sábado, 21 de maio de 2022

O Portão

Título no Brasil: O Portão
Título Original: The Gate
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: New Century Entertainment
Direção: Tibor Takács
Roteiro: Michael Nankin
Elenco: Stephen Dorff, Christa Denton, Louis Tripp, Jennifer Irwin, Deborah Grover, Sean Fagan

Sinopse:
Garotos encontram o que parece ser um ovo fossilizado. Depois encontram um buraco no quintal de sua casa que parece ser um portão que leva diretamente ao inferno. E de lá começam a surgir pequenas criaturas mortais.

Comentários:
Esse filme de terror dos anos 80 chamava mais a atenção por seus bons efeitos especiais do que por causar medo ao espectador. A história de garotos que acabam encontrando por acaso um portão para o inferno servia basicamente como pano de fundo para o ataque dos monstrinhos. Sim, monstrinhos, pois eram demônios em miniatura, o que não significava que eles não tinham poder de destruição. Na época chamou a atenção o efeito de um corpo se transformando em dezenas de pequenos demons, algo que funcionava muito bem na era do VHS. As cenas são bem montadas e apostam em suspense também já que o orçamento não suportava muitas tomadas de efeitos pois custavam caro. Melhor assim pois toda a situação passou a ser melhor trabalhada. Esse filme inclusive poderia sofrer um remake com os efeitos digitais do mundo atual. Seria no mínimo curioso e interessante.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Morbius

Mais uma adaptação da Marvel para o cinema. Desde criança Michael Morbius (Jared Leto) sofria de uma rara doença sanguínea que o impedia de ser uma criança normal. Ele mal conseguia andar sem muletas. No hospital conhece outra criança com o mesmo mal que ele apelidou de Milo. Os anos passam e a amizade continua forte. No tempo presente Michael Morbius se torna um prestigiado especialista em sangue humano, um pesquisador capaz e inteligente que a despeito de todo o seu conhecimento ainda não conseguiu encontrar a cura para sua doença. Então ele fica especialmente interessado em uma nova linha de pesquisa para seguir, unindo o DNA humano com o DNA de morcegos. E resolve testar o novo soro em si mesmo, se tornando a cobaia humana de seus próprios experimentos. Claro que dá errado. Ao tomar o soro ele se torna um monstro sedento de sangue humano, um vampiro. E assim sua vida muda para sempre.

Eu gostei desse filme. A Marvel nunca foi muito boa em histórias de terror, mas aqui acertou bem no alvo. O filme pode ser visto por fãs de terror sem problema algum. Penso que vão gostar. O clima sóbrio dado para essa produção é muito bem escolhido. Os efeitos especiais, todos bem colocados no roteiro, ajudam a contar a história do protagonista e nunca tomam o lugar do aspecto principal do filme. Poderia dizer que esse personagem Morbius une os melhores aspectos de obras do passado, uma curiosa mistura de "O Médico e o Monstro" com "Drácula". O relacionamento com seu melhor amigo Milo também é especialmente interessante. Enquanto Morbius é um monstro com consciência pesada, um ser infeliz com seu destino, Milo se torna um vampiro cheio de si, orgulhoso de sua nova condição. Enfim, bom filme, muito melhor do que esperava.

Morbius (Morbius, Estados Unidos, 2022) Direção: Daniel Espinosa / Roteiro: Matt Sazama / Elenco: Jared Leto, Matt Smith, Adria Arjona, Jared Harris, Tyrese Gibson, Al Madrigal / Sinopse: Morbius é um vampiro criado em laboratório após o desenvolvimento de um experimento que não deu certo. E ele precisa enfrentar outro vampiro chamado Milo, um velho amigo de infância que também tomou uma dose do soro, se transformando em um monstro brutal e sanguinário.

Pablo Aluísio.

Possessão

Título no Brasil: Possessão
Título Original: Possession
Ano de Produção: 1981
País: Alemanha, França
Estúdio: Gaumont Pictures
Direção: Andrzej Zulawski
Roteiro: Andrzej Zulawski
Elenco: Isabelle Adjani, Sam Neill, Margit Carstensen, Heinz Bennent, Carl Duering

Sinopse:
Com um casamento em crise, perto do divórcio, Anna (Isabelle Adjani) começa a apresentar um comportamento fora do padrão, seduzindo homens que mal conhece, se tornando devassa e perigosa pois todos podem se tornar sua próxima vítima.

