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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Garganta do Diabo

Título no Brasil: Garganta do Diabo 
Título Original: Cold Creek Manor
Ano de Lançamento: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Mike Figgis
Roteiro: Richard Jefferies
Elenco: Dennis Quaid, Sharon Stone, Stephen Dorff, Juliette Lewis, Christopher Plummer, Kristen Stewart

Sinopse:
Uma família de Nova Iorque, cansada da rotina massacrante da cidade grande, decide comprar uma propriedade no interior. Uma bela casa, com preço bem abaixo de seu real valor de mercado. O problema é que um sujeito que mora na região cresceu ali com sua família. A casa foi perdida para o banco, por dívidas. E ele é um daqueles psicóticos que não vão aceitar que novos moradores se mudem para aquela casa. 

Comentários:
Um filme com estilo daqueles ótimos thrillers de suspense que reinaram durante os anos 90. Assim poderia definir esse bom filme. Com elenco acima da média e uma boa história para contar, esse é aquele tipo de roteiro que nunca deixa o espectador tranquilo, pois há sempre um clima de tensão no ar. Mesmo a bela casa, a bonita família, a piscina no verão, nada consegue amenizar o clima geral. Ficamos com a impressão que algo muito terrível vai acontecer na próxima cena. E acredite nisso mesmo, pois vai acontecer. Só que não espere por exageros e nem cenas sangrentas, afinal esse é um filme da Touchstone, um estúdio que pertence ao império Disney. Sim, tem cenas de suspense e violência, mas nada que fuja do aceitável ou do normal. No fundo o filme também é uma crônica entre choques culturais, envolvendo pessoas cosmopolitas e caipiras sinistros do interior! 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Morte nos Sonhos

Título no Brasil: Morte nos Sonhos
Título Original: Dreamscape
Ano de Lançamento: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Joseph Ruben
Roteiro: David Loughery, Chuck Russell
Elenco: Dennis Quaid, Max von Sydow, Christopher Plummer, Kate Capshaw, Eddie Albert

Sinopse:
Jovem com poderes sensoriais é recrutado à força para participar de um projeto do governo dos Estados Unidos que sonda os sonhos. Ele teria o poder de entrar nos sonhos de outras pessoas. O problema é que isso pode virar uma arma de intriga internacional, colocando em risco a vida do próprio Presidente americano. 

Comentários:
O mais curioso em relação a esse filme é que ele me escapou. Não cheguei a ver nos anos 80 e só recentemente consegui assistir. Achei interessante em muitos aspectos. O roteiro, apesar de ter ótimas ideias, não consegue desenvolver todas elas, mas compensa com um ritmo mais ágil. As cenas dos sonhos obviamente ficaram datadas por causa do tempo, mas é inegável que aquele monstro, meio homem, meio serpente, todo feito com Stop Motion, tem um charme nostálgico incrível. Me lembrou dos velhos filmes de Simbad na Sessão da Tarde. O elenco é todo bom, com destaque para Max von Sydow como o cientista com boas intenções e Christopher Plummer como o agente da CIA sem nenhuma ética. A única coisa que temi vendo o filme é que ele fosse virar um daqueles filmes chatos de espiões e teorias da conspiração. Felizmente isso não aconteceu. O filme tem um roteiro redondinho que segura bem as pontas até o seu final! 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

O Plano Perfeito

Título no Brasil: O Plano Perfeito
Título Original: Inside Man
Ano de Lançamento: 2006
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Spike Lee
Roteiro: Russell Gewirtz
Elenco: Denzel Washington, Clive Owen, Jodie Foster, Christopher Plummer, Willem Dafoe, Chiwetel Ejiofor

Sinopse:
Uma quadrilha de assaltantes de bancos, fortemente armados, entram em uma agência bancária em Nova Iorque e fazem de funcionários a clientes de reféns. Logo o local é cercado pela polícia e começa uma tensa negociação com os criminosos! Afinal o que eles estariam planejando? Queriam apenas assaltar o banco ou haveria algo mais por trás de tudo?

Comentários:
Filme de assalto a banco não tem como errar. Com um roteiro certo e uma boa produção então a coisa fica fácil. E ainda mais contando com um elenco desses... impossível não dar certo! E foi justamente o que aconteceu aqui. O filme é realmente muito bom. Provavelmente haverá quem não goste do final, até porque em certos aspectos fica mesmo complicado acreditar que tudo iria terminar daquela forma, mas eu penso diferente. Isso aqui não é vida real, isso aqui é cinema. Uma arte feita para entreter seu público por mais ou menos duas horas. E foi justamente o que tive ao assistir esse filme. Uma boa diversão, com lances que prenderam minha atenção. Diante disso e daquilo que eu estava mesmo buscando, não tenho do que reclamar. É um filme de assalto a banco dos bons e o mais diferente dentro da filmografia ativista de Spike Lee. Pode ver (se ainda não viu) sem qualquer receio de se aborrecer. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Assassinato por Decreto

Em tempos de nova franquia de Sherlock Holmes (onde em minha opinião o personagem está totalmente desvirtuado de suas origens literárias) nada melhor do que assistir a uma bela adaptação mais fiel aos livros originais. Obviamente que aqui há várias licenças com os textos escritos por Conan Doyle mas em essência o Sherlock que aparece em cena é bem mais condizente com o personagem que vemos nos romances policiais. O filme é basicamente um encontro do personagem de ficção Sherlock Holmes com o personagem real Jack, o Estripador. Será que se Sherlock existisse realmente durante as mortes de Jack ele teria mesmo resolvido o mistério da identidade desse serial killer? 

Basicamente é esse o argumento do roteiro. Interessante porque lida com dois ícones ingleses, um do lado da lei (o sempre inteligente e astuto Holmes) e o outro o mais famoso assassino em série da história (que conseguiu inclusive sair impune de seus horríveis crimes). O filme em si é muito bem realizado, tem ótima produção de época e uma dupla de atores excelentes, Christopher Plummer (corretíssimo como Holmes) e James Mason (ótimo na pele do Dr Watson). Quem conhece a história de Jack sabe que existem várias teorias sobre quem teria sido o assassino e aqui o roteiro não se esquiva escolhendo uma das mais conhecidas para revelar o mistério (claro que não direi aqui qual delas é a escolhida pelos roteiristas para não estragar o filme).

