terça-feira, 20 de julho de 2021

Oceanos

Eu até demorei algum tempo para assistir a esse premiado documentário. Eu já sabia que era um filme de extrema qualidade porque foi muito elogiado pela crítica em seu lançamento. Trata-se de uma produção entre França e Estados Unidos, sendo que o investimento americano partiu da Disney Nature, braço do império Disney para documentários sobre o mundo natural. E como o próprio título já deixa antever, esse filme tem como protagonista os oceanos ao redor do planeta, com toda a sua exuberância e força que só a natureza possuem. As imagens são lindas, pois os produtores só escolheram o melhor do que foi filmado para fazer parte do documentário.

O texto narrado pelo ator Pierce Brosnan também é excelente. Ele mostra como a vida na Terra surgiu nos oceanos, pois há bilhões de anos foi justamente no meio aquático que surgiram as primeiras e rudimentares formas de vida. Depois com o passar do tempo alguns animais se aventuraram na Terra, dando origem a toda a fauna que conhecemos. O lado ecológico também se faz presente, como não poderia deixar de ser. Mostra através de imagens capturadas do espaço os estragos causados pelos esgotos despejados no mar. Uma lástima. Enfim, grande documentário. Maravilhoso de se assistir e uma grande lição sobre o mundo que nos cerca.

Oceanos (Océans, Estados Unidos, França, 2009) Direção: Jacques Perrin, Jacques Cluzaud / Roteiro: Christophe Cheysson, Jacques Cluzaud, Laurent Debas / Elenco: Pierce Brosnan, Pedro Armendáriz Jr, )Jacques Perrin / Sinopse: Documentário premiado que explora e mostra a grandiosidade e a importância dos grandes oceanos do planeta Terra, únicos no universo. Filme vencedor do César Awards, na categoria de melhor documentário.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

Vicky Cristina Barcelona

Esse filme é uma espécie de "novela latina" dentro da filmografia de Woody Allen. Duvida dessa percepção? Então basta dar uma olhada rápida na história. Duas amigas americanas, Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson) vão passar férias em Barcelona, na Espanha. Durante um jantar elas conhecem o pintor espanhol Juan Antonio (Javier Bardem), um autêntico "Latin Lover" que as convida para fazer uma viagem a três em Oviedo, uma pequena e bucólica cidade do interior. E deixa claro para as duas que tem intenção de levá-las para a cama! Vicky, a mais certinha, noiva, prestes a se casar, acha um absurdo o convite. Vicky, liberal e sem compromissos, acha tudo normal. Ela gosta do convite. E elas acabam viajando com o galanteador latino, cheio de sensualidade.

Para completar o quadro de puro folhetim, Vicky acaba ficando apaixonada por Juan Antonio, apesar do noivo que passa a levar chifres em série. Cristina nem pensa duas vezes, se atira na cama do conquistador. Só que há mais um elemento envolvido nesse triângulo amoroso, a ex-esposa do pintor, uma mulher escandalosa, dada a gritos e gestos extremos, Maria Elena (Penélope Cruz) que não consegue esquecer o ex-marido! Lendo esse resumo da história não lhe pareceu tudo uma grande novela? Pois é isso mesmo. Woody Allen aqui deixou de lado seus papos intelectuais de lado e partiu para algo bem de acordo com a tradição do folhetim, que tanto agrada aos latinos em geral. Eu também gostei do filme, apesar de sua proposta mais modesta de apenas contar uma boa história. Algumas vezes isso já basta.

Vicky Cristina Barcelona (Estados Unidos, Espanha, 2008) Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Rebecca Hall, Scarlett Johansson, Javier Bardem, Penélope Cruz / Sinopse: Duas amigas americanas, uma delas noiva e prestes a se casar, sucumbem aos galanteios de um amante latino durante suas férias em Barcelona. O problema vai ser superar a ex-esposa do sujeito, uma espanhola com um gênio forte e acostumada a fazer muitos escândalos.

Pablo Aluísio.

