Mostrando postagens com marcador Richard Attenborough. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Richard Attenborough. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Uma Ponte Longe Demais

Uma Ponte Longe Demais
Um dos clássicos filmes de guerra dos anos 1970. É um daqueles filmes que não se fazem mais nos dias de hoje, com grande elenco, produção requintada e fatos históricos relevantes. A história se passa durante a segunda guerra mundial quando as forças aliadas colocam em prática uma perigosa operação que tinha como objetivo enviar militares atrás das linhas inimigas, logo após a invasão da Normandia no chamado Dia D. A intenção era realmente cercar as forças do Eixo, dos nazistas, para que eles não tivessem para onde ir. Claro que tudo terminaria em uma grande batalha sangrenta. 

Como eu já escrevi, o filme tem mesmo um grande elenco, contando com grandes atores. O problema é que a história é bem fragmentada, pois são vários personagens em situações diversas, todos colaborando entre si no enredo do filme para que a operação fosse bem sucedida. Assim atores como Sean Connery, Anthony Hopkins e Robert Redford apenas tangenciam em seus arcos narrativos, nunca ganhando o espaço necessário. Talvez tivesse sido melhor fazer uma minissérie ou diversos filmes sobre cada personagem. Com grande duração (quase 3 horas de filme) esse clássico moderno também rendeu algumas piadinhas na época, se dizendo que o filme era longo demais! Enfim, ignore. Assista por suas qualidades cinematográficas e aprecie, nada mais do que isso. 

Uma Ponte Longe Demais (A Bridge Too Far, Reino Unido, Estados Unidos, 1977) Direção: Richard Attenborough / Roteiro: Cornelius Ryan, William Goldman / Elenco: Sean Connery, Laurence Olivier, Robert Redford, Anthony Hopkins, Michael Caine, Ryan O'Neal / Sinopse: O filme mostra uma reconstiuição histórica de uma importante operação das forças militares aliadas durante a segunda guerra mundial. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de maio de 2024

O Canhoneiro do Yang-Tsé

Título no Brasil: O Canhoneiro do Yang-Tsé
Título Original: The Sand Pebbles
Ano de Lançamento: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Robert Wise
Roteiro: Richard McKenna, Robert Anderson
Elenco: Steve McQueen, Richard Crenna, Candice Bergen, Richard Attenborough, Emmanuelle Arsan, Larry Gates

Sinopse:
Marinheiro americano chega na China, no começo do século XX, para servir em um velho navio de guerra da Marinha dos Estados Unidos. Sua função é trabalhar na casa de máquinas da velha embarcação e logo surgem inúmeros problemas, entre eles um clima revolucionário que parece tomar conta da população local. Eles querem os estrangeiros fora de sua nação. Além disso o novo membro da tripulação não parece se entrosar muito bem com os demais marinheiros do navio. 

Comentários:
Um bom filme que chegou a concorrer a oito estatuetas do Oscar! Para um filme desse estilo, que priorizava a ação, era realmente algo fora da rota da Academia. O destaque do elenco vai mais uma vez para o ator Steve McQueen. Ele interpreta o protagonista, um marinheiro que precisa contornar muitos problemas. Ele não é necessariamente bem-vindo naquele navio e para piorar tudo, acaba se envolvendo numa confusão na cidade chinesa para onde vai passar um tempo de licença. E como o clima revolucionário já se instalava entre o povo chinês, sua presença se torna ainda mais perigosa e agrava o antagonismo dos chineses para com os militares americanos. E ele não poderia mesmo contar nem com o apoio de seus próprios colegas da Marinha, uns tipos meio intragáveis. É curioso porque o personagem de McQueen acaba morrendo na última cena do filme. Eu não me lembro de ter visto essa situação em nenhum outro filme desse ator. Outra novidade. Por fim uma observação. O filme tem mais de 3 horas de duração! Talvez por essa razão não tenha sido um grande sucesso comercial e raramente tenha sido exibido nos canais de filmes clássicos. Esse tipo de duração certamente vai exigir um pouco de paciência e compromisso por parte do espectador. Mas vá em frente, o resultado final é muito bom e o filme certamente vale a pena. 

Pablo Aluísio.


quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Chaplin

Outro filme que de certa maneira ficou pelo meio do caminho. Com produção milionária, direção do quase sempre ótimo Richard Attenborough e roteiro baseado na própria autobiografia de Charles Chaplin, o filme tinha a proposta de se tornar a cinebiografia definitiva desse mito imortal da sétima arte. Infelizmente isso não aconteceu. O que afinal deu errado? Em minha forma de ver a vida de Charles Chaplin é tão rica e importante do ponto de vista cultural e social, que nenhum filme produzido poderia dar conta de explorar todo esse universo tão amplo e complexo. Talvez apenas uma longa série conseguiria mostrar toda a importância de Chaplin no mundo, tanto em termos culturais como políticos. Um artista incomparável que teve uma vida longa, com muitas fases criativas diversas. Assim o filme acabou se tornando quase um trailer do que efetivamente foi a existência desse homem único.

Não achei a atuação de Robert Downey Jr tão sem brilho como muitos disseram no lançamento do filme. Na verdade o Chaplin de Downey Jr em muito se assemelhou ao verdadeiro Chaplin, um homem que a despeito de ser um gênio do cinema, tinha muitos problemas interiores, psicológicos e pessoais, para resolver. Ele era dono de uma alma em eterno conflito consigo mesmo. Vindo de uma infância miserável, cheia de privações, o ator e diretor conseguiu vencer com seu próprio talento e esforço, sendo arremessado quase que imediatamente a uma carreira de muito sucesso e luxo, o que de certa maneira o deixava culpado pela ostentação em que vivia. Assim saiu de cena o adorável Carlitos com sua pequena bengala para surgir uma pessoa angustiada, deprimida e muito ciente de sua importância para milhões de pessoas ao redor do mundo.Nesse ponto o roteiro realmente acertou em cheio, mesmo que tenha sido uma surpresa e tanto para o espectador médio encontrar um protagonista tão famoso, aclamado e adorado agindo dessa maneira. Talvez o grande erro tenha sido mesmo a ambição fora de propósito dos produtores pois vamos convir que filme nenhum, em época alguma, conseguirá capturar a essência desse artista simplesmente genial. Diante de tudo a conclusão é óbvia: Chaplin foi grandioso demais para caber em um só filme!