Para quem só conhecer o personagem Sherlock Holmes pela nova franquia que está nos cinemas é bom frisar que esse aqui segue a linha bem mais conservadora, o que pessoalmente acredito ser um ponto muito positivo. Sherlock usa o figurino tradicional, seu parceiro Dr Watson é um senhor bem mais velho (ao contrário dos galãs que andam escalando para esse papel ultimamente como Jude Law) e o filme tem um estilo bem mais intelectual (Sherlock soluciona tudo com dedução e pouca ação, como é bem do feitio dos livros originais sobre o personagem). O filme foi feito no final dos anos 70 mas tem cara de filme oitentista mesmo. Até a fotografia antecipa o cinema da década que viria. Um ótimo programa para quem é fã do famoso personagem da literatura. Indicado para quem quiser conhecer o verdadeiro Sherlock Holmes.

Assassinato por Decreto (Murder by Decree, Estados Unidos, Inglaterra, 1979) Direção de Bob Clark / Roteiro: John Hopkins baseado na obra de Sir Arthur Conan Doyle / Elenco: Christopher Plummer, James Mason, Donald Sutherland, Genevieve Bujold, Susan Clark, David Hemmings, John Gielgud, Anthony Quayle. / Sinopse: Sherlock Holmes é chamado para investigar série de assassinatos, tendo como principal suspeito Jack, o Estripador. Christopher Plummer e James Mason em excelentes performances nos papéis de Holmes e Dr. Watson, respectivamente.

Pablo Aluísio

sábado, 29 de abril de 2023

Eclipse Total

Título no Brasil: Eclipse Total
Título Original: Dolores Claiborne
Ano de Lançamento: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Taylor Hackford
Roteiro: Stephen King,Tony Gilroy
Elenco: Kathy Bates, Jennifer Jason Leigh, Christopher Plummer, John C. Reilly, David Strathairn, Eric Bogosian

Sinopse:
Uma jornalista investigativa de Nova York volta para sua cidade natal em uma pequena ilha perto da costa de Jonesport, Maine, após receber um fax de um remetente anônimo afirmando que sua mãe, Dolores Claiborne, é a única suspeita no que parece ser o assassinato de sua rica empregadora. Filme indicado ao Edgar Allan Poe Awards.

Comentários:
O escritor Stephen King tem uma maravilhosa parceria com o mundo do cinema há anos. Algumas adaptações cinematográficas de seus livros geraram verdadeiros clássicos do cinema e até mesmo livros menos conhecidos, ditos como menores, também renderam excelentes filmes. Vejo o caso desse Eclipse Total. Dirigido pelo ótimo Taylor Hackford esse filme foi bastante elogiado pela crítica na época de seu lançamento original. Sempre achei que por sua qualidade ele deveria ter sido mais popular, ter feito melhor bilheteria. Em cena temos a grande atriz Kathy Bates que sempre considerei uma das melhores profissionais de atuação de sua geração. Contracenando com ela surgia a jovem Jennifer Jason Leigh também em ótimo trabalho. A relação entre as personagens, mãe e filha, era conturbada desde sempre e volta a se tornar emocionalmente explosiva após a mãe ser acusada de assassinato! Teria ela alguma culpa real no crime? Assista para descobrir... 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 11 de abril de 2023

A Batalha da Grã-Bretanha

Título no Brasil: A Batalha da Grã-Bretanha
Título Original: Battle of Britain
Ano de Lançamento: 1969
País: Reino Unido
Estúdio: United Artists
Direção: Guy Hamilton
Roteiro: James Kennaway, Wilfred Greatorex
Elenco: Michael Caine, Laurence Olivier, Christopher Plummer, Trevor Howard, Harry Andrews, Curd Jürgens, Susannah York

Sinopse:
Reconstituição histórica da guerra aérea nos primeiros dias da Segunda Guerra Mundial pelo controle dos céus da Grã-Bretanha, quando a Luftwaffe e a Royal Air Force decidiram se uma invasão das ilhas britânicas seria possível do ponto de vista estratégico. Filme indicado no BAFTA Awards.

Comentários:
Esse excelente filme mostra um dos momentos mais decisivos durante a II Guerra Mundial. Hitler havia ordenado que a força aérea da Alemanha começasse uma intensa linha de ataques nas principais cidades da Inglaterra. Caso a operação se tornasse bem sucedida, Hitler tinha planos para invadir as ilhas britânicas. Essa batalha da Inglaterra foi um momento chave na guerra, pois a resistência dos ingleses contra esses ataques foi essencial para curvar os planos do ditador nazista. O filme tem um elenco realmente espetacular, contando apenas com os melhores atores ingleses daquela geração. Também merecem elogios o roteiro que procura ser o mais fiel possível aos fatos históricos. Os produtores encaravam esse filme não apenas como mais uma produção sobre a segunda guerra mundial, mas também como  uma homenagem aos bravos homens que lutaram e morreram nessa batalha nos ares ingleses, onde muito se decidiu sobre os rumos da guerra dali em diante. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de março de 2022

O Novo Mundo

Título no Brasil: O Novo Mundo
Título Original: The New World
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Terrence Malick
Roteiro: Terrence Malick
Elenco: Colin Farrell, Christopher Plummer, Christian Bale, August Schellenberg, Q'orianka Kilcher, Yorick van Wageningen

Sinopse:
Durante a era dos grandes descobrimentos um grupo de navegadores e colonizadores chega na costa leste de um novo continente descoberto, agora chamado de América. E nesse novo mundo eles descobrem uma nova vida, cheia de perigos, mas também de descobertas incríveis.

