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quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Pacto dos Lobos

Título no Brasil: Pacto dos Lobos
Título Original: Le pacte des loups
Ano de Lançamento: 2001
País: França
Estúdio: Canal+
Direção: Christophe Gans
Roteiro: Christophe Gans
Elenco: Samuel Le Bihan, Vincent Cassel, Mark Dacascos, Monica Bellucci, Jérémie Renier, Émilie Dequenne

Sinopse: 
No reinado de Luís XV, na França, uma série de ataques brutais acontecem no meio rural. Camponeses são mortos de forma extremamente violenta por uma fera, que ninguém consegue caçar ou matar. O monarca francês então envia uma expedição para colocar fim em tudo o que está acontecendo. 

Comentários:
Em um primeiro momento pode até não parecer, mas parte da história contada nesse filme foi baseada em fatos históricos reais. Realmente aconteceram as mortes, realmente havia uma fera selvagem matando seres humanos e tudo mais. Só que era um lobo, que tinha um tamanho muito acima da média e era extremamente feroz. Se o filme tivesse optado apenas em contar essa história ele seria muito bom! O fato histórico já é curioso o bastante para segurar o espectador interessado na própria história. Só que os roteiristas foram além, embarcando numa aventura de fantasia que transforma o filme todo numa grande bobagem. Eu fiquei interessado enquanto o filme seguiu os passos da história real. Quando eles pularam para o barco da fantasia a coisa toda ficou muito ruim! O tal monstro é muito mal feito. Uma computação gráfica que não engana ninguém. Eu lamentei quando isso aconteceu. O filme vinha tão bem, tão interessante. Pena que a tentativa de pular para o sobrenatural tenha estragado tudo. Quando isso aconteceu, sinceramente, perdi todo o interesse pelo filme. Enfim, muito potencial desperdiçado por causa de escolhas erradas. 

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Ameaça Profunda

Título no Brasil: Ameaça Profunda
Título Original: Underwater
Ano de Lançamento: 2020
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: William Eubank
Roteiro: Brian Duffield, Adam Cozad
Elenco: Kristen Stewart, Vincent Cassel, Mamoudou Athie, T.J. Miller, John Gallagher Jr, Jessica Henwick
 
Sinopse:
Um grupo de trabalhadoras de uma empresa especializada em mineração de águas profundas se vê numa situação trágica e no limite após perceber que os mecanismos de sobrevivência estão falhando. Pior do que isso, parece haver uma criatura lá fora tentando destruir tudo! Depois disso, tudo o que importa é sobreviver e sair daquela fossa oceânica o mais rapidamente possível...

Comentários:
A premissa, a ideia original, até que poderia render um bom filme. Há no começo do filme um jogo de suspense interessante, onde os personagens tentam entender o que estaria acontecendo naquela estação de águas profundas, mas assim que o mistério se resolve o filme perde muitos pontos. Vira um filme de monstro gigante, com tudo de bom e ruim que isso possa significar. Aqui com mais ênfase no lado ruim mesmo. E o próprio monstrengo, quando se revela em sua inteireza, não assusta e nem causa impacto. Talvez pelo fato de que os efeitos digitais não tenham ficado muito bons, resolveram colocar a criatura em um ambiente aquático super escuro, onde o espectador não acaba vendo muita coisa. Além disso a tentativa de ser um filme da franquia Aliens também causa constrangimentos. Pelo menos deveriam ter optado por algum tipo de originalidade. Mas enfim, não foi dessa vez que fizeram um filme sobre fossas oceânicas que ficasse legal, realmente bom. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan

Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan
Nessa altura do andar da carruagem fica até mesmo complicado saber quantas adaptações do livro "Os Três Mosqueteiros" já foram produzidas para o cinema. É algo que começou lá na era do cinema mudo e que continua até os dias de hoje. Cada década parece ter sua versão, trazendo inovações para o enredo, novas visões de seus diretores, etc. Então chegamos nessa nova versão intitulada "Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan". É uma produção francesa, ponto positivo, pois estão lidando com um livro que faz parte da cultura de sua nação. O filme também foi todo rodado na França, país que sempre valorizou sua riqueza arquitetônica, preservando os prédios antigos, inclusive palácios dos tempos em que a história se passa. Nada poderia ser mais adequado. 

A história se passa nos tempos do Rei Luís XIII. Esse monarca enrentou muitos problemas envolvendo conflitos religiosos e políticos que havia entre católicos e protestantes. Ele era até um líder sensato, mas tantas eram as conspirações para tirar sua coroa que em determinado momento teve que agir de forma mais enérgica. E aí entrava na história os mosqueteiros, guarda especial do trono francês. Na história aqui contada temos um jovem que um dia sonha em se tornar um mosqueteiro do rei. Seu nome era D'Artagnan. Ele sai do interior da França e acaba indo para Paris, caindo bem no meio de uma trama política para destronar Louis XIII. Gostei do filme e muito embora apresente alguns problemas pontuais, ainda é um bom filme. E sem dúvida foi uma das versões mais sóbrias que assisti da imortal obra de Alexandre Dumas. 

Os Três Mosqueteiros: D'Artagnan (Les trois mousquetaires: D'Artagnan, França, 2023) Direção: Martin Bourboulon / Roteiro: Martin Bourboulon / Elenco: François Civil, Vincent Cassel, Romain Duris / Sinopse: Nos tempos do reinado de Luís XIII da França, o mosqueteiro Athos é condenado à morte por um crime obscuro. Ao mesmo tempo chega em Paris um jovem chamado D'Artagnan que vai se envolver bem no meio da trama que assola a corte real francesa. 

