 

Seti, ao lado de seu pai Ramsés I, é considerado um dos fundadores da décima nona Dinastia. Foi um período complicado da história daquela civilização pois a nação ainda estava se recuperando de uma reforma religiosa que não deu certo. O Faraó Akhenaton havia tentado mudar a religião do Egito antigo, introduzindo a Monolatria, o monoteísmo, ou seja, apenas o Deus Sol seria adorado, sendo todos os demais deuses do panteão expulsos dos templos. Não deu certo e esse Faraó foi riscado do mapa, provavelmente sendo assassinado pela classe sacerdotal.  

Ramsés I havia ordenado que todas as imagens e estátuas de Akhenaton fossem destruídas e que as crenças nos antigos deuses voltassem aos templos do Egito. O nome de Akhenaton deveria ser apagado e os templos feitos por ele, destruídos. Seti seguiu nessa linha, mas não conseguiu destruir todas as imagens e obras do Faraó herege. Por essa razão o nome de Akhenaton e muitas de suas imagens chegaram até os nossos dias. Ele inclusive até hoje é considerado um dos faraós mais interessantes do antigo Egito.  

Seti I reinou por aproximadamente 20 anos e morreu provavelmente de causas naturais, sendo sucedido por Ramsés II, o grande. Curiosamente o famoso filho Faraó preferiu muitas vezes homenagear sua mãe, a bondosa Rainha consorte Tuia, do que seu pai morto. Pode ser um sinal que pai e filho não se davam muito bem, talvez por Seti ser um homem rigoroso demais que exigiu muito de seu filho, que um dia iria se tornar também Faraó. 

Seti I morreu e foi enterrado no Vale dos Reis. No começo do século XX sua tumba real foi descoberta e catalogada como KV17. Nada foi encontrado dentro dela, apenas a arte milenar em suas paredes. Pelo visto ela foi saqueada ainda na antiguidade, sendo seu tesouro roubado por saqueadores de tumbas reais. Já sua múmia foi encontrada em uma caverna, junto da múmia de outros reis. Pelo menos ela sobreviveu ao roubo e se encontra em exposição no Museu do Cairo. 

Pablo Aluísio. 

Imperador Romano Heliogábalo

Foi certamente um dos imperadores romanos mais depravados e dementes da história. E também um dos mais jovens. Ele subiu ao poder após os problemas de sucessão do violento Caracala. Naquele período da Roma imperial já havia uma certa anarquia na escolha dos imperadores. Acabava subindo ao trono quem tinha apoio do exército e da guarda pretoriana. No meio do caos a sucessão acabou indo parar nas mãos desse jovem. E os romanos iriam se arrepender amargamente de terem escolhido essa figura trágica e lamentável como o novo imperador.

Seu nome real era Vário Avito Bassiano e seu nome imperial de Heliogábalo veio da fixação que tinha por essa divindade oriental. Ele acreditava que Heliogábalo era o único Deus. Diante disso implantou uma violenta persequição religiosa contra cristãos e até mesmo pagãos, seguidores dos deuses romanos tradicionais. Vestindo trajes de pura seda, espalhafatosos e com jeito afeminado de ser, podia ser tão violento como qualquer outro gladiador das arenas romanas. Ele se deliciava ao ver o sofrimento das pessoas. Sua personalidade tinha traços claros de psicopatia. Ao acordar já ia perguntando aos seus auxiliares mais próximos: "Quem vamos matar hoje? Quero me divertir!"

Pedófilo, adorava a parte de sua divindade que exigia sacrifícios humanos de jovens rapazes. Ele violentava esses adolescentes romanos indefesos e depois oferecia suas vidas para o estranho Deus Sírio. Em pouco tempo todos estavam sabendo que o novo imperador era um pederasta violento e atroz.Também chocou a todos quando tomou como amante um escravo forte que havia sido gladiador. O imperador não escondia de ninguém que ele era seu amante. Publicamente trocavam gestos de carinhos e perversão. As famílias romanas ficaram horrorizadas com aquele espetáculo grotesco.

Também era sádico. Mandou matar todo romano que pudesse representar uma ameaça ao seu poder. Com o ímpeto da juventude mandou matar senadores e transformou suas esposas em prostituas. Fazia encenações grotescas, colocando mulheres nuas em desfiles de bigas de cavalos, chocando as famílias romanas mais tradicionais. Promovia orgias, como nos tempos de Calígula e depois de satisfazer suas maiores perversões sexuais mandava que feras selvagens como leões e tigres fossem soltos em cima de seus convidados. Não tinha o menor respeito pela vida humana e promovia massacres em populações que demonstrassem a menor reação contra seu governo.

Começou rapidamente a ser odiado pelo povo. Heliogábalo também tinha problemas ao seu lado. Seu irmão Alexandre Severo era bem mais admirado pelos militares. O jovem imperador assim tentou seguir os passos de Caracala, tentando matar o próprio irmão, mas sem sucesso. Conforme o tempo foi passando e todos perceberam que era um maníaco inútil, conspirações começaram a surgir de todos os lados. Acabou sendo encurralado por soldados no palácio. Sua mãe tentou defendê-lo, mas acabou tendo o mesmo destino do filho. Ambos foram decapitados. Depois seus corpos nus foram arrastados pelas ruas de Roma, com aplausos da plebe. Os patrícios também celebraram a morte daquele louco violento. Depois de serem trucidados pelas ruas, seus restos mortais foram jogados no Rio Tibre.