Comentários:
Eu gosto de definir Terrence Malick como um cineasta sensorial. Ele nunca está interessado apenas em contar uma história linear em seus filmes. Para o diretor tão ou mais importante do que isso é desvendar a alma humana, tentando trazer para a tela os sentimentos e as sensações de seus personagens. É justamente o que acontece aqui. O filme foi de certa forma vendido com o marketing errado. Muitos que nunca viram um filme de Terrence Malick pensaram que iriam assistir a um filme de aventura, com história passada nos tempos em que os primeiros europeus chegaram no novo continente recém descoberto. Nada disso. Embora realmente a história seja passada nesse período o que temos aqui é mais um filme de Terrence Malick seguindo sua linha tradicional de fazer cinema. No meu caso não poderia haver nada melhor!

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Fievel - Um Conto Americano

Título no Brasil: Fievel - Um Conto Americano
Título Original: An American Tail
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Don Bluth
Roteiro: Judy Freudberg, Tony Geiss
Elenco: Dom DeLuise, Christopher Plummer, Erica Yohn, John Finnegan, Will Ryan, Hal Smith

Sinopse:
Ao emigrar para os Estados Unidos, um jovem ratinho russo chamado Fievel se separa de sua família, enquanto tenta sobreviver em um novo país e a uma nova realidade de vida. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor música original ("Somewhere Out There" de James Horner, Barry Mann e Cynthia Weil).

Comentários:
Até a década de 1980 a Disney reinava soberana no mercado de animações em longa-metragem para o cinema. Simplesmente não havia concorrência. A partir de filmes como "Fievel" essa realidade começou a mudar. Essa animação foi produzida pela Universal, quase como um teste de mercado, para sondar se havia espaço mesmo para outras animações que não fossem dos estúdios do ratinho Mickey Mouse. E o resultado foi melhor do que o esperado. O filme foi elogiado pela crítica e rendeu uma boa bilheteria, chamando a atenção para todos os demais estúdios de Hollywood, o que fez mudar definitivamente esse mercado de animações. E não podemos deixar de elogiar também o trabalho do diretor Don Bluth. Cineasta e animador talentoso, ele vinha justamente dos estúdios Disney onde havia trabalhado por muitos anos. Não havia nome melhor para enfrentar o império Disney do que alguém formado em seus próprios estúdios de animação. Então é isso, "Fievel" não foi apenas uma ótima animação, foi também uma mudança de paradigma em todo esse universo das animações cinematográficas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de maio de 2021

Jesus de Nazaré

Franco Zeffirelli nunca foi um diretor de moderação. Ao contrário disso ele sempre foi um cineasta que ia ao limite. Assim quando foi contratado para dirigir uma versão da história de Jesus Cristo para as telas, não quis saber de economias. Ele queria mesmo, como afirmou em entrevistas na época, dirigir o filme definitivo sobre a história de Jesus. Para tanto contou com um orçamento milionário, uma produção envolvendo produtores britânicos e italianos e um elenco numeroso e fenomenal, com vários astros do cinema em papéis coadjuvantes. Muito dinheiro foi investido e o primeiro corte do diretor resultou em um filme com mais de quatro horas de duração. Inviável lançar algo tão longo nos cinemas da época.

Diante disso o estúdio decidiu fazer duas versões do filme. Uma editada com pouco mais de 2 horas de duração para o cinema e uma versão bem longa que seria exibida na TV em formato de minissérie. Franco Zeffirelli não gostou muito, entretanto ele não tinha mais controle sobre sua própria criação. O resultado é um filme muito bom, com ótimas cenas e uma fidelidade tão grande com a imagem do Jesus das pinturas e quadros da renascença que o ator escolhido para viver Jesus era uma réplica fiel daquele Jesus mais conhecido, com olhos azuis e nariz alongado, algo que é discutido por historiadores de maneira em geral. De qualquer forma essa é uma questão secundária, pois "Jesus de Nazaré" segue sendo um dos filmes mais amados por cristãos de todo o mundo. Sinal de que o trabalho foi realmente extremamente bem feito.

Jesus de Nazaré (Jesus of Nazareth, Inglaterra, Itália, 1977) Direção: Franco Zeffirelli / Roteiro: Franco Zeffirelli, Anthony Burgess, Suso Cecchi D'Amico, baseados nos evangelhos do novo testamento / Elenco: Robert Powell, Olivia Hussey, Laurence Olivier, Ernest Borgnine, Claudia Cardinale, James Earl Jones, James Mason, Donald Pleasence, Christopher Plummer, Anthony Quinn, Rod Steiger, Peter Ustinov, Michael York / Sinopse: O filme conta a história de Jesus, judeu nascido na Galiléia que passou a difundir uma mensagem de paz e amor entre os homens durante o século I.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus

Título no Brasil: O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus
Título Original: The Imaginarium of Doctor Parnassus
Ano de Produção: 2009
País: Inglaterra, França, Canadá
Estúdio: Infinity Features Entertainmen
Direção: Terry Gilliam
Roteiro: Terry Gilliam, Charles McKeown
Elenco: Christopher Plummer, Heath Ledger, Johnny Depp, Jude Law, Colin Farrell, Lily Cole, Andrew Garfield

Sinopse:
O Dr. Parnassus (Christopher Plummer) é um ator de teatro ambulante que acredita ter mil anos de vida! Ele afirma que no passado fez um pacto com o Diabo para se tornar imortal. Só que o tempo passa e ele afunda na bebida. A vida de sua trupe muda quando eles encontram um jovem desconhecido pendurado numa fora debaixo de uma ponte de Londres. Quem seria ele? Qual seria o seu passado? Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor figurino (Monique Prudhomme) e melhor direção de arte.

Comentários:
Esse filme sempre será lembrado como o último da carreira de Heath Ledger. Ele estava bem no meio das filmagens quando morreu de uma overdose de drogas acidental. O diretor Terry Gilliam ficou com um enorme problema nas mãos, pois o ator só havia filmado metade de suas cenas. Como Gilliam iria terminar seu filme? A solução veio quando três atores (Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell) se ofereceram para terminar o filme, interpretando o personagem de  Heath Ledger. Eles trabalharam de graça e fizeram tudo isso em homenagem ao amigo falecido. O resultado soa um pouco estranho, mas o que poderia ser mais estranho do que o próprio filme em si? "O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus" é praticamente uma viagem lisérgica, uma homenagem aos antigos artistas mambembes, que viajavam de cidade em cidade com seus shows itinerantes. É um filme que tem bons momentos, mas também exageros típicos do cinema de Terry Gilliam. Tudo isso porém soa secundário. O filme sempre será um registro dos últimos momentos de Heath Ledger no cinema. E isso inegavelmente o colocará em destaque na história do cinema.

