quinta-feira, 9 de junho de 2022

A Pior Pessoa do Mundo

Mais um filme da lista do Oscar de 2022 que assisto. Conta a história de uma jovem chamada Julie. Ela é uma garota bonita, jovem e inteligente. Porém tem um grave problema, é muito inconstante. Quando o filme começa ela é uma estudante de medicina, mas logo percebe que não tem vocação para a carreira médica. Decide mudar de universidade, indo estudar psicologia. Pensou que seria sua decisão final? Nem pensar, ela logo larga psicologia para estudar fotografia, pois se diz ser uma pessoa muito visual. Na vida pessoal ela também é bem inconstante. Começa um relacionamento com um autor de histórias em quadrinhos, bem mais velho do que ela. Eles se dão bem no começo, mas estão na realidade em fases diferentes da vida. Ele, com mais de 40 anos de idade, quer ter filhos. Ela, na Flor da Juventude, nem pensa em ser mãe, pois tem uma certa consciência de que não tem vocação maternal. Com isso o relacionamento vai aos poucos afundando e piora quando ela encontra um cara de sua idade numa festa. Eles passam a noite conversando e surge dali uma paixão que a domina completamente. O namorado mais velho obviamente dança, mas eles vão ainda se encontrar novamente da fase final do filme, quando as coisas se tornam bem mais dramáticas.

Gostei desse filme que tem um título que, ao meu ver, não é muito adequado. É uma história que considero bem leve, interessante, sobre uma jovem dos novos tempos, um bem realizado retrato dessa nova geração. A atriz Renate Reinsve é excepcionalmente talentosa, tanto que levou uma indicação ao BAFTA de melhor atriz, algo raro para alguém tão jovem e ainda mais raro, se formos pensar bem, pelo fato dela ser norueguesa. O roteiro do filme também foi indicado ao Oscar. Justa indicação. Procura tratar temas sérios com uma leveza que cativa. De forma geral é um filme muito bom, só espero que não estraguem tudo com um daqueles remakes melosos e piegas que Hollywood sabe fazer tão bem.

A Pior Pessoa do Mundo (Verdens verste menneske, Noruega, 2021) Direção: Joachim Trier / Roteiro: Joachim Trier / Elenco: Renate Reinsve, Anders Danielsen Lie, Anders Danielsen Lie / Sinopse: jovem norueguesa, vivendo em Oslo, vai fazendo as escolhas de sua vida, tanto na vida profissional como pessoal, acertando algumas vezes, errando algumas vezes. Filme indicada ao Oscar das categorias de melhor filme estrangeiro e melhor roteiro.

Pablo Aluísio.

Guia de Episódios - Edição 3

Assisti mais um episódio da série For All Mankind. É o segundo episódio da primeira temporada. Como eu já deixei claro aqui no blog essa série traz um distópico mundo onde o primeiro homem a pisar na Lua não foi um norte-americano, mas sim um soviético. Neste segundo episódio temos os preparativos para o lançamento da Apollo 12. A Apollo 11 trouxe o primeiro norte-americano a pisar na Lua mesmo na série, mas problemas técnicos fizeram com que a nave quase fosse destruída após o pouso lunar. Depois de uma série de manobras eles conseguem escapar da morte e voltam para a Terra. Nesse episódio vemos tramas de bastidores dentro da NASA, onde um piloto é cortado dentro do programa espacial por fazer críticas a Von Braun, o alemão que projetou a maioria dos foguetes americanos. Isso cria um clima ruim para ele dentro da agência espacial. E ele pensa em voltar para a marinha depois de tudo.

Uma das razões que me levaram à assistir essa série é a presença da atriz Sarah Jones. Nesse segundo episódio ela tem a primeira oportunidade de interpretar e desenvolver bem sua personagem, uma esposa de um astronauta infiel no casamento. Como a história se passa nos anos 60, o divórcio não era tão fácil de se concretizar como nos dias atuais.

Assisti ainda ao quinto episódio da primeira temporada de Pam & Tommy, uma série muito boa sobre esse casamento insano entre o baterista de uma banda de rock e a estrela bombshell loira Pamela Anderson, símbolo sexual nos anos 90. Nesse episódio ja não há mais como controlar o vazamento da fita íntima do casal, que cai na internet em seus primórdios, espalhando rapidamente seu conteúdo pornográfico.

