segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Elvis Presley - If I Can Dream

Vários amigos e fãs de Elvis me enviaram mensagens nos últimos dias me perguntando porque eu ainda não tinha escrito sobre esse lançamento. O CD foi um grande sucesso de vendas, levando Elvis novamente ao primeiro lugar nas principais paradas americanas e europeias. A crítica de maneira em geral elogiou e o público, mesmo o mais ligado a Elvis, principalmente formado pelos colecionadores, etc, também gostou bastante. Assim "If I Can Dream" acabou se tornando uma espécie de unanimidade. A grande novidade vem do fato de termos novos arranjos, com a riqueza sonora da Royal Philharmonic Orchestra, preservando-se das gravações originais apenas a voz de Elvis.

É um trabalho refinado, com muito estilo. Disso não sobram dúvidas. Apesar disso eu sou um tradicionalista em termos musicais. Como tenho mais de três décadas ouvindo a discografia original de Elvis Presley aprecio demais os arranjos originais para ignorá-los agora, pois a maneira como as gravações foram realizadas faz parte da história de Elvis. Criei até mesmo laços sentimentais com as canções. Não importa que muitos desses arranjos estejam desatualizados com a sonoridade atual, em minha opinião isso realmente não tem a menor relevância. As músicas foram gravadas levando-se em conta o seu contexto histórico, era a sonoridade que imperava na época. Traz o sabor da história e dos anos em que foram registradas. Tampouco tenho qualquer interessa comercial em fazer novos fãs entre a nova geração.

Eu sempre digo que a arte em geral é atemporal. Tentar modernizá-la ou tentar adequar ao gosto do público atual não deixa de ser também uma forma de descaracterizá-la. Além disso o trabalho dos músicos originais que tocaram com Elvis foi literalmente deixado de lado. Na verdade esse tipo de inovação nem mesmo me soa como algo novo. Já havia sido colocada em prática no lançamento de CDs como "Elvis Medley", lá por volta do começo dos anos 1980 ou até mesmo "Guitar Man", "Too Much Monkey Business", etc, cujos arranjos modernosos da época de seu lançamento soam hoje em dia mais desatualizados do que os originais que estavam nos álbuns lançados pelo próprio Elvis em vida.

Além disso alguns arranjos desse CD não me agradaram em nada, a despeito da capacidade dos músicos envolvidos nesse processo. Canções como "Bridge Over Troubled Water", "You've Lost That Loving Feeling" e principalmente "An American Trilogy" já tinham certamente encontrado seu arranjo perfeito. Não se mexe em obras primas. Bem piores ficaram "Burning Love" e "Fever", essa última certamente a pior faixa do CD, exagerada, kitsch, excessiva. A única gravação remodelada que me deixou levemente satisfeito foi "If I Can Dream". Talvez por ser a gravação título do álbum realmente capricharam em seu arranjo. Todo o resto, sinceramente falando, me pareceu apenas curioso, até um pouquinho interessante, mas nada muito além disso. Esse é aquele CD que você terá em sua coleção apenas como curiosidade e nada mais. O fã de longa data com certeza não trocará as velharias que tanto ama por essa maquiagem. Não existe botox no mundo da música que melhore o que já é tão bom e belo. Não estou muito interessado nisso, quero mesmo as marcas do tempo e da história. Coisas que um tradicionalista preza. Tudo o mais é pura frivolidade sonora.

Elvis Presley - If I Can Dream (2015)
Burning Love
It's Now Or Never
Love Me Tender
Fever (feat. Michael Buble)
Bridge Over Troubled Water
And The Grass Won't Pay No Mind
You've Lost That Loving Feeling
There's Always Me
Can't Help Falling In Love
In The Ghetto
How Great Thou Art
Steamroller Blues
An American Trilogy
If I Can Dream

Pablo Aluísio.

Rolling Stones - Gimme Shelter

Documentário musical que deveria celebrar mais uma turnê americana dos Rolling Stones, mas que acabou terminando em tragédia. Acontece que durante um dos concertos do grupo o vocalista Mick Jagger teve a péssima ideia de dispensar o uso de seguranças profissionais, contratando ao invés disso membros dos Hells Angels para fazer esse serviço. Talvez querendo dar uma de deslocado ou de hippie paz e amor, Jagger cometeu o maior erro de sua carreira. Não demorou nada para que os motoqueiros começassem a sair na porrada com o público. Pior do que isso, um rapaz foi morto durante a confusão. 