Pablo Aluísio.

sábado, 8 de fevereiro de 2020

Entre Facas e Segredos

Um escritor de livro de mistérios, rico e famoso, é encontrado morto em seu escritório. Supostamente ele teria cometido suicídio com uma faca. Porém a sua morte deixa inúmeras dúvidas. Afinal ele não demonstrava que queria acabar com sua vida. Um detetive particular, Benoit Blanc (Daniel Craig), é contratado por uma pessoa desconhecida para participar das investigações. Com todos os familiares do morto reunidos em sua mansão começam as especulações. Todos ali pareciam ter bons motivos para matar o velho. Mas afinal quem seria o real assassino? E como teria sido cometido esse assassinato? São perguntas que Blanc tentará responder.

Essa é a premissa básica desse "Entre Facas e Segredos". Para quem conhece livros de mistério fica claro que o roteiro aqui bebe de uma fonte bem conhecida. A obra literária de Agatha Christie é uma referência óbvia. Sempre há uma morte misteriosa e todos os personagem que gravitaram em torno de morto são suspeitos. Filhos, filhas e netos são suspeitos.

Com ótimo elenco, esse filme recebeu uma indicação honrosa ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original. Dito isso, devo confessar que não achei o mistério tão inspirado assim. Qualquer livro de Agatha Christie tem trama muito mais bem elaborado. O filme procura criar um clima pois o enredo se passa praticamente todo dentro de uma velha mansão, mas até nisso penso que o filme ficou um pouco superficial. O grande mérito desse filme em minha opinião vem do elenco, todo muito bom. A começar pelo veterano Christopher Plummer, um ator que não canso de elogiar. Ele interpreta o escritor que é encontrado morto. Porém não se preocupe, ele tem várias cenas no filme, sempre retornando em longos flashbacks. A bonita Ana de Armas interpreta a assistente e enfermeira do velho escritor. Ele é ponto central da história. Com olhos azuis, quase sempre olhando para o vazio, ela ainda consegue ser expressiva. Penso que é um bom filme, mas para quem é leitor dos grandes livros de mistério do passado, sua trama não soará tão excelente como andaram dizendo por aí. É sim algo até bem trivial.

Entre Facas e Segredos (Knives Out, Estados Unidos, 2019) Direção: Rian Johnson / Roteiro: Rian Johnson / Elenco: Daniel Craig, Christopher Plummer, Chris Evans, Ana de Armas, Jamie Lee Curtis, Michael Shannon, Toni Collette / Sinopse: O detetive particular Benoit Blanc (Daniel Craig) vai até uma velha mansão para investigar uma morte misteriosa. O rico e famoso escritor de livros de mistério Harlan Thrombey (Christopher Plummer) foi encontrado morto. Há uma versao oficial de que ele teria se matado, mas será que isso seria a verdade dos fatos? Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Ana de Armas) e Melhor Ator (Daniel Craig).

Pablo Aluísio. 

sábado, 18 de janeiro de 2020

O Escarlate e o Negro

Esse filme tem como tema uma das maiores controvérsias da história. Até hoje historiadores e teólogos discutem sobre qual teria sido efetivamente a posição da Igreja Católica durante o holocausto. Como se sabe o Papa Pio XII (1876 -1958) teve uma postura considerada por muitos como omissa. Enquanto milhões de judeus eram mortos em campos de concentração da Alemanha Nazista o Papa se recolheu ao silêncio. Já na visão de outros historiadores a posição de Pio XII foi a adequada pois caso tivesse entrado em choque direto com o ditador nazista o próprio Vaticano teria sido invadido ou destruído. Pior do que isso, milhões de católicos teriam sido perseguidos e mortos pelos nazistas em toda a Europa.

Em seu silêncio Pio XII teria ajudado milhares de refugiados, dando-lhes documentos e passaportes para fugir do horror alemão. Infelizmente os documentos históricos da época estão fechados na biblioteca do Vaticano e não serão abertos tão cedo. O tema ainda é muito delicado, tanto que há alguns anos houve uma tentativa de canonização de Pio XII que foi suspensa por causa da forte reação de grupos de sobreviventes do holocausto que até hoje não perdoam a posição do Papa na época. Afinal durante a maior tragédia humanitária da história o papa foi um santo ou um covarde?
   
Em “O Escarlate e o Negro” podemos encontrar algumas respostas. O filme foi baseado em fatos reais. O personagem principal da trama é o monsenhor Hugh O'Flaherty (Gregory Peck). Durante a II Guerra Mundial esse corajoso religioso irlandês se envolveu ativamente na salvação de centenas de procurados do regime nazista. Através de uma extensa rede de colaboradores católicos ele conseguiu salvar da morte muitas famílias de judeus, além de aliados e militares que encontravam em sua igreja um local de refúgio e apoio.

Seus esforços acabaram chamando a atenção do chefe local da Gestado em Roma, o Coronel Kappler (Christopher Plummer), que começou uma série de investigações em torno do religioso. Para Kappler o monsenhor estaria se utilizando de sua imunidade diplomática do Vaticano para ajudar essas pessoas. Estaria o religioso agindo por conta própria ou cumprindo ordens da alta cúpula da Igreja? Esse é um dos grandes mistérios que ronda até hoje a Igreja durante aqueles anos terríveis. De fato ele foi um dos "agentes secretos" do Papa, cuja principal função era ajudar judeus em sua fuga do nazismo. Um excelente filme com um tema histórico dos mais importantes. Assim deixo a dica e a recomendação desse belo filme que trata de um tema mais do que polêmico, com muito talento e delicadeza.

