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terça-feira, 19 de novembro de 2024

A Árvore da Vida

Título no Brasil: A Árvore da Vida 
Título Original: Raintree County
Ano de Lançamento: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: MGM
Direção: Edward Dmytryk
Roteiro: Millard Kaufman, Ross Lockridge Jr
Elenco: Elizabeth Taylor, Montgomery Clift, Eva Marie Saint, Rod Taylor, Lee Marvin, Agnes Moorehead

Sinopse:
Um jovem nortista se apaixona e se casa com uma garota do Sul. Ela tem segredos em seu passado, como a morte misteriosa de toda a sua família em um grande incêndio nunca devidamente explicado. E com a chegada da guerra civil, que colocou como inimigos o Norte e o Sul dos Estados Unidos, a situação fica ainda mais delicada entre o casal que se ama, mas que nunca conseguiu ser realmente feliz. 

Comentários:
Esse filme tenta seguir os passos do grande clássico "E O Vento Levou", mas não consegue chegar em seu objetivo.  Enquanto o original era grandioso e épico, esse só consegue ser um tanto indeciso, pois passeia em vários estilos cinematográficos tentando se encontrar, mas nunca chegando a um bom termo. Nas cenas românticas nunca decola. Na cenas de campo de batalha nunca impressiona. E nos momentos em que tenta fazer humor (como na corrida no meio da cidade) a coisa toda fica sem graça. É um filme longo e em muitos momentos cansativo. Nem o elenco está muito bem. Montgomery Clift nunca funcionou muito bem em papéis meramente românticos e Elizabeth Taylor era muito jovem para dar a profundidade psicológica que sua personagem exigia. Isso fica bem claro nos momentos em que ela perde a razão, caindo nas raias da loucura. Assim temos um filme grande, mas que nunca consegue mesmo se tornar um grande filme. Uma pena pelos nomes envolvidos, pois particularmente sempre fui fã de todos eles. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Pelos Bairros do Vício

Título no Brasil: Pelos Bairros do Vício
Título Original: Walk on the Wild Side
Ano de Produção: 1962
País: Estados Unidos
Estúdio: Famous Artists Productions
Direção: Edward Dmytryk
Roteiro: Nelson Algren
Elenco: Jane Fonda, Laurence Harvey, Capucine, Anne Baxter, Barbara Stanwyck, Joanna Moore, Richard Rust

Sinopse:
Na Doll House, um bordel de Nova Orleans dos anos 1930, Hallie é a principal atração tanto para os clientes quanto para Jo, a madame. Sua vida confortável, embora tediosa, é interrompida pela chegada à cidade de Dove Linkhorn, seu verdadeiro amor de três anos antes, que agora está procurando por ela.

Comentários:
Um dos primeiros filmes da carreira de uma jovem e bela Jane Fonda. O tema é espinhoso, mostrando a realidade de prostitutas de New Orleans. Elas procuram deixar seu passado para trás, mas o que fazer quando o passado vem atrás delas? O roteiro foi baseado em um romance chamado "Walk on the Wild Side". Embora o filme seja tecnicamente um drama romântico, há também espaço para um certo humor. Bem realizado, acabou sendo indicado ao Oscar na categoria de melhor música original, a bela "Walk on the Wild Side", escrita por Elmer Bernstein e Mack David. Em termos de elenco o destaque realmente vai para elas. As atrizes dominam da primeira à última cena. Além de Jane Fonda, o maior atrativo em meu ponto de vista, ainda há a talentosa veterana Barbara Stanwyck como a madame dona do bordel. Que grande talento tinha essa atriz! Enfim, vale a pena conhecer esse bom filme dos anos 60.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de março de 2021

A Nave da Revolta

Um filme clássico de guerra, sempre lembrado em listas de melhores do gênero. A história é das mais interessantes. O capitão Philip Francis Queeg (Humphrey Bogart) assume o comando do navio de guerra denominado Caine, durante a Segunda Guerra Mundial. Há anos a embarcação está precisando de reparos, além de contar com uma tripulação insubordinada e relapsa. Sua linha de comando dura e com forte ênfase nos menores detalhes, leva seu grupo de oficiais a entender que ele estaria passando por algum tipo de problema mental. Durante uma tempestade o tenente Steve Maryk (Van Johnson) resolve assumir o controle do navio. Seria esse um ato heroico ou um motim?

Logo no começo do filme a Marinha dos Estados Unidos deixa claro que nunca houve um motim na sua história e tudo o que o espectador irá assistir é mera ficção baseada no romance escrito por Herman Wouk, que inclusive venceu o Pulitzer, o mais prestigiado prêmio de literatura dos EUA. Certamente uma medida de precaução por parte das forças armadas. Afinal um motim é uma das piores coisas que podem acontecer dentro de um navio de guerra. É a quebra total e completa da hierarquia militar, colocando em risco a vida das pessoas, não apenas da tripulação, como também da sociedade em geral.