Chaplin (Chaplin, Estados Unidos, 1992) Direção: Richard Attenborough / Roteiro: David Robinson / Elenco: Robert Downey Jr., Geraldine Chaplin, Anthony Hopkins, Dan Aykroyd, Marisa Tomei, Penelope Ann Miller, Kevin Kline, Milla Jovovich, Diane Lane / Sinopse: O filme se propõe a ser uma cinebiografia do ator e diretor Charles Chaplin, desde os seus primeiros anos, passando pelo sucesso em Hollywood na era do cinema mudo, chegando até seus anos finais, na velhice. Filme vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Robert Downey Jr).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de julho de 2021

Um Passe de Mágica

Apesar de ser um filme antigo, produzido em 1978, eu nunca havia assistido até ontem. E isso é bem curioso porque sempre fui um admirador do trabalho do ator Anthony Hopkins. Nesse filme ele interpreta um mágico chamado Corky. No começo suas apresentações são ignoradas por um público frequentador de pequenos clubes noturnos. As coisas nunca parecem dar certo. Então ele resolve mudar seu número. Passa a usar um boneco de ventríloquo a qual chama de Fats. E assim as coisas começam a melhorar em sua vida, inclusive ganha um agente e um convite para se apresentar na TV. Para quem não conseguia nem ganhar o mínimo para sua sobrevivência já era uma mudança e tanto.

Só que o boneco Fats logo começa a ganhar uma individualidade própria. Mesmo fora do palco Corky começa a conversar e interagir com ele. A coisa começa a ficar meio assustadora. E tudo piora quando o mágico decide rever um velho amor do passado, Peggy Ann Snow (Ann-Margret). Ele era apaixonado por ela desde os tempos da escola, só que agora Peggy é apenas uma mulher infeliz, casada com um sujeito boçal e asqueroso. Gostei desse filme, que também é conhecido como "Magia Negra" (título que ganhou quando foi exibido na TV). Há um clima de suspense e terror, muito embora a trama seja mais melancólica do que qualquer outra coisa. Hopkins mais uma vez brilha, inclusive fazendo a voz de Fats. É um filme por demais interessante, que assusta de uma maneira pouco convencional.

Um Passe de Mágica / Magia Negra (Magic, Estados Unidos, 1978) Direção: Richard Attenborough / Roteiro: William Goldman / Elenco: Anthony Hopkins, Ann-Margret, Burgess Meredith, Ed Lauter / Sinopse: Mágico fracassado começa a ver sua sorte mudar quando passa a se apresentar com um boneco no palco. O problema é que em pouco tempo esse boneco começa a ganhar vida própria, criando situações assustadoras.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de maio de 2021

Chorus Line

Recentemente tivemos uma adaptação desastrosa de um musical da Broadway para o cinema. Estou me referindo ao péssimo "Cats". Esse fracasso me fez lembrar de adaptações extremamente bem sucedidas do passado que se tornaram grandes filmes. Um dos maiores exemplos que temos é esse belo musical chamado "Chorus Line". O interessante é que esse filme foi dirigido por um não especialista em filmes musicais. Estou falando de  Richard Attenborough, que havia se notabilizado pelo drama histórico "Gandhi". Quem poderia imaginar que ele se daria tão bem em um estilo cinematográfico tão diferente e específico?

A história de "Chorus Line" tem muitas semelhanças com "Fama", lançado alguns anos antes e que inclusive já escrevi sobre aqui em nosso blog. O protagonista desse filme tenta passar em um teste extremamente importante para seu futuro. Ele é um dançarino e tenta ser aprovado para participar de um musical da Broadway, algo que poderá mudar sua vida dali para frente.  O diretor da peça é conhecido por ser extremamente exigente, um daqueles profissionais do mundo da dança que só aceitam a perfeição. Será que ele conseguirã essa aprovação? Enfim, belo filme com ótimas cenas de coreografia. Para que aprecia a arta da dança é um filme obrigatório.

Chorus Line: Em Busca da Fama (A Chorus Line, Estados Unidos, 1985) Direção: Richard Attenborough / Roteiro: Arnold Schulman, Michael Bennett / Elenco: Michael Douglas, Terrence Mann, Michael Blevins, Sharon Brown / Sinopse: Jovem dançarino sonha em ser aprovado em um teste para a produção de um grande musical da Broadway. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor som, melhor edição e melhor música ( "Surprise, Surprise").

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de março de 2021

A Morte Segue Seus Passos

Quel tal tirar John Wayne do velho oeste? Que tal trazer o ator para uma grande cidade, colocando o veterano ator para interpretar um policial durão de Chicago no mundo atual? Foi justamente esse tipo de inovação que levou os produtores a contratarem John Wayne para estrelar esse filme policial ao melhor estilo Dirty Harry, de Clint Eastwood ou então seguir os passos dos filmes violentos de Charles Bronson. Era uma tentativa de revitalizar a carreira desse grande ícone da história do cinema americano. Ficou bom? Olha, diria que o filme é no mínimo interessante.

Nessa fita policial dos anos 70, com muita discoteque na trilha sonora, John Wayne interpreta o policial de Chicago Brannigan, um tira que age fora das regras e das leis. O mesmo tipo durão que já vimos em centenas de outros filmes antes. Depois de violar as regras mais uma vez, seu comandante o manda em uma missão em Londres. Ele precisa ir para lá para buscar um criminoso internacional. No começo Brannigan pensa que será um serviço fácil. Ele chegará em Londres, receberá o criminoso das mãos da Scotland Yard e o escoltará de volta aos Estados Unidos. Um serviço policial padrão, como diriam os veteranos.