O Escarlate e o Negro (The Scarlet and the Black, Estados Unidos, 1983) Direção: Jerry London / Roteiro: David Butler, baseado no livro de J.P. Gallagher / Elenco: Gregory Peck, Christopher Plummer, John Gielgud / Sinopse: Um Monsenhor começa a ajudar refugiados e perseguidos do regime nazista a escapar do holocausto. Em seu encalço segue um alto oficial da Gestapo que pretende puni-lo por ajudar os inimigos do Estado alemão.

Pablo Aluísio. 


sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Waterloo - A Batalha de Napoleão

Depois de praticamente conquistar toda a Europa com seu formidável exército o imperador Napoleão Bonaparte (Rod Steiger) se vê encurralado em sua própria capital, Paris. Com os ingleses e prussianos chegando ele acaba renunciando ao seu poder imperial. Preso, é enviado para a distante ilha de Elba. Após conspirar para fugir de sua prisão consegue finalmente chegar no continente com apenas mil homens. Em pouco tempo cai novamente nas graças do povo de seu país e consegue reassumir o trono. Agora Napoleão deseja vingança contra todos os seus inimigos, algo que se dará de forma definitiva na batalha de Waterloo onde enfrentará mais uma vez o hábil general britânico Duque de Wellington (Christopher Plummer) que se encontra pronto para destruir de uma vez por todas com as ambições militares do imperador francês.

Em minha opinião essa produção segue sendo, ainda nos dias de hoje, o melhor filme já realizado sobre os últimos dias do Imperador Napoleão Bonaparte (1769 - 1821). Produzido por Dino de Laurentiis é um daqueles filmes grandiosos, com milhares de extras, figurinos deslumbrantes e cenas do campo de batalha praticamente impecáveis. O roteiro é muito bem escrito e tenta mostrar em detalhes os dois lados desse conflito que decidiu os rumos da Europa de forma definitiva. O Imperador Napoleão é interpretado por Rod Steiger. Que grande ator! Ele tem aqui um dos grandes trabalhos de atuação de sua carreira. Seu Napoleão é um sujeito envelhecido, doente e completamente alucinado em se agarrar nos últimos fiapos de suas glórias passadas. Após retornar da ilha prisão de Elba ele consegue voltar ao poder, mas agora está cercado de inimigos por todos os lados, em especial os ingleses e os prussianos. Egomaníaco e convencido de sua própria lenda, o velho Napoleão decide ousar, indo diretamente para o ataque contra os exércitos inimigos, para surpresa de todos os seus generais. Nada de ficar na defensiva.

Embora tenha há muito tempo perdido no front a possibilidade de conquistar toda a Europa (ainda mais depois da desastrosa campanha na Rússia), o envelhecido general resolve dar a cartada final de sua vida ao encontrar no campo lamacento de Waterloo o poderoso exército comandado pelo comandante inglês Wellington (Christopher Plummer). O que se segue é uma das batalhas mais sangrentas da história, algo que só se repetiria em solo europeu com a eclosão da II Guerra Mundial mais de um século depois. O filme se apoia basicamente em dois atos. No primeiro conta o contexto histórico que antecedeu a grande batalha (a prisão e fuga de Elba e o retorno triunfante de Napoleão pelas mãos do povo ao poder).

No segundo ato (que dura mais do que 60 minutos de filme) a própria batalha é desvendada em detalhes, mostrando as estratégias usadas pelas duas forças inimigas. Para quem gosta de história militar é certamente um prato cheio, tudo muito bem realizado, com centenas de milhares de figurantes em cena (todos pertencentes ao exército russo que colaborou na época com as filmagens). Um dos momentos mais significativos do filme acontece justamente após a carnificina. Montado em seu cavalo, Wellington fita o campo cheio de soldados mortos, alguns bem jovens, ainda na flor da idade. O cenário é de completa desolação. Então ele diz uma de suas frases mais famosas, que entrou inclusive para a história: "Não existe nada mais desolador em um campo de batalha do que a vitória, exceto, é claro, a própria derrota".

Waterloo - A Batalha de Napoleão (Waterloo, Inglaterra, Rússia, Itália, 1970) Estúdio: Dino de Laurentiis Cinematografica / Direção: Sergey Bondarchuk / Roteiro: Sergey Bondarchuk, H.A.L. Craig / Elenco: Rod Steiger, Christopher Plummer, Orson Welles / Sinopse: O filme recria a famosa batalha de Waterloo onde finalmente o Imperador Napoleão Bonaparte foi vencido pelos exércitos da Inglaterra. Filme vencedor do BAFTA Awards nas categorias de Melhor Figurino e Melhor Direção de Arte. Também indicado na categoria de Melhor Fotografia.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Limites

Laura (Vera Farmiga) sempre teve um relacionamento ruim e problemático com o pai Jack (Christopher Plummer). Desde a infância e adolescência ela quis ter um pai presente, responsável, que lhe ajudasse na vida. Só que isso nunca aconteceu. Jack sempre foi ausente na sua criação, além de ser um péssimo exemplo para qualquer um. Os anos passam e Jack se tornou idoso, sem ter para onde ir. Claro, nesse momento ele então decide procurar a filha. O problema é que ela também tem uma vida complicada, pois se tornou mãe solteira, precisando lutar para criar sozinha o seu filho. E do choque de gerações nasce a linha narrativa principal desse filme.

Lendo o resumo, a sinopse do filme, pode ficar parecendo que se trata de um drama. Não é isso. Embora trate do desastroso relacionamento entre pai e filha, o roteiro também abre espaço para sutilezas, adotando um tom até leve, aberto também para o humor. Os personagens pegam a estrada e isso abre margem para aquele tipo cinematográfico que conhecemos bem, o road movie.