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Inimigo Público nº 1

Esse filme conta a história real do criminoso Jacques Mesrine (Vincent Cassel). Ele foi um dos mais infames assaltantes de bancos na França entre as décadas de 1960 e 1970. Ele serviu o exército francês na Argélia e participou de sessões de tortura contra membros da resistência daquela colônia. De volta a Paris decidiu que iria tomar um novo rumo em sua vida. Tentou arranjar alguns empregos regulares, mas o salário era ruim. Assim, segundo o exemplo de um amigo, entrou para o mundo do crime. Começou roubando casas, depois conheceu um criminoso mais graduado, interpretado pelo ator Gérard Depardieu, que lhe colocou em outro patamar, roubando bancos. Sua barra começou a ficar tão pesada em Paris que ele decidiu ir embora para Quebec, no Canadá. Uma vez lá continuou cometendo crimes, sequestrando um homem rico a quem prestou serviços antes de decidir sequestra-lo. Pego pela polícia foi deportado para a França, onde foi parar em uma prisão de segurança máxima, onde foi submetido a um regime de plena violação de seus direitos humanos. A tortura contra prisioneiros estava na ordem do dia dos guardas.

O interessante é que os produtores decidiram rodar dois filmes ao mesmo tempo. Como a história de Jacques Mesrine era bem farta em termos de crimes e fugas, decidiram que um só filme seria pouco para contar sua história. Esse primeiro filme assim conta apenas parte da sua história, algo complementado na parte 2. O ator Vincent Cassel, como sempre, está ótimo na pele desse criminoso celebridade. O roteiro também é um ponto positivo pois não glamoriza o bandido, mostrando inclusive suas piores partes, como espancar a própria mulher. Com boa produção reproduzindo os carros e roupas dos anos 60 e 70, esse filme se torna uma boa opção, tanto para quem gosta de filmes policiais, como para quem tem curiosidade de conhecer a vida desse criminoso francês.

Inimigo Público nº 1 (L'instinct de mort, França, 2008) Direção: Jean-François Richet / Roteiro: Abdel Raouf Dafri, baseado no livro escrito por Jacques Mesrine / Elenco: Vincent Cassel, Cécile de France, Gérard Depardieu / Sinopse: O filme conta a história do criminoso Jacques Mesrine, conhecido por seus assaltos a bancos, roubos a casas e assassinatos. Nesse primeiro filme o roteiro explora seus primeiros anos no mundo do crime, logo após deixar o exército francês.  

Pablo Aluísio.

Inimigo Público nº 1 - Parte 2

Esse é o segundo filme sobra a vida do bandido francês Jacques Mesrine (Vincent Cassel). O roteiro mostra sua vida entre os anos de 1973 a 1979 quando finalmente sofreu uma emboscada da polícia de Paris e foi fuzilado por quatro policiais fortemente armados com fuzis, todos escondidos na parte de carga de um caminhão que parecia comum, sem nada de diferente. Foi uma morte à la Bonnie e Clyde. Nesse segundo filme a lista de crimes se expande. Jacques Mesrine  tem um novo parceiro. Juntos eles assaltam bancos e conseguem fugir de outra prisão. Incrível como nos anos 70 as prisões tinham sérios problemas de segurança. Era relativamente fácil fugir delas. Não havia ainda a tecnologia de segurança que existe nos dias atuais, quando cada canto é vigiado por uma câmera. Naquela época era até relativamente simples render um guarda, usar seu uniforme e fugir.

Outro aspecto interessante dessa segunda parte é que ela desenvolve melhor a conturbada maneira de pensar do protagonista (ou antagonista, dependendo do ponto de vista). Sobre isso Mesrine tinha uma visão deteriorada de si mesmo. Ele costumava se ver como alguém que "lutava contra o sistema", quase como um socialista dos mais utópicos, porem em determinado momento do filme um verdadeiro socialista o desmonta completamente. Ele explica que Mesrine não lutava contra o capitalismo, longe disso, ele o louvava pois estava sempre atrás de dinheiro, luxo e bens materiais. Enfim, um pequeno detalhe que me chamou atenção nesse roteiro inegavelmente bem escrito.

Inimigo Público nº 1 - Parte 2 (L'ennemi public n°1, França, 2008) Direção: Jean-François Richet / Roteiro: Abdel Raouf Dafri, Abdel Raouf / Elenco:  Vincent Cassel, Ludivine Sagnier, Mathieu Amalric / Sinopse: Esse segundo e conclusivo filme conta os anos finais da vida do criminoso francês Jacques Mesrine (Vincent Cassel). Ele consegue fugir, se envolve novamente com roubos de bancos, sequestros e assassinatos, sendo encurralada pela polícia de Paris em 1979, colocando um fim em sua vida de crimes e violência.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Blueberry - Desejo de Vingança

Título no Brasil: Blueberry - Desejo de Vingança
Título Original: Blueberry
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia TriStar Pictures
Direção: Jan Kounen
Roteiro: Matthieu Le Naour, Alexandre Coquelle
Elenco: Vincent Cassel, Michael Madsen, Juliette Lewis, Temuera Morrison, Ernest Borgnine, Djimon Hounsou

Sinopse:
Quando jovem, Mike Blueberry (Vincent Cassel) foi abandonado pela família, sendo entregue a um tio abusivo e brutal. Depois de uma briga, ele é deixado para morrer no deserto mas acaba sendo salvo por nativos americanos. Isso cria um vínculo sentimental entre eles e os índios da região. Os anos passam e finalmente Blueberry se torna um agente federal. Sua tranquilidade como homem da lei é quebrada com a chegada de um perigoso assassino e pistoleiro. Esse está atrás de um tesouro enterrado numa mina de ouro abandonada em terras pertencentes a uma tribo local, algo que o xerife Blueberry não deixará acontecer pois as montanhas onde a mina é localizada são consideradas sagradas para os nativos que lá vivem.