Só que nada disso acontece. A Scotland Yard não tem o criminoso em sua custódia. Pior do que isso, ele é sequestrado por outros bandidos de Londres. E como se tudo isso não fosse ruim o bastante, o tenente Brannigan ainda precisa enfrentar um assassino profissional que foi contratado para matá-lo. O filme, como era de se esperar, tem muita ação e cenas de luta. John Wayne, já na fase final de sua carreira, não compromete. Está sempre empenhado em trabalhar bem. O filme ficou visualmente bonito por causa da própria Londres, com suas ruas e monumentos históricos. Só não espere muita lógica no final quando a trama do sequestro é finalmente revelada. Não faz muito sentido, mas se você chegou até aí, isso não vai fazer muita diferença.

A Morte Segue Seus Passos (Brannigan, Estados Unidos, Inglaterra, 1975) Estúdio: United Artists / Direção: Douglas Hickox / Roteiro: Christopher Trumbo, Michael Butler / Elenco: John Wayne, Richard Attenborough, Mel Ferrer, Judy Geeson, John Vernon  / Sinopse: O tenente Brannigan (Wayne) da polícia de Chicago é enviado até Londres para trazer sob custódia um criminoso internacional, só que ao chegar na capital da Inglaterra ele descobre que ele foi sequestrado por outros criminosos e precisará prendê-lo, ao mesmo tempo em que tentará sobreviver a um assassino profissional que está â sua procura.  

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Um Grito de Liberdade

Título no Brasil: Um Grito de Liberdade
Título Original: Cry Freedom
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Richard Attenborough
Roteiro: John Briley
Elenco: Denzel Washington, Kevin Kline, John Matshikiza, Josette Simon, Penelope Wilton, Kate Hardie

Sinopse:
Filme baseado em fatos históricos reais. O jornalista sul-africano Donald Woods (Kevin Kline) é forçado a fugir do país, depois de tentar investigar a morte sob custódia de seu amigo, o ativista negro Steve Biko (Denzel Washington). Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Denzel Washington), melhor música original e melhor trilha sonora incidental.

Comentários:
Esse filme foi baseado no livro escrito por John Briley. Em suas páginas o autor relembrou parte do crime que foi cometido pelo Estado da África do Sul em relação ao ativista negro Steve Biko e a luta de um jornalista branco em revelar toda a verdade sobre sua morte. Ele foi um nome importante na luta contra o regime racista da África do Sul durante as décadas de 1970 e 1980. Nesse período histórico existiu um regime de Estado que não escondia seu racismo contra pessoas negras, dentro de um país africano! Foi algo realmente impressionante pois a máquina estatal foi conduzida para massacrar os direitos dos negros (que formavam a maioria da população) em favor da parte branca da população (uma pequena parte do país). O resultado, como não poderia deixar de ser, foi o sistemático sistema de violação de direitos humanos e civis, além do cometimento de crimes por parte do aparato estatal. Esse filme é muito bom, muito importante em denunciar tudo o que aconteceu. A consagração veio na indicação de três categorias do Oscar, entre elas a de melhor ator para Denzel Washington. No Globo de Ouro o filme foi ainda indicado ao prêmio de melhor filme do ano no gênero Drama. Poderia ter vencido tranquilamente. É sem dúvida uma obra cinematográfica importante, que inclusive deveria ser exibida em escolas e universidades com mais regularidade. É o cinema em favor das boas causas, denunciando regimes criminosos ao redor do mundo.

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de março de 2020

Fugindo do Inferno

Esse é um dos clássicos sobre a II Guerra Mundial mais lembrados pelos cinéfilos. E também é um dos filmes mais famosos do astro Steve McQueen, aqui em plena forma, prestes a se tornar um dos mais bem sucedidos atores de sua geração. Seus filmes começavam a se destacar no topo dos grandes sucessos de bilheteria e ele por sua vez entrava na lista dos mais bem pagos de Hollywood. O sucesso finalmente batia em sua porta, dessa vez para ficar. A história do filme foi baseada em fatos históricos reais, porém com toques mais dramáticos para trazer agilidade e ação ao filme como um todo. O enredo era pura emoção e adrenalina.

Tudo se passa dentro de um campo de prisioneiros de guerra do III Reich, da Alemanha nazista. Um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta de todas as formas fugir desse campo. O interessante é que pelo menos nessa época os alemães separavam militares inimigos presos no campo de batalha das pobres vítimas do holocausto. Depois com a deterioração completa da Alemanha as coisas ficaram mais complicadas, misturando priscioneiros de guerra com judeus. Todos acabavam nos campos de extermínio. Era uma violação direta de tratados internacionais sobre guerras mundiais como essa. 

Essa prisão retratada no filme, por outro lado, foi especialmente construída pelo Terceiro Reich para abrigar os maiores mestres em fugas sob custódia no conflito. Esse é certamente um dos filmes mais lembrados quando se trata de fitas sobre fugas espetaculares. Além disso é considerado uma das produções mais populares estreladas pelo carismático Steve McQueen, na época no auge de sua popularidade como astro de filmes de ação. Embora pouca gente perceba isso, o fato é que "The Great Escape" tem grande "parentesco" com outro clássico estrelado por McQueen, o clássico e aclamado faroeste "Sete Homens e Um Destino". Ambos foram dirigidos pelo mesmo cineasta e conta com praticamente a mesma equipe no mesmo estúdio de cinema. São produções irmãs, vamos colocar nesses termos.