É curioso porque o Tommy Lee tenta parar a disseminação e divulgação da fita, mas a partir de um determinado momento isso fica impossível. E tudo acontece quando a sua banda começa a afundar. O Mötley Crüe foi uma banda muito popular nos anos 80, mas nos anos 90 com o aparecimento de bandas novas como Nirvana eles foram deixados de lado. Assim como todas as bandas de rock farofa dos anos 80, eles também ficaram muito ridículos. Com isso a carreira de sucesso acabou indo pelo ralo.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de junho de 2022

Elvis Presley (1956) - Parte 2

Caso típico de se ouvir uma música pela primeira vez e adorar logo de cara! Foi esse o meu caso ao ouvir a canção " "I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)". Passados tantos anos desde que comprei esse álbum e o ouvi pela primeira vez não mudei em nada a minha percepção dessa excelente faixa do álbum de estreia de Elvis Presley.

Esse é seguramente um dos melhores momentos do álbum. Veja, todas as faixas desse disco se ressentem, em minha opinião, de um melhor trabalho em termos de arranjos.Porém no que diz respeito a essa música não teria nada a criticar. Ela é perfeita!

Anos depois, nos tempos de seu programa semanal na BBC, os Beatles decidiram apresentar uma versão desse clássico rockabilly. Nem preciso dizer que a gravação dos ingleses ficou excepcional, resultando em uma gravação muito alto astral, alegre, para cima! Que conclusão diria sobre tudo isso? A música foi gravada por Beatles e Elvis Presley. Em ambos os discos o resultado ficou excepcional. Por tudo isso credito essa como uma das melhores da época de ouro do rock. E isso, meus caros leitores, definitivamente não é pouca coisa!

Outra que vai na mesma linha é  "One-Sided Love Affair". Perceba que em seus primeiros discos Elvis desenvolveu uma técnica muito pessoal de cantar, que chegou a ser dita por alguns críticos dos anos 50 como um "mastigar de sílabas". Outro escreveu que Elvis cantava como se mastigava chicletes! Apesar da rabugice desses jornalistas, o fato é que a coisa toda até faz algum sentido. Elvis parecia um cantorzinho jovem brincando com o estilo de cantar daqueles tempos. Basta lembrar de Frank Sinatra e Dean Martin para uma comparação rápida. Elvis não  entoava sua voz com soberba, apenas cantava a letra da música de uma maneira mais relaxada, quase casual. Acabou criando uma nova linguagem musical nesse processo...

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley (1956) - Parte 1

O álbum abre com a canção "Blue Suede Shoes", um clássico absoluto do rock americano escrito por Carl Perkins. Até hoje se fala muito que Perkins poderia ter sido maior que Elvis, que ele teve azar de sofrer um acidente de carro muito sério e outras coisas. Olha, com todo o respeito ao Carl Perkins e seu talento, eu vejo esse tipo de observação como uma grande bobagem. Todo tipo de comparação é condenável.

Cada um tem seus próprios defeitos e qualidades. Não penso que Perkins poderia ser maior do que Elvis, até porque depois de um tempo ele se recuperou e continuou na carreira, sem chegar nem perto do sucesso de Elvis Presley. Isso não o desmerece em nada, mas prova que dizer que ele poderia ter sido o grande nome do rock é especulação e uma tremenda bobeira

Outro hino da geração rocker é "Tutti Frutti". Essa é do Little Richard. Elvis nunca levou essa canção muito à sério, verdade seja dita. Ele inclusive poderia se referir a esse rock como uma música chiclete como ele gostava de dizer. O que significava exatamente isso? Ora, significava que Elvis a via como uma canção de rock sem muita substância, feita apenas para agitar, embalar seus fãs durante seus shows e apresentações na TV. Tanto isso parece ser verdade que ele logo a deixou de lado, não a usando mais depois desse disco. 

