sábado, 6 de março de 2021

A Verdadeira História De Ned Kelly

Título no Brasil: A Verdadeira História De Ned Kelly
Título Original: True History of the Kelly Gang
Ano de Produção: 2019
País: Austrália, Inglaterra
Estúdio: Porchlight Films
Direção: Justin Kurzel
Roteiro: Shaun Grant, Peter Carey
Elenco: George MacKay, Charlie Hunnam, Russell Crowe, Nicholas Hoult, Orlando Schwerdt, Essie Davis

Sinopse:
Ned Kelly (George MacKay) foi um criminoso e fora-da-lei que viveu no século XIX. Enforcado com apenas 25 anos de idade por seus crimes, ele acabou se tornando um símbolo de resistência do povo australiano contra a dominação inglesa em sua nação. Filme premiado pela Australian Academy of Cinema and Television Arts.

Comentários:
O que levou um povo culto como o australiano e eleger um criminoso, assassino e ladrão de cavalos, como um dos seus heróis nacionais, é algo que apenas a psicologia coletiva pode responder. De minha parte cabe apenas avaliar os méritos cinematográficos desse filme. E digo que é muito bom. Esse personagem histórico Ned Kelly é pouco conhecido no Brasil. Ele tinha um ódio especial contra autoridades inglesas e ficou conhecido pela brutalidade com que tratava seus inimigos. Vilipendiar cadáveres, por exemplo, era uma constante em seus crimes. Sua família toda era formada por criminosos, a começar por sua mãe e irmãos. Juntos eles formaram uma quadrilha que matava e assaltava diligências e pessoas que se aventuravam em suas terras, no interior deserto e árido da Austrália. Apesar do título desse filme afirmar que é a "verdadeira história", nem tudo o que se vê na tela realmente aconteceu daquela forma na história real. Por exemplo, Ned Kelly foi capturado em um hotel e não no meio de uma propriedade rural abandonada como se mostra no filme. De qualquer forma o filme é bom, bem produzido. E se o personagem lhe interessar de alguma maneira existe uma outra fita, essa estrelada pelo finado Heath Ledger, que conta a mesma história, só que em outro ponto de vista, claro.

Pablo Aluísio.

Assassinos de Aluguel

Título no Brasil: Assassinos de Aluguel
Título Original: Freelancers
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: Grindstone Entertainment
Direção: Jessy Terrero
Roteiro: L. Philippe Casseus
Elenco: 50 Cent, Robert De Niro, Forest Whitaker, Malcolm Goodwin, Ryan O'Nan, Anabelle Acosta

Sinopse:
O filho de um policial assassinado se torna também um policial. Só que ele se envolve com o lado podre da polícia, com tiras que cobram propina e até se envolvem com tráfico de cocaína em Nova Iorque. Com o tempo ele vai descobrindo os responsáveis pela morte de seu pai no passado.

Comentários:
Esse filme policial chamado "Assassinos de Aluguel" prova uma coisa: 50 Cent não é e nunca será um ator. Ele é péssimo, ruim demais. Uma coisa que chega a causar vergonha. Um desrespeito para o espectador. Seu nível de atuação se aproxima do zero. Quando surge em cena o filme que até vinha dando alguns voos de galinha volta a afundar completamente. Talvez por ser tão ruim os produtores escalaram dois ótimos atores como coadjuvantes. Porém Robert De Niro e Forest Whitaker não conseguem salvar o filme do desastre. O roteiro é muito ruim também, aquela velha história de vingança envolvendo a figura do pai. Quantas vezes você já não viu isso? De qualquer forma esse filme não teria salvação e as coisas só pioram ainda mais quando o protagonista não é um ator. Pior do que isso, ele é basicamente um amador que não faz o menor esforço para parecer menos ruim. Alguém que não tem a menor noção do que é verdadeiramente atuar. 50 Cent nesse quesito pode facilmente estar na lista dos piores de todos os tempos. Deus me livre!

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 5 de março de 2021

Veronika Decide Morrer

Desiludida, deprimida e cansada da vida, a jovem Veronika (Sarah Michelle Gellar) decide se matar. Ela coloca todas as pílulas em cima de uma mesa e começa a tomar uma a uma. A intenção é ter uma overdose de drogas fatal. Só que socorrida a tempo, ela sobrevive. Quando acorda do coma está em um hospital para tratamento de doentes mentais. Seus pais a colocaram lá, para ficar sob observação. O problema é que uma sequela da tentativa de suícidio se materializa em um aneurisma que lhe dará poucas semanas de vida. Como ela vai lidar com essa nova realidade?

