quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Esquadrão 303

Título no Brasil: Esquadrão 303 
Título Original: Dywizjon 303
Ano de Lançamento: 2018
País: Polônia, Reino Unido
Estúdio: Deep Flame
Direção: Denis Delic
Roteiro: Chris Burdza, Arkady Fiedler
Elenco: Piotr Adamczyk, Kirk Barker, Gabriela Calun

Sinopse:
Filme baseado numa história real. Durante a Segunda Guerra Mundial um grupo de pilotos poloneses são enviados para a Inglaterra. Quando a Polônia é invadida pela Alemanha só resta a esses militares lutarem para tentar libertar seu país. 

Comentários:
Algumas histórias merecem ser resgatadas do esquecimento, como no caso desse filme. Esses pilotos poloneses lutaram bravamente na Segunda Guerra Mundial, mas passadas tantas décadas estavam praticamente esquecidos. E em tempos de inteligência artificial, onde qualquer universo pode ser recriado sem grandes custos, o resgate de histórias como essa fica ao alcance até mesmo das pequenas produtoras cinematográficas. Digo isso, não para falar que o filme seja mal feito por causa do orçamento pequeno ou algo do tipo, nada disso. A inteligência artificial recriou todos os aviões e combates da época nesse filme com primazia. Estão tecnicamente impecáveis. Apenas afirmo que vivemos uma verdadeira revolução em IA, inclusive no mundo do cinema. Comprem as pipocas e aproveitem a festa!

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Invocação do Mal 4

Invocação do Mal 4
Esse quarto e último filme da franquia "Invocação do Mal 4" fez um tremendo sucesso de bilheteria quando chegou nos cinemas nos Estados Unidos (e no Brasil também!). O sucesso foi tão grande e inesperado que pegou até mesmo os produtores de surpresa. Está entre as 10 maiores bilheterias do ano. Nada mal! E isso é curioso porque havia quem garantisse que iria afundar comercialmente. Ledo engano. Pelo visto esse tema de filmes sobre o sobrenatural não vai deixar de atrair a atenção do público tão cedo. É uma fórmula que vem conquistando vitórias comerciais desde que "O Exorcista" chegou nos cinemas nos hoje distantes anos 70. 

Esse quarto filme foi o que melhor desenvolveu o lado familiar do casal Warren. Se não fosse um filme de terror, poderíamos até qualificar o roteiro como um "drama familiar". Finalmente eles se tornam pais, de uma filhinha muito querida, mas que desde seu nascimento vai ter que enfrentar as forças do mal. E aí eu percebi claramente que o roteiro tenta passar a tocha para essa filha, para quem sabe, no futuro, os filmes tragam ela como protagonista. Como "Invocação do Mal" criou até mesmo outras franquias derivativas, com outros personagens de seus filmes como, por exemplo, "A Freira" e "Annabelle", eu não duvido que vai ser isso mesmo que acontecerá em um futuro breve. Muito provavelmente vai acontecer mesmo! Basta esperar!

Em relação a esse filme em si, olhando por seus méritos cinematográficos, devo dizer que gostei muito. Ele não é apelativo, nada exagerado e cria seu suspense e seu terror em boas cenas, algumas muito bem trabalhadas. Os letreiros finais deixam a sensação que agora tudo acabou mesmo, mas eu duvido disso. O filme está batendo os 500 milhões de dólares de bilheteria e eu acredito que haverá sim um "Invocação do Mal 5" pela frente. Afinal na terra do cinema comercial, na Hollywood das imensas fortunas, como eles mesmos gostam de dizer, "Money Talks!".

