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quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Chaplin

Outro filme que de certa maneira ficou pelo meio do caminho. Com produção milionária, direção do quase sempre ótimo Richard Attenborough e roteiro baseado na própria autobiografia de Charles Chaplin, o filme tinha a proposta de se tornar a cinebiografia definitiva desse mito imortal da sétima arte. Infelizmente isso não aconteceu. O que afinal deu errado? Em minha forma de ver a vida de Charles Chaplin é tão rica e importante do ponto de vista cultural e social, que nenhum filme produzido poderia dar conta de explorar todo esse universo tão amplo e complexo. Talvez apenas uma longa série conseguiria mostrar toda a importância de Chaplin no mundo, tanto em termos culturais como políticos. Um artista incomparável que teve uma vida longa, com muitas fases criativas diversas. Assim o filme acabou se tornando quase um trailer do que efetivamente foi a existência desse homem único.

Não achei a atuação de Robert Downey Jr tão sem brilho como muitos disseram no lançamento do filme. Na verdade o Chaplin de Downey Jr em muito se assemelhou ao verdadeiro Chaplin, um homem que a despeito de ser um gênio do cinema, tinha muitos problemas interiores, psicológicos e pessoais, para resolver. Ele era dono de uma alma em eterno conflito consigo mesmo. Vindo de uma infância miserável, cheia de privações, o ator e diretor conseguiu vencer com seu próprio talento e esforço, sendo arremessado quase que imediatamente a uma carreira de muito sucesso e luxo, o que de certa maneira o deixava culpado pela ostentação em que vivia. Assim saiu de cena o adorável Carlitos com sua pequena bengala para surgir uma pessoa angustiada, deprimida e muito ciente de sua importância para milhões de pessoas ao redor do mundo.Nesse ponto o roteiro realmente acertou em cheio, mesmo que tenha sido uma surpresa e tanto para o espectador médio encontrar um protagonista tão famoso, aclamado e adorado agindo dessa maneira. Talvez o grande erro tenha sido mesmo a ambição fora de propósito dos produtores pois vamos convir que filme nenhum, em época alguma, conseguirá capturar a essência desse artista simplesmente genial. Diante de tudo a conclusão é óbvia: Chaplin foi grandioso demais para caber em um só filme!

Chaplin (Chaplin, Estados Unidos, 1992) Direção: Richard Attenborough / Roteiro: David Robinson / Elenco: Robert Downey Jr., Geraldine Chaplin, Anthony Hopkins, Dan Aykroyd, Marisa Tomei, Penelope Ann Miller, Kevin Kline, Milla Jovovich, Diane Lane / Sinopse: O filme se propõe a ser uma cinebiografia do ator e diretor Charles Chaplin, desde os seus primeiros anos, passando pelo sucesso em Hollywood na era do cinema mudo, chegando até seus anos finais, na velhice. Filme vencedor do BAFTA Awards na categoria de Melhor Ator (Robert Downey Jr).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Doutor Jivago

Título no Brasil: Doutor Jivago
Título Original: Doctor Zhivago
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: David Lean
Roteiro: Robert Bolt
Elenco: Omar Sharif, Julie Christie, Geraldine Chaplin, Rod Steiger, Alec Guinness, Tom Courtenay

Sinopse:
Baseado no famoso romance escrito por Boris Pasternak, o filme "Dr. Jivago" conta a história de um jovem médico russo, membro da burguesia, que vê seu mundo mudar completamente com a chegada da Revolução Russa. Depois que os Bolcheviques tomam o poder nada mais seria como no passado.

Comentários:
O cineasta David Lean foi um dos grandes mestres da sétima arte em seu tempo. Nesse filme ele aceitou o convite da MGM para transformar em cinema um best-seller maravilhoso que contava a história da revolução russa sob a perspectiva de um homem, um médico, que via as antigas estruturas da nação em que vivia serem modificadas praticamente da noite para o dia. O Dr. Jivago (em ótima interpretação do talentoso ator Omar Sharif) era um bom homem, que inclusive acreditava em certos valores dos novos tempos revolucionários, mas que com o tempo iria também presenciando os absurdos cometidos pelos comunistas que, ávidos de poder, cometiam todo tipo de atrocidades contra o seu próprio povo. Esse é um filme grandioso, épico, como era de praxe na obra do grande Lean. A reconstituição histórica é perfeita, tudo em harmonia com um roteiro primoroso e uma produção classe A. Sem dúvida esse filme é uma das grandes obras primas da história do cinema norte-americano. Simplesmente imperdível.