De uma maneira ou outra o grande motivo para o cinéfilo conferir esse filme é o excelente elenco. Começando pela presença de Christopher Plummer. É incrível, mas o veterano ator aos 89 anos de idade parece viver o melhor momento de sua longa carreira. Ele foi premiado com o Oscar por seu trabalho em "Toda Forma de Amar" e segue firme, trabalhando como nunca, aparecendo em filmes realmente muito bons. É um exemplo de vida. Já Vera Farmiga dá um tempo nos filmes de terror - estilo onde também se tornou produtora de sucesso - para mais uma vez mostrar que é uma atriz realmente talentosa. Sua personagem sob esse ponto de vista não deixa de ser um presente em sua carreira. Então deixo a dica. É um filme ainda pouco conhecido, pouco comentado, mas que vale muito a pena conhecer.

Limites (Boundaries, Estados Unidos, Canadá, 2018) Direção: Shana Feste / Roteiro: Shana Feste / Elenco: Vera Farmiga, Christopher Plummer, Christopher Lloyd, Lewis MacDougall / Sinopse: Idoso e sem ter onde morar, Jack (Plummer) decide ligar para a filha Laura (Farmiga). Eles sempre tiveram uma convivência conturbada, mas agora vão ter que se acostumar juntos, superando as antigas barreiras do passado.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Christopher Plummer

Christopher Plummer só melhorou com o passar dos anos. Pelo menos essa é a impressão de muitos cinéfilos e críticos de cinema ao redor do mundo. Hoje em dia podemos dizer inclusive que ele está no melhor momento de sua carreira e isso após quase 70 anos de carreira e mais de 200 filmes no currículo! Não é pouca coisa, meus caros. Há dois dias ele completou 89 anos de idade e nem pensa em se aposentar!

O interessante é que ele só veio mesmo a ser considerado um grande ator, de primeira grandeza, há relativamente pouco tempo. Para quem está há tantos anos na estrada não deixa de ser uma grande injustiça. Finalmente Plummer está tendo o reconhecimento que sempre mereceu, mesmo quando atuava em papéis menores, de personagens secundários, algo que ele fez com muita dignidade quando sua carreira começava a entrar numa fase morna, sem sucessos de bilheteria.

Durante muitas décadas ele foi considerado apenas um galâ elegante, ideal para interpretar personagens aristocráticos, sofisticados, da alta classe. O Oscar só veio em 2017, por sua atuação em "Toda Forma de Amor". Tarde demais? Não, diria que antes tarde do que nunca! Pessoalmente confesso que de certa maneira também nunca havia prestado muito atenção nele até meados dos anos 80. Uma das minhas referências mais óbvias quando ouvia falar em Christopher Plummer era seu bom desempenho como Sherlock Holmes em "Assassinato por Decreto". Ele interpretou um Sherlock bem fiel aos livros originais, bem clássico, bem de acordo com as páginas da literatura. E isso me causou uma excelente impressão.

Dizem que os galãs geralmente possuem prazo de validade. Quando a idade chega eles tendem a ser esquecidos. No caso de Plummer isso não aconteceu. Ele passou a ter um outro momento em sua vida artística. Penso que nem foi algo planejado pelo ator. Ele simplesmente aceitou bons papéis que iam surgindo, geralmente de pessoas na terceira idade. Eram bons roteiros e isso o elevou de novo ao primeiro time de Hollywood. "O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus", "A Última Estação", "Elsa e Fred - Um Amor de Paixão", "O Homem Que Inventou o Natal", "Todo o Dinheiro do Mundo", "A Exceção" "Limites" e "Não Olhe Para Trás" são filmes representativos desse seu novo momento na sua filmografia, que é sempre bom lembrar, é cheia de clássicos do passado.

Pablo Aluísio. 

sábado, 8 de dezembro de 2018

O Homem Que Inventou o Natal

Excelente filme. O roteiro foca em um período da vida do escritor Charles Dickens (Dan Stevens) em que ele estava escrevendo um dos maiores clássicos da literatura, o livro "A Christmas Carol" (lançado no Brasil com o título de "Um Conto de Natal"). Sem ideias, atolado em dívidas e precisando urgentemente de dinheiro ele decidiu escrever esse novo livro às pressas. O problema é que livros sobre o natal estavam em baixa. Seus três últimos romances também não tinham vendido bem. Os editores não colocavam fé e ele então resolveu arriscar tudo na publicação de seu novo livro. Bancando a publicação, pagando tudo do próprio bolso e ainda tendo que criar o conto, tudo parecia perdido. O mais brilhante desse roteiro é que o espectador literalmente entra na mente do protagonista, compartilhando com ele as dificuldades de criação, mostrando Dickens interagindo com os próprios personagens do livro, dissecando as origens de muitas das ideias que foram colocadas no enredo de seu conto de natal. O sucesso foi absoluto, se tornando o best-seller mais vendido de toda a sua vida. Um êxito enorme de vendas!

Quem conhece a obra original sabe que o personagem mais importante em suas páginas é um velho industrial, homem seco e ganancioso chamado Scrooge (Christopher Plummer). Ele é visitado por três fantasmas que estão ali para mostrar como sua vida está errada, como a falta de valores em sua vida o condenam ao esquecimento. Assim o velho aos poucos vai mudando seu modo de agir, numa verdadeira renovação, o que seria o próprio espírito do natal. Tudo é magistralmente desenvolvido, com ótima produção e elenco afiado. Um filme adorável onde todos os aspectos parecem bem encaixados, resultando numa excelente dica para esse período de natal. É um dos melhores de sua espécie e se você é fã dos livros de Dickens se torna indispensável.