O roteiro é muito bem escrito, com destaque para quatro personagens centrais. O primeiro é o próprio capitão Queeg (Bogart), um militar que não aceita o menor deslize em relação ao regulamento da marinha. Para isso toma decisões absurdas que vão contra o bom senso. Também apresenta claros sinais de que não está bem mentalmente. O primeiro a perceber isso é o tenente Tom Keefer (MacMurray) que de certa forma se torna o estopim da destituição de seu comandante e Maryk (Johnson) que resolve arriscar tudo em um ato de extrema coragem para salvar o navio.

Nessa tabuleiro de tensões ainda há espaço para um recém saído tenente da academia militar, Willie Keith (Robert Francis), um jovem inexperiente que sequer consegue sair da sombra de sua mãe dominadora. O filme tem excelentes cenas para a época, com destaque para o momento em que o Caine enfrenta uma terrível tempestade. Depois do motim todos vão parar em uma corte marcial e o enredo dá uma guinada, virando um drama de tribunal militar. É sem dúvida um dos grandes filmes da carreira de Humphrey Bogart que inclusive concorreu ao Oscar de melhor ator. Em suma, temos aqui uma verdadeira obra prima do cinema clássico.

A Nave da Revolta (The Caine Mutiny, Estados Unidos, 1954) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Stanley Roberts, Michael Blankfort / Elenco: Humphrey Bogart, Robert Francis, José Ferrer, Van Johnson, Fred MacMurray, Tom Tully / Sinopse: Um motim se forma dentro de um navio de guerra da Marinha dos Estados Unidos, colocando em alerta todos os envolvidos na crise. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor direção (Edward Dmytryk), melhor roteiro (Stanley Roberts, Michael Blankfort) e melhor ator (Humphrey Bogart).

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Do Destino Ninguém Foge

Título no Brasil: Do Destino Ninguém Foge
Título Original: The Left Hand of God
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Edward Dmytryk
Roteiro: Alfred Hayes, William E. Barrett
Elenco: Humphrey Bogart, Gene Tierney, Lee J. Cobb, Agnes Moorehead, E.G. Marshall, Jean Porter

Sinopse:
Um homem com vestes sacerdotais, aparentemente sendo o tão esperado Padre O'Shea (Bogart), chega em uma distante e esquecida missão católica em uma província na China. O ano é 1947 e aquela nação ainda se recupera das marcas deixadas pela recente invasão japonesa ao país. Inicialmente o novo padre parece um pouco desconfortável com seus deveres religiosos, mas logo impõe um sistema de divisão de tarefas e deveres entre os missionários que se revela muito eficiente e produtiva. O sacerdote católico porém guarda um grande segredo, que irá se revelar mais tarde através de sua amizade com a enfermeira da missão, a bela e doce Anne (Gene Tierney).

Comentários:
Humphrey Bogart já estava corroído pela doença que o mataria quando realizou essa produção. O fato é que o ator adorava trabalhar e para ele filmar era uma espécie de benção e distração pois mantinha sua mente ocupada enquanto estava decorando textos e atuando. Era melhor do que ficar em casa agonizando e sofrendo dores, segundo sua própria opinião. Assim, mesmo com um cigarro constantemente acesso na boca e um copo de whisky na mão - dois vícios que lhe trouxeram muitos problemas de saúde ao longo dos anos - o velho Boogie conseguiu chegar ao final das filmagens e o mais surpreendente de tudo, atuando muito bem. A produção não é de primeira linha, temos que reconhecer, mas tem uma dignidade e uma sofisticação à toda prova, fruto é claro do bom trabalho desenvolvido pelo diretor Edward Dmytryk, que sempre procurou ser mais sutil ao contar suas estórias, ao invés de cair para o exagero. Revisto hoje em dia o clima de nostalgia se impõe e o roteiro mostra sua força, compensado certos aspectos envelhecidos na produção. Em suma, uma ótima oportunidade de rever em cena um dos maiores astros da história do cinema, na era de ouro de Hollywood, onde mesmo passando por um dos momentos mais complicados de sua vida pessoal, ainda conseguia mostrar toda a força de sua personalidade e caráter. Uma lição de vida que não se aprende na escola.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de dezembro de 2019

Shalako

Um grupo de nobres europeus resolve fazer uma viagem pelo velho oeste, uma espécie de safári na América. A intenção é conhecer aquela região selvagem para caçar animais exóticos como leões da montanha e carneiros de chifres. Durante a jornada acabam entrando inadvertidamente em uma reserva Apache. Os brancos não são bem-vindos naquele lugar desde que os nativos firmaram um tratado com o exército americano e por essa razão começam a ser caçados pelos guerreiros da tribo. Apenas o ex-coronel do exército Carlin "Shalako" (Sean Connery) poderá salva a vida daqueles viajantes. Com vasta experiência de sobrevivência no deserto adquirida por anos de serviço militar, ele tentará salvar todas aquelas pessoas da morte certa. Embora Sean Connery tenha atuado em mais de 90 filmes ao longo de sua carreira, ele praticamente não trabalhou em faroestes. Uma exceção foi esse "Shalako", uma produção europeia com jeitão de filme americano que tentou lançar a atriz Brigite Bardot dentro daquele mercado cinematográfico. 