Pablo Aluísio.

domingo, 20 de junho de 2021

Os Três Mosqueteiros

Título no Brasil: Os Três Mosqueteiros
Título Original: The Three Musketeers
Ano de Produção: 1973
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: 20th Century Fox
Direção: Richard Lester
Roteiro: George MacDonald Fraser
Elenco: Michael York, Oliver Reed, Raquel Welch, Richard Chamberlain, Christopher Lee, Geraldine Chaplin, Frank Finlay,

Sinopse:
Baseado na clássica obra da literatura escrita por Alexandre Dumas, o filme "Os Três Mosqueteiros" conta a história do jovem D'Artagnan (Michael York) que sonha um dia se tornar um dos mosqueteiros do rei. Só que antes disso ele precisará provar sua honra e sua destreza com uma espada. Filme indicado ao BAFTA Awards nas categorias de melhor direção de arte, melhor figurino, direção de fotografia e melhor edição.

Comentários:
Essa versão cinematográfica dirigida pelo talentoso Richard Lester segue sendo, ainda nos dias de hoje, uma das melhores versões da obra de Dumas para o cinema. E isso vem não apenas da boa fidelidade ao texto original, como também da opção do diretor em contar essa conhecida história sem deixar de lado seu aspecto mais precioso, o sabor de aventura e entretenimento das antigas matinês. A produção também é acima da média, com ótima reconstituição histórica. E celebrando ainda mais essa excelente qualidade o filme ainda contava com um elenco de astros e estrelas do cinema da época. Afinal onde mais você encontraria uma reunião de grandes nomes da atuação como Christopher Lee, Geraldine Chaplin e Michael York? A atriz Raquel Welch acrescenta também muito com sua beleza. Eu me recordo que assisti a esse filme pela primeira vez no Supercine, sessão de cinema da Rede Globo nos sábados à noite, ainda nos anos 80. Gostei bastante. É um excelente filme.

Pablo Aluísio.

A Vingança de Milady

Título no Brasil: A Vingança de Milady
Título Original: The Four Musketeers
Ano de Produção: 1974
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Richard Lester
Roteiro: George MacDonald Fraser
Elenco: Michael York, Raquel Welch, Oliver Reed, Christopher Lee, Geraldine Chaplin, Faye Dunaway

Sinopse:
Após D'Artagnan (York) finalmente se tornar um mosqueteiro, ele se junta aos seus amigos mosqueteiros Athos, Aramis e Porthos para defender a nova rainha dos planos de dominação do maquiavélico Cardeal Richelieum, que cobiça o trono real ao lado da Milady de Winter. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor figurino (Yvonne Blake e  Ron Talsky).

Comentários:
Em um tempo em que Hollywood não produzia muitas sequências (elas eram bem raras para dizer a verdade), o filme "Os Três Mosqueteiros" ganhou essa continuação, que foi lançada exatamente um ano depois do primeiro filme entrar em cartaz. Toda a equipe técnico e o elenco foi reunido novamente para esse novo filme. O tom é bem mais leve do que o primeiro, inclusive com a opção do roteiro em apostar muitas vezes no humor. Claro que não é melhor do que o filme original, mas até que tem seus méritos cinematográficos, entre eles a valorização maior das personagens femininas da história. Outro aspecto interessante é que essa mesma equipe de filmagem seria reunida novamente, alguns anos depois, para a produção de "Superman II", também com direção de Richard Lester. Era uma continuação, para muitos melhor até mesmo que o primeiro filme "Superman" de 1978. O Richard Lester era craque nesse tipo de filme.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de abril de 2019