De qualquer forma Little Richard não cansou de agradecer a Elvis por ter gravado sua música. Em um documentário sobre esse álbum ele afirmou com todas as letras que só tinha mesmo a agradecer ao Rei do Rock, pois se Elvis não tivesse gravado suas músicas ele provavelmente ainda seria cozinheiro de uma espelunca em Atlanta. A gratidão sempre é muito bem-vinda meu caro Richard. Falou pouco, mas falou bonito!

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de junho de 2022

Cidade sem Lei

Título no Brasil: Cidade sem Lei
Título Original: San Antonio
Ano de Produção: 1945
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: David Butler, Robert Florey
Roteiro: Alan Le May, W.R. Burnett
Elenco: Errol Flynn, Alexis Smith, S.Z. Sakall

Sinopse:
Em uma terra sem lei o honesto fazendeiro Argila Hardin é morto por um grupo de ladrões de gado. Clay Hardin (Errol Flynn) fica chocado com a morte de seu pai e decide ir atrás do assassinos em San Antonio, distante cidade da fronteira. Logo descobre que há um intenso tráfico de gado roubado dos fazendeiros americanos rumo ao México. Hardin terá assim que enfrentar perigosos bandoleiros que não estão dispostos a abrir mão de sua lucrativa atividade criminosa. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte e Melhor Canção Original.

Comentários:
Mais um filme de faroeste com Errol Flynn na Warner Bros. É curioso notar que com o crescente sucesso dos westerns, Jack Warner tenha resolvido escalar um de seus atores mais famosos, Errol Flynn, para estrelar esse tipo de produção. Todos sabem que foi no gênero aventura capa e espada que Flynn se tornou um astro. Filmes como aquele porém eram bem caros, principalmente os que envolviam enredos com piratas e navios grandiosos. Já um bom western poderia ser rodado com um terço do orçamento. Nessa época os estúdios que dominavam o gênero eram a Universal, a RKO e a Columbia, que descobriram que poderiam lucrar muito com produções bem baratas, feitas em série. Indo atrás do filão, a Warner também entrou no mercado e de forma bem sucedida. Talvez a principal diferença dos faroestes da Warner com os filmes de estúdios concorrentes provinha de sua preocupação em pequenos detalhes como figurinos, cenários, etc. "San Antonio" se enquadra bem nesse aspecto. Suas duas indicações ao Oscar mostram muito bem que a Warner tinha muito capricho com aspectos técnicos de seus filmes. O resultado é muito bom, acima do esperado. É ágil, divertido e muito bem produzido. O único ponto negativo é o fato de que nem sempre Errol Flynn parecia à vontade nesse tipo de filme. Deixe isso de lado. Ignore esse pequeno deslize e se divirta com mais esse faroeste dos anos 1940.

Pablo Aluísio.

Gringo

Título no Brasil: Gringo
Título Original: Quién sabe?
Ano de Produção: 1966
País: Itália
Estúdio: M. C. M.
Direção: Damiano Damiani
Roteiro: Salvatore Laurani, Franco Solinas
Elenco: Gian Maria Volonté, Klaus Kinski, Martine Beswick

Sinopse:
Um grupo de bandidos liderados por El Chuncho (Gian Maria Volonté) decide roubar um trem carregado de armas que está sendo enviado para revolucionários mexicanos. Para isso eles infiltram um dos bandoleiros entre os passageiros com o objetivo de ajudá-los na hora do roubo. O que não sabem é que ele é na verdade um agente do governo mexicano que está monitorando o envio das armas através da fronteira.

Comentários:
"Gringo" é considerado por muitos um dos melhores faroestes spaghettis do cinema italiano. Certamente as razões desse tipo de opinião podem ser encontradas na ficha técnica do filme. Na direção temos o famoso (ou infame, dependendo do ponto de vista) Damiano Damiani. O veterano cineasta sempre foi mais conhecido por causa de seus filmes de terror como "Amityville 2 - A Possessão" mas também ficou admirado no meio do western feito na Itália dos anos 1960 por filmes como esse e "Trinity e Seus Companheiros", sua fita mais popular no gênero. Outro ponto forte vem do elenco. Imagine unir o insano e absurdamente maluco Klaus Kinski com o jeito durão e de poucos amigos de Gian Maria Volonté, outro veterano ator que fez muito pelo cinema de sua país por longos anos. O resultado de toda essa mistura se traduz em um faroeste que acabou marcando o público por causa de suas sacadas bem boladas e violência estilizada (e também bem gratuita, para alegria dos admiradores do gênero).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore

Terceiro filme da franquia Animais Fantásticos. Não foi tão bem sucedido nos Estados Unidos e talvez por isso seja o último filme regular, fechando essa trilogia. A história se passa no mesmo universo das aventuras de Harry Potter. Só que é uma linha temporal diferente, no passado de Harry Potter. Albus Dumbledore, por exemplo, aqui é bem mais jovem. A história inclusive gira justamente em torno dele. Ele reencontra um velho conhecido, na realidade ele havia tido um caso amoroso homossexual com esse bruxo. Trata-se de Gellert Grindelwald. Eles seguiram por caminhos diferentes. Dumbledore se torna professor na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, enquanto Grindelwald escapa de       problemas legais, vindo a se tornar candidato a líder supremo do mundo mágico. Curiosamente a decisão sobre essa eleição caberá a um tipo de animal mitológico que vai se curvar perante o escolhido. 

E aí que entra nessa história o tímido e atrapalhado Newt Scamander que de posse de uma dessas criaturas, vira alvo desses bruxos maléficos que no fundo só querem destruir todos os trouxas do mundo. Bom, no universo de Harry Potter o termo trouxa é designado para os que não são bruxos. É um bom filme, plenamente satisfatório, com uma excelente produção. O que me incomodou um pouco foi o fato do filme ter uma duração excessiva. Uma edição mais enxuta cairia muito bem. Uma versão com menos de 2 horas seria mais bem-vinda. Tornaria o filme menos cansativo. Mesmo assim, acredito que quem curte Harry Potter e esse universo vai gostar do resultado. Só não sei se haverá um quarto filme diante da bilheteria até morna dessa sequência.

Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore (Fantastic Beasts: The Secrets of Dumbledore, Estados Unidos, 2022) Direção: David Yates / Roteiro: J.K. Rowling / Elenco: Eddie Redmayne, Jude Law, Mads Mikkelsen / Sinopse: Dois bruxos que no passado se relacionaram, agora estão em campos opostos da luta pelo poder. 

Pablo Aluísio.

Crônicas de um Cinéfilo - Parte 3

Retomando minhas lembranças da cinefilia. Olhando para o passado o filme que mais assisti no cinema em minha vida foi certamente "O Enigma da Pirâmide". Sim, filme muito bom, excelente, produção de Steven Spielberg e tudo mais. Seu título original era "The Young Sherlock Holmes" (O Jovem Sherlock Holmes).

Eu gostei bastante do filme, mas não o vi tantas vezes por causa disso. Pelo que me lembro vi várias vezes porque sempre tinha um parente ou amigo que me chamava para ver de novo. E eu querendo ser simpático naquela fase de juventude sempre ia, de novo e de novo! Devo ter visto 4 ou 5 vezes, não me lembro mais. Mas me lembro de ter decorado a música do Egito antigo da trilha sonora e alguns diálogos. Foi divertido e engraçado ao mesmo tempo. E também me ensinou que nem sempre é uma boa ideia ter uma cópia de filme em casa. Ver muitas reprises estraga o prazer, de certa forma.

Curioso que recentemente me lembrando desse filme criei a ideia (muito coerente por sinal) de que essa produção dos anos 80 tinha mesmo muitos elementos que depois iria ser utilizado, e muito, na franquia do "Harry Potter". Compare a direção de arte das duas produções. São bem semelhantes.

Outra lembrança que me vem à mente nesse momento é que grandes lojas de departamentos da minha cidade, como a Mesbla (que nem existe mais), tinham em suas seções de vendas de discos de vinil uma sessão apenas para a venda de trilhas sonoras. Puxando pela mente me lembro bastante de ver ali reluzindo nas prateleiras discos como a trilha de "Dirty Dancing" e de filmes de Bond. Era algo mágico que se perdeu quando o vinil deixou sua era de auge, para ser superado pelo tecnológico (e menos charmoso) CD.

Pablo Aluísio.