Comentários:
Eu vejo esse filme como uma tentativa do cinema europeu em reprisar o sucesso do filme "O Exorcista". Claro, há mudanças significativas entre os dois filmes. Sai as cenas asquerosas e entram um clima de sensualidade, com uma bela mulher que começa a seduzir homens mais velhos pelas ruas de uma grande cidade da Europa. Uma vez fisgados por sua beleza é hora de pagar caro pelo pecado da luxúria. Em um tempo onde os efeitos especiais eram bem precários, a atriz Isabelle Adjani precisou compensar tudo com linguagem corporal, funcionando bem em alguns momentos, mas causando uma certa estranheza em outros. É o diabo no corpo, como diziam os cristãos medievais.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Django Livre

Em “Bastardos Inglórios” Quentin Tarantino tentou revisitar, com muito bom humor, um dos mais populares gêneros do cinema da era de ouro, o dos filmes de guerra. Exagerado, over, beirando a paródia completa, “Bastardos Inglórios” dividiu opiniões, sendo odiado por uns e amado por outros. Embora seu desfecho fosse absurdo pelo menos era surpreendente, não há como negar. Agora é a vez do Western servir de alvo para as lentes de Tarantino. “Django Livre” se propõe a ser uma paródia do chamado Western Spaguetti, gênero que se tornou muito popular (inclusive no Brasil) na época de seu auge. A tônica dessas produções era o exagero das cenas de violência e o uso abusivo de trilhas marcantes e onipresentes em cada cena. Os roteiros passavam longe de ser grande coisa mas eram eficientes. Agora o cineasta Tarantino tenta trazer o espírito daquelas produções de volta às telas, tudo mesclado com seu inconfundível toque pessoal.

É curioso porque assim que o projeto foi anunciado esperei por um verdadeiro delírio por parte do diretor pois se o Spaguetti era uma paródia do western americano, o que esperar de uma paródia da paródia? Obviamente um exagero completo, um delírio absoluto! Mas não é isso o que acontece. “Django Livre” pode até mesmo ser considerado conservador em certos aspectos. Não há dúvidas que existem produções Spaguetti que são bem mais violentas ou ousadas que “Django Livre”. Nesse ponto Tarantino foi passado para trás. Assim sobra pouca coisa para se surpreender. Quem é fã do gênero, que acompanha filmes de faroeste com freqüência, simplesmente não vai se impressionar com nada no filme de Tarantino. Nem é ousado e nem surpreendente. Mesmo assim não é um produto ruim, longe disso, só é menos revolucionário do que se esperava (ou melhor dizendo, não é revolucionário em nada).

Um bom western? Sim, não há como negar. O melhor vem dos talentosos atores em cena. O elenco está muito bem, em especial Christopher Waltz e Leonardo DiCaprio. Jamie Foxx como Django não chega a empolgar e nem está tão intenso quanto era de se esperar. Spike Lee reclamou do retrato que foi feito da escravidão negra nos EUA mas sua posição é obviamente um exagero. Os negros aliás estão no centro da trama e o próprio Django é um bom protagonista para o público afrodescendente se identificar. Recentemente “Django Livre” venceu o Globo de Ouro de Melhor Roteiro mas depois de assistir ao filme achei o prêmio um pouco desmerecido. A trama é até banal, sem surpresas, e o filme tem inclusive um problema no último ato que se tornar desnecessário e constrangedor, para não dizer bobo! Os diálogos, que sempre foram a marca registrada do diretor, aqui estão bem escritos mas muito abaixo das outras obras da filmografia de Tarantino. São um pouco acima da média mas nada excepcionais. Além disso o desenrolar da estória é comum, ordinário. Tarantino parece que tremeu nas bases ao se envolver com a mitologia do western.

Ao invés de jogar as bases do gênero para o alto, como fez em “Bastardos Inglórios”, ele aqui não consegue em momento algum se desvincular das regras dos faroestes mais tradicionais. Até a divisão em três atos está de acordo com os dogmas do estilo. Tarantino não alça vôo em momento algum, prefere ficar no chão, ao lado das regras mais caras ao velho e bom western. Não se aproxima de sua tão falada desmistificação, pelo contrário, louva ao seu modo todos os fundamentos desse tipo de filme e se rende à tradição. Assim não vejo motivo algum para toda a badalação que está sendo feita em torno de “Django Livre” pois em essência ele se apresenta como um western dos mais tradicionais, sem qualquer marca mais relevante que o torne uma obra prima ou algo do gênero. Definitivamente não foi dessa vez que o cineasta maravilhou ou deixou surpreendidos os fãs de faroestes. Em conclusão temos aqui um bom western que sobressai pelo elenco inspirado. A trama é sem surpresas e o roteiro bem abaixo do esperado. Não é um filme ofensivo contra os negros, longe disso, e pode ser visto como bom passatempo, muito embora um corte mais bem cuidadoso em sua duração cairia bem. Deve ser conferido mas sem esperar nada grandioso.