Invocação do Mal 4: O Último Ritual (The Conjuring: Last Rites, Estados Unidos, 2025) Direção: Michael Chaves / Roteiro: Ian Goldberg, Richard Naing, David Leslie Johnson-McGoldrick / Elenco: Patrick Wilson, Vera Farmiga, Mia Tomlinson / Sinopse: Ed e Lorraine Warren se tornam pais de uma linda filha! Agora eles não querem mais se envolver em casos sobrenaturais. O problema é que uma antiga entidade demoníaca passa a atormentar uma família e eles precisam ajudar aquelas boas pessoas, verdadeiramente cristãs. E o elo entre o mundo espiritual e o nosso mundo parece ser um velho espelho amaldiçoado. 

Pablo Aluísio.

A Bruma Assassina

Título no Brasil: A Bruma Assassina
Título Original: The Fog
Ano de Produção: 1980
País: Estados Unidos
Estúdio: AVCO Embassy Pictures
Direção: John Carpenter
Roteiro: John Carpenter, Debra Hill
Elenco: Adrienne Barbeau, Jamie Lee Curtis, Janet Leigh, John Houseman, Tom Atkins, James Canning

Sinopse:
Uma névoa sobrenatural surge misteriosamente em uma pequena cidade costeira, exatamente 100 anos depois que um navio misteriosamente afundou em suas águas.

Comentários:
Esse filme foi restaurado recentemente, em 2018, chegando a ser relançado em alguns cinemas nos Estados Unidos e Europa. É um bom momento da carreira do diretor John Carpenter. Aqui ele usa a névoa como elemento de terror, sempre trazendo algo sinistro em seu véu. Tanto podendo surgir um assassino vestido de velho marinheiro com um gancho nas mãos, como também promovendo eventos sobrenaturais, como mortos no necrotério se levandando para uma última vingança. Um filme bacana, que conseguiu resistir bem ao passar dos anos. E de quebra ainda traz um elenco feminino que conta com Jamie Lee Curtis e Janet Leigh;  Para quem aprecia o climão dos antigos filmes B de terror, ainda mais com a assinatura do diretor John Carpenter, é uma ótima opção. Assista (ou reveja) na versão restaurada em 4K.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Dança com Lobos

Título no Brasil: Dança com Lobos
Título Original: Dances with Wolves
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Orion Pictures
Direção: Kevin Costner
Roteiro: Michael Blake
Elenco: Kevin Costner, Mary McDonnell, Graham Greene, Rodney A. Grant, Floyd 'Red Crow' Westerman

Sinopse:
Durante a guerra civil americana o Tenente Dunbar (Costner) da União é ferido e acaba sendo enviado para um território distante, ainda ocupado por nações nativas. Uma vez lá acaba se aproximando da cultura e do modo de viver dos indígenas, criando laços de amizade com eles. Em pouco tempo se torna um defensor daqueles índios das terras do Nebraska.

Comentários:
É o filme mais importante da carreira do ator e diretor Kevin Costner. Um projeto bem pessoal que havia sido recusado por alguns estúdios. Costner apostou em um roteiro que procurasse mostrar a riqueza cultural dos nativos norte-americanos. Por décadas eles foram mostrados apenas como vilões dos filmes de cavalaria. Agora havia uma mudança de mentalidade. O personagem principal era um membro da cavalaria americana, mas que procurava ter uma aproximação pacífica e construtiva com os nativos. Não foi a primeira vez que o cinema americano teve essa estética mais simpática aos índios, mas certamente foi o filme mais representativo dessa linha. Sucesso de público e crítica, acabou sendo indicado em 12 categorias no Oscar, vencendo sete, entre elas as mais importantes, de melhor filme, direção, roteiro e direção de fotografia. De fato o filme é visualmente belíssimo e mesmo revisto hoje em dia não perdeu nada de seu impacto inicial. Considerado um pouco longo por alguns, com 181 minutos de duração, a produção segue o estilo épico dos antigos filmes de western, só que agora acrescentado de uma bela mensagem de paz e harmonia com as tribos dos primeiros habitantes das Américas.

Pablo Aluísio.