A atriz que era um ícone de beleza e fama na época não levava jeito com a língua inglesa e por essa razão estava confinada e interpretar estrangeiras de passagem pela América. É o caso dessa sua personagem nesse filme. Ela é uma condessa em busca de um bom casamento. Para isso acaba participando da expedição patrocinada por um rico barão inglês. Todos vão para o oeste americano em busca de aventuras e diversão, mas tudo o que encontram pela frente são nativos selvagens e hostis. No meio do deserto começam a ser literalmente caçados por Apaches. Apenas a ajuda de um ex-militar veterano que vive de caçar búfalos chamado Shalako poderá garantir que não sejam mortos.

Sean Connery dá vida ao protagonista, um sujeito que se veste como Daniel Boone que tenta sobreviver naquelas terras áridas. Embora se chame Moses Carlin ele acaba adotando o nome que os Índios lhe deram: Shalako! Como todo nome índigena esse também tinha um significado, "Aquele que traz chuvas", já que sempre que entrava nas reservas apaches havia sinais de chuva por vir. Como era de esperar com Connery e Bardot em um mesmo filme os roteiristas logo trataram de criar um improvável romance entre eles. O curioso é que Connery já estava passando da idade de posar de galã romântico e mesmo não estando muito à vontade nessa função até que acabou não se saindo muito mal. Bardot continuava linda, porém já com os primeiros sinais da idade chegando (embora estivesse apenas com 35 anos na época!).

O roteiro do filme é até bem tradicional, sem maiores novidades. Basicamente é um jogo de vida ou morte no meio do deserto entre Apaches e os turistas europeus. Há também um bando de bandidos que roubam esses estrangeiros e entram no meio desse jogo de gato e rato. Em praticamente três atos o filme tem uma conclusão muito boa, nas montanhas, quando Connery resolve levar os viajantes para o topo de platô no meio do deserto em busca de água. Além da escalada (o que já garante ótimas cenas de ação) há ainda um duelo de lanças entre Connery e um Apache no alto da colina (sem dúvida uma boa cena de luta, bem coreografada e executada). Tudo garantindo aquele clima de diversão e aventura bem típico dos filmes da época. A lamentar apenas o fato de que esse seria o último faroeste de Sean Connery que ao que tudo indica não gostou muito da experiência de filmar em um deserto como aquele (que apesar de parecer ser o deserto da Califórnia era na verdade a região de Andalucía, na Espanha, onde vários filmes de western spaghetti foram filmados).

Shalako (Shalako, Inglaterra, Alemanha, 1968) Estúdio: Palomar Pictures International / Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: James Griffith, baseado no livro de Louis L'Amour / Elenco: Sean Connery, Brigitte Bardot, Stephen Boyd / Sinopse: Grupo de europeus da nobreza decide ir até o oeste dos Estados Unidos para caçar naquela região considerada selvagem por todos eles. Só que uma vez nesse deserto hostil eles passam a ser caçados por nativos e guerreiros locais.

Pablo Aluísio.
 

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

A Batalha de Anzio

Filme de guerra feito nos moldes do velho estilo do gênero, embora tenha sido produzido já no final dos anos 60, quando esse modo de fazer cinema já estava ficando um pouco fora de moda. Ao invés do romantismo heroico dos filmes antigos, o cinema já naquela fase procurava por mais realismo, mostrando os soldados e combatentes como eles eram na vida real, ou seja, sujeitos que não eram exatamente heróis absolutos, acima do bem e do mal, mas sim seres humanos normais, que apresentavam também suas pequenas e grandes falhas de caráter.

O filme é uma produção entre estúdios americanos e italianos e mostra a carnificina que aconteceu em campo quando tropas aliadas e nazistas bateram de frente numa das batalhas mais sangrentas da II Guerra Mundial. Em pouco tempo de fogo cruzado mais de 30 mil homens foram mortos de ambos os lados. Esse capítulo da guerra foi vital pois estava em jogo o domínio sobre a Itália e sua capital Roma. No elenco o grande destaque vem da presença do veterano Robert Mitchum. O tempo já havia castigado o velho ídolo do cinema, mas ele ainda estava firme e forte em cena, interpretando o mesmo tipo durão que fez sua fama ao longo de tantos anos de carreira.