Com sua morte, Alexandre Severo foi celebrado e finalmente levado ao poder máximo. As estátuas de Heliogábalo foram então derrubadas e destruídas pelo povo. Foi um dos mais odiados imperadores da história de Roma. As pessoas queriam apagar sua memória. Foi considerado o pior imperador da dinastia Severo, que estava com seus dias contados. No total ficou apenas 4 anos no poder. Seu nome foi devidamente jogado na lata de lixo da história pelos romanos.

Pablo Aluísio.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln

Ele foi o 16.º Presidente dos Estados Unidos, de 1861 a 1865. Sempre lembrado pelos historiadores como um dos maiores presidentes da história daquele país. Teve origem humilde, tendo nascido em uma pequena cabana de madeira do interior do país. Seu destino era ser um lenhador, tal como havia sido seu pai, mas o jovem Lincoln tinha outros planos. Autodidata, aprendeu a ler sozinho e começou a comprar livros, sua grande paixão na juventude. Tinha ótima oratória e mais tarde se tornou advogado. Todas essas vitórias vieram de méritos pessoais próprios. Ele nunca desistiu de procurar por uma vida e um futuro melhor. 

Eleito presidente dos Estados Unidos, pelo Partido Republicano, ainda em suas origens, enfrentou uma das maiores crises da história americana: a Guerra Civil. De um lado os estados do Sul, agrários e rurais, atrasados, com economia baseada na mão de obra escrava. Esses estados sulistas queriam continuar com o sistema desumano da escravidão. Do outro lado estavam os estados do Norte, industrializados e cosmopolitas, com economia moderna, que achavam a escravidão uma mancha na nação. O confronto entre essas duas posições políticas deu origem a uma guerra sangrenta que levaria á morte mais de 600 mil homens nos campos de batalha por todo o país. 

E a morte também visitou a família de Lincoln. Seu jovem filho Willie de 11 anos morreu de tifo. A primeira-dama Mary Todd ficou completamente desolada. E assim como havia acontecido com a esposa do presidente Franklin Pierce, ela também começou a fazer sessões de espiritismo na Casa Branca para entrar em contato com o filho que havia falecido. Lincoln não acreditava em tais coisas e mandou investigar o tal médium. Mais tarde se descobriu ligações desse verdadeiro charlatão chamado Nettie Colburn com um grupo de sulistas que conspiravam sobre a morte do presidente. 

Só que o presidente tinha questões mais sérias a resolver. A Guerra Civil se prolongou por muitos anos, com um custo econômico, social e de vidas humanas enorme! Lincoln, com a ajuda do Exército da União e de grandes generais como Grant, venceu a guerra. Só que o preço foi bastante alto. Os estados do Sul ficaram devastados. As grandes fazendas de algodão foram consumidas em chamas. As grandes cidades viraram escombros. A economia sulista estava destruída completamente. O exército confederado havia lutado bravamente e a vitória da guerra foi alcançada após muitas batalhas sangrentas. 

O ressentimento confederado jamais foi superado, culminando na morte do presidente no Teatro Ford na capital da nação. Um ator chamado John Wilkes Booth era um radical extremista das causas do Sul. Ele conseguiu entrar no teatro por ser ator. Ninguém jamais desconfiaria dele. Então Booth conseguiu entrar, sem muitos problemas, no camarim presidencial, enquanto o presidente assistia a uma peça. Ele foi entrando sorrateiramente e deu um tiro por trás, na traição, na nuca de Lincoln. O presidente não morreu de forma imediata, agonizando por horas na Casa Branca. Após muita perda de sangue não resistiu e faleceu. Seu assassinato chocou os Estados Unidos e o mundo. Lincoln era bastante admirado. 

Em um primeiro momento o assassino conseguiu fugir, mas foi cercado, dias depois, em uma fazenda. Quando atirou em Lincoln ele havia pulado do camarim do presidente em direção ao palco. Nesse processo acabou quebrando sua perna, mas seguiu em frente, montando em um cavalo, sumindo noite adentro. Vários dias depois foi finalmente encontrado. Ele estava escondido dentro de um celeiro que foi incendiado pelos policiais. Quando saiu para fugir das chamas acabou sendo baleado. Os policiais afirmaram que ele resistiu à prisão e havia saído do celeiro com arma na mão, atirando para todos os lados, em direção aos homens da lei. Não houve como sobreviver pois a reação foi imediata. Ali mesmo caiu morto, após ser atingido por vários tiros. 

A morte de Lincoln marcou o fim de uma era. Foi o momento em que os Estados Unidos finalmente deram um basta na escravidão. O preconceito racial e a sociedade separada entre brancos e negros ainda resistiria por muitas décadas, principalmente nos estados do sul, mas as correntes da escravidão estavam rompidas para sempre. E coube a Lincoln essa grande tarefa. Foi sem dúvida o seu maior legado. E é justamente por essa razão que ainda hoje seu nome é celebrado nos livros de história. 