Comentários:
Mais um western moderno que tenta revitalizar o gênero. O resultado é até interessante, mas obviamente fica muito abaixo da qualidade dos antigos clássicos. Um dos pontos mais positivos é o elenco. Gosto de todo o trio de atores principais desse filme. Vincent Cassel, por exemplo, que interpreta Mike Blueberry, tem um tipo bem ideal para fazer personagens do velho oeste. Um sujeito marcado pela rudeza e dureza do western selvagem. Seu oponente não se sai pior. Michael Madsen ao longo da carreira se especializou em interpretar pequenos escroques das ruas de Nova Iorque, membros do chamado baixo clero da Máfia italiana. Esse foi seu tipo de personagem mais comum em vários filmes anteriores de sua carreira, mas aqui acaba se destacando como um pistoleiro rude e cruel. Quem diria. Já Juliette Lewis não me surpreendeu tanto assim. Ela criou uma persona nas telas que sempre chama atenção. Suas personagens femininas são garotas fronteiriças entre a sanidade e a insanidade, entre a razão e a loucura. Sua intensidade e paixão quando faz esse tipo de papel acaba salvando ela em cena. "Blueberry - Desejo de Vingança" passou muito discretamente no Brasil e por anos foi reprisado no canal a cabo HBO. Não é um western indispensável que vá fazer falta em sua coleção, mas vale a pena ser conhecido e assistido pelo menos uma vez, pois mostra que o faroeste sobrevive, mesmo que em produções menores como essa.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de julho de 2019

O Imperador de Paris

O cinema francês tem apresentado excelentes filmes nesses dois últimos anos. Um dos que mais gostei de assistir foi esse "O Imperador de Paris". O roteiro conta a história real de um criminoso procurado chamado François Vidocq (Vincent Cassel). Após ser condenado a cumprir pena em um navio ele consegue fugir, voltando ao continente. Só que agora, para escapar do radar dos policiais, tenta viver uma nova vida como comerciante de tecidos em feiras das cidades do interior. Sua fama o precede e em pouco tempo é novamente reconhecido. De volta à ativa propõe um acordo incomum com o chefe do departamento de polícia. Ele ajudará o homem da lei a prender todos os criminosos procurados de Paris em troca de indulto de seus crimes no passado. E assim começa a agir nas ruas mais sujas e sombrias da capital francesa. A ideia é realmente limpar as ruas da escória de criminosos de todos os tipos.

Não é a primeira vez que fazem um filme sobre François Vidocq. Ele chegou inclusive a ser o protagonista de um filme americano, "Vidocq, Um Escândalo em Paris", de Douglas Sirk em 1946. Obviamente era uma versão bem fantasiosa de sua vida. Nesse novo filme as coisas são mais de acordo com os registros históricos que existem sobre ele. Inclusive o verdadeiro Vidocq viveu em um período muito interessante da história francesa, quando a revolução mandava milhares de pessoas para a guilhotina. Seu auge porém aconteceu quando Napoleão Bonaparte subiu ao poder. Seu título de "Imperador das ruas de Paris", dado por um jornal da época, era praticamente uma sátira à figura de Napoleão. Enquanto esse conquistava nações no exterior, o criminoso François Vidocq era o homem que realmente mandava na capital francesa, com seu modo de agir baseado na violência e na justiça com as próprias mãos. Enfim, um filme realmente muito bom, com ótima reconstituição de época e a brilhante interpretação do ator Vincent Cassel, um dos melhores do atual cinema francês. Se você gosta de cinema europeu não deixe de conferir essa nova versão da vida de um homem que ao seu próprio modo também entrou para a história da França.

O Imperador de Paris (L'Empereur de Paris, França, 2018) Direção: Jean-François Richet / Roteiro: Éric Besnard / Elenco: Vincent Cassel, Olga Kurylenko, Freya Mavor, August Diehl / Sinopse: Baseado em fatos históricos reais o filme conta a história do criminoso procurado François Vidocq (Vincent Cassel). Após ser capturado de novo pela polícia de Paris ele faz um trato informal com o chefe de polícia da cidade. Ele ajudará a eliminar os principais criminosos em troca de um indulto por seus crimes no passado. E tudo se passa durante o período imperial com Napoleão Bonaparte no poder. Filme indicado ao César Awards nas categorias de melhor figurino (Pierre-Yves Gayraud) e melhor design de produção (Emile Ghigo).

Pablo Aluísio.

Gauguin: Viagem ao Taiti

Excelente filme. Especialmente indicado para quem aprecia a biografia dos grandes mestres da pintura. Aqui o enfocado é o genial Paul Gauguin (Vincent Cassel). Embora nos dias de hoje sua obra seja plenamente reconhecida, em sua época a situação era bem diferente. Ele não conseguia vender seus quadros e com família numerosa em Paris passou por inúmeras dificuldades financeiras. Até que um dia tem uma ideia. Ele iria se mudar para a Polinésia Francesa, um lugar bucólico, onde as pessoas viviam felizes e não precisavam de dinheiro. Claro, essa era uma idealização da cabeça do próprio pintor, nada condizente com a realidade, algo que ele iria aprender da pior maneira possível. Então ele parte rumo ao seu paraíso terrestre. A família, por sua vez, não o acompanha. A mãe das crianças logo percebeu que tudo não passava de mais uma loucura da cabeça do artista.