Adeus Gringo

Título no Brasil: Adeus Gringo
Título Original: Adiós Gringo
Ano de Produção: 1965
País: Itália, França, Espanha
Estúdio: Fono Roma, Explorer Film '58, Dorica Film
Direção: Giorgio Stegani
Roteiro: Giorgio Stegani, Harry Whittington
Elenco: Giuliano Gemma, Ida Galli, Roberto Camardiel
  
Sinopse:
Brent Landers (Giuliano Gemma) é um cowboy acusado injustamente de um crime que não cometeu. Procurando pela verdadeira justiça ele sai no velho oeste americano em busca do homem que poderá finalmente lhe inocentar. No caminho sofre todos os tipos de violência, tentando sobreviver naquele mundo brutal e hostil, onde não existe espaço para o perdão. Roteiro baseado na novela "Adios" escrita pelo autor Harry Whittington.

Comentários:
Famoso western spaghetti baseado em um livro americano. Assinando com o nome de George Finley, o diretor italiano Giorgio Stegani (nascido em Milão), realizou um dos faroestes mais famosos e conhecidos do gênero. Inclusive no Brasil se tornou um grande sucesso de bilheteria, principalmente nos conhecidos cinemas de bairro, que hoje em dia já não existem mais. O ator Giuliano Gemma, que virou ídolo dos fãs de faroeste europeu nos anos 1960, está em seu tipo habitual, a do homem bom e honesto que acaba sendo acusado de um crime que jamais cometeu. Assim parte em busca da prova que o livrará das acusações e essa viagem acaba se tornando uma odisseia onde ele encontra os tipos mais característicos desse tipo de filme. A produção foi praticamente toda rodada nos desertos da Espanha, uma região muito parecida às regiões desérticas dos Estados Unidos (no roteiro a ação se passa no estado do Novo México). Existe uma versão em 8mm dos bastidores do filme que acabou servindo de material extra no bem produzido DVD alemão de "Adeus Gringo". Pena que a edição brasileira seja pobre e sem novidades. Mesmo assim deixamos a dica desse verdadeiro clássico do faroeste italiano. Não deixe de assistir.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Os Filmes de Marilyn Monroe - Parte 2

Torrentes de Ódio
Um peão decide se organizar na vida, pois está apaixonado pela filha de seu patrão. Para mostrar que tem futuro resolve comprar um par de mulas para transporte, algo que lhe dará muita dor de cabeça depois, mas ele está decidido a dar certo para conquistar o amor de sua vida. Outro filme do comecinho da carreira de Marilyn Monroe em que você terá que prestar muita atenção para encontrar a atriz em cena. Infelizmente a maior parte de sua participação foi parar no chão da sala de edição do estúdio mas ainda podemos ver a loira descendo as escadas de uma igreja no domingo pela manhã, acenando e dizendo sua única linha de diálogo no filme inteiro: "Oi Rad!" 

Por essa razão não é raro muitos jornalistas cometerem a burrice de dizer que essa foi a primeira aparição de Marilyn Monroe no cinema (como já comentamos em resenhas de filmes anteriores de Marilyn, esse tipo de afirmação simplesmente não procede). O elenco também traz outra curiosidade, a presença da também aspirante à fama Natalie Wood, que interpreta Eufraznee 'Bean' McGill (que nome hein?). Hoje em dia sua presença e a de Marilyn se tornaram os grandes atrativos do filme. No geral o filme não é lá grande coisa (como Marilyn ou sem ela). Se trata mesmo de uma diversão ligeira, um filme de rotina dentro da indústria de cinema dos anos 40. Não há qualquer sinal de que aquela garota quase figurante das escadas da capela um dia iria se tornar um mito da sétima arte. Vale como curiosidade histórica e apenas isso.

Torrentes de Ódio (Scudda Hoo! Scudda Hay!, Estados Unidos, 1948) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: F. Hugh Herbert / Roteiro:  F. Hugh Herbert / Elenco: June Haver, Lon McCallister, Walter Brennan, Marilyn Monroe / Sinopse: Jovem se apaixona pela filha do patrão e tenta começar um negócio para mostrar seu valor! 