A Batalha de Anzio (Lo sbarco di Anzio, Estados Unidos, Itália, 1968) Direção: Edward Dmytryk, Duilio Coletti / Roteiro: H.A.L. Craig, baseado no livro de história escrito por Wynford Vaughan-Thomas / Elenco: Robert Mitchum, Peter Falk, Robert Ryan / Sinopse: Dick Ennis (Robert Mitchum) é o correspondente de guerra que vivencia uma das mais violentas batalhas da II Grande Guerra Mundial, quando soldados aliados e inimigos nazistas encheram o solo italiano de sangue decorrente de um dos conflitos armados mais letais da história.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Minha Vontade é Lei

Warlock é uma cidadezinha do velho oeste que é constantemente atormentada por um bando de mal feitores que cometem crimes à luz do dia, na frente de todos, aterrorizando a pacata população local. Após assassinar o último xerife da cidade um conselho de cidadãos resolve contratar dois famosos pistoleiros para proteger e impor ordem na localidade. Clay Blaisedell (Henry Fonda) e Tom Morgan (Anthony Quinn) são então chamados a Warlock para impor através de seus colts a ordem e a lei para todos. "Minha Vontade é Lei" é um western muito bem escrito, com excelente trama que consegue unir um dos melhores elencos que já vi reunidos: Além de Henry Fonda (sempre ótimo) e Anthony Quinn (interpretando um velho pistoleiro com os dias contados) o filme ainda traz o eficiente e subestimado Richard Widmark como um auxiliar do xerife que tenta de alguma forma estabelecer uma ordem na caótica Warlock. Para os fãs de "Star Trek" uma curiosidade: a presença de DeForest Kelley como um membro do bando de bandidos que aterrorizam a cidade. Assim que surge em cena lembramos automaticamente de seu maior personagem, o médico da nave espacial Enterprise.

"Minha Vontade é Lei" foi dirigido pelo veterano Edward Dmytryk (1908–1999) . Ele não era um diretor especializado em faroestes, tendo dirigido mais dramas o que talvez explique algumas características desse filme. O roteiro não tem pressa em apresentar os personagens e nem em desenvolvê-los de forma bem gradual, aos poucos. Todos possuem personalidades complexas, que podem transitar tranquilamente entre a lei e a desordem. Os pistoleiros interpretados por Fonda e Quinn são exemplos disso. Não são mocinhos absolutos, pelo contrário, podem facilmente mudar de lado caso isso seja de seu interesse. A direção de Dmytryk é adequada mas não tão ágil como alguns fãs de western preferem (principalmente os adeptos de filmes de bang-bang mais viris) mesmo assim não faltam os momentos vitais no desenrolar do filme, como os confrontos, brigas e por fim o duelo final. De fato é uma produção acima da média, um faroeste um pouco mais dramático do que habitual mas não menos interessante e bom. Recomendo com absoluta certeza.

Minha Vontade é Lei (Warlock, EUA, 1959) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Robert Alan Aurthur baseado na novela de Oakley Hall / Elenco: Richard Widmark, Henry Fonda, Anthony Quinn, DeForest Kelley, Dorothy Malone / Sinopse: Warlock é uma cidadezinha do velho oeste que é constantemente atormentada por um bando de mal feitores que cometem crimes à luz do dia, na frente de todos, aterrorizando a pacata população local. Após assassinar o último xerife da cidade um conselho de cidadãos resolve contratar dois famosos pistoleiros para proteger e impor ordem na localidade. Clay Blaisedell (Henry Fonda) e Tom Morgan (Anthony Quinn) são então chamados a Warlock para impor através de seus colts a ordem e a lei para todos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Shalako

Título no Brasil: Shalako
Título Original: Shalako
Ano de Produção: 1968
País: Inglaterra, Alemanha
Estúdio: Palomar Pictures International
Direção: Edward Dmytryk
Roteiro: James Griffith, baseado no livro de Louis L'Amour
Elenco: Sean Connery, Brigitte Bardot, Stephen Boyd
  
Sinopse:
Um grupo de nobres europeus resolve fazer uma viagem pelo velho oeste, uma espécie de sáfari na América. A intenção é conhecer aquela região selvagem para caçar animais exóticos como leões da montanha e carneiros de chifres. Durante a jornada acabam entrando inadvertidamente em uma reserva Apache. Os brancos não são bem-vindos naquele lugar desde que os nativos firmaram um tratado com o exército americano e por essa razão começam a ser caçados pelos guerreiros da tribo. Apenas o ex-coronel do exército Carlin "Shalako" (Sean Connery) poderá salva a vida daqueles viajantes. Com vasta experiência de sobrevivência no deserto adquirida por anos de serviço militar ele tentará salvar todas aquelas pessoas da morte certa.