"Veronika Decide Morrer" é um livro escrito por Paulo Coelho. Essa é a versão cinematográfica dessa obra. Pensei que o filme seria uma sucessão de cenas tristes e depressivas, uma vez que grande parte de sua história se passa dentro de uma instituição psiquiátrica. Porém em meio a esse cenário um tanto perturbador, há espaço também para se contar algumas boas histórias, envolvendo alguns dos pacientes que se encontram internados por lá.

Nunca li o livro de Paulo Coelho, mas gostei do enredo, do desenvolvimento e principalmente do final da história. É um desfecho alto astral, um final feliz. Quem poderia imaginar que uma história com tintas tão dramáticas como essa poderia resultar em uma boa mensagem como clímax de tudo? Pois foi justamente isso que aconteceu. Outro destaque desse filme que me agradou bastante foi a atuação da atriz Sarah Michelle Gellar. Esse foi seu primeiro papel adulto e ela se saiu muito bem. Palmas para a jovem. Assim deixo a dica desse bom filme. Em tempos tão sombrios não deixa de ser uma boa surpresa termos um filme que acaba assim, tão bem, com uma mensagem positiva para se passar ao público espectador. Um filme que vale pelas suas boas intenções.

Veronika Decide Morrer (Veronika Decides to Die, Estados Unidos, 2009) Direção: Emily Young / Roteiro: Larry Gross, baseada na obra escrita pelo escritor Paulo Coelho / Elenco: Sarah Michelle Gellar, Jonathan Tucker, Erika Christensen, Florencia Lozano, Barbara Sukowa / Sinopse: Após uma tentativa de suícidio, a jovem Veronika (Gellar) acaba reencontrando o sentido da vida em uma instituição de tratamento de pessoas com distúrbios e doenças mentais.

Pablo Aluísio.

Cidade Ardente

Título no Brasil: Cidade Ardente
Título Original: City Heat
Ano de Produção: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Richard Benjamin
Roteiro: Blake Edwards
Elenco: Clint Eastwood, Burt Reynolds, Jane Alexander, Madeline Kahn, Rip Torn, Irene Cara

Sinopse:
O investigador particular Mike Murphy (Burt Reynolds) e o tenente da polícia Speer (Clint Eastwood), antes parceiros, agora inimigos ferrenhos, relutantemente se unem para investigar um assassinato. Filme indicado ao Framboesa de Ouro na categoria de pior ator (Burt Reynolds).

Comentários:
A ideia inicial era boa, realmente boa. Reunir em um mesmo filme os astros Clint Eastwood e Burt Reynolds. Tinha tudo para dar certo. Só que o estúdio escolheu o roteiro errado e o diretor errado para conduzir essa união de grandes astros de filmes de ação. O roteirista era Blake Edwards, conhecido por seus filmes ao estilo comédia pastelão. O diretor era Richard Benjamin, mais conhecido por suas comédias familiares. O que esses dois tinham a ver com Clint Eastwood? Nada, absolutamente nada. Por isso o resultado ficou fraco demais. Nunca foi a praia de Clint tentar fazer comédia. Aliás essa coisa de colocar atores conhecidos por interpretar personagens durões em filmes de ação para fazer comédia nunca deu certo em Hollywood, em época nenhuma. Sempre vira um constrangimento, uma vergonha alheia. E por essa razão esse filme afundou feito o Titanic. Foi massacrado pela crítica da época e o público ignorou completamente. Fracasso comercial, foi a primeira e única tentativa de Clint Eastwood em seguir por esse caminho. Pelo visto ele percebeu que era uma tremenda furada.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de março de 2021

Meninos do Brasil

Esse filme me impactou positivamente. Veja, toda a trama do roteiro é puramente ficcional. Claro que Josef Mengele foi um carrasco nazista, um médico insano que cometeu monstruosidades em campos de concentração do III Reich, porém tudo o que se passa durante o filme não passa de pura ficção e digo que é ficção de boa qualidade. O curioso é que em 1978 quando esse filme foi lançado, Mengele ainda estava vivo, morando escondido no interior de São Paulo. Será que ele teve a oportunidade de ver essa película em algum cinema brasileiro? Nunca saberemos... 

De qualquer forma voltemos ao filme. Do que se trata? Um grupo de nazistas fugitivos vivem na América Latina. Entre eles um dos mais celebrados é justamente Josef Mengele (Gregory Peck, em raro papel de vilão). Ele tem muitos planos de levar a raça ariana em frente, criar uma raça de meninos superiores, para o futuro da humanidade. E nada seria mais adequeado para essa mentalidade distorcida do que criar dezenas de pequenos "Hitlers". Usando do DNA original do ditador, ele tenciona criar clones e mais do que isso, criar todo o meio ambiente em que vivem para ter a mesma forma de pensar do famigerado líder nazista do passado.

