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segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

M, o Vampiro de Dusseldorf

Título no Brasil: M, o Vampiro de Dusseldorf 
Título Original: M - Eine Stadt sucht einen Mörder
Ano de Lançamento: 1931
País: Alemanha
Estúdio: Nero-Film AG
Direção: Fritz Lang
Roteiro: Fritz Lang
Elenco: Peter Lorre, Ellen Widmann, Inge Landgut

Sinopse:
Um assassino em série começa a matar crianças na Alemanha. Isso apavora toda a sociedade. Os policiais passam a ser pressionados por todos, mas sem apresentar avanços concretos. Então o próprio submundo do crime decide pegar esse monstro, usando para isso de moradores de rua. E seus planos, para surpresas de muitos, acabam dando resultados. 

Comentários:
Desde que me tornei cinéfilo, lá nos anos 80, sempre ouvi falar muito desse clássico que está prestes a completar 100 anos! Só que nunca havia assistido durante todos esses anos. Só recentemente o vi pela primeira vez. De fato fiquei impressionado pelo filme. Tudo o que diziam dele em termos de inovação e ousadia pôde ser confirmado. Um roteiro muito bem escrito, excelentes tomadas de cena e tudo mais que notabilizou esse grande diretor Fritz Lang. As atrocidades cometidas pelo assassino nunca são mostradas, apenas sugeridas, de forma muito talentosa aliás. Durante muitos anos se afirmou que o filme era na realidade uma metáfora sobre a subida dos nazistas ao poder na Alemanha, algo que estava acontecendo justamente quando o filme foi produzido. Isso custou muito a Fritz Lang. Ele precisou fugir da Alemanha para não ser morto pelos nazis e foi para os Estados Unidos. Fez uma boa carreira em Hollywood, mas nada que pudesse ser comparado a esse filme. Sem dúvida essa foi a obra-prima de toda a sua vida! 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Aventura no Oriente

Título no Brasil: Aventura no Oriente
Título Original: They Met in Bombay
Ano de Lançamento: 1941
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Clarence Brown
Roteiro: Edwin Justus Mayer
Elenco: Clark Gable, Rosalind Russell, Peter Lorre, Jessie Ralph, Reginald Owen, Matthew Boulton

Sinopse:
Os planos do ladrão de joias Gerald Meldrick (Gable) e da vigarista Anya Von Duren (Russell) desmoronam quando o ladrão involuntariamente se torna um herói enquanto se faz passar por um oficial britânico.

Comentários:
Depois da grandiosidade de "E o Vento Levou" o que fazer? Esse foi o dilema do ator Clark Gable. A solução foi estrelar filmes menores na MGM, afinal não seria todo dia que um filme como aquele seria produzido. Esses filmes, digamos, pequenos, contavam até com bons roteiros, mas sem grande relevância. Esse aqui aposta na imagem de cinismo que o ator tinha na época, fruto claro também da popularidade de seu personagem no grande épico. Embora o roteiro tenha uma história que se passe no Oriente, em terras exóticas, o estúdio não teve dinheiro para fazer uma filmagem no exterior. Assim, tudo foi filmado nos grandes estúdios da MGM em Hollywood mesmo. Uma questão de custos de produção. Até mesmo a contratação de uma grande estrela de Hollywood foi deixada de lado. A MGM, assim, apostou na prata da casa, a jovem atriz Rosalind Russell, que nunca se tornaria uma grande estrela. Essa produção até que tem muito humor de classe, mas no quadro geral é apenas um filme de rotina na carreira do ator Clark Gable.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

20.000 Léguas Submarinas

Título no Brasil: 20.000 Léguas Submarinas
Título Original: 20,000 Leagues Under the Sea
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Productions
Direção: Richard Fleischer
Roteiro: Earl Felton
Elenco: Kirk Douglas, James Mason, Paul Lukas, Peter Lorre, Robert J. Wilke, Ted de Corsia

Sinopse:
Um estranho homem do mar, o Capitão Nemo (James Mason), tem uma visão toda própria do mundo em que vive. A bordo de seu moderno e poderoso submarino, o Nautilus, ele cruza os sete mares em busca da utopia que sempre perseguiu. Seria ele um homem de boas intenções ou um perigo para a humanidade? Filme premiado pelo Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte (John Meehan e Emile Kuri) e Melhores Efeitos Especiais.