A Nação do Medo

Veja que argumento interessante: o que teria acontecido ao mundo se os nazistas tivessem vencido a Segunda Guerra Mundial? Imagine todas as nações conquistadas vivendo sob o regime alemão, onde a figura mais idolatrada passaria a ser a de Adolf Hitler, considerado um herói e um exemplo para toda a humanidade! Chocante, não é verdade? Pois é basicamente nesse mundo ficcional que esse estranho e perturbador enredo se passa. O curioso é que o espectador fica bem incomodado com as cenas iniciais, mas conforme o filme avança a ideia central começa a parecer absurdamente normal e aceitável. E não foi por outra razão que "Fatherland" acabou sendo recebido com polêmica. Afinal de contas muitos poderiam vir a entender que a produção seria na verdade uma tremenda propaganda neonazista. Ledo engano.

O filme é inteligente o suficiente para escapar desse tipo de armadilha. Feito para a TV, "A Nação do Medo" acabou sendo reconhecido por seus próprios méritos, a ponto de ganhar indicações importantes no Globo de Ouro onde foi indicado ao prêmio de Melhor Minissérie ou Filme realizado especialmente para a TV. Melhor se saiu a atriz Miranda Richardson que acabou levando o Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante na mesma premiação. Plenamente merecido, pois ela está ótima em seu papel. Já no "Oscar da TV", o Emmy Awards, a produção acabou sendo premiada por sua bela direção de arte, afinal de contas recriar um mundo nazista nos dias de hoje realmente exigiu muito talento e imaginação. Então é isso, meio esquecido atualmente "A Nação do Mundo" é um filme bem interessante e instigante. Uma obra que merece ser redescoberta.

A Nação do Medo (Fatherland, Estados Unidos, 1994) Direção: Christopher Menaul / Roteiro: Robert Harris, Stanley Weiser/ Elenco: Rutger Hauer, Miranda Richardson, Peter Vaughan / Sinospe: Em um mundo distópico e estranho, os nazistas venceram a II Guerra Mundial, impondo sua ideologia para toda a humanidade. Filme premiado pelo Globo de Ouro e Emmy Awards.

Pablo Aluísio.

domingo, 18 de julho de 2021

Caninos Brancos

Essa animação francesa é de encher os olhos. Uma adaptação excelente do clássico livro de Jack London, material de origem de primeira linha. Já havia sido adaptado antes, com sucesso, pelos estúdios Walt Disney. Agora virou essa caprichada animação a cargo do talentoso diretor Alexandre Espigares. A história é bem conhecida, mostrando o lobo Caninos Brancos desde seu nascimento no meio da floresta, até a separação de sua mãe e seu contato com os seres humanos. Ele inicialmente passa a puxar o trenô de um nativo, depois é vendido, indo parar nas mãos de um criminoso que organiza rinhas de lutas de cães.

Sua sorte muda quando finalmente passa a ser criado por um xerife e sua bondosa esposa, mas o chamado da vida selvagem mais uma vez se mostra forte e irresistível, sendo que ele decide voltar para a mesma floresta de picos montanhosos gelados onde nasceu. Uma história maravilhosa, que em certos momentos apresenta sinais de uma rudeza e crueldade que cheguei até mesmo a duvidar se esse tipo de material seria mesmo indicado para as crianças. Um aspecto interessante é que os animais são retratados com realismo, enquanto os seres humanos surgem em traços de caricatura. Boa decisão que reforça o lado mais sórdido de certos personagens. Em suma, animação classe A. Simplesmente perfeita. Nota 10.

Caninos Brancos (Croc-Blanc, França, 2018) Direção: Alexandre Espigares / Roteiro: Philippe Lioret, Serge Frydman, baseados na obra escrita por Jack London / Elenco: Raphaël Personnaz, Virginie Efira, Dominique Pinon / Sinopse: Caninos Brancos é um Lobo. Nascido na floresta, ele acaba tendo contato com o ser humano, conhecendo o lado mais sórdido e malvado do homem. Filme pemiado pelo Annecy International Animated Film Festival.

Pablo Aluísio.