E se comparar bem os dois filmes veremos que "Fugindo do Inferno" conta com uma produção bem acima da média. Melhor do que o faroeste anterior. Tudo fruto, é óbvio, do grande sucesso do primeiro filme. Nesse filme de guerra a direção do cineasta John Sturges se destaca. Sempre o considerei um diretor subestimado na história de Hollywood. Provavelmente não lhe davam o devido valor porque seus filmes eram bem populares e tinham grande apelo junto ao público. O velho preconceito contra filmes que eram considerados comerciais demais. Bobagem. Pessoalmente considerado esse filme aqui uma verdadeiro obra-prima do cinema.

O roteiro foi baseado no livro de memórias de um participante da fuga, que realmente aconteceu em 1944, já na fase final da II Guerra Mundial. Claro que o filme toma enormes liberdades com o material original, o livro de Paul Brickhill. O túnel que vemos em cena certamente é irreal, tal o seu grau de sofisticação. Obviamente que a escavação real mais parecia com um mero buraco do que qualquer outra coisa, muito longe do que vemos na tela. A cena em que Steve McQueen pula a cerca do campo com uma moto também é puramente ficcional. Acabou se tornando a cena mais famosa do filme. De qualquer forma isso não desmerece as qualidades do filme. Afinal cinema tem sua própria linguagem e em determinados momentos exige uma certa mudança do que efetivamente aconteceu no mundo real. "Fugindo do Inferno" é certamente um dos melhores filmes de guerra já feitos. Movimentado, bem escrito e com muito suspense e emoção. Um marco nesse gênero cinematográfico.

Fugindo do Inferno (The Great Escape, Estados Unidos, 1963) Direção: John Sturges / Roteiro: James Clavell, W.R. Burnett baseados no livro de Paul Brickhill / Elenco: Steve McQueen, James Garner, Richard Attenborough, James Donald, Charles Bronson, Donald Pleasence, James Coburn, Hannes Messemer, David McCallum / Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial um grupo de prisioneiros é enviado para um campo de prisioneiros do exército alemão. Os que estão ali são especializados em fugas, por isso o lugar passa a ter forte esquema de segurança, o que não impede dos militares aliados de procurarem por novos meios de fugir daquele inferno. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Edição (Ferris Webster). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Drama.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Fugindo do Inferno

Um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta de todas as formas fugir de um campo de prisão alemão durante a II Guerra Mundial. O local foi especialmente construído pelo Terceiro Reich para abrigar os maiores mestres em fugas sob custódia no conflito. Esse é certamente um dos filmes mais lembrados quando se trata de fitas sobre fugas espetaculares. Além disso é considerado uma das produções mais populares estreladas pelo carismático Steve McQueen, na época no auge de sua popularidade como astro de filmes de ação. Embora pouca gente perceba isso o fato é que "The Great Escape" tem grande "parentesco" com outro clássico estrelado por McQueen, "Sete Homens e Um Destino". Ambos foram dirigidos pelo mesmo cineasta e conta com praticamente a mesma equipe no mesmo estúdio. Se compararmos os dois porém veremos que "Fugindo do Inferno" conta com uma produção bem acima do anterior, fruto é óbvio do grande sucesso do famoso western. Por trás das câmeras se sobressai o trabalho do excelente (e subestimado) John Sturges, que aqui entrega uma pequena obra prima dos filmes de guerra.

O roteiro foi baseado no livro de memórias de um participante da fuga (que foi real e aconteceu em 1944, já na fase final da II Guerra Mundial). Claro que o filme toma enormes liberdades com o material original, o livro de Paul Brickhill. O túnel que vemos em cena certamente é irreal, tal o seu grau de sofisticação. Obviamente que a escavação real mais parecia com um mero buraco do que qualquer outra coisa, muito longe do que vemos na tela. Aliás essa falta de veracidade seria satirizada anos depois na comédia "Top Secret" de 1984. O fato é que "Fugindo do Inferno" é acima de tudo uma obra de entretenimento e não esconde isso, principalmente em seus letreiros iniciais quando deixa claro que embora baseado em história real houve várias mudanças nos personagens, locais e tempo em que aconteceram os fatos reais. Longo em sua duração o filme não cansa o espectador pois a trama é muito bem amarrada e mantém o interesse. O roteiro também causa surpresa por ter basicamente dois finais, o primeiro na fuga e o segundo nos acontecimentos que ocorreram após a mesma ter sido levado a cabo. De qualquer forma "Fugindo do Inferno" é certamente um dos melhores filmes de guerra já feitos. Movimentado, bem escrito e com muito suspense e emoção. Se não conhece ainda não deixe de assistir.

Fugindo do Inferno (The Great Escape, EUA, 1963) Direção: John Sturges / Roteiro: James Clavell, W.R. Burnett baseados no livro de Paul Brickhill / Elenco: Steve McQueen, James Garner, Richard Attenborough, James Donald, Charles Bronson, Donald Pleasence, James Coburn, Hannes Messemer, David McCallum / Sinopse: Um grupo de prisioneiros ingleses e americanos tenta de todas as formas fugir de um campo de prisão alemão durante a II Guerra Mundial. O local foi especialmente construído pelo Terceiro Reich para abrigar os maiores mestres em fugas sob custódia no conflito.

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

O Guerreiro da Paz

Título no Brasil: O Guerreiro da Paz
Título Original: Grey Owl
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Lionsgate Films
Direção: Richard Attenborough
Roteiro: William Nicholson
Elenco: Pierce Brosnan, Stewart Bick, Vlasta Vrana, Graham Greene, Gordon Masten, Neil Kroetsch

Sinopse:
O filme conta a história real de um cidadão britânico, fascinado pela cultura nativa americana, que decide se mudar para a América do Norte. Uma vez lá ele toma contato com as tribos que vivem na região e começa a combater os interesses de grandes empresas que exploram a madeira das florestas, se tornando assim um dos principais ativistas ecológicos da história, na década de 1920.