Comentários:
Durante muitos anos a famosa novela de fantasia escrita pelo genial Jules Verne foi considerada impossível de se adaptar para o cinema. A imaginação do escritor era rica em detalhes e aspectos que seriam complicados de se levar para as telas. Realmente transpor todo aquele universo submarino não seria fácil. Porém transformar fantasia em realidade era algo natural para os estúdios Disney. Assim em 1954 chegou nas telas de cinemas de todo o mundo esse clássico do gênero. O filme teve uma produção cara para a época, diversos cenários bem elaborados foram construídos e a equipe de efeitos especiais trabalhou como nunca. O resultado ficou muito charmoso. Visto hoje em dia poderá soar datado, como seria óbvio, mas o fato é que o filme mantém seu estilo intocável, mesmo com o passar dos anos. O roteiro foi muito bem adaptado, conseguindo capturar o universo criado por Verne, inclusive na personalidade dos personagens principais. O Capitão Nemo, por exemplo, foi perfeitamente retratado pela adaptação. Além disso há a possibilidade de rever o grande Kirk Douglas (recentemente falecido) em um de seus mais marcantes filmes. Aliás esse segue sendo um dos mais populares de sua carreira. Enfim, úm ótimo programa para a imaginação. Um filme tão saboroso que até hoje segue sendo exibido com regularidade nos canais de TV a cabo. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 22 de novembro de 2020

Farsa Trágica

Todo cinéfilo que se preze, sabe que Vincent Price foi um dos maiores nomes dos filmes de terror na era clássica do cinema americano. Alto, elegante, geralmente emprestava sua peculiar imagem para fitas que marcaram época. Na vida pessoal era um homem muito culto, amante das artes e de fino humor. Seu bom humor inclusive pode ser conferido aqui em "Farsa Trágica" onde Vincent não se furta de rir de si mesmo. Afinal de contas saber lidar com sua imagem cinematográfica a ponto de rir dela, sem traumas ou desculpas, é o que diferencia os grande mitos dos meros narcisistas da tela. Nessa produção Vincent Price interpreta Waldo Trumbull, um agente funerário bem picareta. Ele finge enterrar as pessoas em elegantes caixões vendidos a preço de ouro para logo depois jogar os pobres falecidos na terra nua, com o objetivo de vender o mesmo caixão várias vezes para outros clientes, por anos a fio. Ele é ajudado por seu subalterno, Felix Gillie (Peter Lorre), um pobre diabo, que aguenta todas as humilhações possíveis simplesmente porque nutre uma paixão pela mulher de seu patrão. Beberrão, sem papas na língua, o personagem de Price é assumidamente um pilantra que não pensa duas vezes ao passar a perna em seus clientes.

As coisas porém andam de mal a pior. Ele tem cada vez menos enterros e sua funerária corre o risco até de ser despejada por não pagar o aluguel há um ano! Pressionado pelo proprietário do imóvel (em magistral interpretação de Basil Rathbone, o eterno interprete de Sherlock Holmes), não resta outro alternativa ao personagem de Price a não ser procurar por soluções mais radicais. Já que seu ramo é o da morte e as pessoas estão vivendo muito mais do que o esperado, ele decide então dar uma ajudinha aos velhinhos da cidade! Em situações de puro humor negro, o agente funerário começa a ele mesmo matar seus futuros "clientes". Como se pode perceber "Farsa Trágica" é uma comédia de terror das mais espirituosas e engraçadas. Vincent Price está cercado por um elenco magistral, onde vários grandes mitos dos filmes de terror da era de ouro de Hollywood estão reunidos. O grande Boris Karloff, por exemplo, está hilário como o sogro muito velho de Price. O veneno aqui é usado em cenas bem divertidas. Com esse papel ele mostra que tinha um especial talento para comédias. Sem dúvida é um dos mais divertidos filmes do gênero. Ah, e antes que me esqueça, vale a citação também do gatinho Rhubarb que consegue roubar várias cenas com sua "atuação". Enfim, não deixe de assistir a essa deliciosa e divertida comédia de humor negro no mais puro estilo britânico.

Farsa Trágica (The Comedy of Terrors, Estados Unidos, 1963) Direção: Jacques Tourneur / Roteiro: Richard Matheson / Elenco: Vincent Price, Peter Lorre, Boris Karloff, Basil Rathbone / Sinopse: Agente funerário (Price) quase falido resolve dar cabo dos velhinhos da cidade para conseguir mais "clientes" para seus serviços. O plano porém dá errado quando um deles volta da tumba para acertar suas contas com ele.

Pablo Aluísio.

domingo, 31 de maio de 2020

Casablanca

Casablanca é certamente o filme clássico mais cultuado da história do cinema. Casablanca é uma cidade situada no Marrocos. Também foi um local vital para os refugiados europeus que fugiam do regime nazista. De Casablanca era possível pegar um avião rumo a Lisboa e de lá fugir para os Estados Unidos. E é nesse local que vive Rick Blaine (Humphrey Bogart), um americano cínico, sempre com uma ironia na ponta de língua. Se dizendo “neutro” em relação a tudo que acontece na Europa, ainda que nas vésperas da entrada dos Estados Unidos no conflito, ele angaria simpatia de todos os lados, dos membros do regime entreguista francês aos integrantes da famosa resistência francesa. Dono de um bar muito procurado na região, que acaba funcionando como ponto de encontro de refugiados em busca de uma saída dos horrores da guerra na Europa, o lugar vira uma espécie de ponto de partida rumo à liberdade. Os problemas para Rick começam a surgir quando um conhecido lhe pede que fique de posse de dois salvo-conduto, documentos que garantem a quem os possuir livre passagem rumo à Lisboa. Para completar o intrigado jogo de xadrez, ele ainda tem que lidar com a volta de Ilsa (Ingrid Bergman) uma antiga paixão dos tempos em que morava em Paris.