Isso obviamente mancharia para sempre os Stones, até porque a imprensa não deixou barato, culpando os membros do grupo pela morte do jovem. E de certa maneira eles eram mesmo culpados. Esse documentário ficou bastante tempo arquivado, justamente pela imagem do assassinato, mas depois acabou sendo lançado. Um registro triste da história do rock. Fica pelo menos como lição. Afinal organizar concertos de rock exige um profissionalismo completo. Não adianta ter ideias estúpidas achando que elas são revolucionárias ou inovadoras. Não são, são apenas estúpidas mesmo. 

Rolling Stones - Gimme Shelter (Gimme Shelter, Estados Unidos, 1970) Direção: Albert Maysles, David Maysles / Roteiro: Albert Maysles, David Maysles / Elenco: Mick Jagger, Keith Richards, Mick Taylor, demais membros dos Stones e a gangue de motoqueiros Hells Angels / Sinopse: Documentário sobre a maior tragédia da banda Rolling Stones, quando Mick Jagger resolveu contratar como seguranças os membros da gangue de motoqueiros Hells Angels. No meio da confusão que cerca o concerto um jovem rapaz acabou sendo morto pelos membros do motoclube.

Pablo Aluísio.

domingo, 2 de janeiro de 2011

A-ha - Stay On These Roads

Muita gente acredita que o A-ha foi apenas uma banda norueguesa que fez muito sucesso na década de 1980 com suas canções de refrões pegajosos e depois disso sumiu do mapa sem deixar vestígios. Nada mais longe da realidade. Na verdade o A-ha é um dos grupos europeus mais interessantes que já surgiram no mundo da música. Embora realmente tenham tido uma fase de sucesso FM, o fato é que eles seguiram em frente após isso e gravaram trabalhos excelentes, acima da média mesmo. Muitos desses álbuns não fizeram grande sucesso entre o público brasileiro mas devem ser redescobertos, como por exemplo, o excepcional "Memorial Beach", um grande fracasso de vendas cuja qualidade é inversamente proporcional ao seu fraco sucesso comercial.

Considerado por muitos o melhor disco do grupo ele demonstra que mesmo não alcançando mais o topo das paradas o A-ha conseguiu manter um bom nível de qualidade em seus discos. "Stay On These Roads", por outro lado, faz parte da fase de maior sucesso do grupo. Lançado em 1987 o disco emplacou nas rádios e paradas com várias de suas canções, que viraram hits como "You Are the One", "Touchy!", "The Blood That Moves the Body", "The Living Daylights" e a própria faixa título do disco, a baladona "Stay on These Roads". Esse foi o terceiro disco do A-ha na gravadora Warner e contou com todo o apoio da gravadora multinacional que não mediu esforços para continuar divulgando o grupo, inclusive escalando a banda para compor e cantar o tema do novo filme de James Bond, "Marcado Para Morrer". A faixa "The Living Daylights" é inclusive considerada até hoje um dos melhores temas do agente inglês no cinema. Composta em quatro mãos por Paul Waaktaar-Savoy e John Barry, não fez feio nem nas paradas e nem na avaliação dos principais críticos de música na época de seu lançamento. Um grande êxito.

Para promover o disco o A-ha caiu na estrada e realizou mais de 80 concertos mundo afora. Uma turnê exaustiva e muito produtiva em termos de divulgação. Para os fãs brasileiros essa turnê marcou época pois o grupo a encerrou justamente no Brasil ao realizar cinco shows em São Paulo e no Rio de Janeiro. A presença dos noruegueses por aqui inflamou as vendas do conjunto que foi premiado pela Warner Brasil com um Disco de Platina pelas vendas excepcionais. Como se não bastasse a filial brasileira da Warner até mesmo inventou uma coletânea chamada "A-ha In Brazil" que também fez bonito nas lojas, vendendo milhares de cópias. Infelizmente "Stay On These Roads" marcaria o fim da fase de maior sucesso da carreira do A-ha. Depois da enorme turnê eles resolveram dar um tempo. Cada um foi para seu lado produzir trabalhos próprios e o A-ha como grupo só voltaria ao mercado dois anos depois com o álbum "East of the Sun, West of the Moon" que ficou famoso por causa do hit "Crying in the Rain", uma regravação de um antigo sucesso da dupla The Everly Brothers. Não faz mal. "Stay On These Roads" está aí como um disco acima da média com nada mais, nada menos, do que cinco grandes sucessos em um álbum com apenas 10 faixas - um resultado excepcional em termos de popularidade. Se você gosta do A-ha ou da sonoridade da década de 80 então “Stay On These Roads” é simplesmente indispensável em sua coleção.

A-ha - Stay On These Roads (1987)
Stay on These Roads
The Blood That Moves the Body
Touchy!
This Alone Is Love
Hurry Home
The Living Daylights
There's Never a Forever Thing
Out of Blue Comes Green   
You Are the One
You'll End up Crying

Pablo Aluísio.