Comentários:
Filme historicamente interessante que conta a história verdadeira desse sujeito chamado Archibald Belaney (Pierce Brosnan) que por sua luta em prol dos povos indígenas ganhou o nome nativo de Archie "Coruja Cinzenta". É a tal coisa, muitas vezes percebemos que um fato real se torna extremamente romanceado e idealizado quando sai das páginas da literatura para as telas de cinema. É mais ou menos o que acontece aqui. O protagonista vira quase uma espécie de santo imaculado, tamanhas são suas virtudes passadas ao espectador. Como bem sabemos as coisas nem sempre aconteceram desse jeito tão idealista. Embora seja baseado em fatos reais sabemos muito bem que no mundo real nem sempre as coisas se passam tão perfeitamente como vemos nos filmes. Para os cinéfilos o que chamou a atenção do espectador mesmo foi a presença do ator Pierce Brosnan, pois na época ele era o James Bond. Qualquer filme fora da franquia acabaria mesmo chamando a atenção. Outro ponto de atração era o fato dessa fita ter sido dirigida pelo cineasta Richard Attenborough, de "Gandhi", "Chaplin" e " Um Grito de Liberdade", entre outros. Apesar de tantos nomes bons na ficha técnica o fato inegável porém é que o filme é bem fraquinho, muito embora não seja necessariamente ruim.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Os Rifles de Batasi

Em pleno declínio do sistema colonial inglês, numa distante colônia africana, um pequeno regimento do exército britânico acaba ficando sitiado bem no meio de uma enorme e incontrolável revolta popular. O povo daquela nação sai às ruas pedindo independência, deixando cercados um pequeno grupo de oficiais ingleses. Para piorar ainda mais uma situação que já parecia bastante crítica membros do próprio pelotão, africanos recrutados pelos britânicos, também resolvem aderir ao movimento popular, promovendo um verdadeiro motim dentro do quartel. Apenas o Sargento Major Lauderdale (Richard Attenborough) e seus homens resolvem resistir. O plano é tomar o paiol de armas da corporação para evitar que caia nas mãos dos revoltosos, algo que exigirá muita coragem e bravura dos militares à serviço de sua majestade, a Rainha da Inglaterra.

Há duas leituras possíveis desse bom filme de guerra. A primeira é que seria uma homenagem aos membros de um quartel sitiado por uma revolução popular numa colônia africana. A outra seria que usando de fino humor negro tipicamente inglês se estaria na verdade criticando aquela ocupação colonial. O roteiro é tão bem escrito que embora antagônicas as duas visões acabam sendo complementares no caso desse filme. O personagem interpretado pelo ator Richard Attenborough (que depois se tornaria um consagrado diretor) é um exemplo disso. Pomposo, exagerado, quase patético em suas convicções e modo de agir, ele acaba se tornando o grande "herói" dessa resistência. Ao se ver cercado por revolucionários africanos não aceita se submeter, mantendo erguida a bandeira inglesa até o fim. E por falar em final, o desfecho dessa produção guarda algumas surpresas, caindo em um tom inesperadamente cômico. Em suma, belo filme inglês, retratando de uma forma bem inteligente a mentalidade e as contradições do sistema colonial europeu que predominou em relação às suas dominações na África selvagem durante o século XIX.

Os Rifles de Batasi (Guns at Batas, Inglaterra, 1964) Direção: John Guillermin / Roteiro: Robert Holles, baseado na novela escrita por Robert Holles / Elenco: Richard Attenborough, Jack Hawkins, Flora Robson, Mia Farrow / Sinopse: Pequeno regimento de oficiais ingleses fica cercado após a eclosão de uma grande revolta popular em um país africano durante o período colonial. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria Revelação Feminina (Mia Farrow). Também vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator Britânico (Richard Attenborough).

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

No Amor e na Guerra

Título no Brasil: No Amor e na Guerra
Título Original: In Love and War
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Richard Attenborough
Roteiro: Henry S. Villard, James Nagel
Elenco: Sandra Bullock, Chris O'Donnell, Mackenzie Astin
  
Sinopse:
O jovem jornalista americano Ernest Hemingway (Chris O'Donnell) é enviado para a Itália para trabalhar como motorista de ambulância durante a I Guerra Mundial. Lá acaba conhecendo a enfermeira Agnes von Kurowsky (Sandra Bullock) e fica apaixonado por sua coragem e doçura. O amor, que parece tão perfeito, porém terá que passar por um trágico destino. Filme indicado ao Urso de Ouro do festival de Berlim.

Comentários:
Os livros do escritor Ernest Hemingway são considerados verdadeiras obras primas da literatura. Vários deles foram adaptados para o cinema. Nessa produção aqui o diretor Richard Attenborough (de "Gandhi", um cineasta de que gosto muito) resolveu contar não as estórias do livro de seu autor, mas sim parte de sua biografia. É interessante que se formos analisar bem veremos que a biografia de Ernest Hemingway está presente em praticamente todos os enredos de seus romances. De certa maneira todos os seus escritos eram autobiografias romanceadas. Aqui, por exemplo, o jornalista acaba se apaixonando por uma enfermeira durante um conflito militar. Ora, basta ler obras como "Adeus às Armas" para compreender que é justamente a mesma coisa, a mesma história. Já do ponto de vista cinematográfico o que posso dizer desse filme é que ele é sim interessante, tem boa produção e até mesmo uma boa dupla de protagonistas. Seu maior problema talvez seja seu ritmo que em determinados momentos se torna arrastado em demasia. Mesmo assim não precisa se preocupar pois o filme como um todo é no mínimo uma boa diversão romântica.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Os Rifles de Batasi

Título no Brasil: Os Rifles de Batasi
Título Original: Guns at Batasi
Ano de Produção: 1964
País: Inglaterra
Estúdio: George H. Brown Productions
Direção: John Guillermin
Roteiro: Robert Holles
Elenco: Richard Attenborough, Mia Farrow, Jack Hawkins, Flora Robson
  
Sinopse:
Numa distante e isolada colônia britânica na África, uma revolução pedindo a independência daquela nação da Inglaterra pega um grupo de oficiais e soldados britânicos de surpresa. Os rebeldes se apoderam das armas do exército inglês e começam um motim, cercando o regimento de oficiais liderados pelo Sargento-Major Lauderdale (Richard Attenborough). Para piorar a situação ele precisa manter a salvo a parlamentar Barker-Wise (Flora Robson) e a representante da nações unidas Karen Eriksson (Mia Farrow). Lá fora rugem milhares de revolucionários que querem acertar as contas com os imperialistas estrangeiros.