Doutor Jivago

Na Rússia czarista às vésperas da Revolução Comunista um jovem médico recém formado e poeta, Yuri Jivago (Omar Sharif), começa a entender as terríveis mudanças pelas quais a sociedade de seu país está prestes a passar. Naquele ambiente de revolta duas classes sociais estão vivendo um choque violento de ideologias. A nobreza e a alta burguesia preenchem seu tempo em festas e salões luxuosos enquanto a classe trabalhadora clama por justiça e direitos. Enquanto isso Lara (Julie Christie), uma linda garota de apenas 17 anos, começa a se tornar o objeto de desejo de um burocrata do sistema, o infame Komarovsky (Rod Steiger), mal sabendo ela que no futuro o seu destino e o do jovem Jivago se encontrarão, dando origem a um romance que tentará sobreviver a implantação de um dos regimes políticos mais brutais da história do século XX. Assim começa o grande clássico do cinema "Doutor Jivago", uma das maiores obras primas do cineasta David Lean. Com roteiro baseado no best-seller de Boris Pasternak o filme trouxe para as telas o trágico e comovente amor entre Jivago e sua eterna musa Lara. Com reconstituição histórica simplesmente perfeita e brilhante domínio técnico, o mestre David Lean deu à sétima arte mais um marco de sua carreira.

Um dos grandes méritos do texto de "Doutor Jivago" é que ele procura captar as terríveis mudanças nas vidas das pessoas comuns quando houve aquela grande ruptura dentro da sociedade russa. O que era para ser um novo regime, baseado na liberdade e distribuição de riquezas logo se tornou tão brutal e infame quanto o próprio sistema czarista que derrubou. Usando de força militar o governo dito comunista destruiu direitos individuais, violou inúmeras vezes os direitos humanos e impôs sua visão de Estado máximo com uma brutalidade poucas vezes vista na história da humanidade. Ao mostrar um jovem médico tentando sobreviver ao lado de sua família no meio daquele caos revolucionário a mensagem de Boris Pasternak se mostra cristalina. Nenhum sistema sobrevive sem respeitar o ser humano como tal. Como exposto várias vezes no filme, a ideologia comunista não admitia mais qualquer traço de individualidade, onde o homem se tornava apenas instrumento estatal sem qualquer vontade própria. Assim o personagem Jivago é tirado de sua família, de forma forçada e arbitrária, para seguir com os fanáticos partidários vermelhos ao front, onde homens morriam ao relento, no gelo do inverno russo, em combates sem sentidos ou objetivos contra o chamado exército branco.

Como havia feito em "Lawrence da Arábia" o genial David Lean usa a natureza indomável da Rússia como componente de narração criando um efeito de raro brilhantismo. Os personagens tentam de todas as formas sobreviver naquela ambiente hostil mas acabam percebendo que são apenas peças menores de um jogo de xadrez do qual não conseguem escapar. Há várias cenas grandiosas em "Dr. Jivago" que retratam justamente isso, como por exemplo, a fuga da família de Jivago rumo aos montes Urais em um trem lotado de refugiados sem quaisquer condições mínimas de assegurar a dignidade humana daquelas pessoas. A fotografia maravilhosa da região que Lean disponibiliza ao espectador realmente é de encher os olhos. Outro destaque é a forma muito terna e ao mesmo tempo realista que o diretor explora o amor impossível entre Jivago e Lara. Essa aliás é quase sempre associada a lindos campos de girassóis amarelos, onde fica clara mais uma vez o uso da beleza da natureza como componente de narração do genial Lean. A cena final de Lara, caminhando solitária rumo ao desconhecido, com um enorme e opressivo poster do ditador sanguinário Stálin ao fundo também é outro exemplo do talento do diretor em dizer muito apenas com imagens marcantes. Ali ele simboliza toda a insignificância da pessoa humana frente ao onipresente e sufocante Estado Soviético. Um toque de gênio. "Doutor Jivago" é uma obra magnífica digna de todos os elogios. Em pouco mais de três horas e meia David Lean consegue levar seu espectador para o centro da revolução comunista, mostrando todos os dramas e pesadelos pelos quais o povo russo passou naquele período histórico. Época aliás que os russos sabiamente querem mesmo é esquecer e com toda a razão do mundo.  