Os Prados Verdes
Um filme do comecinho da carreira de Marilyn Monroe. Não vai ser fácil localizar a atriz em cena. Naquela época ela era apenas um rostinho bonito que a Fox usava como extra. E ela aparece, muito timidamente, na cena da dança. Apenas uma garota qualquer fazendo figuração nesse western com ecos de drama e romance. Não seria dessa vez que ela teria alguma chance, ainda mais sabendo que a loira estrela do filme era outra, a chatinha Peggy Cummins que usava até o mesmo cabelo de Marilyn, mas que em termos de beleza sequer poderia se comparar a ela. 

A história desse antigo faroeste girava em torno de um grupo de rancheiros e fazendeiros que tinham que lidar com roubos de cavalos e crias que acabavam também fugindo para o campo aberto onde vivia, de forma selvagem, um belo garanhão branco. Um animal realmente maravilhoso que ninguém conseguia capturar. Então é isso. Um bom filme, mas para quem estiver em busca de Marilyn Monroe não a encontrará tão facilmente no meio de um monte de gente dançando. 

Os Prados Verdes ( Green Grass of Wyoming, Estados Unidos, 1949) Direção: Louis King / Roteiro: Martin Berkeley, Mary O'Hara / Elenco: Peggy Cummins, Charles Coburn, Robert Arthur, Marilyn Monroe (figurante) / Sinopse: Grupo de rancheios, criadores de cavalos, precisam lidar com os desafios do velho oeste. 

Mentira Salvadora
Esse filme pode ser considerado a primeira grande chance que Marilyn Monroe conseguiu em sua carreira. Ela havia sido contratada pela Fox, mas até então não tinha conseguido uma grande oportunidade. Então seu amante (na verdade seu sugar daddy) chamado Johnny Hyde conseguiu com o chefão da Columbia Pictures Harry Cohn que fosse dada uma oportunidade melhor para Marilyn nesse filme. E ela finalmente conseguiu uma personagem com nome e importância dentro de um filme. Ela interpretou a jovem filha da protagonista, uma garota chamada Peggy Martin.

Marilyn ficou eufórica com essa oportunidade, mas a verdade pura e simples é que o filme não passava de uma produção B que na época não chegou a alcançar qualquer tipo de sucesso. Com apenas uma semana em cartaz foi tirado do circuito de exibição pela fraca bilheteria. De qualquer maneira com o passar dos anos o filme foi finalmente redescoberto e por causa de Marilyn Monroe, aqui dando os seus primeiros passos rumo a uma carreira de sucesso. 

Mentira Salvadora (Ladies of the Chorus, Estados Unidos, 1948) Direção: Phil Karlson / Roteiro: Harry Sauber / Elenco: Adele Jergens, Marilyn Monroe, Rand Brooks / Sinopse: Uma dançarina de Chorus Line se apaixona pelo sujeito errado e começa a sofrer os problemas inerentes a esse que poderia ser um erro, mas não de seu coração. 

Loucos de Amor
Depois da euforia do filme anterior Marilyn Monroe desceu um degrau na carreira. Não que fosse um filme ruim, nada disso, mas que não iria abrir maior espaço para ela que teria que novamente interpretar o papel de uma loira burra e gostosa. Era uma comédia maluca dos Irmãos Marx, então não haveria mesmo oportunidade para Marilyn Monroe mostrar muita coisa no meio dessa confusão divertida. Tudo no roteiro havia sido escrito para que os Irmãos Marx brilhassem em cena com seu humor. Para Marilyn só sobrou fazer mais um extra baseado apenas em sua beleza. 

Revisto hoje em dia esse filme entretanto serve para uma constatação de que Marilyn tinha mesmo jeito para a comédia e o humor, algo que seria explorado em seus primeiros filmes de estrela de Hollywood. Ela era certamente uma garota bonita, todos sabiam disso, mas ainda assim esbanjava talento para cenas de humor. E essa pode ser considerada a primeira experiência da atriz nesse estilo cinematográfico, algo que ela soube muito bem explorar dede o começo de sua filmografia. 