Comentários:
A história da colonização europeia na África foi certamente uma tragédia. Isso não apenas pelo fato de países estrangeiros dominarem aquelas nações africanas por anos, mas também pelas sangrentas guerras civis que explodiram após a saída de ingleses, franceses e belgas do solo africano. Esse filme retrata o momento em que o sistema colonial começava a ruir. O enredo se passa durante a era vitoriana, quando o povo de um lugar inóspito da África resolveu se rebelar contra a presença inglesa. O povo saiu às ruas e um grupo se armou com o próprio arsenal roubado do exército britânico para expulsar os estrangeiros. Avisados para se renderem, um oficial britânico se recusou a depor armas. Esse personagem, o militar Lauderdale, é uma das grandes atrações do filme, justamente por causa da brilhante atuação de Richard Attenborough. Se você acompanha cinema há muito tempo sabe que Attenborough foi um dos mais talentosos e brilhantes diretores ingleses de todos os tempos. Ele dirigiu grandes clássicos como "Uma Ponte Longe Demais" e "Um Grito de Liberdade", mas se consagrou mesmo por "Gandhi" quando foi premiado com o Oscar de Melhor Direção. Era realmente um grande mestre. O interesse nesse filme é que vemos aqui seu trabalho como ator. Ele se sai maravilhosamente bem. Seu papel é deliciosamente exagerado, um oficial absurdamente pomposo e rígido, dado a acessos de fúria quando contrariado nos menores detalhes. Assim que surge em cena pela primeira vez sabemos que estamos diante de uma grande atuação. No mais o filme é muito bem escrito e realizado, mostrando a qualidade do cinema inglês durante os anos 60. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor Revelação Feminina (Mia Farrow). Também premiado pelo BAFTA Awards na categoria Melhor Ator (Richard Attenborough).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Uma Ponte Longe Demais

Título no Brasil: Uma Ponte Longe Demais
Título Original: A Bridge Too Far
Ano de Produção: 1977
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: United Artists
Direção: Richard Attenborough
Roteiro: William Goldman, baseado no livro de Cornelius Ryan
Elenco: Sean Connery, Ryan O'Neal, Michael Caine, Robert Redford, Gene Hackman, Anthony Hopkins, Michael Caine, Edward Fox, James Caan, Maximilian Schell, Laurence Olivier, Dirk Bogarde, Liv Ullmann, Elliott Gould.
  
Sinopse:
Setembro de 1944. II Guerra Mundial. Os principais comandantes das forças aliadas resolvem colocar em execução uma missão ousada, a Operação Market Garden. O objetivo seria colocar nas posições situadas atrás das linhas inimigas alemãs, bem na fronteira entre Holanda e Alemanha, um vasto exército de tropas especiais para-quedistas para cercar e sufocar as tropas nazistas que naquele momento estavam em um desesperado movimento de retirada da França por causa da invasão aliada na Normandia, dentro da série de ataques realizados durante o Dia D. Para o front são enviados oficiais condecorados e experientes como o Major General Urquhart (Sean Connery) e o Tenente Coronel inglês Frost (Anthony Hopkins), porém assim que pisam em território inimigo uma série de coisas começam a dar incrivelmente erradas, colocando em risco a vida de milhares de soldados aliados. Filme vencedor do BAFTA Awards nas categorias de Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora e Melhor Ator Coadjuvante (Edward Fox). Também vencedor do British Society of Cinematographers na categoria de Melhor Fotografia (Geoffrey Unsworth).

Comentários:

Um épico moderno dos filmes de guerra passados na II Guerra Mundial, "A Bridge Too Far" entrou para a história do cinema por causa de seu elenco maravilhoso, cheio de grandes astros de Hollywood e da produção classe A que não poupou recursos para contar sua história. O foco do enredo se concentra na Operação Market Garden que tinha a intenção de cercar as forças nazistas que fugiam da França após o vitorioso desembarque aliado na Normandia. A intenção também era destruir todas as linhas de comunicações entre Berlim e suas tropas avançadas, destruindo pontes, estradas e vias de comunicação e abastecimento entre o coração do III Reich e seus comandados da frente ocidental. Não era uma tarefa fácil. Apesar do fato dos alemães estarem batendo em retirada a questão era que ainda tinham muito poder de fogo e combate e por essa razão assim que as botas dos soldados aliados pisaram em solo inimigo se deu início a um dos mais sangrentos episódios de toda a guerra, com batalhas travadas com muita ferocidade na luta por cada palmo de chão. O diretor Richard Attenborough quis ser o mais fiel aos acontecimentos reais e para isso não poupou esforços e nem metragem para sua obra. Embora bem completo o filme também se mostra com uma longa duração (2h49m para ser mais exato), o que de certa forma afastou grande parte do público na época.