O Homem Que Inventou o Natal (The Man Who Invented Christmas, Canadá, Irlanda, 2017) Direção: Bharat Nalluri / Roteiro: Susan Coyne, Les Standiford, baseados no livro "The Man Who Invented Christmas" de Les Standiford / Elenco: Dan Stevens, Christopher Plummer, Jonathan Pryce, Ger Ryan, Anna Murphy, Miles Jupp / Sinopse: O escritor Charles Dickens (Dan Stevens) passa por um período ruim em sua carreira. Seus últimos livros fracassaram em vendas e as editoras não querem mais publicar seus novos romances. Procurando por inspiração e precisando de dinheiro ele cria um conto de natal, cujo personagem principal seria o famigerado Sr. Scrooge (Christopher Plummer).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

A Última Estação

Excelente filme que conta a história das últimas semanas de vida do escritor russo Leon Tolstói (Christopher Plummer). Ele ficou mundialmente conhecido ao escrever verdadeiras obras primas da literatura mundial como Guerra e Paz (1869) e Anna Karenina (1877). No filme seu editor e amigo de longa data manda um jovem rapaz chamado Valentin (James McAvoy) para trabalhar como seu secretário particular. Uma vez na casa de Leon Tolstói ele passa a vivenciar tudo o que estava acontecendo em sua vida pessoal, inclusive seu conturbado relacionamento com a esposa, Sofya (Helen Mirren), uma mulher de temperamento forte e explosivo. Um dos aspectos mais interessantes é que o velho escritor tinha planos de levar em frente um movimento baseado em uma nova forma de encarar a vida. Entre as coisas que pregava estava o desprendimento de coisas materiais. O problema é que ele próprio era um conde, membro da elite e da nobreza russa, vivendo em uma bela mansão, com muitos servos trabalhando em sua propriedade rural. Até que um dia ele acaba brigando com a esposa e decide colocar em prática seus ensinamentos, com consequências trágicas. Tudo o que se vê na tela foi baseado em fatos históricos reais.

Além de ter um ótimo roteiro, esse filme ainda conta com um elenco primoroso, a começar por Christopher Plummer, com longa barba grisalha e quase irreconhecível em sua caracterização de Tolstói; Helen Mirren dispensa maiores apresentações, uma das grandes damas do cinema atual. E completando o elenco de talentos temos até mesmo Paul Giamatti como o amigo de longa data e editor de Leon Tolstói. Ele tem uma posição interessante no meio de tantos personagens marcantes, porque no fundo almeja que o velho escritor doe todos os direitos autorais de sua obra para a humanidade, algo que enfurece a esposa do autor, afinal esse seria o grande tesouro para a família dele. Enfim, ótimo filme que conta uma história que se não fosse baseada em tudo o que aconteceu, poderia facilmente se passar por mais um romance escrito pelo próprio Tolstói.

A Última Estação (The Last Station, Inglaterra, Alemanha, Rússia, 2009) Direção: Michael Hoffman / Roteiro: Michael Hoffman, Jay Parini / Elenco: Christopher Plummer, Helen Mirren, James McAvoy, Paul Giamatti / Sinopse: No fim de sua vida, o escritor russo Leon Tolstói (Christopher Plummer) decide colocar em prática tudo aquilo que pregou em vida na sua obra literária. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Helen Mirren) e Melhor Ator (Christopher Plummer). Também indicado ao Globo de Ouro e ao Screen Actors Guild Awards nas mesmas categorias.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 22 de maio de 2018

A Queda do Império Romano

Título no Brasil: A Queda do Império Romano
Título Original: The Fall of the Roman Empire
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos, Itália
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Anthony Mann
Roteiro: Ben Barzman, Basilio Franchina
Elenco: Alec Guiness, Sophia Loren, Christopher Plummer, Omar Sharif, James Mason, Stephen Boyd

Sinopse:
Maior império que o mundo já conheceu, o Império Romano começa a entrar em colapso por causa de problemas internos ao qual o filme explora muito bem: invasões de povos bárbaros, corrupção, brigas internas, politicagem e um Imperador frívolo que negligencia a administração do Império em razão de sua obsessão por lutas de gladiadores. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Trilha Sonora (Dimitri Tiomkin). Vencedor do Globo de Ouro na categoria de Melhor trilha sonora original incidental (Dimitri Tiomkin).

Comentários:
Belo filme épico! Esse "A Queda do Império Romano" tem uma das mais ricas produções que já vi. Na época não existia possibilidade de fazer nada virtual, tudo tinha que realmente existir. Assim tudo o que se vê na tela é real e impressiona o espectador!. São multidões de figurantes em cena. Acredito que seja o filme com o maior número de figurantes da história, cenários maravilhosos, figurinos deslumbrantes e tudo o que não poderia faltar em um filme épico como esse. Como produção o filme é realmente nota dez. Bonito de se ver, traz alguns problemas pontuais. Acredito que o diretor Anthony Mann se perdeu com o tamanho da produção. O filme tem três horas de duração, mas o enredo fica disperso, sem foco. Mesmo com todo esse tempo ele não conseguiu contar direito a sua história. Em muitos momentos se percebe que a direção está mais preocupada em explorar os cenários luxuosos do que investir nos personagens do filme. Na minha opinião esse é o típico caso em que a direção foi engolida pela produção do filme. Muito luxo e beleza, porém pouco trabalho de direção para os personagens que desfilam pela tela. Nenhum deles chega a ser bem desenvolvido, infelizmente.

O contraste é que não faltaram bons atores para os papéis principais. O elenco apresenta por isso altos e baixos. Entre as interpretações de grande categoria o filme traz Alec Guiness, perfeito na pele do Imperador Marco Aurélio. Suas cenas são excelentes, inclusive um inspirado monólogo de grande impacto. Christopher Plummer como o Imperador Comodus também está acima da média. Já do lado ruim no quesito de elenco temos uma Sophia Loren muito bonita, mas canastrona até o último fio de cabelo encaracolado e um Livius (o mocinho do filme) muito inexpressivo, interpretado por um apagado Stephen Boyd. Ele é tão sem graça que quase coloca todo o filme a perder. E pensar que esse papel seria do grande Charlton Heston. Por fim temos um roteiro que não consegue dar conta de um período histórico tão complexo e cheio de detalhes importantes. O texto toma grandes liberdades com a história real dos imperadores retratados no filme. Certamente não é historicamente correto e acredito inclusive que essa nunca foi a intenção dos roteiristas. Muita coisa se perdeu em nome de uma dramaticidade maior nos momentos mais importantes do filme. De qualquer forma consegue, aos trancos e barrancos, prender a atenção do espectador.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de maio de 2018