Django Livre (Django Unchained, Estados Unidos, 2012) Direção: Quentin Tarantino / Roteiro: Quentin Tarantino / Elenco: Jamie Foxx, Christopher Waltz, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Sacha Baron Cohen, Joseph Gordon-Levitt, Kurt Russell, Kerry Washington, Walton Goggins, James Remar, Don Johnson, Anthony LaPaglia, Tom Savini, James Russo. / Sinopse: King Schultz (Christoph Waltz) é um caçador de recompensas que se une a um escravo chamado Django (Jamie Foxx) para sair na caça de três irmãos que estão com a cabeça a prêmio. Depois do serviço concluído eles resolvem ir atrás da esposa de Django que agora se tornou propriedade de um cruel fazendeiro do sul chamado Calvin Candie (Leonardo DiCaprio). Se fazendo passar por traficantes de escravos eles tentarão resgatar a amada de Django.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 18 de maio de 2022

A Tragédia de Macbeth

Macbeth (Denzel Washington) sempre foi um cavaleiro leal ao seu rei. Durante a jornada de regresso de mais uma operação militar ele encontra na estrada com três velhas e estranhas bruxas que mais se parecem com corvos. Elas profetizam que ele será o próximo rei! Macbeth então fica com aquilo em sua mente. E as coisas pioram quando ele conta a tal profecia para sua esposa Lady Macbeth (Frances McDormand), uma mulher ambiciosa, fria e vil. A oportunidade surge quando o rei Duncan (Brendan Gleeson) chega para passar uma noite nos aposentos do castelo de Macbeth. Seu plano se torna bem sucedido. Ele se torna um regicida e pouco tempo depois assume o trono, mas a que preço? Cercado por inimigos por todos os lados, odiado pela nobreza, Macbeth vai se tornando cada vez mais sanguinário, paranoico e insano. Mais e mais mortes devem acontecer por todo o reino para que sua ganância de poder sem fim não seja interrompida.

Temos aqui mais uma adaptação da obra de William Shakespeare para o cinema. O que me causou estranheza foi saber que esse filme foi dirigido pelo Joel Coen. Não me entenda mal, considero ele um cineasta dos mais talentosos de sua geração, mas sinceramente não esperava vê-lo dirigindo nada envolvendo Shakespeare! Curiosamente deu certo, principalmente porque ele optou claramente por seguir os passos de Orson Welles. O seu filme é bem parecido com o clássico. Fotografia em preto e branco, cenários intimistas e fidelidade ao texto original da peça. Denzel Washington está ótimo no papel. Grande ator, aqui prova mais uma vez seu grande talento. Foi indicado ao Oscar por esse trabalho. Nessa fase de sua carreira nada poderia ter sido melhor.

A Tragédia de Macbeth (The Tragedy of Macbeth, Estados Unidos, 2021) Direção: Joel Coen / Roteiro: Joel Coen / Elenco: Denzel Washington, Frances McDormand, Brendan Gleeson, Alex Hassell / Sinopse: Adaptação para o cinema da obra de William Shakespeare. Na história um regicida começa a enlouquecer após subir ao trono. Inimigos e ameaças de morte estão por toda a parte. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Denzel Washington), melhor design de produção e melhor direção de fotografia (Bruno Delbonnel).

Pablo Aluísio.

O Embaixador

Título no Brasil: O Embaixador
Título Original: The Ambassador
Ano de Produção: 1984
País: Estados Unidos
Estúdio: Northbrook Films
Direção: J. Lee Thompson
Roteiro: Ronald M. Cohen
Elenco: Robert Mitchum, Ellen Burstyn, Rock Hudson, Donald Pleasence, Fabio Testi, Chelli Goldenberg

Sinopse:
O embaixador dos Estados Unidos em Israel tenta construir um acordo de paz entre judeus e palestinos, mas nesse processo acaba virando alvo de grupos extremistas e terroristas, colocando sua vida em risco. Roteiro baseado no romance escrito por Elmore Leonard.