Doutor Jivago (Doctor Zhivago, EUA, Itália, Espanha, 1965) Direção: David Lean / Roteiro: Robert Bolt, baseado na obra de Boris Pasternak / Elenco: Omar Sharif, Julie Christie, Geraldine Chaplin, Rod Steiger, Alec Guinness, Tom Courtenay, Siobhan McKenna, Ralph Richardson / Sinopse: O filme narra os dramas de um jovem casal que tanta levar em frente seu amor em meio ao caos da Revolução Russa. Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Figurino e Melhor Trilha Sonora. Indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator Coadjuvante (Tom Courtenay), Melhor Edição e Melhor Som. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Diretor (David Lean), Melhor Ator - Drama (Omar Sharif), Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora. Vencedor do Grammy de Melhor Trilha Sonora. Indicado a Palma de Ouro em Cannes.

Pablo Aluísio. 

sábado, 16 de dezembro de 2017

A Maldição do Espelho

Título no Brasil: A Maldição do Espelho
Título Original: The Mirror Crack'd
Ano de Produção: 1980
País: Inglaterra
Estúdio: G.W. Films, EMI Films
Direção: Guy Hamilton
Roteiro: Jonathan Hales, Barry Sandler
Elenco: Angela Lansbury, Rock Hudson, Elizabeth Taylor, Kim Novak, Geraldine Chaplin, Tony Curtis, Edward Fox
  
Sinopse:
Uma equipe de filmagem americana vai até a Inglaterra para produzir um filme. O diretor da produção caberá ao renomado cineasta Jason Rudd (Rock Hudson) que precisará lidar com vários problemas, entre eles duas estrelas que se odeiam (Taylor e Novak), um produtor inconsequente e irresponsável (Curtis) e um assassinato! Isso mesmo, durante a recepção para a equipe uma jovem inglesa aparece morta, ao que tudo indicado vítima de um envenenamento mortal! Mas afinal de contas, quais seriam as motivações para o crime e quem teria sido o autor da morte? Miss Marple (Lansbury) parece ter a chave para a solução do mistério.

Comentários:
Para quem aprecia cinema clássico esse filme é uma pequena preciosidade histórica. Se formos analisar o elenco perceberemos facilmente que a produção foi praticamente uma despedida de astros e estrelas que foram ícones do cinema americano nas décadas de 1950 e 1960 e que depois não voltariam a trabalhar juntos novamente. Assim temos os dois grandes galãs da era de ouro da Universal (Rock Hudson e Tony Curtis) ao lado de uma dupla de grandes estrelas do cinema americano (as maravilhosas Elizabeth Taylor e Kim Novak) que na tela representam... isso mesmo, duas grandes estrelas do passado que nutrem uma antipatia mútua! Como se trata de uma adaptação de um livro de Agatha Christie intitulado "The Mirror Crack'd from Side to Side" já podemos antever o que iremos encontrar pela frente: um mistério a ser desvendado, onde existem inúmeros suspeitos, todos com motivos suficientes fortes para cometerem um crime. Quem deverá descobrir a identidade do verdadeiro assassino é uma das personagens mais queridas do universo da escritora: a simpática velhinha Miss Marple (interpretada pela carismática Angela Lansbury, curiosamente usando maquiagem para parecer mais velha do que era na época). O resultado de tudo isso é um filme bem cuidado, bem produzido e com inegável sabor nostálgico para quem adora o cinema do passado. Rever todos esses grandes nomes sempre é um prazer renovado para o cinéfilo mais tradicionalista. A aparência de alguns desses mitos pode, em um primeiro momento, chocar o espectador. Todos, sem maiores exceções, mostram as marcas do tempo. Isso porém deve ser visto com elegância e sabedoria, afinal de contas eles envelheceram sim, mas também sobreviveram, mostrando que foram vencedores em suas respectivas carreiras. Assim temos um ótimo programa, a que eu particularmente recomendo bastante.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de abril de 2017

A Vingança de Bette

Título no Brasil: A Vingança de Bette
Título Original: Cousin Bette
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Des McAnuff
Roteiro: Lynn Siefert
Elenco: Jessica Lange, Elisabeth Shue, Bob Hoskins, Hugh Laurie, Geraldine Chaplin, Kelly Macdonald
  