Comentários:
Embora Sean Connery tenha atuado em mais de 90 filmes ao longo de sua carreira ele praticamente não trabalhou em faroestes. Uma exceção foi esse "Shalako", uma produção européia com jeitão de filme americano que tentou lançar a atriz Brigite Bardot dentro daquele mercado cinematográfico. A atriz que era um ícone de beleza e fama na época não levava jeito com a língua inglesa e por essa razão estava confinada e interpretar estrangeiras de passagem pela América. É o caso dessa sua personagem nesse filme. Ela é uma condessa em busca de um bom casamento. Para isso acaba participando da expedição patrocinada por um rico barão inglês. Todos vão para o oeste americano em busca de aventuras e diversão, mas tudo o que encontram pela frente são nativos selvagens e hostis. No meio do deserto começam a ser literalmente caçados por Apaches. Apenas a ajuda de um ex-militar veterano que vive de caçar búfalos chamado Shalako poderá garantir que não sejam mortos. Sean Connery dá vida ao protagonista, um sujeito que se veste como Daniel Boone que tenta sobreviver naquelas terras áridas. Embora se chame Moses Carlin ele acaba adotando o nome que os Índios lhe deram: Shalako! Como todo nome índigena esse também tinha um significado, "Aquele que traz chuvas", já que sempre que entrava nas reservas apaches havia sinais de chuva por vir. Como era de esperar com Connery e Bardot em um mesmo filme os roteiristas logo trataram de criar um improvável romance entre eles. 

O curioso é que Connery já estava passando da idade de posar de galã romântico e mesmo não estando muito à vontade nessa função até que acabou não se saindo muito mal. Bardot continuava linda, porém já com os primeiros sinais da idade chegando (embora estivesse apenas com 35 anos na época!). O roteiro do filme é até bem tradicional, sem maiores novidades. Basicamente é um jogo de vida ou morte no meio do deserto entre Apaches e os turistas europeus. Há também um bando de bandidos que roubam esses estrangeiros e também entram no meio desse jogo de gato e rato. Em praticamente três atos o filme tem uma conclusão muito boa, nas montanhas, quando Connery resolve levar os viajantes para o topo de platô no meio do deserto em busca de água. Além da escalada (o que já garante ótimas cenas de ação) há ainda um duelo de lanças entre Connery e um Apache no alto da colina (sem dúvida uma boa cena de luta, bem coreografada e executada). Tudo garantindo aquele clima de diversão e aventura bem típico dos filmes da época. A lamentar apenas o fato de que esse seria o último faroeste de Sean Connery que ao que tudo indica não gostou muito da experiência de filmar em um deserto como aquele (que apesar de parecer ser o deserto da Califórnia era na verdade a região de Andalucía, na Espanha, onde vários westerns spaghettis foram filmados).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Alvarez Kelly

Uma guerra não se vence apenas com tropas e armas. É preciso provisões, alimentos, para os soldados que vão lutar nela. Essa história se passa durante a guerra civil americana. Alvarez Kelly (William Holden) é um comerciante de gado, que atravessa grandes distâncias para vender os animais como alimento para o exército da União. Ele é um sujeito pragmático, disposto a vender seu produto a qualquer lado do conflito, desde que seja bem pago. Durante a entrega de mais um rebanho, Kelly é raptado por soldados da Confederação liderados pelo Coronel Tom Rossiter (Richard Widmark). A ideia é fazer com que Kelly ajude aos rebeldes do sul no roubo de todo aquele gado, o levando para Richmond, cidade confederada sitiada por tropas do general da União Grant. Com o rebanho servindo de provisão, o exército sulista poderia aguentar por mais tempo.

O filme tem várias reviravoltas, sempre com Kelly nas mãos dos confederados. Ele é um velho cowboy experiente, nascido no México, filho de pais irlandeses, que na verdade pouco está se importando com quem vencerá a guerra. A estrutura do roteiro tem alguns problemas, principalmente com quebras de ritmo, causadas principalmente por idas e vindas da história. Não consegui localizar a informação se a história contada no filme é de fato real. Pelos letreiros finais dá-se a entender que sim, porém pessoalmente acho pouco provável que de fato tenha acontecido. Roubar gado de tropas da União para levar até o front confederado soa mesmo como mera ficção.

De qualquer forma o filme vale a pena. Afinal temos aqui dois grandes atores em cena. O ator William Holden já não era o grande galã do passado. Problemas de alcoolismo crônico o debilitaram bastante. O curioso é que seu personagem fica o tempo todo em busca de bebida (de preferência whisky escocês!), numa incômoda referência com aspectos de sua vida pessoal. Melhor se sai Richard Widmark. Você não sentirá qualquer simpatia por seu personagem, um Coronel confederado com sinais de psicopatia e crueldade. Isso é sinal que Widmark fez bem seu trabalho, afinal vilões são criados para isso mesmo, causar repulsa no público. Por fim uma curiosidade interessante: o filme foi lançado nos cinemas brasileiros com o equivocado título de "Tenente Kelly" (um absurdo pois o personagem não era um tenente!). Com os anos acabou ficando conhecido apenas como "Alvarez Kelly", o que convenhamos era o mais adequado.