E uma vez no Taiti, Gauguin cairia na real. As pessoas de lá não viviam sem dinheiro e nem aquele lugar era o paraíso que ele imaginou. Logo precisou vender seus quadros e esculturas nas feiras locais, completamente miserável, sem dinheiro nenhum para sobreviver. Para piorar ainda teve mais filhos com uma nativa chamada Tehura. Mais filhos, mais bocas para alimentar, mais miséria. Era uma repetição do que ele havia passado em Paris. Para ganhar dinheiro então começa a trabalhar como estivador no porto da região, tudo para alimentar a esposa e as crianças. O filme, obviamente, não conta uma história com final feliz. Gauguin tinha uma visão romântica e idealista da vida e pagou para ver. Claro que em um mundo como o nosso o preço foi alto, porém a despeito de tudo isso ele foi um artista que viveu em seus próprios termos, que viveu como bem quis. Nesse ponto temos realmente uma história de coragem e luta pelo direito de existir como um artista. O filme é, como já escrevi, belíssimo. Além de contar uma história edificante, ainda traz uma interpretação inspirada do sempre competente ator Vincent Cassel. Sua transformação física e psicológica como Paul Gauguin realmente impressiona o espectador.

Gauguin: Viagem ao Taiti (Gauguin - Voyage de Tahiti, França, 2017) Direção: Edouard Deluc / Roteiro: Edouard Deluc, Etienne Comar  / Elenco: Vincent Cassel, Tuheï Adams, Malik Zi / Sinopse: O filme conta a história real do pintor Paul Gauguin (Vincent Cassel). Em determinado momento de sua vida ele decidiu que queria deixar Paris e o mundo civilizado para trás, para viver uma vida simples de artista, onde o dinheiro não teria mais importância. Assim viaja ao distante Taiti, onde logo suas esperanças se tornam pesadelo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

O Conto dos Contos

Achei bem estranha a proposta desse filme. Não estou me referindo ao roteiro que adaptou três contos baseados na obra do poeta e escritor italiano Giambattista Basile (1566 - 1632), mas sim às próprias estórias em si. O mundo dos contos infantis da Itália medieval pouco se parecia com as obras dos irmãos Grimm com as quais estamos acostumados. Nada de Branca de Neve e nem os sete anões. A coisa aqui é morbidamente bizarra, diferente, surpreendente mesmo. Todos os três contos são narrados de forma alternada. Todos eles envolvem monarcas e seus objetivos mesquinhos e rídiculos.

O primeiro conta a estória da rainha de Longtrellis (Salma Hayek). Seu maior sonho é ter um filho, um herdeiro para o trono. A gravidez porém parece nunca acontecer. Desesperada, ela resolve contratar os serviços de um bruxo. Ele então passa a receita para que ela finalmente fique grávida do Rei. Ele deve caçar uma criatura monstruosa das profundezas. Depois de morto o coração da fera deve ser preparado por uma virgem. Por último a Rainha deve comer o coração da besta. Tudo feito, o resultado se mostra desastroso. Dos três contos esse pode ser considerado até mesmo o menos bizarro, mas seu clímax, com um morcego gigante e feroz, mostra bem que nada é tão normal como se pode esperar.

O segundo conto mostra um Rei e sua filha. A princesa quer se casar. Para isso porém o Rei deve procurar em seu reino o homem mais corajoso, valente e inteligente que encontrar pela frente. Assim ele cria um desafio a ser vencido pelo pretendente à mão da jovem e bela princesa. Novamente tudo dá muito errado, transformando a vida da linda herdeira em literalmente um verdadeiro inferno na Terra. Esse segundo conto poderia até se encaixar no que estamos acostumados a ver em se tratando de literatura infantil alemã, se não fosse por detalhes sórdidos e estranhos, como o fato do Rei criar uma pulga gigante em seu quarto (é isso mesmo que você leu, algo bem nonsense realmente!).

Por fim o último conto mostra a vida de um Rei devasso, insaciável, que deseja dormir com todas as mulheres de seu reino. Certo dia, na janela de seu castelo, ele ouve uma voz feminina maravilhosa. Determinado a conquistá-la ele move o céu e a terra para levar a dona daquela linda voz para seus aposentos reais. O problema é que ele não tem a menor ideia de quem ela seja e o que faz em sua vida reclusa. Com a ajuda de uma bruxa da floresta o monarca acaba caindo em uma grande armadilha do destino. O monarca devasso desse conto é interpretado pelo ótimo ator Vincent Cassel. No geral é isso. O filme é uma coleção de contos estranhos, com elementos pouco usuais. Olhando sob um ponto de vista cultural vale bastante conhecer para ter contato com a literatura de contos de outros países, como a Itália, por exemplo. No mínimo você ficará surpreso pelas coisas e situações estranhas e bizarras que encontrará pela frente, no filme.

O Conto dos Contos (Il Racconto dei Racconti - Tale of Tales, Inglaterra, Itália, França, 2015) Direção: Matteo Garrone / Roteiro: Edoardo Albinati / Elenco: Salma Hayek, Vincent Cassel, Toby Jones, John C. Reilly, / Sinopse: O filme traz a adaptação para o cinema de três contos infantis da literatura italiana medieval. Filme indicado à Palma de Ouro em Cannes.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de agosto de 2016