Sinopse:
Em Paris, no século XIX, vive Bette Fisher (Jessica Lange). Ela nunca se casou e por isso se tornou alvo de todos os tipos de preconceitos da sociedade da época. Quando a matriarca da família, madame Adeline Hulot (Geraldine Chaplin), falece, cabe a Bette cuidar de todos os demais familiares, mas ridicularizada e humilhada, ela começa a criar planos para arruinar todos aqueles que lhe fizeram mal. Para isso conta com a ajuda de Jenny Cadine (Elisabeth Shue), atriz e prostituta de Paris.

Comentários:
Excelente filme, inspirado no romance de época escrito por Honoré de Balzac. Esse celebrado escritor se notabilizou pelos textos que expunham a hipocrisia da alta sociedade parisiense de seu tempo. As chamadas grandes e tradicionais famílias sempre tinham algo de podre a esconder, revelando instintos mesquinhos, atitudes grotescas, tudo por baixo de uma imagem falsa, tentando passar algum tipo de nobreza humana. Esse filme fez jus ao texto de Balzac. Há um tom de humor negro em cada situação, justamente por expor essa mediocridade das pessoas. Além do excelente roteiro outra coisa chama a atenção nessa produção: seu ótimo elenco, formado basicamente por atrizes extremamente talentosas, com destaque para as duas protagonistas interpretadas respectivamente por Jessica Lange e Elisabeth Shue (em seu primeiro papel realmente importante e interessante na carreira). Até mesmo a grande dama da interpretação Geraldine Chaplin está presente, trazendo muita dignidade para sua personagem, a de uma mulher aristocrata e verdadeiramente digna. Infelizmente mesmo com tantas qualidades o filme acabou sendo ignorado pela Academia, em mais uma de suas grandes injustiças.

Pablo Aluísio.

domingo, 4 de setembro de 2016

Feriados em Família

Título no Brasil: Feriados em Família
Título Original: Home for the Holidays
Ano de Produção: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Jodie Foster
Roteiro: Chris Radant, W.D. Richter
Elenco: Holly Hunter, Anne Bancroft, Robert Downey Jr, Charles Durning, Geraldine Chaplin, Steve Guttenberg, Dylan McDermott, Emily Ann Lloyd, Claire Danes
  
Sinopse:
A vida de Claudia Larson (Holly Hunter) parece estar desmoronando. Ele acabou de ser demitida do trabalho no museu de Chicago. Sua filha está apaixonada e quer ir morar com o namorado (que não tem emprego e nem meios de sustentá-la). Para piorar ela precisa se reunir com seus familiares para a noite do dia de ação de graças, algo que ela não tem a menor vontade de fazer pois sabe que será julgada por todos os seus familiares presentes. Um verdadeiro terror! Filme indicado aos prêmios GLAAD Media Awards e Young Artist Awards.

Comentários:
Mais um drama familiar (com toques de humor) enfocando o feriado do dia de ação de graças (um dos mais populares nos Estados Unidos). Como é comum nesse tipo de filme vemos uma típica família americana tendo que se reunir novamente (muitas vezes contra a própria vontade de seus membros) para uma noite de confraternização, que na maioria das vezes termina numa grande e descontrolada lavagem de roupa suja entre todos eles. Assim temos pais magoados com os filhos, irmãos que se odeiam, tios inconvenientes e por aí vai. O filme é bem feito, bem atuado, com ótimo elenco (há no mínimo uma meia dúzia de atores conhecidos em cena), mas para quem gosta de cinema o grande atrativo mesmo é o fato de que foi dirigido por Jodie Foster. Esse foi o terceiro filme da atriz como cineasta (antes ela havia assinado a direção de "Galeria do Terror" e "Mentes Que Brilham"). A conclusão que se chega após assistir ao filme é que Jodie Foster se saiu muito bem atrás das câmeras, extraindo um excelente resultado de todo o elenco (afinal atores e atrizes se entendem melhor entre si). Na época de lançamento Jodie Foster declarou que se apaixonou pela estória após ler o pequeno conto que lhe deu origem (escrito por Chris Radant) em uma revista de Chicago. Acabou realizando um dos melhores filmes de sua filmografia, embora ela própria não atue na produção.