Contra os planos de Mengele surge um velho inimigo dele, um verdadeiro caçador de nazistas, o Dr. Ezra Lieberman (Laurence Olivier). Ele fica sabendo que uma série de 94 homens estão marcados para morrer pela organização nazista. Mas qual seria a ligação dessas mortes com Mengele? Juntando pistas, seguindo investigações, ele vai traçando bem os passos dos nazistas. Eu assisti a esse "The Boys from Brazil" recentemente pela primeira vez e posso dizer que é um filmão! Sim, é pura ficção, como já frisei, mas é uma trama das boas, muito bem bolada. Palmas para o escritor Ira Levin que escreveu o livro original que deu origem a esse filme. Ele estava mais do que inspirado. O resultado ficou muito bom.

Meninos do Brasil (The Boys from Brazil, Inglaterra, Estados Unidos, 1978) Direção: Franklin J. Schaffner / Roteiro: Heywood Gould, baseado no livro escrito por Ira Levin / Elenco: Gregory Peck, Laurence Olivier, James Mason / Sinopse: Mengele (Peck), um nazista fugitivo na América do Sul, coloca seu plano de criar a raça ariana para funcionar. Porém para que tudo corra de acordo com o planejado ele precisa que sua organização mate 94 homens ao redor do mundo. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Laurence Olivier), melhor edição (Robert Swink) e melhor música original (Jerry Goldsmith). Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator (Gregory Peck).

Pablo Aluísio.

O Beijo da Mulher-Aranha

Em grande parte do filme temos apenas dois personagens em cena. Ele são prisioneiros e estão dentro de uma cela. E são pessoas bem diferentes entre si. Valentin Arregui (Raul Julia) é um prisioneiro político. Socialista de formação, foi pego tentando passar um passaporte falso para outro companheiro de luta. Luis Molina (William Hurt) é um homossexual que seduziu um rapaz menor de idade. Acabou sendo condenado a oito anos de cadeia em uma prisão muito suja e super lotada. O filme não diz exatamente em que país eles cumprem pena, mas fica claro desde sempre que é no Brasil.

Precisando viver juntos, eles precisam superar as diferenças e acabam se tornando bem próximos. O personagem de William Hurt conta as histórias dos velhos filmes que assistiu no passado. Algumas vezes suas lembranças são deixadas de lado para a imaginação fluir e ele cria seus próprias enredos. Ele é um encarcerado, mas sua mente pode ir longe. O pior porém é que ele é levado pelo diretor da prisão a trair seu amigo de cela. Ele precisa trazer informações do preso político, saber suas conexões, uma espécie de traição sutil que vai desandar em um final trágico. Nesse aspecto o filme não nega suas origens bem teatrais pois tudo é desenvolvido em ambiente quase único, tudo fundado em ótimos diálogos.

"O Beijo da Mulher-Aranha" aliás foi o mais perto que o cinema brasileiro chegou de ganhar um Oscar. William Hurt venceu o Oscar de melhor ator naquele ano e fez uma saudação em português para o Brasil enquanto recebia o prêmio. O filme realmente é praticamente todo nacional, com elenco coadjuvante formado por atores brasileiros falando inglês e equipe técnica de nacionalidade verde e amarela. Então de fato, tirando Hurt e alguns outros profissionais estrangeiros, temos aqui um produto de nosso cinema. O resultado é dos melhores. O filme não envelheceu muito com o passar dos anos pela simples razão que é um daqueles filmes em que a atuação fica em primeiro plano. E nesse aspecto não há o que reclamar. É um belo momento do cinema brasileiro.

O Beijo da Mulher-Aranha (Kiss of the Spider Woman. Brasil, Estados Unidos, 1985) Direção: Hector Babenco / Roteiro: Manuel Puig, Leonard Schrader / Elenco: William Hurt, Raul Julia, Sônia Braga, José Lewgoy, Milton Gonçalves, Nuno Leal Maia, Fernando Torres, Herson Capri, Denise Dumont, Wilson Grey, Miguel Falabella / Sinopse: Dois prisioneiros vivem o drama de cumprir pena em uma prisão de um país da América Latina. Filme premiado com o Oscar na categoria de melhor ator (William Hurt). Também indicado nas categorias de melhor filme, melhor direção e melhor roteiro adaptado.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de março de 2021

O Exorcista III

Esse filme é um dos mais subestimados da história do cinema americano. "O Exorcista 2 - O Herege" foi uma das maiores porcarias da franquia, por isso muita gente não foi ver esse terceiro filme da série "O Exorcista". Perderam muito. O fato, e digo isso sem favor algum, é que "O Exorcista III" é um filmão! Na verdade o filme deveria se chamar "The Legion" pois o roteiro foi adaptado desse livro de terror escrito por William Peter Blatty, o mesmo que escreveu o clássico "O Exorcista". No meio das filmagens os produtores decidiram que ele iria chegar nas telas de cinema como "O Exorcista III" por causa da força do nome comercial.