Jason Bourne

Depois de um hiato de quase dez anos eis que o ator Matt Damon resolveu retornar para a franquia "Bourne". Nesse meio tempo o estúdio lançou um filme sem ele, que teve um desempenho razoável de público e crítica, e até mesmo um game popular. Ou seja, Bourne ainda se mostrava um produto interessante, pelo menos do ponto de vista comercial. A franquia que havia chegado ao cinema pela primeira vez em 2002 com "A Identidade Bourne", seguida das sequências "A Supremacia Bourne" (2004) e "O Ultimato Bourne" (2007) mostrava que ainda tinha fôlego para fazer sucesso nos cinemas. E era justamente isso que Damon estava procurando após alguns filmes que não deram muito certo. Como se sabe em Hollywood você só consegue sobreviver no mercado se mostrar que ainda é capaz de atrair público aos cinemas, mesmo que isso só aconteça de vez em quando. Assim Damon engoliu todas as críticas que havia feito ao personagem no passado e voltou a encarnar esse ex-agente da CIA super bem treinado, cujo passado ainda lhe é algo nebuloso, sem clareza. Um dos problemas de Bourne, ao meu ver, é que todos os filmes sem exceção parecem apresentar praticamente o mesmo roteiro: Bourne é caçado pelo governo americano enquanto tenta juntar as peças do quebra-cabeças de seu passado. Aqui ele conta com a ajuda de Nicky Parsons (Julia Stiles), que roubou informações valiosas de uma central da agência de inteligência americana, enquanto tenta sobreviver a um jogo de gato e rato comandado pelo diretor da CIA, Robert Dewey (Tommy Lee Jones). Trocando em poucas palavras: tudo parece continuar a mesma coisa!

Duas coisas me incomodaram muito nesse novo filme. Primeiro os exageros de edição e do uso da chamada "câmera nervosa" por parte do diretor Paul Greengrass. Os dois recursos são levados ao extremo, o que acaba deixando uma sensação de tontura no espectador. Não parece existir um único plano parado. Assistir a um filme que nos deixam tontos não me parece uma boa ideia. Outro problema que vejo é a falta de uma trama melhor, um bom roteiro. As cenas de ação tentam compensar esse vazio narrativo se tornando longas demais. Para se ter uma ideia uma delas (a da perseguição com motos) tem quase 30 minutos de duração! E tudo isso em um filme com pouco mais de 1 hora e quarenta de duração!. É demais, vamos convir. Pelo visto foi o jeito do diretor tentar disfarçar o fato de que sob o ponto de vista do argumento o filme não passa mesmo de um caro e longo pastel de vento.

Jason Bourne (Jason Bourne, Estados Unidos, 2016) Direção: Paul Greengrass / Roteiro: Paul Greengrass, Christopher Rouse  / Elenco: Matt Damon, Tommy Lee Jones, Julia Stiles, Vincent Cassel, Alicia Vikander / Sinopse: Após roubar dados sigilosos da CIA (a agência de inteligência dos Estados Unidos) Nicky Parsons (Julia Stiles) decide se encontrar com Jason Bourne (Damon) na Grécia, em meio aos protestos violentos que acontecem no país. Ao mesmo tempo o diretor da CIA, Robert Dewey (Tommy Lee Jones) decide colocar dois de seus melhores agentes para localizar e destruir Bourne e sua amiga. 
    
Pablo Aluísio. 

sábado, 6 de junho de 2015

Blueberry - Desejo de Vingança

Título no Brasil: Blueberry - Desejo de Vingança
Título Original: Blueberry
Ano de Produção: 2004
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia TriStar Pictures
Direção: Jan Kounen
Roteiro: Matthieu Le Naour, Alexandre Coquelle
Elenco: Vincent Cassel, Michael Madsen, Juliette Lewis

Sinopse: 
Quando jovem, Mike Blueberry (Vincent Cassel) foi abandonado pela família, sendo entregue a um tio abusivo e brutal. Depois de uma briga ele é deixado para morrer no deserto mas acaba sendo salvo por nativos americanos. Isso cria um vínculo sentimental entre eles e os índios da região. Os anos passam e finalmente Blueberry se torna um agente federal. Sua tranquilidade como homem da lei é quebrada com a chegada de um perigoso assassino e pistoleiro. Esse está atrás de um tesouro enterrado numa mina de ouro abandonada em terras pertencentes a uma tribo local, algo que o xerife Blueberry não deixará acontecer pois as montanhas onde a mina é localizada são consideradas sagradas para os nativos que lá vivem.

Comentários:
Mais um western moderno que tenta revitalizar o gênero. O resultado é até interessante mas obviamente fica muito além dos antigos clássicos. Um dos pontos mais positivos é o elenco. Gosto de todo o trio de atores principais desse filme. Vincent Cassel, por exemplo, que interpreta Mike Blueberry, tem um tipo bem ideal para fazer personagens do velho oeste. Um sujeito marcado pela rudeza e dureza do western selvagem. Seu oponente não se sai pior. Michael Madsen ao longo da carreira se especializou em interpretar pequenos escroques das ruas de Nova Iorque, membros do chamado baixo clero da Máfia italiana em vários filmes mas aqui acaba se destacando como um pistoleiro rude e cruel. Quem diria. Já Juliette Lewis não me surpreendeu tanto assim. Ela criou uma persona nas telas que sempre chama atenção. Suas personagens femininas são garotas fronteiriças entre a sanidade e a insanidade. Sua intensidade e paixão quando faz esse tipo de papel acaba salvando ela em cena. "Blueberry - Desejo de Vingança" passou muito discretamente no Brasil e por anos foi reprisado no canal HBO. Não é um western indispensável que vá fazer falta em sua coleção mas vale a pena ser conhecido e assistido pelo menos uma vez na vida pois mostra que o faroeste sobrevive, mesmo que em produções menores como essa.