Pablo Aluísio.

domingo, 23 de abril de 2006

O Oeste Selvagem

O filme "Buffalo Bill and the Indians" (no Brasil, O Oeste Selvagem) é um filme inteligente, bem escrito, do aclamado diretor Robert Altman que aqui prova mais uma vez seu grande talento como cineasta. O roteiro conta a histórica verídica do grande mito do western americano Buffalo Bill. O personagem por si só já era extremamente rico em detalhes e nuances e caiu como uma luva nessa película que brinca com o imaginário popular ianque. Para quem não sabe Buffalo Bill (nome artístico de William Cody) foi um verdadeiro Barão de Munchausen da história dos Estados Unidos. Pródigo em contar lorotas e inventar histórias sobre si mesmo que nunca aconteceram na vida real, Bill criou toda uma mitologia em torno de si. Um dia teve a brilhante ideia de criar todo um show em cima de suas fantasias e acabou criando um espetáculo com alto teor circense composto por cowboys falsos, índios de araque e bandidos de mentirinha. Era denominado Oeste Selvagem e foi uma mina de ouro para seu criador, o tornando extremamente rico e bem sucedido. Embora fosse um mentiroso contumaz Bill acabou criando, sem querer, todos os clichês que até hoje conhecemos da mitologia do western. Os filmes mudos, surgidos no nascimento do cinema, eram claramente inspirados nas encenações do espetáculo de Buffalo, que também teve sua mitológica figura explorada por vários filmes do gênero nos anos seguintes à sua morte.

Em "Buffalo Bill and the Indians", somos levados a conhecer um período bem interessante da vida de Bill, quando ele contratou um mito de verdade do velho oeste para estrelar seu show, o cacique Touro Sentado, famoso por seus feitos contra o exército americano. As cenas em que ambos contracenam mostram verdadeiros duelos entre o personagem de ficção auto inventado e o homem que realmente vivenciou toda a luta pela conquista do oeste selvagem (Touro Sentado). O farsante e o real em lados opostos. Enquanto um vive de contar mentiras sobre si mesmo o outro tenta apenas sobreviver com o pouco de dignidade que ainda lhe resta e de quebra tenta ajudar seu povo, nessa altura da história completamente subjugado pelos brancos. O choque entre a dura realidade e a mais pura fantasia escapista é o grande mérito dessa brilhante e ácida crítica em cima da construção de mitos irreais, que é bem típica da sociedade consumista e vazia dos norte-americanos.

Paul Newman na pele do deslumbrado ídolo está perfeito, numa daquelas atuações que dificilmente esquecemos. A própria surrealidade do cotidiano de Bill (que gostava de namorar cantoras de óperas fracassadas), reforça e torna ainda mais forte sua caracterização. Por fim temos uma participação extremamente inspiradora do grande mito Burt Lancaster. Fazendo o papel de uma pessoa do passado de Bill (que obviamente conhece todas as suas invencionices), Lancaster empresta uma dignidade ímpar a essa película. Sem dúvida Buffalo Bill and the Indians é um excelente filme que nos leva a pensar em vários temas relevantes, como a própria destruição da cultura indígena e a dignidade desse povo que foi massacrado impiedosamente pelos colonos americanos. Um libero que merece ser conhecido por todos.

O Oeste Selvagem (Buffalo Bill and the Indians, Estados Unidos, 1976) Direção: Robert Altman / Roteiro: Arthur Kopit e Alan Rudolph / Elenco: Paul Newman, Harvey Keitel, Geraldine Chaplin, Burt Lancaster, Joel Grey, Kevin McCarthy, Allan F. Nicholls / Sinopse: Buffalo Bill (Paul Newman) é um empresário circense que contrata o lendário Touro Sentado para fazer parte de seu show itinerante. Assim ele parte rumo ao interior dos Estados Unidos para mostrar seu novo espetáculo sensacional sobre o velho oeste selvagem. Filme premiado no Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio.