sábado, 14 de dezembro de 2024

Elvis Presley - Kissin' Cousins - Parte 4

Elvis Presley - Kissin' Cousins - Parte 4
No disco de vinil original de 1964 a canção "Anyone (Could Fall in Love with You)"  abria o Lado B. Eu até gosto dessa balada romântica, mas verdade seja dita, ela não entraria numa lista de melhores músicas lentas da carreira de Elvis dos anos 60. Para muitos ela tem uma melodia meio enjoativa. Dá para ouvir algumas vezes, apreciando o trabalho de Elvis e os Jordanaires (bem presentes na faixa), mas nada muito além disso. Elvis tinha capacidade de fazer algo bem melhor do que isso, vamos ser bem sinceros. 

Eu sempre achei mais do que curioso um filme protagonizado por personagens caipiras contar com uma trilha sonora sem country music de verdade! Eu digo de verdade, porque "Barefoot Ballad" é uma pop music que tira sarro do lado caipira da América. Aqui temos Hollywood tirando uma onda com a caipirada do sul! Pois é, meus caros, acredito que entenderam bem isso. Nunca gostaram dessa música lá nas montanhas do Kentucky, pode ter certeza disso!

Agora, dito isso, devo confessar que sempre achei "Barefoot Ballad" muito divertida! Eu tenho problemas de avaliar esse álbum com muita objetividade porque eu tenho um vínculo emocional com esse disco. Eu estava na infância e já ouvia essa trilha sonora, então, para uma criança, uma música como essa era pura diversão! Não tem como negar isso, em nenhum aspecto. Sinceridade vale ouro!

Já "Once Is Enough" é uma tentativa de ser fazer algo mais sério. A gravação em estúdio ficou boa, não tem como negar. O solo de sax ficou muito bom! O problema é que é justamente na cena em que essa música é apresentada no filme que um casal de bailarinos leva um tombo! E o diretor Gene Nelson deixou esse erro entrar no corte final. Assim uma boa música acabou sendo manchada por um amadorismo absurdo que não poderia ocorrer em um filme feito pela MGM, um dos grandes estúdios de musicais da história de Hollywood! Que lástima!

Pablo Aluísio. 

The Beatles - Beatles For Sale - Parte 4

The Beatles - Beatles For Sale - Parte 4
É curioso e interessante, mas eu sempre ouvi a canção "Baby's in Black" como uma espécie de ensaio para o que viria depois, com "Eleanor Rigby". Diria que as duas músicas são almas gêmeas, com o mesmo tipo de feeling! Sim, porque fato inegável é que essa faixa do Beatles For Sale foge mesmo da antiga fórmula das primeiras músicas dos Beatles. Pense bem. A protagonista é uma "garota de preto" cuja letra soa muito mais sombria do que poderia se imaginar. Paul McCartney, já nessa época, nessa fase primeira dos Beatles, já deixava claro que estava pronto para alcançar horizontes bem mais amplos. 

Paul costuma dizer que muitas de suas melhores músicas trazem personagens de mera ficção que ele utilizou ao longo dos anos. Nesse caso a tal garota vestida de preto seria mais uma delas, ou melhor dizendo, a primeira personagem de literatura que Paul inseria nos álbuns dos Beatles. Enfim, mostrava mesmo como Paul era diferenciado na criação de suas próprias canções. 

"Every Little Thing" não é tão inovadora como a faixa anterior, mas isso não significa que ela não seja outra bela surpresa. Eu iria além e penso que essa canção tem um sabor claramente oriental. Ela me lembra músicas criadas em um mundo antigo, em uma grande cidade de fusão cultural entre a tradição ocidental e oriental, como Constantinopla!

Veja sua marcação de ritmo, inclusive com pontuação de refrão que realmente foge do que se costumava ouvir na música pop dos anos 60. Ela tem um estilo diria até mesmo épico, por mais estranho que isso possa parecer. O vocal está com John Lennon, aqui com voz duplicada em estúdio. Enfim, uma faixa que até hoje impressiona por sua singularidade fora dos padrões. 

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

A Canção do Pôr do Sol

Título no Brasil: A Canção do Pôr do Sol  
Título Original: Sunset Song
Ano de Lançamento: 2015
País: Reino Unido
Estúdio: Hurricane Films
Direção: Terence Davies
Roteiro: Lewis Grassic Gibbon, Terence Davies
Elenco: Ken Blackburn; Mark Bonnar, Stuart Bowman

Sinopse:
O filme conta a história de uma jovem escocesa no começo do século XX. O pai, ignorante e turrão, nunca conseguiu compreender os anseios de sua filha, uma jovem inteligente, que tinha intenção de estudar para ter sua própria profissão. Quando esse morre e lhe deixa uma pequena herança, ela segue em frente em sua vida. Conhece um rapaz e se casa com ele, mas isso não será o fim de seus problemas emocionais. 

Comentários:
Como eu gosto de afirmar, o cinema europeu tem seu próprio ritmo para contar uma história no cinema. Algumas pessoas não conseguem ter paciência para assistir a um filme como esse, excessivamente lento, diria até terno, para contar a história de sua protagonista. Não é apenas a história de uma mulher, mas sim um resumo do que foi a vida de milhares de mulheres daqueles tempos. Elas seguiam basicamente em uma mesma história de vida, com pai abusivo, mãe explorada, subjugada, depois um casamento para não ficar mal vista dentro da comunidade. Mais problemas surgindo por causa disso como um marido com acessos de fúria e raiva, além da desgraça da guerra, que inclusive levou muitos maridos delas à morte. No final das contas gostei do filme. Uma bela, mas igualmente triste história, que aconteceu a muitas mulheres daquela Europa arrasada pela Primeira Guerra Mundial. Um retrato de um tempo perdido, que já se foi, mas que deixou lições importantes de vida. 

Pablo Aluísio.

Nas Profundezas do Abismo

Título no Brasil: Nas Profundezas do Abismo
Título Original: Me encontrarás en lo profundo del abismo
Ano de Lançamento: 2022
País: Argentina
Estúdio: Brainstorming Films
Direção: Matías Xavier Rispau
Roteiro: Boris C.Q, Matías Xavier Rispau
Elenco: Martín Rispau, Germán Baudino, Chucho Fernández

Sinopse:
Em um mundo devastado, em eterna escuridão, um homem solitário tenta arranjar uma bateria para seu carro. Ele entra em uma velha instalação industrial e acaba entrando em contato, por rádio amador, com um homem que também está nas proximidades. Juntos eles vão tentar sobreviver, ou não, dependendo das circunstâncias. 

Comentários:
O cinema argentino nem sempre tem o dinheiro necessário para esse tipo de produção, meio no estilo pós-apocalipse. Mas eles contornam esse tipo de coisa com imaginação e talento. É o caso que vemos aqui. O roteiro sempre sugere, mas nunca assume muita coisa. É sugerido várias vezes que o mundo está sendo devastado porque alguém invocou anjos e eles vieram, destruindo tudo por onde passavam. Só não espere encontrar seres alados tocando o terror. Como eu disse, muita sugestão, mas nada de mostrar os tais seres sobrenaturais. Por isso o filme pode soar meio decepcionante e cansativo para alguns. No meu caso acompanhei tudo até com certo interesse, apesar de não haver nada de muito original nessa história. Queria ver onde tudo iria acabar. O final não é grande coisa, mas está OK para as modestas capacidades orçamentárias de um filme como esse. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Possum

Título no Brasil: Possum 
Título Original: Possum 
Ano de Lançamento: 2018
País: Reino Unido
Estúdio: Fyzz Films
Direção: Matthew Holness
Roteiro: Matthew Holness
Elenco: Sean Harris, Alun Armstrong, Andy Blithe

Sinopse:
Um estranho homem vaga por um bosque. Ele está tentando se livrar de uma mala. Dentro dela há uma bizarra marionete, um crânio humano cercado de patas de aracnídeo. O boneco parece ter vida própria, assumindo o controle de seu criador. E um passado sombrio parece estar por trás de tudo o que acontece nas sombras. 

Comentários:
Filme de terror inglês bem estranho. Esse é aquele tipo de filme para poucos realmente. E por trás da história simples há significados psicológicos bem complexos. Por exemplo, qual é o sentido de tudo o que se vê na tela? Vou dar aqui minha interpretação bem pessoal. Aquele homem que anda com a mala é na verdade um pobre sujeito que quando criança foi raptado por um pedófilo. Esse é aquele senhor mais velho que contracena com ele, se dizendo seu amigo ou tio! Nada disso, é um criminoso. A marionete em forma de aranha é assim seu trauma personificado em um boneco aterrorizante, algo que ele tenta, mas que nunca consegue realmente se livrar. E como sempre acontece o abusado sexualmente cresce e logo se torna um abusador. Por essa razão em determinado momento do filme uma cirança sai de sua mala! Então, o tema é pesado. Um terror psicológico com pés (ou patas) fincadas no horror da vida real de um homem! Nem todo mundo vai aguentar, mas eu sinceramente deixo a recomendação desse filme pra lá de esquisito! 

Pablo Aluísio.