Para quem não se importar com esse detalhe porém o filme vai se revelar uma excelente obra histórica, mostrando cada detalhe da operação, os eventos imprevisíveis e até mesmo os fatores que fizeram tudo dar tão incrivelmente errado. Há excelentes cenas de ação antes disso, inclusive uma impressionante sequência de centenas de aviões despejando os para-quedistas em solo inimigo. Uma grandiosa cena que contou inclusive com várias aeronaves da época e que ainda estavam em operação quando o filme foi realizado (algo que hoje em dia seria simplesmente impossível). O roteiro também explora várias pequenas missões envolvendo os diversos personagens do filme. Muitas dessas cenas são relativamente independentes das demais, funcionando quase como curtas dentro de um longa-metragem. Assim temos por exemplo a luta de um soldado (James Caan) em salvar a vida de um capitão dado como morto ou então a tenaz resistência de um oficial britânico (Hopkins) em manter sua posição dentro de uma cidade holandesa, mesmo diante de uma divisão de tanques alemães. Todas elas obviamente fazem parte da grande operação Market Garden, mas ao mesmo tempo contam pequenas histórias de luta e heroísmo dos combatentes anônimos que lutaram no front de guerra. Sob esse aspecto o roteiro acaba se revelando muito rico e detalhista do ponto de vista histórico, o que é uma das virtudes do filme como um todo. Assim se você estiver em busca de um bom filme sobre a II Guerra Mundial, que valorize os fatos reais e conte com um elenco realmente estelar, poucos serão tão recomendados como esse "Uma Ponte Longe Demais".

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de abril de 2015

Terra das Sombras

C. S. Lewis (1898 - 1963) entrou para a história como autor dos consagrados livros da série "The Chronicles of Narnia". Professor universitário, escritor, romancista, poeta, crítico literário, ensaísta, Lewis é um dos nomes mais celebrados da literatura britânica. Esse filme se propõe a contar parte de sua biografia, de seu conturbado romance com a poetisa americana Joy Gresham (interpretada pelo boa atriz Debra Winger). Eram pessoas refinadas, cultas e intelectuais que se completavam, mas que tinham que superar diversas barreiras para serem felizes. O roteiro enfoca um momento particularmente complicado de suas vidas quando Joy recebeu o diagnóstico que estava com câncer. Para piorar Lewis enfrentava problemas para conseguir a cidadania americana, o que lhe garantiria dar apoio completo à sua amada nesse momento crucial de sua vida.

Quem interpreta o famoso escritor é o ator Anthony Hopkins, que como sempre está muito lúcido e muito bem em seu papel. Ele traz um humanismo grandioso ao personagem que dá vida. Richard Attenborough, um mestre em filmes como esse, trata tudo com fina melancolia e muita sensibilidade, o que transforma o filme em um drama triste, mas ao mesmo tempo realmente tocante. Uma excelente obra cinematográfica, sem retoques.

Terra das Sombras (Shadowlands, Inglaterra, 1993) Direção: Richard Attenborough / Roteiro: William Nicholson / Elenco: Anthony Hopkins, Debra Winger, Julian Fellowes. / Sinopse O drama de um homem mais velho que vê sua esposa sucumbindo para uma grave doença terminal. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Debra Winger) e Melhor Roteiro Adaptado (William Nicholson). Filme vencedor do BAFTA Awards nas categorias de Melhor Filme Britânico e Melhor Ator (Anthony Hopkins).

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de maio de 2013

O Mundo Perdido: Jurassic Park

Como ignorar um sucesso espetacular como Jurassic Park? Impossível. Assim foi questão de tempo até surgir essa seqüência. Obviamente o roteiro não era dos melhores, no fundo apenas uma variação da primeira estória ou em outras palavras uma tentativa de contar a mesma estória de um jeito que parecesse ao espectador algo diferente. No enredo o empresário e cientista John Hammond  (Richard Attenborough) resolve formar uma nova equipe, menor, com apenas quatro pessoas, para ir não na ilha do primeiro filme mas numa segunda, conhecida como setor B. A intenção é explorar o local para saber quais seriam as espécies que teriam prosperado naquele lugar. Inicialmente o pesquisador Ian Malcolm (Jeff Goldblum) do primeiro Jurassic Park é convidado mas diante da carnificina que presenciou recusa até descobrir que sua namorada já está lá, catalogando e observando os animais. Diante disso não vê outra saída a não ser ir para a ilha perdida no meio do oceano, encontrando lá um verdadeiro mundo perdido. O que ele nem desconfia é que não estará sozinho pois um grupo de caçadores com experiência militar também é enviado para a isolada região com o objetivo de capturar dinossauros para a criação de um parque temático em San Diego.

Como se vê lendo essa sinopse acima não há realmente nada de muito diferente do primeiro filme. Em termos de roteiro é realmente mais do mesmo, com pouca originalidade. Assim o interesse do espectador se desvia mesmo para os efeitos digitais. E eles estão lá certamente, muitas vezes em dobro. Por exemplo, se no primeiro filme tínhamos o ataque de um Tiranossauro Rex agora temos o mesmo ataque, só que em dupla, dois dinossauros monstruosos em busca de seu filhote. Entre as boas cenas nesse quesito destaco o ataque dos Velociraptors no meio de um mato fechado e o ataque do Tiranossauro em plena cidade de San Diego – em uma seqüência que de certa forma seria imitada anos depois no remake “King Kong” de Peter Jackson. Spielberg também capricha nas cenas de ação e suspense. Ninguém pode subestimar a capacidade técnica dele como cineasta, bastando lembrar a cena em que os três protagonistas ficam pendurados em um precipício após o ataque dos dinossauros. Assim em conclusão podemos dizer que “O Mundo Perdido” não inova, não surpreende mas pelo menos tenta seguir os passos do primeiro filme com a mesma qualidade técnica em sua produção. E isso certamente vai deixar o fã da franquia bem satisfeito no final das contas.