Todo o Dinheiro do Mundo

Um filme que tem pouco a ver com o restante da filmografia assinada por Ridley Scott. Provavelmente seja o seu filme mais diferente, o que não quer dizer que figure entre os melhores. É um filme sobre o sequestro do neto de um bilionário americano chamado J. Paul Getty (Christopher Plummer). O rapaz passa férias em Roma quando é cercado por criminosos que o levam para dentro de uma velha Kombi. De lá ele é levado para o cativeiro. Em pouco tempo os sequestradores entram em contato com sua mãe pedindo 17 milhões de dólares de resgate. O problema é que ela não tem dinheiro. O avô que é magnata do ramo de petróleo não se dá bem com ela e nem com o marido, seu filho, por coisas que aconteceram no passado. Ai entra o pior de tudo: o velho é um sujeito duro, quase desalmado, que ama mais suas obras de arte e mansões do que seus parentes de sangue. Ele não está nem um pouco disposto a pagar resgate. E agora, o que pode acontecer com o jovem? Provavelmente será executado.

No geral é um filme frio. O único sinal de maior emoção vem da atriz Michelle Williams que interpreta a sofrida mãe do garoto sequestrado. Mais um papel de coitadinha em lágrima de Michelle! Desde que o marido dela, o ator Heath Ledger, morreu de uma overdose de drogas em 2008, os estúdios não sabem oferecer outro tipo de papel para a loira. Uma pena porque é boa atriz. Já em termos de atuação acontece o esperado. O filme é completamente roubado nesse quesito pelo veterano Christopher Plummer. Seu bilionário é um sujeito mais do que frio, é gélido, embora tente passar uma imagem simpática. O típico ricaço materialista que não está se importando em conservar muitos valores humanos. Enquanto o neto está sendo torturado em um cativeiro pelos sequestradores, que inclusive arrancam uma de suas orelhas para enviar pelo correio, o velho bilionário está se deliciando em comprar mais uma obra de arte da renascença! Essa inspirada interpretação valeu a Christopher Plummer mais uma indicação ao Oscar. Com 88 anos de idade ele acabou entrando para o Guiness Book como o ator mais velho a concorrer ao maior prêmio do cinema! Um reconhecimento merecido por seu trabalho de atuação nessa película.

Todo o Dinheiro do Mundo (All the Money in the World, Estados Unidos, Itália, 2017) Direção: Ridley Scott / Roteiro: David Scarpa, baseado no livro escrito por John Pearson / Elenco: Christopher Plummer, Michelle Williams, Mark Wahlberg, Romain Duris, Timothy Hutton, Charlie Plummer / Sinopse: John Paul Getty III (Charlie Plummer), o neto de um magnata do petróleo americano, é sequestrado em Roma. Os criminosos passam a exigir 17 milhões de dólares por sua vida, mas o velho bilionário não parece muito empenhado em pagar o resgate. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Christopher Plummer). Igualmente indicado na mesma categoria no Globo de Ouro, além de ser indicado também nas categorias de Melhor Atriz (Michelle Williams) e Melhor Direção (Ridley Scott).

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de abril de 2018

A Exceção

A queda da antiga e tradicional monarquia prussiana abriu espaço para a subida ao poder do nazismo. Esse mais do que interessante filme mostra o que aconteceu com o Kaiser Wilhelm II (Christopher Plummer) vinte anos após perder o poder. Ele se encontrava isolado, no exílio na Holanda. Levava uma vida melancólica, mas igualmente tranquila até que a Alemanha invade a Holanda em 1940. Hitler imediatamente manda um capitão do exército do Reich para supostamente garantir a segurança pessoal do Kaiser, mas como o roteiro do filme mostra não era bem essa a intenção real. O filme se desenvolve justamente a partir da chegada do capitão ao velho casarão onde agora mora o Kaiser. Ele é um homem de idade avançada que ainda tem sonhos de voltar ao trono alemão. O que seria uma dádiva ao mundo se realmente acontecesse, pois era um homem calejado pela vida, com certa sabedoria, que jamais daria começo a uma guerra de proporções mundiais como a que os nazistas promoveram.

Claro que com Hitler no poder ele jamais voltaria à antiga glória da monarquia, porém a esperança ainda o movia. O filme tem uma sensibilidade bem orquestrada para mostrar esse lado sentimental, piegas e até ridículo de um antigo monarca que ainda respirava ideais que eram impossíveis de acontecer naquele momento histórico. Grande parte do que se vê na tela é mera ficção, mas o contexto histórico foi bem real, aconteceu de verdade. Um dos pontos altos do filme acontece quando o Kaiser destronado recebe a visita do braço direito de Hitler, a besta fera Heinrich Himmler, um monstro capaz de falar despreocupadamente na mesa de jantar sobre a melhor forma de executar crianças deficientes em campos de concentração. Claro que essa cena, muito bem realizada, muito provavelmente jamais aconteceu, mas serve como ponto de inflexão do grande trabalho de atuação do excelente Christopher Plummer em um papel que lhe caiu muito bem. Ele sai despedaçada interiormente do que ouve. Há também um romance entre o capitão e a empregada do Kaiser, mas essa parte da trama, apesar de importante na história, não consegue superar o grande trabalho de Plummer. Enfim, um filme muito bom, mostrando um lado periférico da história que poucos conhecem.

A Exceção (The Exception, Estados Unidos, Inglaterra, 2016) Direção: David Leveaux / Roteiro: Simon Burke, baseado no romance "The Kaiser's Last Kiss", escrito por  Alan Judd  / Elenco: Christopher Plummer, Lily James, Jai Courtney, Ben Daniels, Eddie Marsan / Sinopse:  Holanda, 1940. O Kaiser destronado Wilhelm II (Christopher Plummer) vê pela janela de sua casa a chegada de um destacamento do exército alemão. O país foi invadido por tropas nazistas e Hitler envia um capitão para cuidar da segurança pessoal do ex-monarca prussiano. Tudo porém está encoberto em uma grande neblina de falsa intenções e mentiras deliberadas por parte do III Reich. Filme indicado ao Golden Trailer Awards.

Pablo Aluísio.