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

A Isca Perfeita

Título no Brasil: A Isca Perfeita
Título Original: Birthday Girl
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: FilmFour, HAL Films, Mirage Enterprises
Direção: Jez Butterworth
Roteiro: Tom Butterworth, Jez Butterworth
Elenco: Nicole Kidman, Vincent Cassel, Ben Chaplin
  
Sinopse:
Nadia (Nicole Kidman) é uma jovem russa que encontra um noivo, o inglês John (Ben Chaplin), na internet. Ela é bonita e atraente, mas deseja sair de seu país natal em busca de melhores oportunidades de vida. Ele já está um pouco velho e quer acabar com sua solidão. Ambos assim entram em um acordo. Ela vai até a Inglaterra para lhe conhecer. Nada porém sairá como havia sido planejado. Filme indicado ao Hollywood Film Awards na categoria de Melhor Atriz (Nicole Kidman).

Comentários:
Com o fim da ex-União Soviética e a popularização da internet muitas mulheres russas (algumas das mais bonitas do mundo) viram uma oportunidade de sair de seu país, arranjando maridos ricos e solitários nos países mais desenvolvidos e prósperos do ocidente. Criou-se assim uma verdadeira rede de intercâmbio entre as jovens russas e seus pretendentes internacionais. Nem sempre a situação saía como inicialmente havia sido planejada por esses solitários do primeiro mundo. O enredo se desenvolve justamente em cima dessa situação básica. O filme não é um romance em sua essência e em determinado momento dá uma guinada rumo ao suspense. Kidman está linda e perfeita em seu papel, embora seja australiana de origem, ela convence plenamente como uma russa - até porque ela é uma maravilhosa loira de olhos azuis, tal como as belas garotas de Moscou. O tom é meio frio e distante, mas nesse caso combina perfeitamente com os propósitos de sua personagem.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Em Transe

O famoso quadro “As Bruxas no Ar” está exposto em um grande leilão em Londres. A obra vale alguns milhões de dólares, não apenas por suas qualidade artísticas mas históricas também, pois é um marco do realismo nas artes plásticas. No meio dos lances porém algo inesperado acontece. Um grupo de ladrões entra no recinto e joga gás lacrimogêneo no meio do público. Todos correm para fora menos Simon (James McAvoy) pois é sua função proteger as obras de arte em situações como essa. Sem pensar duas vezes ele leva o quadro de Goya para os fundos da casa de leilão. O objetivo é deixar a obra no cofre de segurança máxima localizado atrás do palco mas antes que isso aconteça ele é interceptado pelos bandidos que tomam de posse o estojo onde deveria estar o quadro. Após sofrer uma forte pancada dada por um dos assaltantes Simon desmaia e cai. Os bandidos fogem pensando estar com o quadro mas ficam surpresos ao descobrir que dentro do estojo não se encontra a obra de Goya!

Mas afinal onde foi parar o milionário “Bruxas no Ar”? Essa é a premissa inicial desse “Em Transe”, novo filme do cineasta Danny Boyle. Pela cena inicial (descrita acima) é de se supor que se trata de um bom filme de roubos, com muita ação e violência mas a proposta não é bem essa. Assim que Simon (McAvoy) sofre a agressão ele perde a memória, fazendo com que a localização do quadro fique desconhecida, afinal ele seria a única pessoa que saberia do paradeiro da obra milionária. Para tentar descobrir onde ele próprio escondeu “Bruxas no Ar” ele começa um tratamento de hipnose com a Dra. Elizabeth (Rosario Dawson) que por sua vez também começa a querer tomar posse da obra. Revelar mais seria estragar as surpresas do filme ao espectador. De antemão é bom avisar que essa é mais uma daquelas tramas que sofrem várias reviravoltas ao longo do filme. Nem tudo é o que parece ser e nem todos são os mocinhos ou bandidos que o roteiro leva a pensar. Infelizmente o diretor Danny Boyle parece perder a mão em determinado momento por causa das várias reviravoltas que vão acontecendo. Em certas cenas o próprio espectador ficará perdido sem saber se o que vê na tela é real ou fruto apenas da hipnose de Simon. No geral é um bom filme mas que poderia ser bem melhor se fosse melhor conduzido.

Em Transe (Trance, Inglaterra, 2013) Direção: Danny Boyle / Roteiro: Joe Ahearne, John Hodge / Elenco: James McAvoy, Vincent Cassel, Rosario Dawson / Sinopse: Após sofrer uma agressão durante o roubo a uma famosa obra de arte o funcionário de uma casa de leilões resolve participar de sessões de hipnose para tentar lembrar onde escondeu o quadro milionário “As Bruxas no Ar” do pintor Goya. A solução do mistério despertará a cobiça não apenas do grupo de ladrões mas também da própria psiquiatra responsável pela hipnose dada ao seu paciente.

Pablo Aluísio. 

sábado, 9 de fevereiro de 2013

O Monge

Uma grata surpresa. Assim defino esse “O Monge”. O argumento trabalha brilhantemente com a dualidade que está na base da doutrina cristã: a eterna luta do bem contra o mal. No caso ambos os lados lutam pela posse da alma do monge Ambrósio (Vincent Cassel). Na Espanha do Século XVIII ele é abandonado ainda bebê na porta de um mosteiro Capuchino. Criado pelos monges dentro dos dogmas religiosos da ordem, cresce e se torna ele próprio um monge. Brilhante orador, logo começa a chamar a atenção dos fiéis que começam a caminhar grandes distâncias apenas para ouvirem seu sermão e se confessarem com ele pois tem fama de ser uma alma iluminada que realmente perdoa os pecados de cada cristão que o procura. Rígido, não admite aos membros da Igreja passos em falso em sua disciplina religiosa. Procurado por uma freira acaba descobrindo que ela na verdade nutre uma grande paixão por um homem da região. Não pensa duas vezes antes de denunciá-la para sua madre superiora. O castigo é extremamente severo. Seu caminho pela fé parece forte e inabalável até a chegada de um novo noviço chamado Valério. Ele é um sujeito estranho, que usa uma máscara alegando ter sofrido grandes danos em sua face após um grande incêndio. Na verdade Valério será peça chave nas mudanças que estão por surgir na vida do Monge. Em pouco tempo ele terá que escolher entre fé e paixão, sentimento ou crença.