“Casablanca” assim tece a teia de sua trama que envolve romance, espionagem, política e amores impossíveis de se concretizarem. O filme virou símbolo de toda uma era. Ao longo dos anos ganhou uma áurea e um status que o coloca lado a lado a outros grandes filmes como “E o Vento Levou”, "Lawrence da Arábia" e “Cidadão Kane”. O curioso é que não foi recebido com todo essa consagração em sua época. Embora tenha sido o grande vencedor do Oscar em seu ano de estreia, o filme era visto apenas como uma produção um pouco acima da média, com produção do conhecido Hal B. Wallis. Não era considerada uma obra prima e nem um marco da história do cinema americano em seu tempo. De fato “Casablanca” só adquiriu todo essa importância nos anos seguintes. Mas afinal o que tornou esse filme o cult que conhecemos hoje em dia? E por que foi elevado à posição de produção símbolo da época de ouro de Hollywood? Responder a essas perguntas não é nada fácil. O que parece ter acontecido é que “Casablanca” por ter vários elementos cruciais do cinema clássico tal como o entendemos na atualidade, acabou ganhando a posição de símbolo daqueles anos, daquela era dourada do cinema americano.

Temos que reconhecer que o filme em si ainda é muito bem realizado, muito bem roteirizado e tem os elementos certos bem encaixados. A Academia reconheceu esse aspecto e premiou "Casablanca" com o  Oscar nas principais categorias, entre elas a de melhor direção (Michael Curtiz), filme e roteiro. A trilha sonora, sempre lembrada, leva o espectador de forma imediata ao conturbado mundo político da II Guerra. Não há batalhas e nem combates em cena, pois é um filme de bastidores do que acontecia na guerra, que mostra a luta de quem apenas desejava acima de tudo sobreviver. O personagem interpretado por Bogart também era um sobrevivente. Sob uma postura de cinismo e frieza a tudo o que acontece ao redor, existia ali também um idealista que lutou contra o regime ditatorial na Espanha. Além disso embaixo da fachada de fria indiferença com as mulheres surgia também um homem apaixonado e magoado por ter sido abandonado pela mulher que amava. Nem é necessário elogiar a grande interpretação de Bogart. Com eterno cigarro na boca, rosto de tédio e expressão cool, o ator arrasou em sua caracterização. De fato o personagem reuniu tudo o que faria de Bogart um mito eterno do cinema. Foi a cristalização de sua imagem no cinema, definindo toda a sua carreira.

A atriz sueca Ingrid Bergman impressionava pela beleza, pelos olhos sempre cheios de lágrimas e pela sensualidade á flor da pele. O curioso é que sua personagem nem deveria despertar tanto carisma assim no espectador, uma vez que era uma mulher casada que se envolvia com um outro homem em Paris. O público porém ignorou tal fato e ela surgiu suprema em cena, despertando suspiros em cada momento que aparecia. Assim temos em “Casablanca” um filme nostálgico que conseguia trazer em seu roteiro  conspirações, conchavos e romance, tudo na medida certa. Além disso os personagens eram modelos de uma época do cinema americano que já não existe mais. Muito provavelmente por isso o filme seja tão cultuado. É uma símbolo do que se produzia em sua época. Por todas essas razões é até desnecessário falar mais sobre o filme. “Casablanca” é um clássico para se rever sempre, de tempos em tempos. Um filme realmente atemporal e eterno. Item essencial na sua coleção de filmes.

Casablanca (Casablanca, Estados Unidos, 1942) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein, Howard Koch, Murray Burnett, Joan Alison / Elenco: Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid, Claude Rains, Conrad Veidt, Sydney Greenstreet, Peter Lorre, S. Z. Sakall, Madeleine Lebeau / Sinopse: Após ser perseguido pelos nazistas um atravessador entrega a Rick Blaine (Bogart), dono de um bar cassino em Casablanca, dois documentos que garantem passe livre a quem os possuir. Ao mesmo tempo Rick reencontra Ilsa Lund (Bergman), uma antiga paixão dos tempos em que morava em Paris. Após ser abandonado sem razão, ela agora está de volta e pretende fugir com o marido rumo aos Estados Unidos, para fugir dos nazistas. Apenas Rick possui a chance de lhe dar os salvo-condutos. Será que fará isso pelo amor de sua vida?

Pablo Aluísio.