O filme conta a história de uma investigação policial a cargo do detetive Kinderman (George C. Scott). Várias pessoas são encontradas mortas, decapitadas e com sinais de que foram realizados rituais religiosos durante os assassinatos. Entre os mortos estão dois padres e um adolescente. Conforme as investigações avançam o velho policial vai encontrando semelhanças com o modo de agir de um antigo serial killer. O problema é que ele está morto há anos. E um louco insano, internado em um hospício, parece ter as respostas que o velho policial tanto procura.

"O Exorcista III" aposta com muito sucesso em um terror psicológico de primeira linha. Há uma longa cena, dentro de um quarto de manicômio, entre os atores Brad Dourif e George C. Scott, que verdadeiramente me impressionou. Tudo construído apenas no talento dos atores e na força de diálogos mais do que afiados. Um show de interpretação! O interessante é que após as filmagens o estúdio decidiu que um novo final seria filmado e nem isso prejudicou o filme, pelo contrário, lhe trouxe mais consistência cinematográfica. Hoje em dia as duas versões, a do diretor e a do estúdio, estão disponíveis em DVD. Enfim, posso dizer que esse filme merece ser mais reconhecido nos dias de hoje. Com roteiro inteligente (o mais complexo da franquia, para dizer a verdade) e um elenco de grandes atores em cena, "O Exorcista III" é uma pequena obra prima do gênero terror. Merece lugar de destaque em sua coleção.

O Exorcista III (The Exorcist III, Estados Unidos, 1990) Direção: William Peter Blatty / Roteiro: William Peter Blatty / Elenco: George C. Scott, Ed Flanders, Brad Dourif, Nicol Williamson, Scott Wilson, Nancy Fish / Sinopse: Um veterano policial precisa investigar uma série de assassinatos com aparente motivação religiosa. E para sua surpresa, todas as respostas parecem estar com um louco insano aprisionado em um manicômio judiciário. Filme premiado na categoria de melhor roteiro pela Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films.

Pablo Aluísio.

Halloween 4

O filme "Halloween 3" foi um verdadeiro desastre. Fracasso de público e crítica, irritou principalmente os fãs dessa franquia de filmes de terror. Por essa razão os produtores decidiram voltar ao básico. A primeira decisão foi trazer de volta o psicopata Michael Myers. Assim o assassino acabava fugindo de uma ambulância que o levava de um hospício para o outro. De volta às ruas, livre e desimpedido, ele voltava a fazer o que sempre fazia nos filmes anteriores: matar pessoas na noite de Halloween, E seu principal alvo agora era uma garotinha de apenas 10 anos, sua sobrinha, que nem era nascida quando ele matou pela primeira vez.

"Halloween 4" foi lançado em 1988 para celebrar os 10 anos de lançamento do primeiro filme. Inegavelmente é um filme bem melhor do que o terceiro. Tem enredo redondinho e traz aquilo que os fãs esperavam encontrar nas telas de cinema. Também tem um roteiro bem melhor que procura desenvolver, mesmo que de forma mínima, todos os personagens do filme, sendo a maioria deles um bando de jovens com os hormônios em alta. 

Claro, Mike Myers continuou a ser um vilão básico de filmes de terror dos anos 80. Com faca na mão e máscara no rosto, com zero em termos de diálogo, ele se tornava mais genérico do que nunca. Mas o roteiro funcionava criando boas situações. Imagine tentar capturar um criminoso desses na noite de Halloween com centenas de jovens usando sua mesma máscara. Assim "Halloween 4", apesar de não ser um grande filme, muito longe disso, traz o exatamente aquilo que todos esperavam da franquia. Tem boa produção, um roteiro de acordo com o que se via nos filmes do passado e um grupo de belas jovens para, mais cedo ou mais tarde, caírem nas mãos do assassino insano. Para um filme que foi produzido e lançado nos anos 80 já estava de bom tamanho.

Halloween 4: O Retorno de Michael Myers (Halloween 4: The Return of Michael Myers, Estados Unidos, 1988) Direção: Dwight H. Little / Roteiro: Dhani Lipsius, Larry Rattner / Elenco: Donald Pleasence, Ellie Cornell, Danielle Harris / Sinopse: Após ficar anos internado em manicômios para criminosos loucos, o assassino Mike Myers consegue fugir. E na noite de Halloween ele retorna para sua cidade natal com o plano de matar sua sobrinha, uma garotinha com apenas 10 anos de idade.

Pablo Aluísio.