Tenente Kelly (Alvarez Kelly 1966) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Franklin Coen / Elenco: William Holden, Richard Widmark, Janice Rule / Sinopse: Alvarez Kelly (William Holden) é um comerciante de gado que vende rebanhos para as tropas da União. Durante a entrega de mais um lote de animais ele é capturado pelo exército confederado inimigo. Sob julgo do Coronel rebelde sulista Tom Rossiter (Richard Widmark) ele é forçado a participar de um plano de roubo do gado para ser levado até Richmond, cidade sob controle da confederação que está sofrendo ataque dos ianques.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Escândalo na Sociedade

Excelente drama. O filme se passa no meio da alta sociedade de San Francisco. No centro de tudo temos a rica e tradicional família Hayden. A matriarca Gerald Hayden (Bette Davis) é uma mulher dominadora, manipuladora, que faz de tudo para manobrar a vida da sua única filha, Valerie Hayden (Susan Hayward), Essa sempre teve tendência para as artes, especialmente a escultura e com os anos acabou se tornando uma artista até bem reconhecida no meio. Para sua mãe porém é hora dela se casar. Procurando por um marido para a filha ela acaba encontrando um herói de guerra, o Major Luke Miller (Mike Connors), o tipo ideal para ser seu genro. Inicialmente relutante Valeria acaba cedendo, se casando com o militar. O casamento que tinha tudo para dar certo porém logo se revela um desastre. Nasce uma filha, mas nem isso segura o falido relacionamento. De volta à vida de solteira, agora divorciada, Valerie começa a se relacionar com homens jovens, destruindo sua reputação, principalmente porque a maioria de seus amantes são meros aproveitadores que estão de olho em sua fortuna. Seu modo de vida escandaloso choca a sociedade e tudo desanda para a tragédia quando sua filha de apenas 15 anos de idade mata um de seus amantes. O caso ganha os jornais e agora tudo terá que ser revelado nos tribunais.

O roteiro desse filme foi baseado em um best-seller escrito pelo romancista Harold Robbins. Quem conhece a obra desse escritor sabe bem do que se trata. Geralmente Robbins utilizava-se de dramas baseados em pessoas comuns, que acabavam trilhando o caminho do crime e da violência por circunstâncias inesperadas que vão surgindo em suas vidas. Vários de seus livros ganharam adaptações bem sucedidas no cinema, como por exemplo, "Balada Sangrenta", filme dirigido por Michael Curtiz, estrelada pelo cantor Elvis Presley, naquele que foi considerado o melhor filme de sua carreira. O western "Nevada Smith" com Steve McQueen também foi uma adaptação de um livro escrito por Robbins. Enfim, seus textos acabaram dando origem a excelentes filmes.

Outro grande atrativo desse drama familiar vem do elenco que é liderado por duas excepcionais atrizes. A primeira delas é a grande dama do cinema americano Bette Davis. A atriz tinha uma presença e uma personalidade que enchiam a tela. O seu papel nesse filme é muito adequado para sua forma de atuar. Ela interpreta a matriarca da família Hayden, uma mulher poderosa da alta sociedade que viveu praticamente toda a sua vida baseada apenas em status e aparência social. Perante a sociedade em geral todos os membros de sua linha familiar tinham que surgir de forma impecável. Só que sua filha, no fundo uma rebelde diante de toda essa futilidade, acaba colocando praticamente tudo a perder. Susan Hayward também está excelente. Ela morreria muito jovem ainda, de câncer, e esse acabou sendo um dos seus últimos filmes. Sua personagem, a de uma mulher frustrada que não consegue segurar seus impulsos, é uma das melhores de toda a sua carreira. No geral temos aqui um grande filme, valorizado enormemente por essas duas maravilhosas atrizes. Esse filme assim está mais do que recomendado aos admiradores do cinema clássico americano.

Escândalo na Sociedade (Where Love Has Gone, Estados Unidos, 1964) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: John Michael Hayes, baseado na obra de Harold Robbins / Elenco: Bette Davis, Susan Hayward, Mike Connors / Sinopse: Gerald Hayden (Bette Davis) e Valerie Hayden (Susan Hayward), mãe e filha da alta sociedade de San Francisco, possuem um relacionamento conturbado por diferenças de opiniões e personalidade. Com os anos os atritos se tornam ainda mais fortes e tudo desaba quando a neta adolescente mata um homem no ateliê de sua própria mãe, dando origem a uma tragédia e a um escândalo de grandes proporções. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Música ("Where Love Has Gone" de Van Heusen e Sammy Cahn). 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Lança Partida

Título no Brasil: Lança Partida
Título Original: Broken Lance
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Edward Dmytryk
Roteiro: Richard Murphy, Philip Yordan
Elenco: Spencer Tracy, Robert Wagner, Richard Widmark, Katy Jurado, Jean Peters
  
Sinopse:
O filme narra a saga da família Devereaux. No século XIX o patriarca Matt Devereaux (Spencer Tracy) decide ir para o Arizona para vencer como criador de gado. Quando sua esposa morre, em razão das duras condições de vida do lugar, ele decide se casar novamente com uma nativa da região, que passa a ser chamada de Señora Devereaux (Katy Jurado). Dessa união nasce o filho caçula de Matt, o mestiço Joseph (Robert Wagner), que irá lutar contra seus irmãos mais velhos pelo legado do velho pai, principalmente após sua morte numa disputa envolvendo fazendeiros e mineradores daquele condado do velho oeste. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Roteiro Original (Philip Yordan). Também indicado ao prêmio na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Katy Jurado).