Rolling Stones - Sticky Fingers

10 curiosidades sobre "Sticky Fingers" dos Rolling Stones:

1. Esse foi o primeiro álbum dos Stones em seu novo selo, Rolling Stones Records. Para presidir a empresa os Stones contrataram Marshall Chess, filho de Leonard Chess, o fundador do selo Chess Records.

2. A capa do disco foi criada originalmente pelo gênio da pop art Andy Warhol.

3. Alan Klein, o empresário corrupto dos Beatles, conseguiu ter o controle dos direitos autorais de duas canções dos Stones, "Brown Sugar" e "Wild Horses".

4. Sticky Fingers foi gravada em três lugares diferentes (Alabama, Londres e  Hampshire) em um período de tempo de dois anos!

5. O álbum foi severamente criticado em seu lançamento. O crítico Jon Landau por exemplo profetizou o fim da banda ao qualificar o disco como um "exercício de autodestruição, tamanha a sua má qualidade".

6. Esse foi o primeiro disco com Mick Taylor como um membro oficial dos Rolling Stones. Seus melhores momentos podem ser ouvidos nas faixas "Can not You Hear Me Knocking", "Sway" e "Moonlight Mile".

7. Na edição espanhola do disco a capa foi censurada sendo ainda colocada uma versão ao vivo de Chuck Berry da faixa  "Let It Rock".

8. "Can not You Hear Me Knocking" foi gravada praticamente como uma jam session, sem ensaio algum.

9. "Sister Morphine" e "Wild Horses" ganharam versões gravadas por Marianne Faithfull e Flying Brothers.

10. A famosa língua dos Rolling Stones fez a sua estreia em Sticky Fingers. O estilista britânico John Pasche criou o logotipo que se tornaria marca registrada do grupo até os dias de hoje.

Erick Steve.

Elvis Presiey em Graceland


Elvis Presiey em Graceland
Duas fotos de Elvis Presley em frente à sua adorada mansão Graceland; A primeira foto foi tirada por volta de 1959, quando Elvis ainda estava servindo o exército americano; A segunda foto abaixo provavelmente foi tirada por volta de 1963 quando Elvis estava em sua fase de filmes em Hollywood.

Pablo Aluísio. 


Paul McCartney - Another Day

Primeiro single de Paul McCartney lançado em 1971. Os Beatles já não existiam mais e a carreira solo agora era uma realidade para valer. A faixa de trabalho havia sido gravada nas sessões do álbum "Ram", por essa razão se nota claramente a mesma musicalidade das demais canções do disco. Para muitos "Another Day" teria muito de outro clássico de Paul McCartney lançado na época dos Beatles, a canção "Eleanor Rigby". A letra de ambas tratava da vida complicada de uma mulher anônima no duro mundo em que vivemos.

Assim que a música começou a fazer sucesso muitos perguntaram quem seria a mulher da letra mas Paul, como já tinha explicado várias vezes em relação a outras de suas músicas, declarou que não se tratava de uma mulher real, mas sim "em tese", hipoteticamente falando. Linda também havia aconselhado a Paul a ir em direção a um caminho próprio, criando uma nova sonoridade que em nada deveria lembrar o som dos Beatles. Era algo importante criar algo singular, novo, sem olhar para trás. McCartney achou genial a sugestão da esposa e a levou para o estúdio para dar dicas e opiniões sobre as gravações. Em retribuição também creditou Linda como co-autora da música. Uma forma de agradecer por seu apoio.

"Another Day" foi gravada nos estúdios da Columbia em Nova Iorque. Paul ainda não havia reconstruído sua parceria com George Martin e procurou os estúdios americanos atrás de sua primazia técnica. E foi dentro do estúdio mesmo que Paul, ao lado do engenheiro de som Dixon Van Winkle, decidiu que essa seria sua primeira música a fazer parte de seu pioneiro single solo. A faixa foi gravada de forma muito singela, com apenas três músicos - quase a mesma formação dos Beatles. Além de Paul a gravação contou ainda com as participações de Dave Spinozza na guitarra elétrica e Denny Seiwell na bateria. Paul se encarregou do violão.

Tudo foi gravado dentro de uma singeleza fora do comum, praticamente em take único. Assim que chegaram na versão oficial Paul orgulhosamente declarou que aquela canção "tinha cheiro de hit". E tinha mesmo. Lançada em fevereiro logo caiu no gosto das rádios que a tocaram muito naquele mesmo mês. Na principal parada americana, a famosa Billboard Hot 100, o single alcançou uma ótima segunda posição. Na parada inglesa o mesmo sucesso, também chegando na vice liderança. Já na Irlanda, Suécia e Espanha foi ao topo, mostrando e provando que Paul McCartney certamente tinha cacife para fazer sucesso mesmo fora dos Beatles. Era o começo de uma nova era para o cantor.