Scooby! O Filme

A Warner Bros decidiu fazer uma animação digital do Scooby-Doo e sua turma para ser lançada nos cinemas. Ideia certa na época errada. Programada para chegar no mercado em maio de 2020 o filme foi pego em cheio pela pandemia. Com isso a Warner teve diversos problemas para recuperar o investimento. Isso porque não foi uma animação barata, pelo contrário. A boa notícia é que os saudosistas dos desenhos animados da Hanna-Barbera não vão ter do que reclamar. Na tela desfilam diversos personagens que ficaram famosos nas décadas de 1960 e 1970, na era de ouro desse estúdio de animação. O público brasileiro certamente vai adorar rever essas figuras do passado revitalizados pela moderna tecnologia do presente.

Assim essa filme apresenta não apenas os personagens do desenho clássico do Scooby-Doo, que está aí fazendo sucesso desde os anos 60 quando seu primeiro desenho animado chegou nas telas de TV. Aqui temos também o Dick Vigarista (vilão do desenho "Corrida Maluca"), muito bem aproveitado, o Falcão Azul (Da galeria de super-heróis da HB), seu fiel companheiro o Bionicão e até mesmo o Capitão Caverna (quem foi criança e assistia seus desenhos certamente vai lembrar dele). Até criaram uma série de robozinhos, o equivalente aos minions de "Meu Malvado Favorito". Enfim, quem gosta desses personagens certamente não terá do que reclamar.

Scooby! O Filme (Scoob!, Estados Unidos, 2020) Direção: Tony Cervone / Roteiro: Adam Sztykiel, Jack C. Donaldson / Elenco: Will Forte, Mark Wahlberg, Zac Efron, Amanda Seyfried, Jason Isaacs, Gina Rodriguez  / Sinopse: Salsicha e Scooby se tornam os melhores amigos na adolescência. Depois se unem a Velma, Freddie e Daphne para enfrentar o vilão Dick Vigarista que está prestes a abrir um portal para outra dimensão.

Pablo Aluísio.

sábado, 17 de julho de 2021

Creepshow

Sempre vi esse filme como uma produção duplamente nostálgica. Nostálgico de duas décadas diferentes, dos anos 50 e dos anos 80. Explico. Embora o filme tenha sido lançado nos anos 80, sendo assistido e curtido pelos jovens e adolescentes da época, na verdade a fonte vinha de mais longe do passado, vinha das revistas em quadrinhos de terror dos anos 50. E para acentuar ainda mais isso recriaram o mascote que surgia entre as histórias, um tipo de zumbi bem humorado, com óbvias tiradas de humor negro. E quem escreveu o roteiro desse divertido filme? Stephen King, ele mesmo, o mestre da literatura de terror nos Estados Unidos. Foi uma das primeiras experiências dele escrevendo diretamente para o mundo do cinema. Antes disso apenas havia adaptações de seus livros para o cinema. Aqui ele colocou a mão na massa mesmo, para ver como era escrever para outro meio.

Creepshow fez sucesso no Brasil, mas não nos cinemas. Esse filme chamou atenção mesmo nas videolocadoras da época. Estou me referindo a um tempo onde os cinéfilos iam até a locadora perto de casa e levavam uma fita VHS para curtir em casa, em seus aparelhos de videocassete. E essa franquia tinha outro atrativo. Assim como "Contos Assombrosos" a fita trazia várias histórias. Se o espectador não gostava de uma, poderia curtir na próxima, quem sabe. O roteiro imitava as próprias revistinhas originais que também traziam contos de terror. Com poucos centavos os garotos da época se divertiam como nunca.

Creepshow: Arrepio do Medo (Creepshow, Estados Unidos, 1982) Direção: George A. Romero / Roteiro: Stephen King / Elenco: Hal Holbrook, Leslie Nielsen. Adrienne Barbeau / Sinopse: Contos e histórias de terror publicadas originalmente em quadrinhos durante os anos 1950 ganham uma versão para o cinema sob a direção do renomado diretor de terror George Romero.

Pablo Aluísio.

O Jardineiro Fiel

O filme foi baseado no livro escrito por John le Carré, famoso autor de best-sellers, com uma grande legião de leitores e admiradores. Eu não li o livro original. Minha opinião segue baseada apenas no filme. E nesse aspecto não tive boa percepção desse longa-metragem. Sim, eu tenho pleno consciência que o filme foi extremamente elogiado pela crítica em seu lançamento, mas no meu caso não consegui gostar. Achei um filme extremamente frio, quase uma obra cinematográfica sem nenhuma emoção para passar ao espectador. Acontece muito e é mais comum do que muitas pessoas que curtem cinema pensam. A palavra que me vem à mente é sempre a mesma quando penso em "O Jardineiro Fiel". É uma obra fria, asséptica.