Pablo Aluísio. 

O Gladiador de Roma

O Gladiador de Roma
Os Gladiadores surgiram em uma época bem remota da história de Roma. Inicialmente a luta de gladiadores foi uma evolução natural dos rituais fúnebres de guerreiros romanos. Após o corpo ser devorado pelas chamas de uma enorme pira funerária, os presentes lutavam entre si, numa última homenagem ao falecido. Depois, com o passar dos séculos, essas lutas passaram a atrair a atenção do povo romano e o "esporte" violento que conhecemos ganhou suas características finais. 

Alguns conceitos que vemos em filmes épicos sobre Roma não são inteiramente verdadeiros. Nem todas as lutas eram de vida ou morte. Aliás essas eram exceções à regra. Treinar e formar um grande campeão da arena levava anos e não seria possível que esse tipo de lutador morresse na primeira oportunidade que pisasse na areia das grandes arenas de lutas. Bons gladiadores duravam anos e anos e eram bem tratados por seus senhores, afinal esses ganhavam fortunas com eles. Eles eram famosos, tinham fãs e seus nomes eram louvados em grafites nos muros das cidades. Eram tão populares quanto os jogadores de futebol dos dias atuais. Um atleta como esse não poderia morrer da noite para o dia. 

Sim, os gladiadores eram escravos. A maioria deles eram tirados dos exércitos que lutavam contra Roma. Os guerreiros mais altos e fortes, aqueles que tinham provado sua coragem nos campos de batalhas eram poupados pelos romanos. Escravizados, eram levados para escolas de gladiadores que geralmente pertenciam a homens muito ricos da alta elite, como senadores e até mesmo imperadores. Ironicamente, com o passar dos séculos, eles também foram recrutados para lutar no exército romano, como aconteceu com o Imperador Marco Aurélio, que levou milhares de gladiadores para lutar ao seu lado nas florestas da Germânia. 

Embora fosse uma forma de diversão bem antiga para as massas, foi Júlio César quem primeiro usou as lutas de gladiadores como propaganda política. Ele patrocinava lutas para as massas e assim ganhava grande popularidade entre o povo. Esse sistema foi copiado por praticamente todos os imperadores romanos que vieram após sua era. E houve igualmente casos bizarros, como o de Cómodo, o imperador que amava tanto essas lutas que decidiu que queria ser ele também um grande gladiador! 

Os gladiadores seguiam certos modelos que tinham sido copiados dos inimigos de Roma. Por exemplo, havia o Trácio, baseado nos guerreiros desses povos. Eles se caracterizavam por seus tipos específicos de armas, elmos e armaduras. Uns usavam redes, outros longas espadas orientais, havia ainda os que tinham elmos extremamente bem trabalhados. Cada tipo de gladiador lutava com um rival semelhante em armas, mas no final, na decisão do grande campeonato de lutas, havia confrontos entre tipos diferentes de gladiadores. O povo romano adorava esses eventos, ora teatrais, ora esportivos, ora sangrentos e sádicos. 

Pablo Aluísio. 

sábado, 8 de fevereiro de 2025

Os Hunos

Os Hunos
Quem eram os Hunos? Povo proveniente do Leste da Europa, na região que hoje pertence ao moderno país da Hungria. Os Hunos eram bárbaros e ficaram muito conhecidos na História por causa de seu líder, Átila, Rei dos Hunos, que chegou a ficar conhecido em sua época de conquistas como "O Flagelo de Deus". Nome bem apropriado pois por onde passavam os Hunos destruíam e saqueavam tudo. Matavam os homens, os idosos e muitas vezes cometiam crimes sexuais contra as mulheres, promovendo estupros em série. Um verdadeiro horror. 

As falanges dos Hunos varreram a Europa há mais ou menos 1600 anos. Eram grupos nômades, montados, formados por guerreiros bem armados. Eles viviam em movimento, não parando em lugar nenhum. Viviam indo de cidade em cidade, de vila em vila, promovendo saques, roubos e matanças. Não tinham lugar fixo, por isso era tão complicado lutar contra eles. 

Só que no caminho dos Hunos havia o Império Romano. Esse já estava em fase de franca decadência, mas ainda tinha força suficiente para combater e derrotar bárbaros guerreiros como os Hunos. Depois de uma série de derrotas os romanos passaram a conhecer melhor as táticas de guerra dos Hunos. Eles se organizaram e a vitória romana não tardou a acontecer. 

Átila foi derrotado e retirou-se do territória romano com sua tropas. Ele morreu, provavelmente envenenado pela própria mulher com quem havia se casado. Na manhã seguinte de seu casamento seu corpo morto foi encontrado por seus generais. Até hoje não se sabe onde foi enterrado. Alguns historiadores afirmam que seu corpo foi jogado no rio Danúbio, outros que ele foi queimado numa pira funerária, como era costume entre seus inimigos, os romanos. Na Hungria ele ainda hoje é reverenciado como um dos heróis nacionais da história daquele povo europeu. 

Pablo Aluísio.