Loucos de Amor (Love Happy, Estados Unidos, 1949) Direção: David Miller / Roteiro: Frank Tashlin, Mac Benoff, Harpo Marx / Elenco: Groucho Marx, Harpo Marx, Chico Marx, Marilyn Monroe,  Ilona Massey / Sinopse: Os irmãos Marx vão para a Broadway e criam todos os tipos de confusões no meio teatral de Nova Iorque. 

O que Pode um Beijo
Mais um faroeste B na filmografia de Marilyn Monroe. Nessa época ela ainda era bem jovem e estava tentando seu lugar so sol em Hollywood. Como era uma jovem bonita, foi escalada para fazer parte do elenco de apoio, no grupo de belas coristas de um saloon. Embora já tivesse adotado aquela imagem de Marilyn que todos conhecemos, achei seu visual meio estranho nesse filme, tudo por causa de uns cachinhos dourados que fizeram em seu cabelo. Ficou bem fora da casinha, um penteado meio mal feito. Não caiu bem. 

Em termos de história esse western contava mais uma história da expansão das ferrovias rumo ao oeste selvagem. Esses trens antigos mudaram a história dos Estados Unidos, mas não eram bem vistos por todos. A ferrovia significava a modernidade e muitos odiavam isso, fazendo muitas vezes operações de sabotagens nas ferrovias, o que colocava em risco a própria vida dos passageiros. No caso desse filme era justamente isso que acontecia. Bandidos contratados por donos de diligências tentando sabotar as linhas de trens que seguiam rumo ao oeste. 

O que Pode um Beijo (A Ticket to Tomahawk, Estados Unidos, 1950) Direção: Richard Sale / Roteiro: Mary Loos, Richard Sale / Elenco: Dan Dailey, Anne Baxter, Rory Calhoun, Walter Brennan, Marilyn Monroe / Sinopse: Primeiro filme da atriz Marilyn Monroe na década de 1950. Ainda em papel bem secundário, ela interpretava uma bailarina de saloon nesse filme de faroeste B de Hollywood. 

Pablo Aluísio.

Rio Violento

Rio Violento
Um filme clássico que une o talento de direção de Elia Kazan com a excelente performance de um grande ator como Montgomery Clift só poderia despertar muito o interesse dos cinéfilos. E foi justamente isso o que aconteceu com esse "Rio Violento". O filme procurava responder a uma questão extremamente pertinente: Até que ponto o progresso da sociedade justificava a mudança compulsória do modo de vida das pessoas? Qual era igualmente o limite de intervenção do Estado na existência das pessoas comuns? Até que ponto essa interferência era legítima ou legalmente justificável?

No filme Montgomery Clift (excepcionalmente bem) interpreta o personagem Chuck Glover, um agente do governo dos Estados Unidos que tem a missão de retirar uma senhora idosa que mora em uma ilha no rio Tennessee. Ela se recusa a abandonar o local pois foi ali que nasceu e criou seus filhos, enterrou seu marido e viveu ao lado de negros libertos e demais moradores do local. Lutando por seus valores tradicionais e por aquilo que lhe é mais importante a senhora resolve enfrentar até mesmo o poder do governo americano. E isso obviamente criou uma disputa jurídica que iria repercutir em todo o sistema judiciário norte-americano.

O filme apresente um excelente elenco. Aliás essa sermpre foi uma característica marcante nos filmes de Elia Kazan. A atriz Jo Van Fleet está simplesmente maravilhosa. Interpretando a matriarca Ella Garth, ela tem duas grandes cenas que a fazem ser o grande destaque de todo o filme. Em uma delas explica ao personagem de Montgomery Clift a dignidade de quem viveu e trabalhou no rio Tennessee há gerações. Devo dizer que poucas vezes vi Clift ser superado em cena, mas aqui ele realmente foi colocado de lado, até mesmo pela força do texto que a atriz tem a declamar. Socialmente consciente, tocando em temas tabus para a época (como o racismo do sul dos Estados Unidos), "Rio Violento" é um dos melhores trabalhos de Kazan. Ele foi um diretor que via o cinema como algo a mais e não apenas um mero entretenimento. Por isso seus filmes sempre tinham alguma mensagem a passar ao público.