A Sétima Profecia

Título no Brasil: A Sétima Profecia
Título Original: The Seventh Sign
Ano de Lançamento: 1988
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Carl Schultz
Roteiro: Ellen Green, Clifford Green
Elenco: Demi Moore, Michael Biehn, Jürgen Prochnow

Sinopse:
Nesse filme a atriz Demi Moore interpreta a esposa de um advogado que está subindo na carreira, se envolvendo em casos judiciais controversos. E tudo desaba quando ela descobre que sua gravidez estaria envolvida numa estranha profecia e que seu filho seria uma peça importante no futuro da humanidade! 

Comentários:
O filme até que começa bem. Parece bem promissor, tem uma bonita direção de fotografia e a Demi Moore, jovem e bonita em cena, se esforçando para atuar bem. O problema é de roteiro. Eita roteiro confuso esse que se perde completamente nas tais profecias. Em determinado momento tudo fica confuso. O menino que está para nascer é um novo Messias ou o Anticristo? O roteiro não explica nada, apenas que o menino será o primeiro a nascer sem alma. O que isso significa exatamente? Aquele padre e aquele homem misterioso, que inclusive chega a ser sugerido como a reencarnação do próprio Cristo, são vilões ou mocinhos? Nem tente assistir ao filme em busca de respostas. O roteiro é tão mal escrito que nem mesmo a esses questionamentos básicos vai responder. Enfim, uma bagunça completa! 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Vício Frenético

Título no Brasil: Vício Frenético
Título Original: Bad Lieutenant
Ano de Lançamento: 1992
País: Estados Unidos
Estúdio: Bad Lt. Productions
Direção: Abel Ferrara
Roteiro: Zoë Lund, Abel Ferrara
Elenco: Harvey Keitel, Brian McElroy, Frank Acciarito

Sinopse:
Nesse filme o ator Harvey Keitel interpreta um policial de Nova Iorque. Não é um tira comum. Ao invés de defender a lei, ele passa o dia todo promovendo atos ilegais. É um viciado em drogas, que encurrala traficantes não para levar esses criminosos para a prisão, mas sim para levar as drogas que eles possuem. E a cada dia a coisa só piora. 

Comentários:
Houve um remake desse filme mais recentemente com o Nicolas Cage. Prefira esse original. Nunca vi um policial tão lixo no cinema como esse sujeito! O tenente interpretado por Harvey Keitel é o exemplo mais perfeito de tira escroto já visto nas telas! E olha que policiais assim não faltam em outros filmes. Só que esse aqui bateu mesmo todos os recordes. Quando não está cheirando pó, está bebendo ou tomando pico de heroína na veia com prostitutas. Quando não está aparecendo loucão nas cenas de crimes (como no estupro da freira) ele está chantageando jovenzinhas que foram pegas sem carteira de habilitação. Aliás essa cena pode ser considerada a mais constrangedora da carreira do Harvey Keitel. Um ator tem que ter coragem para fazer uma cena dessas! O filme decai um pouco do meio para o final, principalmente por aquele lance todo das apostas esportivas, mas seu final é mais do que adequado. Um sujeito desses, vivendo na criminalidade, realmente não merecia um final feliz, muito longe disso! 

Pablo Aluísio.

Punhos de Aço: Um Lutador de Rua

Título no Brasil: Punhos de Aço: Um Lutador de Rua
Título Original: Any Which Way You Can
Ano de Lançamento: 1980
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Buddy Van Horn
Roteiro: Stanford Sherman, Jeremy Joe Kronsberg
Elenco: Clint Eastwood; Sondra Locke, Geoffrey Lewis

Sinopse:
Nesse filme Clint Eastwood interpreta um cara durão, bom de briga, que ganha uma boa grana em lutas de rua, completamente ilegais. Então ele cai nas mãos de uma quadrilha de criminosos que raptam sua namorada. Caso não lute, eles vão matar ela. Então o jogo muda e vira uma questão de vida ou morte. 

Comentários:
Eu tinha uma lembrança afetiva desse filme porque ele passava muito na Sessão da Tarde durante os anos 80. E na época, ainda bem jovem, me divertia muito assistindo. Então resolvi rever agora. Pois bem, alguns filmes envelhecem mal mesmo. É o caso aqui. O filme tem um tipo de humor que envelheceu. Quase beirando os Trapalhões, principalmente naquela gangue de motoqueiros nazistas que no fundo são verdadeiros palhaços. O Clint também abriu muito espaço para sua esposa na época. A Sondra Locke canta uma música country atrás da outra. OK, Clint, entendi o que você estava querendo fazer, mas chega uma hora que cansa. Ele queria levantar a carreira de cantora dela e para isso usava o cinema. Melhor ver o Fats Domino numa rápida cena onde ele canta uma canção no palco do bar. Tem também o macaco Clyde que gosta de defecar nos carros patrulhas da polícia. Rende bons momentos. E a cena final, uma longa briga de socos, hoje em dia já não convence. Então é isso. Achei bem bobinho pra falar a verdade. Alguns filmes merecem ficar no passado mesmo. 

Pablo Aluísio.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Cem Mil Dólares para Ringo

Título no Brasil: Cem Mil Dólares para Ringo
Título Original: 100.000 dollari per Ringo
Ano de Produção: 1965
País: Itália, Espanha
Estúdio: Balcázar Producciones Cinematográficas
Direção: Alberto De Martino
Roteiro: Alfonso Balcázar
Elenco: Richard Harrison, Fernando Sancho, Luis Induni

Sinopse:
Lee 'Ringo' Barton (Richard Harrison) é um pistoleiro e cowboy errante que chega numa distante cidadezinha perdida do velho oeste. Lá acaba sendo confundido com um antigo morador chamado Ward Cluster que todos pensavam ter morrido durante uma batalha sangrenta na Guerra Civil Americana. Ringo obviamente não é Cluster, mas a confusão de identidades acaba desencadeando uma série de eventos perigosos na cidade.

Comentários:
Mais um Spaghetti Western com o famigerado pistoleiro Ringo (que só não foi mais popular do que Django e Trinity dentro desse estilo de filme). Para quem aprecia cinema italiano em geral a primeira coisa que chama a atenção aqui é a presença do diretor e roteirista romano Alberto De Martino. Sim, o mesmo diretor que dirigiu outros Spaguettis famosos como "Django Atira Primeiro" e "A Carga da Sétima Cavalaria". Curiosamente o cineasta começou sua carreira de filmes populares não em faroestes, mas sim em épicos ao estilo sandálias e areias. Foi assim que assinou películas como "O Gladiador Invencível", "O Triunfo de Hécules" e "Os Gladiadores Espartanos". Pode-se criticar seu cinema popularesco mas não sua versatilidade, pois até mesmo pelo terror italiano resolveu se aventurar - assinando o estranho, mas cult "O Anticristo" em 1974. Já "100.000 dollari per Ringo" é um faroeste tipicamente produzido para o cinema italiano dos anos 60. Cenas absurdas, violência estilizada (diria até cartunesca) e balas voando para todos os lados. Quem interpreta Ringo aqui é Richard Harrison, que ao contrário de muitos astros de Spaguettis, não era um italiano usando um pseudônimo americano, mas sim um norte-americano de verdade, nascido em Utah. Sua presença gringa mantém o interesse, embora o filme em si seja apenas mediano no final das contas. 

Pablo Aluísio.

O Filho de Django

Título no Brasil: O Filho de Django
Título Original: Il figlio di Django
Ano de Produção: 1967
País: Itália
Estúdio: Denwer Film
Direção: Osvaldo Civirani
Roteiro: Alessandro Ferraù, Tito Carpi
Elenco: Gabriele Tinti, Guy Madison, Ingrid Schoeller

Sinopse:
O famoso pistoleiro Django é morto covardemente pelas costas. Seu único filho, Jeff Tracy (Gabriele Tinti), decide fazer de sua vida uma cruzada em busca dos assassinos de seu pai. Isso o leva até uma cidadezinha dominada por dois poderosos fazendeiros. Tracy acaba descobrindo que um deles muito provavelmente esteja envolvido na morte de Django. O cenário se revela o ideal para que ele sacie sua sede de justiça e vingança.

Comentários:
O sucesso de Django com Franco Nero deu origem a dezenas de cópias, feitas exclusivamente para faturar alguns trocados nos cinemas populares ao redor do mundo. A maioria dessas produções eram de péssima qualidade. "O Filho de Django" é mais uma tentativa de lucrar em cima do nome do famoso pistoleiro do western spaghetti. O curioso é que para soar um pouco diferente os produtores decidiram que não mais apostariam no nome de Django, mas sim em seu filho! A produção como era de se esperar é de baixo orçamento. A edição é bem ruim, dando saltos na narrativa, sem ter nem ao menos a preocupação de situar melhor o espectador no contexto da estória que está contando. O roteiro é bem derivativo de centenas de outros filmes - a velha narrativa do filho buscando vingança pela morte do pai. De bom mesmo apenas a trilha sonora - com direito a um bom número musical em um saloon - e a presença de Guy Madison no papel do Padre Fleming, um curioso sacerdote rápido no gatilho. Já Gabriele Tinti que dá vida ao filho de Django é bem inexpressivo, contribuindo ainda mais para a má qualidade do filme como um todo. Melhor rever o único e original Django de 1966.

Pablo Aluísio.