O roteiro de “O Monge” é muito rico em termos teológicos. Analisando bem encontramos em seu enredo elementos vitais para a religiosidade cristã. O livre arbítrio do personagem principal é muito bem desenvolvido pela trama. Embora esteja na presença de uma entidade sinistra e demoníaca ele acaba caindo nas tentações do pecado por livre e espontânea escolha, demonstrando que o pecador é, em última análise, o único culpado pelos erros que comete ao longo de sua vida. Outro ponto extremamente bem desenvolvido é a luta interna que trava ao escolher entre sua fé ou os prazeres mundanos, que surgem incontroláveis, absolutamente inconfessáveis. Na verdade são três linhas narrativas que parecem correr de maneira paralela entre si, mas que na verdade estão fortemente interligadas. O desfecho não abre margem a concessões e é muito interessante, tanto do ponto de vista da própria conclusão da estória como também em termos de teologia pura. Assim “O Monge” é indicado para pessoas inteligentes que tenham particular interesse em temas religiosos. Poucas vezes a luta pela alma de um homem foi tão bem desenvolvido no cinema como aqui. Não perca!

O Monge (Le Moine,  França, 2011) Direção: Dominik Moll / Roteiro: Dominik Moll, Anne-Louise Trividic / Elenco: Vincent Cassel, Déborah François, Joséphine Japy, Sergi López, Catherine Mouchet / Sinopse: Monge Capuchino vira alvo de disputa entre forças celestiais e demoníacas. Entre a fé e a tentação o religioso tentará salvar sua própria alma.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Doze Homens e Outro Segredo

Essa franquia de sucesso mais parece uma reunião de amigos em um fim de semana do que qualquer outra coisa. E pensar que tudo começou lá na década de 1960 quando Frank Sinatra mandou o estúdio escrever um roteiro que pudesse contar com todos os seus amigos do “bando de ratos”, a saber: Dean Martin, Sammy Davis Jr e todo o resto da trupe. O filme original também tinha esse ar descompromissado que foi repetido aqui nessa nova franquia. Só que sai Sinatra e entra George Clooney. Ator bem relacionado em Hollywood com vários amigos no meio ele conseguiu reunir um time de estrelas do primeiro escalão de Hollywood para rodar inicialmente o remake do filme de Sinatra. Só depois do grande sucesso daquela produção foi que o estúdio teve a oportuna idéia de realizar continuações, até porque em Hollywood o que faz sucesso vira franquia imediatamente. O dinheiro é que manda! O primeiro filme é bem realizado, com direção correta e bom roteiro mas em nenhum momento chega a ser surpreendente ou marcante. No final das contas apenas diverte – e era justamente essa a intenção de seus realizadores. Já essa seqüência para falar a verdade não traz mais nada de novo. A verdade pura e simples é que não tinham mais nenhuma estória para contar então realizaram uma espécie de remake do remake (por mais estranho que isso possa parecer!).

Aqui Danny Ocean (George Clooney) resolve viver longe do mundo da criminalidade. Casado com Tess (Julia Roberts) ele só quer mesmo paz e tranqüilidade. As coisas começam a mudar quando o ex-marido de Tess, o almofadinha Terry Benedict (Andy Garcia), resolve recuperar todo o dinheiro que lhe foi roubado pelo grupo de Danny Ocean no primeiro filme. Ao mesmo tempo Ocean resolve se precaver e muda de idéia, resolvendo reunir novamente seus comparsas para aquele que seria o super roubo de sua carreira. O alvo dessa vez porém fica na Europa. Nesse ínterim a agente do FBI Isabel Lahiri (Catherine Zeta-Jones) começa o seu acerto de contas contra Rusty (Brad Pitt), um dos membros da equipe de Ocean. Seguem-se as costumeiras perseguições, cenas espetaculares e muita ação. Assim temos mais do mesmo. O roteiro se concentra nos preparativos do grande assalto enquanto os demais personagens apenas passeiam em cena. Um dos problemas dessa franquia é justamente esse, o excesso de personagens. Com tanta gente em cena ao mesmo tempo nenhum papel chega a ser bem desenvolvido, nem o de Ocean (Clooney). Júlia Roberts e Catherine Zeta-Jones não acrescentam em nada ao resultado final e mais parecem penetras no clube do Bolinha de Clooney. Os atores também não parecem levar nada à sério, em especial Brad Pitt que mais parece estar de férias na Europa. Se não é para ser levado à sério então porque o espectador vai se importar? Mesmo assim até que funciona como passatempo ligeiro, leve, mesmo que você esqueça tudo o que assistiu dois minutos depois do filme terminar.