Rio Violento (Wild River, Estados Unidos, 1957) Direção: Elia Kazan / Elenco: Montgomery Clift, Lee Remick, Jo Van Fleet / Sinopse: Chuck Glover (Clift) é um jovem agente do governo dos Estados Unidos que tem a missão de retirar um grupo de moradores de uma ilha no meio do rio Tennessee. As pessoas não querem ir embora de lá, deixando suas casas e sua história para trás. Porém é do interesse do Estado que elas deixem aquelas terras. Filme indicado no Berlin International Film Festival.

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de outubro de 2025

Diarios de um Robô Assassino

Título no Brasil: Diarios de um Robô Assassino
Título Original: Murderbot
Ano de Lançamento: 2025
País: Estados Unidos
Estúdio: Apple TV
Direção: Paul Weitz, Toa Fraser
Roteiro: Chris Weitz, Paul Weitz
Elenco: Alexander Skarsgård, Noma Dumezweni, David Dastmalchian, Sabrina Wu, Tattiawna Jones

Sinopse:
Um robô de segurança, criado para proteger tripulações humanas em expedições enviadas a planetas distantes, acaba criando consciência e inteligência próprias. E problemas logo vão surgir dessas maravilhosas mudanças da tecnologia artificial. 

Comentários:
Certas séries nascem de ótimas ideias! A premissa é um excelente ponto de partida, mas... sempre tem um "mas" não é mesmo? O problema dessa série foi muito fácil de detectar. Veja, o protagonista, um robô de segurança que começa a pensar por si próprio, é muito legal! O fato dele gostar de velhas séries de ficção no estilo "Jornada ns Estrelas", sempre citando os episódios, é mais do que uma boa sacada do roteiro. O problema é que temos um protagonista nota 10 em um enredo que é uma porcaria, quase nota 0! Eis o problema central. Tem um personagem carismático, muito bem elaborado, com um bom ator interpretando, mas colocado dentro de uma estorinha fraca com personagens humanos que são totalmente sem graça. É a tal coisa, criaram um robô que entraria bem em qualquer filme ou série de sucesso, mas ao mesmo tempo esqueceram de escrever uma boa história para inserir ele no contexto. Aí fica complicado. A série promete uma segunda temporada que ainda não foi confirmada. Caso isso venha a acontecer, por favor, escrevam melhores histórias para os episódios. Só assim teremos uma série realmente boa! 

Pablo Aluísio.

Succession - Quarta Temporada

Título no Brasil: Succession - Quarta Temporada
Título Original: Succession Season Four
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: HBO
Direção: Mark Mylod, 
Roteiro: Jesse Armstrong, Miriam Battye
Elenco: Brian Cox, Jeremy Strong, Alexander Skarsgård, Kieran Culkin, Sarah Snook, Matthew MacFadyen, Alan Ruck, Nicholas Braun

Sinopse:
Logan Roy (Cox) está morto! Aberta a sucessão, surge uma grave controvérsia sobre a venda das ações de suas principais empresas de telecomunicações. Um jovem bilionário quer comprar seu controle, mas os filhos que inicialmente aceitam essa saída, começam a se unir para impedir sua venda. 