Pablo Aluísio.

Rolling Stones - Rolling Stones (1964)

Muitos anos antes dos mega concertos e das mega turnês os Rolling Stones eram uma bandinha tentando conquistar seu lugar ao sol. Seu primeiro disco, intitulado apenas The Rolling Stones, demonstra bem como um grupo que se espalhava nos Beatles ainda demoraria para encontrar seu caminho musical. O disco deixa surpreendido qualquer ouvinte iniciante que só conheça a banda atual. As músicas são interessantes, porém simples, os arranjos beiram o amadorismo e as composições próprias praticamente não existem pois eles sequer se consideravam compositores na época. Assim somos surpreendidos por diversos covers que vão desde Rufus Thomas (Walking The Dog), Jimmy Red (Honest I Do) até Chuck Berry (numa versão nada memorável de Carol). A gravação deixa muito a desejar, o que nos leva a pensar que a gravadora Decca (a mesma que esnobou os Beatles no começo da carreira) não colocava muita fé nesses ingleses branquelos cantando músicas de blueseiros negros americanos.

A única composição da dupla Mick Jagger - Keith Richard é Tell Me, que passa anos luz da qualidade das músicas de Lennon - McCartney que na época estavam no auge da criatividade musical. Talvez por isso o grupo tenha até mesmo assinado inicialmente a canção por um pseudônimo. O disco, apesar de todos esses pontos contra, alcançou grande sucesso de vendas, chegando ao primeiro lugar britânico, o que fez até mesmo o LP ser lançado nos Estados Unidos, fato raro para uma banda estreante. Porém da mesma forma que acontecia com os primeiros discos dos Beatles os americanos acharam a seleção da edição britânica fraca e colocaram para abrir o LP Ianque outro cover de Buddy Holly, Not a Fade Away. Resumindo o disco em si deve ser descoberto pelos admiradores do rock britânico. Não é um excelente trabalho, de forma alguma, mas mostra como poucas obras como se começa uma longa caminhada com um simples passo. Esse foi o primeiro dos Rolling Stones.

The Rolling Stones (1964)

Lado A
1. Route 66
2. I Just Want to Make Love to You
3. Honest I Do
4. Mona (I Need You Baby)
5. Now I've Got a Witness (Like Uncle Phil and Uncle Gene)
6. Little by Little

Lado B
1. I'm a King Bee
2. Carol
3. Tell Me (You're Coming Back)
4. Can I Get a Witness
5. You Can Make It If You Try
6. Walking the Dog

Pablo Aluísio

sábado, 1 de janeiro de 2011

Back to the Future - Soundtrack

Título Original: Back to the Future - Soundtrack
Artista: Vários
Ano de Produção: 1985
País: Estados Unidos
Estúdio / Selo: Warner Bros
Produção: Alan Silvestri
Formato Original: Vinil
Músicos: Huey Lewis and the News, Lindsey Buckingham, The Outatime Orchestra, Eric Clapton, Etta James, Marvin Berry and the Starlighters.

Faixas: The Power of Love / Time Bomb Town / Back to the Future / Heaven Is One Step Away / Back in Time / Back to the Future Overture / The Wallflower  / Night Train / Earth Angel / Johnny B. Goode.

Comentários:
Fechando esse revival de álbuns de sucesso dos anos 80 deixaremos aqui a dica dessa trilha sonora do filme "De Volta Para o Futuro". Sem dúvida uma das mais saborosas e divertidas ficções da história do cinema. O enredo que levava o protagonista de volta aos anos 50 (o berço do rock) certamente abriria espaço para uma seleção musical de primeira. E é justamente o que temos aqui, ótimas canções e faixas realmente inspiradas. Claro que muitos vão classificar o disco como mero lixo musical, mas não é bem por aí. Trilhas Sonoras sempre sofreram de um certo tipo de preconceito no mundo musical, principalmente se soarem como meras coletâneas ao estilo FM (o que de certa forma acontece em parte nesse álbum).

Obviamente o disco tem sua cota de bobagens, mas também tem momentos excepcionais com Eric Clapton (Heaven Is One Step Away) e Chuck Berry (Johnny B. Goode, aqui em ótima versão da banda do personagem principal, Marty McFly e os Starlighters). Pena que três clássicos que aparecem no filme ("Mr. Sandman" do Four Aces, "The Ballad of Davy Crockett" de Fess Parker e "Pledging My Love" de Johnny Ace) tenham ficado de fora. De qualquer maneira para compensar um pouquinho tem o Huey Lewis and the News cantando a inesquecível "The Power of Love" - quem viveu os anos 80 vai entender!

Pablo Aluísio.