Comentários:
Belo faroeste épico que conta as disputas e lutas do clã Devereaux, criadores de gado do Arizona. O velho Matt (Spencer Tracy) é o patriarca, um homem duro, rude, que não aceita que suas ideias sejam contrariadas. Ele tem quatro filhos, sendo o mais velho Ben (Richard Widmark) e o caçula Joe (Wagner). Todos foram criados em uma disciplina rígida e austera, sob as ordens ferrenhas de seu pai. Ben deseja abrir um escritório na cidade para modernizar a fazenda, mas seu pai, um homem da velha escola, não quer saber de modernidades. Seu filho preferido é o jovem Joe, filho de sua querida esposa índia (Jurado) que apesar de todos os preconceitos que sofre por ser pele vermelha, adora sua marido. Vivendo em eterna tensão os membros da família Devereaux lutam pelo poder dentro da fazenda, até que uma disputa judicial ferrenha entre os criadores de gado e os mineradores (que estão poluindo os rios de cobre) coloca tudo a perder. O grande destaque dessa produção, além do ótimo roteiro (que inclusive foi premiado com o Oscar, merecidamente) é o ótimo elenco. Spencer Tracy foi um dos maiores atores de Hollywood. Com porte e força de um homem do Arizona, ele impõe sua autoridade aos filhos a quem trata com disciplina ferrenha - chegando até mesmo ao ponto de usar seu chicote para que todos sigam suas ordens, sem contestação. Nesse elo de grandes atores em cena (Richard Widmark também está excelente) talvez o grande ponto fraco venha justamente de Robert Wagner. Ainda muito jovem, inexperiente, ele não consegue convencer muito, nem passar a dramaticidade que seu personagem exige, mesmo assim não chega a atrapalhar o resultado final. "Broken Lance" é um filme realmente acima da média. Muito bom.

Pablo Aluísio.

domingo, 7 de outubro de 2012

Os Deuses Vencidos

Eu considero esse filme simplesmente obrigatório para todos os cinéfilos. O elenco é estrelar e o roteiro muito bem desenvolvido, resultando numa produção memorável. “Os Deuses Vencidos” foi baseado no famoso livro de autoria de Irwin Shaw. A proposta é mostrar aspectos da II Guerra Mundial sob o ponto de vista de alguns combatentes, tanto do lado dos aliados como também dos soldados do Eixo. Tudo mostrado sem cair nos clichês típicos dos filmes de guerra, que sempre procuraram mostrar os soldados americanos como heróis virtuosos e os alemães como monstros assassinos e sanguinários. A intenção é realmente construir um mosaico mais próximo da realidade, mostrando que em ambos os lados lutaram pessoas comuns, com sonhos e objetivos que foram interrompidos de forma brutal pela guerra. Olhando sob esse ponto de vista realmente não existia grande diferença entre um militar americano ou alemão. Todos queriam voltar para casa o mais rapidamente possível, sobreviver aos combates e retornar para a vida que tinham antes da guerra começar. O filme tem longa duração, com quase três horas de duração, e é fácil entender o porquê. São duas histórias paralelas que se desenvolvem ao mesmo tempo. Na primeira somos apresentados ao tenente alemão Christian Diestl (Marlon Brando) na França ocupada. Essa parte é bem interessante pois o ator na época fez questão de mostrar o oficial nazista como um ser humano comum e não como o vilão caricato dos filmes de guerra que conhecemos. Nem é preciso dizer que Marlon se saiu muito bem em mais uma atuação marcante de sua filmografia.