O Mundo Perdido: Jurassic Park (The Lost World: Jurassic Park, Estados Unidos, 1997) Direção:  Steven Spielberg / Roteiro: David Koepp / Elenco: Jeff Goldblum, Julianne Moore, Pete Postlethwaite, Richard Attenborough, Vince Vaughn / Sinopse: Após os trágicos acontecimentos do primeiro filme a empresa Jurassic Park resolve mandar uma pequena equipe para uma outra ilha perdida, conhecida como Setor B. A intenção é catalogar e observar as espécies que se desenvolveram no local. Os planos porém não saem exatamente como planejado.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros

No mesmo ano em que Steven Spielberg filmou “A Lista de Schindler” ele surgiu com esse “O Parque dos Dinossauros”, dois filmes completamente diferentes, com propostas diversas. Com Schindler Spielberg tentava manter sua imagem de cineasta socialmente consciente, que procurava tratar de temas relevantes para a história. Ao dirigir filmes assim Spielberg queria efetivamente ser levado a sério. Era também sua grande aposta para finalmente vencer o Oscar de Melhor Direção e quem sabe até de Melhor Filme. Já em “O Parque dos Dinossauros” a situação era bem diferente, esse era um filme pop por excelência, voltado para o lado Peter Pan de sua carreira. Aqui Spielberg voltava para suas origens, voltando a ser o cineasta de obras feitas para o público infanto-juvenil. Jurassic Park partia de uma premissa interessante (embora fosse pura pseudociência como convém aos livros escritos por Michael Crichton), explorando a possibilidade de um dia a ciência conseguir vencer a barreira dos milênios para trazer de volta à vida os dinossauros do passado remoto de nosso planeta. O caminho encontrado seria manipular geneticamente os resquícios de DNA preservados em âmbar, dentro de insetos que supostamente teriam picado dinossauros na pré-história.

A tese cientifica era realmente tentadora – e bem bolada – mas o fato é que Jurassic Park não se trata de um filme cientifico mas sim de uma diversão blockbuster feito para as grandes platéias. Provavelmente foi a primeira vez que percebi o poder de marketing dos grandes estúdios. Acontece que nos meses que antecederam o lançamento do filme aconteceu um súbito interesse nesses animais que sempre povoaram a imaginação da humanidade. De repente os dinossauros estavam nas revistas, na TV, nos jornais, isso com uma intensidade fora do comum. Ora não era preciso ser gênio para entender que tudo era um muito bem elaborado plano de publicidade dos diretores do filme de Spielberg. Deixando isso de lado é fato incontestável que Jurassic Park é realmente um produto muito bem realizado com efeitos digitais revolucionários que trouxe de voltas às telas, com extrema fidelidade, todos esses seres pré-históricos. O roteiro não era grande coisa mas o impacto de todos aqueles efeitos digitais deixaram isso em segundo plano. A fórmula se tornou certeira e Spielberg conquistou o maior sucesso de bilheteria de sua carreira (superando até mesmo “E.T. O Extraterrestre”, sua obra prima artística e comercial). Revisto hoje em dia o filme já não causa tanto impacto mas mantém o carisma original. Não restam dúvidas que é certamente um dos mais queridos filmes do eterno Peter Pan do cinema americano.

Jurassic Park - O Parque dos Dinossauros (Jurassic Park, Estados Unidos, 1993) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Michael Crichton, David Koepp, baseados no livro "Jurassic Park" de Michael Crichton / Elenco: Sam Neill, Laura Dern, Jeff Goldblum, Richard Attenborough  Samuel L. Jackson / Sinopse: Através de engenharia genética um cientista consegue recriar os dinossauros da era pré-história, os trazendo de volta à vida depois de milênios de sua extinção. Agora ele tentará ganhar muito dinheiro os exibindo em um parque temático localizado numa ilha distante – mas as coisas não sairão bem como planejado.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Gandhi

Pode todo um império poderoso se curvar apenas ao peso de um ideal? A história de Gandhi prova que sim. De um lado temos o imenso, poderoso e dominador Império Britânico. Na época se dizia que o sol nunca se punha sob os domínios da Grã Bretanha, tamanha a sua extensão nos quatro cantos do mundo. Do outro lado havia esse indiano muito simples, de roupas despojadas, óculos desajeitados, uma pessoa que procurava viver como o mais humilde dos homens. Nesse choque de ideologias os fundamentos do pequeno homem acabaram vencendo os alicerces do majestoso Império de Vossa Majestade. Tudo baseado apenas em suas idéias de liberdade e autonomia. O mais grandioso na figura de Gandhi é que ele não liderou uma revolução armada mas sim um movimento de não violência, fundado apenas na ideologia da não violência, da convivência pacífica e no poder da argumentação lógica e sensata. Não é para menos que hoje em dia o mundo o conhece como Mahatma (grande alma). Ele conseguiu romper as amarras do colonialismo inglês para com seu país apenas pela força de sua mensagem. Uma revolução diferente, não feita de armas de fogo mas sim de pensamento e sensatez. 

Em 1982 o corajoso produtor e diretor Richard Attenborough resolveu levar a história de Gandhi para os cinemas. Uma decisão ousada uma vez que a história do líder indiano é muito intimista, teórica. Não haveria cenas de batalhas para encher as telas como nos antigos épicos, nada disso, o roteiro teria que se concentrar apenas na mensagem e na ideologia de Mahatma. Não há momentos extremamente dramáticos e nem grandes guerras ou algo parecido. Diante disso muitos achavam que essa era realmente uma história que não poderia ser levada às telas com êxito. Ledo engano. Gandhi não deixou de ser um filme fenomenal por essas razões, pelo contrário. Em ótima caracterização o ator Ben Kingsley literalmente encarnou o personagem em um dos melhores castings da história do cinema. A transposição da biografia de Gandhi foi tão bem sucedida no final das contas que conseguiu vencer todos os grandes prêmios em seu ano, inclusive vencendo o Oscar nas categorias de melhor filme, melhor diretor, melhor ator (Ben Kingsley), melhor roteiro original, melhor direção de arte, melhor fotografia, melhor figurino e melhor edição. Um grande filme para um grande homem. God Save The Queen.  

Gandhi (Gandhi, Estados Unidos, Inglaterra, 1982) Direção: Richard Attenborough / Roteiro: John Briley, Alyque Padamsee / Elenco: Ben Kingsley, Candice Bergen, Edward Fox, John Gielgud, Trevor Howard, John Mills, Martin Sheen / Sinopse: Cinebiografia do líder indiano Mahatma Gandhi. 

Pablo Aluísio.