Comentários:
A série chegou ao final nessa quarta temporada. Finalmente temos a morte do magnata das telecomunicações. Isso foi impactante! Problemas nascem do dia seguinte. Aí enrolaram muita salsicha, como se diz na gíria. Foram episódios e mais episódios girando em torno da mesma tecla que era batida até a exaustão: a venda das empresas do homem morto. Rei Morto, Rei Posto! Os filhos conseguiriam tomar o controle ou as múltiplas empresas seriam vendidas para um jovem influencer que havia ficado bilionário com suas façanhas na internet? Uma escolha ruim. O sujeito é mesmo bem cabeça vazia, um carinha que ficou rico, mas que no fundo é bem vazio. Do outro lado os filhos. Nada confiáveis para os acionistas. Um grupo formado por aquele tipo de nepo baby que já bem conhecemos. Então eis o problema central dessa última temporada. Até aí nada de mais, seria aceitável esse tipo de drama central. O problema é que a coisa vai se arrastando, se arrastando... Quando finalmente chegou no último episódio confesso que estava desejando que tudo chegasse ao fim. Eu já não aguentava mais tanta enrolação! 

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de outubro de 2025

Elvis Presley - Elvis Now - Parte 3

Elvis nasceu em berço evangélico, mas jamais se fechou dentro da doutrina religiosa dos seguidores de Lutero. Pelo contrário, ao longo da vida ele procurou por várias manifestações religiosas diferentes, tendo estudado as religiões orientais (que sempre o fascinaram, até o fim da vida) e o cristianismo dito mais tradicional. Elvis tinha muito apreço com a religião católica, a primeira religião cristã a surgir na história, principalmente na forma como os católicos tratavam a Virgem Maria. Uma das orações preferidas do cantor aliás era a "Ave Maria" que ele sempre rezava em momentos de reflexão.

Assim Elvis decidiu que iria trazer a "Ave Maria" para seus discos. A forma que ele encontrou para isso foi gravar a canção religiosa católica "Miracle of the Rosary", que ele considerava belíssima! Tão inspirado ficou ao ouvi-la pela primeira vez que comprou algumas imagens católicas para ter em sua casa, tanto em Graceland, como na Califórnia. Elvis não se importava com críticas de que aquilo seria algum tipo de idolatria, porque havia estudado o catecismo romano e entendido a razão de ser das imagens católicas. Nada a ver com idolatria ou algo do tipo. Esse era um velho preconceito evangélico que Elvis não aceitava, pelo contrário, sempre tentava explicar teologicamente que as imagens serviam apenas como instrumentos de fé. Além disso ele amava a arte sacra dos católicos, tendo trazido para seu figurino inúmeros crucifixos e adornos da igreja de Roma.

Um dos sonhos de Elvis inclusive era fazer uma viagem até Roma, para conhecer o Vaticano. Quando estava servindo o exército na Alemanha ele chegou a programar uma viagem que só foi cancelada na última hora por causa de imprevistos. Acabou assim indo até Paris, mas sem deixar de lado seus planos de ir até a Basílica de São Pedro. Nos anos 70 ele teve bastante vontade de realizar uma grande turnê por toda a Europa, com Roma incluída dentro do cronograma, mas tudo foi por água abaixo por causa do Coronel Parker que não tinha passaporte e não poderia acompanhar o cantor por seus shows pelas grandes cidades históricas da Europa.

Outro bom momento desse álbum "Elvis Now" veio com a faixa "Early Morning Rain". Um belo country, com melodia agradável e relaxante. De todas as canções desse disco essa foi certamente uma das que ele mais utilizou em seus concertos durante os anos 70. Aliás é interessante notar que também foi incluída no especial de TV "Aloha From Hawaii". Aqui Elvis não a usou no show propriamente dito, mas numa sequência própria, sem público, apenas a cantando de forma sóbria, concentrada. Curiosamente apesar de ser um country (um gênero nascido no sul dos Estados Unidos), a canção havia sido composta por um canadense, Gordon Lightfoot, em 1966. A versão porém que inspirou Elvis a gravar a faixa foi a de Peter, Paul and Mary. Elvis simplesmente adorava o estilo vocal desse trio que fez grande sucesso nos anos 60.

Pablo Aluísio.