Na outra estória, passada no lado dos militares aliados, acompanhamos dois soldados americanos (Dean Martin e Montgomery Clift) que são convocados e mandados para a Normandia. Essa parte do roteiro foca bastante na vida dos que participaram da maior batalha da guerra, no evento que ficaria conhecido pela história como “Dia D”. Dean Martin repete seu papel contumaz de "Mr Cool". Aqui ele interpreta um cantor da Broadway que faz de tudo para escapar da guerra e do front mas que não consegue escapar de ir para o campo de batalha. Já Montgomery Clift apresenta uma grande interpretação como um soldado judeu que sofre nas mãos de seus colegas de farda durante seu treinamento. Seu papel me lembrou muito o que ele representou em "A Um Passo da Eternidade". Seu aspecto não é nada bom em cena. Os sinais físicos do alcoolismo já são nítidos e Clift aparece muito magro e abatido, com aspecto doentio. Mesmo assim está fabuloso em suas cenas. Ponto para Marlon Brando que fez de tudo para que o colega fosse escalado para o filme pois sabia que isso iria lhe ajudar a superar a crise pessoal pelo qual vinha passando. A direção foi entregue ao veterano das telas Edward Dmytryk; Com experiência em filmes de guerra como “A Nave da Revolta” o  diretor sabia que estava trabalhando com dois atores muito sensíveis e carismáticas proveniente do Actor´s Studio. Assim procurou abrir uma linha de diálogo com ambos. Ele já tinha trabalhado com Clift em seu filme anterior, “A Árvore da Vida” e por isso sentiu-se tranquilo em relação a ele. Já com Brando procurou manter uma relação no nível profissional. Sabia que Marlon Brando poderia ser tanto um ator maravilhoso no set como um terror para os cineastas que trabalhavam com ele. No final se deram bem e tudo correu sem maiores problemas. O resultado de tantos talentos juntos se vê na tela pois “Os Deuses Vencidos” é hoje em dia considerado um filme essencial dentro do gênero. Um verdadeiro clássico.


Os Deuses Vencidos (The Young Lions, Estados Unidos, 1958) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Edward Anhalt baseado no livro de Irwin Shaw / Elenco: Marlon Brando, Montgomery Clift, Dean Martin,  Maximilian Schell, Lee Van Cleef,  Hope Lange, Barbara Rush / Sinopse: Durante a II Guerra Mundial militares americanos e alemães sofrem o impacto do conflito em suas vidas pessoais e profissionais.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Spencer Tracy - Broken Lance (1954)

Nesse fim de semana eu conferi mais um clássico do western americano. O filme se chama "Broken Lance" (no Brasil o filme recebeu o título de "Lança Partida"). A estória se passa no Arizona, no século XIX. Nessas terras desertas e hostis o velho patriarca Matt Devereaux (Spencer Tracy) construiu um império baseado na criação de gado em sua fazenda. Matt é da velha escola, um homem duro, austero, que não admite qualquer tipo de ameaça ao seu poder absoluto. O símbolo máximo de uma sociedade completamente patriarcal.

Ele tem quatro filhos, todos devidamente achatados pela personalidade dominante do pai. Entre eles se destacam o jovem mestiço Joe (Robert Wagner), o caçula do clã, e Ben (Richard Widmark), o mais velho dentre eles, um homem que não consegue abrir seus próprios caminhos na vida por causa de seu pai opressivo e dominador. O enredo segue uma linha mais tradicional dos antigos faroestes, mas tem uma inesperada reviravolta (de natureza jurídica) que o transforma quase em um filme de tribunal. Uma mineradora da região está jogando cobre nas águas dos rios que cortam a fazenda dos Devereauxs. Algumas cabeças do rebanho morrem envenenadas pelo metal pesado e o velho Matt parte para dar o troco nos mineradores. Isso claro com revólver em punho, como era costume naqueles tempos pioneiros.

O diretor Edward Dmytryk joga então luzes sobre esse enredo (cujo roteiro foi premiado com o Oscar) de forma muito talentosa, mas quem rouba o filme todo para si é o excelente elenco. A começar pelo veterano Spencer Tracy. Católico devoto, ele teve uma vida sentimental ao mesmo tempo muito discreta e comentada em Hollywood. Acontece que Tracy era muito próximo de Katherine Hepburn, a grande diva do cinema americano, recordista na premiação do Oscar. Essa aproximação sempre gerou boatos de que eles mantiveram um caso amoroso escondido por anos e anos a fio. Muitas biografias afirmam que eles se amavam muito, mas que nunca puderam se casar pelo fato de que Tracy já era casado e não poderia se divorciar da esposa, por causa da precariedade de sua saúde (ela passou anos em coma).

Essa pelo menos foi a versão que durou muito tempo, até a morte do casal. Recentemente um livro foi publicado nos Estados Unidos dando uma outra visão dos fatos. Para esse autor (que inegavelmente faz a linha mais sensacionalista), Spencer Tracy e Katherine Hepburn não tinham um verdadeiro caso de amor, mas apenas fingiam que tinham. Por quê? Porque ambos seriam gays! Sinceramente, não acredito muito nisso. E nem é por causa da Katherine, que era uma mulher cosmopolita e aberta a todo tipo de experiência sexual e emotiva, mas sim por causa de Spencer Tracy. Pensar que esse homem ultra conservador e religioso, sempre ligado aos valores mais tradicionais, pudesse ser gay é algo completamente fora da realidade de sua biografia e história. De qualquer forma se formos deixar as picuinhas de lado e nos concentrar apenas em seus bons filmes deixo aqui a dica desse faroeste clássico "Lança Partida", uma prova de que nas telas o velho Spencer Tracy ainda conseguia impressionar, mesmo com a idade já bem avançada.

Pablo Aluísio.