Posso dizer que a única coisa que me agradou mesmo foi a atuação da atriz Rachel Weisz. que inclusive foi premiada com o Oscar na categoria naquele ano que foi até bem disputada. A personagem dela é a única que parece ter alma nessa história, a única que passa algum sentimento verdadeiro. O papel de Ralph Fiennes é todo baseado em um personagem que tem uma frieza fora do normal. O sujeito simplesmente não consegue passar nenhum calor humano. E como ele está em cena em praticamente todo o filme seu jeito de ser passa a incomodar. Com isso tudo o filme acabou me soando bem entediante. Tédio e frio, eis o resumo.

O Jardineiro Fiel (The Constant Gardener, Inglaterra, Estados Unidos, 2005) Direção: Fernando Meirelles / Roteiro: Jeffrey Caine, baseado na obra de John le Carré / Elenco: Ralph Fiennes, Rachel Weisz, Danny Huston, Hubert Koundé / Sinopse: Um viúvo está determinado a descobrir um segredo potencialmente explosivo envolvendo o assassinato de sua esposa, um grande negócio e um caso de corrupção corporativa.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

A Vida é Bela

Ninguém esperava que Roberto Benigni fosse vencer o Oscar de melhor ator por esse filme. Pois foi justamente isso que aconteceu! Uma zebra e tanto na história da Academia. É incrível que um comediante europeu tenha sido premiado com o mais cobiçado prêmio de cinema do mundo, mas aconteceu. E provavelmente nunca mais venha acontecer de novo. Eu me recordo inclusive que quando seu nome foi anunciado ele reagiu da mesma forma que seu personagem, de maneira muito exagerada! Sim, onde termina a personalidade do ator e começa a interpretação desse seu personagem? Penso que não há muitas linhas dividindo esse aspecto, não no caso de Benigni. Assim para gostar do filme você vai precisar ter ao menos simpatia pelo estilo e pelo tipo de humor que Roberto Benigni faz, caso contrário não vai funcionar muito bem.

Esse filme tem dois atos bem diferenciados em seu roteiro. O primeiro apresenta um humor bem pastelão, diria até mixuruca. É algo até muito inocente, ao estilo humor antigo. ultrapassado. Nesse primeiro ato o personagem principal é apresentado. Um garçom chamado Guido. Um homem meio infantilizado e bobo, mas de bom coração. Já o segundo ato é bem superior. Ele é judeu, vive na Itália durante a II Guerra Mundial e acaba indo parar em um campo de concentração nazista. Ele vai junto do filho de 8 anos. Como explicar uma atrocidade daquelas para uma criança? Para preservar o menino, ele finge que tudo não passa de um grande jogo, cujo prêmio final será um tanque de guerra de brinquedo. Só que como sabemos não é brincadeira o que está acontecendo. É o Holocausto! E como fazer humor em cima de algo tão terrível? Penso que esse filme em particular conseguiu, porque tudo surge um pouco estilizado em cena. O campo de concentração, por exemplo, não é tão realista. Isso poupa o espectador de ter que encarar a triste realidade. E o filme, no final das contas, consegue funcionar. De maneira ampla, olhando o conjunto do filme, gostei do que vi, embora tenha que ressaltar que apenas a segunda parte do filme é realmente marcante.

A Vida é Bela (La vita è bella, Itália, 1997) Direção: Roberto Benigni / Roteiro: Vincenzo Cerami, Roberto Benigni / Elenco: Roberto Benigni, Nicoletta Braschi, Giorgio Cantarini / Sinopse: Durante o regime fascista italiano, um garçom judeu e sua família é enviada para um campo de concentração nazista. Para preservar seu filho daquela situação terrível, o pai faz de conta para ele de que tudo não passaria de um jogo, uma grande brincadeira.

Pablo Aluísio.