Doze Homens e Outro Segredo (Ocean's Twelve, Estados Unidos, 2004) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: George Nolfi / Elenco: George Clooney, Andy Garcia, Brad Pitt, Julia Roberts, Matt Damon, Catherine Zeta Jones, Vincent Cassel, Don Tiffany / Sinopse: Mais uma vez o grupo liderado por Dany Ocean (George Clooney Resolve partir para um grande roubo, só que dessa vez na Europa.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Um Método Perigoso

"Um Método Perigoso" lida com a complicada relação entre os famosos Carl Jung (Michael Fassbander) e Sigmund Freud (Vigo Mortensens). O que havia começado como uma relação fraternal, quase de pai para filho, acaba desandando quando Jung ousa colocar em dúvida as bases das teorias de Freud. Para piorar ainda mais o relacionamento entre ambos logo vem à tona o fato de Jung ter se relacionado sexualmente com uma de suas pacientes, Sabina Spielrein (Keira Knightley). Um fato totalmente condenado por Freud. Realizar um filme assim é muito complicado pois se corre o risco do resultado final soar complicado demais para os leigos ou excessivamente superficial para os estudiosos das obras de Freud e Jung. Hoje em dia a própria psicanálise anda no fio da navalha pois o avanço dos remédios contra certos males da mente progrediu tanto que não é raro médicos da área desacreditarem totalmente tudo o que Freud e Jung produziram ao longo da vida. Se não for para debater a validade das teses de Freud e Jung então para que realizar esse tipo de filme?

De qualquer forma com esse material o diretor só tinha dois caminhos mesmo a seguir: ou realizar um filme ao estilo "novelão", sensacionalista, enfocando a vida sexual de Jung ou então algo mais cerebral, focado melhor nas divergências entre os dois pensadores. Infelizmente ao invés de escolher apenas um caminho e investir nele o diretor David Cronenberg tentou seguir os dois caminhos ao mesmo tempo, sem se ater a nenhum deles, transformando o resultado final bem superficial em ambos os lados. Nem desenvolve bem a conturbada relação Jung / Freud e nem muito menos consegue impor maior densidade dramática ao que acontece com as aventuras de alcova de Jung. Desse jeito acabou aborrecendo e decepcionando justamente tanto os especialistas quanto os leigos. Enfim, "Um Método Perigoso" é um filme esquizofrênico no final das contas e o pior dos pecados, bem superficial.

Um Método Perigoso (A Dangerous Method, Reino Unido, 2011) Direção: David Cronenberg / Roteiro: Christopher Hampton baseado no livro de John Kerr / Elenco: Keira Knightley, Viggo Mortensen, Michael Fassbender, Vincent Cassel / Sinopse: "Um Método Perigoso" lida com a complicada relação entre os famosos Carl Jung (Michael Fassbander) e Sigmund Freud (Vigo Mortensens). O que havia começado como uma relação fraternal, quase de pai para filho, acaba desandando quando Jung ousa colocar em dúvida as bases das teorias de Freud. Para piorar ainda mais o relacionamento entre ambos logo vem à tona o fato de Jung ter se relacionado sexualmente com uma de suas pacientes, Sabina Spielrein (Keira Knightley). Um fato totalmente condenado por Freud.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Cisne Negro

Nina Sayers (Natalie Portman) é uma jovem bailarina que tem que lidar com as pressões e os desgastes emocionais e psicológicos provenientes de sua escolha para participar de uma grande produção de "Cisne Branco". Eis aqui um dos melhores filmes dos últimos dez anos em Hollywood. Uma produção que consegue aliar boa arte, sofisticação e popularidade uma vez que alcançou um belo resultado nas bilheterias, o que me deixou surpreso em certo sentido pois não o considero um filme para todos os públicos. Ele não tem qualquer característica que o transforme em um produto pop de fácil consumo. Pelo contrário, "Cisne Negro" é um raro caso atual de primor cinematográfico. Seus vinte minutos finais são soberbos, um dos melhores clímax que o cinema americano conseguiu produzir em muito tempo. O filme todo aliás é um atestado do talento do cineasta Darren Aronofsky que, na minha opinião, está seguramente entre os cinco melhores diretores em atividade no momento. A fusão cinema e espetáculo transborda em cada cena, em cada momento desse filme extremamente inspirado (e inspirador). É uma aula de bom cinema!

O roteiro é muito bem escrito e tem subtextos bem relevantes. O primeiro é aquele que mostra um velho problema que atinge certos pais quando eles tentam compensar suas frustrações pessoais almejando de todas as formas se realizarem em seus filhos, a todo custo. Nesse aspecto Nina é apenas uma vítima nas mãos de sua mãe, uma bailarina frustrada. Outro aspecto importante é o que coloca em oposição a beleza da dança com a rudeza do mundo dos bastidores da companhia de ballet retratada no filme. É um contraste que chama muita atenção e choca pelo realismo apresentado. Nem é necessário citar também o conflito psicológico proveniente da pressão extrema pela qual passa Nina, que no fundo é apenas uma jovem meiga e terna (como o próprio Cisne Branco da peça). Por fim temos Natalie Portman. O que falar de sua interpretação? Ela está fenomenal mesmo e sua premiação com o Oscar foi uma das mais justas da história da Academia. Ela não apenas interpretou pois na minha opinião fez algo a mais, “incorporou” o papel, como nos bons tempos do Actors Studio. Simplesmente genial. Enfim, "Cisne Negro" é aquele tipo de filme que quando chega ao final não ficamos menos do que abismados. Comigo foi exatamente assim! Uma grata surpresa em um época tão carente de grandes filmes. 

Cisne Negro (Black Swan, Estados Unidos, 2010) Direção: Darren Aronofsky / Roteiro: Mark Heyman, Andres Heinz / Elenco: Natalie Portman, Mila Kunis, Vincent Cassel, Winona Ryder / Sinopse: Nina Sayers (Natalie Portman) é uma jovem bailarina que tem que lidar com as pressões e os desgastes emocionais e psicológicos provenientes de sua escolha para participar de uma grande produção de "Cisne Branco". 

Pablo Aluísio.