Comentários:
Rock Hudson já estava com AIDS quando viajou para o deserto de Isreal para trabalhar nesse thriller político. Ele queria voltar ao cinema após ter algumas experiências na TV. Esse seria seu último filme a ser exibido nos cinemas. Uma boa produção, com um roteiro que até mantém o interesse, mas que no geral se revelava ser um filme de mediano para fraco. Rock não era o astro do filme, esse posto coube a outro veterano, Robert Mitchum, um ator dos velhos tempos que Rock conhecia muito bem, mas que até aquele momento não tinha tido o privilégio de trabalhar ao seu lado. De uma forma ou outra a perda de peso ficou bem claro nas filmagens, o que fez com que Rock procurasse um médico quando retornou aos Estados Unidos, sabendo a partir daí que estava com o temido virus, naqueles tempos uma verdadeira sentença de morte.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de maio de 2022

tick, tick... BOOM!

Mais um filme da lista do Oscar 2022. Pois é, o título original é ruim, estranho, mas o filme é muito bom! A história contada no filme é a do autor de peças da Broadway Jonathan Larson (Andrew Garfield). Quando o filme começa  ele ainda trabalhava  como garçom em uma lanchonete de Nova Iorque. Ele escrevia as músicas que iriam fazer parte de seu musical na Broadway e sonhava um dia viver de sua arte! Só que isso definitivamente não era fácil. Ter um musical escrito estreando na Broadway era como acertar na loteria, ou seja, uma chance em um milhão. Nessa época ele apenas contava com seus sonhos. E a vida real era muito dura. Vários de seus amigos estavam morrendo de AIDS. O filme se passa no começo dos anos 90 quando ter AIDS era como ter uma sentença de morte sobre si.

Mesmo assim, como jovem e ousado artista, ele seguia em frente. Em determinado momento conseguiu ter uma audição com produtores da Broadway e isso seria a grande chance de sua vida. O filme se desenvolve justamente nesse momento, quando ele tinha que lidar com vários problemas em sua vida pessoal ao mesmo tempo em que lutava para ter finalmente uma peça sua aceita nesse mercado tão competitivo. O diretor Lin-Manuel Miranda acertou ao escolher o estilo musical para contar sua história. Afinal o protagonista era um escritor de musicais, então nada mais correto do que intercalar sua história de vida com vários números musicais baseados em sua própria obra.

E aqui vale uma menção honrosa ao ator Andrew Garfield. Estigmatizado muitas vezes como apenas mais um ator de filmes da Marvel, pois ele interpretou o Homem-Aranha, o ator surpreende nessa produção! Definitivamente o rapaz tem muito talento! Canta as músicas do filme (e canta bem, é bom frisar), atua, interpreta e dança, tudo em um nível acima de qualquer crítica. Ele é ótimo e provou isso nesse filme. Acabou sendo indicado ao Oscar! Quem diria, um ator que basicamente só era conhecido por interpretar o Peter Parker... Sábia mudança na carreira!

tick, tick... BOOM! (Estados Unidos, 2021) Direção: Lin-Manuel Miranda / Roteiro: Steven Levenson / Elenco: Andrew Garfield, Alexandra Shipp, Robin de Jesus / Sinopse: O filme conta, em ritmo de musical da Broadway, a história do autor de peças musicais Jonathan Larson. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Andrew Garfield) e melhor edição.

Pablo Aluísio.

Cabaret

Título no Brasil: Cabaret
Título Original: Cabaret
Ano de Produção: 1972
País: Estados Unidos
Estúdio: Allied Artists Pictures
Direção: Bob Fosse
Roteiro: Joe Masteroff
Elenco: Liza Minnelli, Michael York, Helmut Griem, Joel Grey, Fritz Wepper, Marisa Berenson

Sinopse:
Década de 1930. Berlim. A dançarina americana Sally Bowles (Liza Minnelli) começa a fazer muito sucesso nos clubes noturnos da cidade alemã. Ela se apaixona por dois homens, mas as coisas complicam quando o nazismo chega ao poder na Alemanha.

Comentários:
Esse filme é um marco na história de Hollywood. Em uma época em que o musical já tinha deixado seus dias de glória no passado, o filme se consagrava na noite do Oscar, sendo o grande premiado da noite, sendo vencedor em oito categorias, entre elas melhor atriz, para Liza Minnelli em seu filme definitivo e melhor direção, para o talentoso Bob Fosse. É interessante também notar que o filme chegou aos cinemas americanos em uma época dura, com o pais enfrentando diversos problemas com um governo conservador. Richard Nixon estava no poder, com inúmeras denúncias de corrupção. A analogia entre seu partido e o partido nazista, com perseguição a artistas e poetas, era um tanto quanto óbvia. Entretanto, mesmo com essa leitura política, em minha opinião o grande mérito desse filme é mesmo a música, os números musicais. Nesse aspecto o filme mereceu cada Oscar que recebeu. É uma obra-prima do cinema.

Pablo Aluísio.