quarta-feira, 28 de abril de 2021

O Leão do Deserto

Filme que apresenta em seu elenco um formidável grupo de atores de excepcional talento dramático. Vários deles com sólida formação teatral em Shakespeare, como por exemplo, John Gielgud. Curiosamente o astro principal Anthony Quinn seria o menos qualificado em termos de currículo e formação em arte dramática nesse sentido. Ele sempre foi um ator de cinema e não de teatro. Sua escola, sendo realista, foram os filmes e não uma série de peças teatrais de literatura clássica. Porém dentro do contexto de seu personagem dentro desse filme, até que está bem adequado, pois ele interpreta um líder tribal chamado Omar Mukhtar, um homem que resiste no campo de batalha ao domínio do imperialismo italiano, representado na figura do líder fascista Benito Mussolini. Homem rude, violento, forjado na guerra contra os colonizadores europeus.

A história do filme se desenvolve nas areias escaldantes do deserto da Líbia, naquela ocasião histórica (estamos nos referindo ao ano de 1929) sendo dominada pelos imperialistas da Itália. É a velha política de colonização de nações africanas por países europeus. A velha luta entre metropóle e colônia, que tantos males, mortes e destruição trouxeram à história da humanidade. O filme, como não poderia deixar de ser, foi todo rodado no deserto do Norte da África, uma região inóspita. Por isso a equipe de filmagem encontrou todos os tipos de problemas para terminar o filme. O resultado ficou muito bom no meu ponto de vista. Não pode ser considerado um filme à altura de grandes épicos do passado nesse estilo como "Lawrence da Arábia", mas certamente estava acima da média das produções realizadas no começo da década de 1980.

O Leão do Deserto (Lion of the Desert, Estados Unidos, 1980) Direção: Moustapha Akkad / Roteiro: David Butler, H.A.L. Craig / Elenco: Anthony Quinn, Oliver Reed, Rod Steiger, John Gielgud / Sinopse: A história do filme se passa em 1929, no norte da África, na região que hoje é conhecida como Líbia. Nesse posto colonial da Itália fascista de Mussolini, um novo general é designado para conter uma série de rebeliões do povo local liderado pelo líder rebelde tribal Omar Mukhtar (Quinn).

Pablo Aluísio.

Portal do Paraíso

Até hoje o filme consta na lista dos maiores fracassos comerciais da história de Hollywood, o que não deixa de ser lamentável. Na verdade o que chegou ao público foi uma colcha de retalhos montado pelos executivos da United Artists. O que de fato aconteceu? "Portal do Paraíso" foi uma produção cara, que levou bastante tempo para ficar pronta. Quando finalmente o diretor Michael Cimino apresentou seu primeiro corte para os produtores, esses ficaram chocados. Tudo havia resultado em um filme com mais de 4 horas de duração. Inviável comercialmente para ser exibido nos cinemas da época.

Assim Cimino foi afastado e o estúdio contratou uma equipe especial para a edição de uma nova versão. Essa que chegou até nós era realmente péssima. Muitas cenas importantes foram cortadas e outras, nem tão importantes assim, ficaram. Tudo remendado, mal posicionado. Um trabalho mal feito ao meu ver. O resultado foi um filme com história confusa que foi malhado impiedosamente pela crítica e abandonado pelo público que deixou as salas de cinemas vazias. Em poucos dias o filme saiu de cartaz nos Estados Unidos e Europa. No Brasil foi exibido rapidamente em poucas salas. A péssima bilheteria quebrou financeiramente a United Artists. Um desastre completo. Uma pena porque tinha potencial para virar uma obra-prima.

Portal do Paraíso (Heaven's Gate, Estados Unidos, 1980) Estúdio: United Artists / Direção: Michael Cimino / Roteiro: Michael Cimino / Elenco: Kris Kristofferson, Christopher Walken, Jeff Bridges, John Hurt, Mickey Rourke, Brad Dourif, Geoffrey Lewis / Sinopse: Durante a Guerra do Condado de Johnson em 1890, no Wyoming, um xerife nascido na riqueza faz o seu melhor para proteger os fazendeiros imigrantes dos ricos interesses dos pecuaristas da região..Filme indicado ao Oscar na categoria de mlehor direção de arte (Tambi Larsen e James L. Berkey).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 27 de abril de 2021

Minari

Título no Brasil: Minari - Em Busca da Felicidade
Título Original: Minari
Ano de Produção: 2020
País: Estados Unidos, Coreia do Sul
Estúdio: Plan B Entertainment
Direção: Lee Isaac Chung
Roteiro: Lee Isaac Chung
Elenco: Steven Yeun, Yeri Han, Alan S. Kim, Noel Cho, Darryl Cox, Esther Moon

Sinopse:
Uma família coreana se muda para os Estados Unidos em busca de um recomeço. O marido compra uma pequena propriedade rural onde pretende plantar frutas coreanas para serem vendidas aos imigrantes que moram na América, só que nem tudo acaba saindo como planejado.

Comentários:
Esse filme teve a façanha de ter sido indicado a seis categorias no Oscar 2021, vencendo em melhor atriz coadjuvante (Yuh-Jung Youn). Em meu ponto de vista foi um exagero, principalmente na categoria de melhor filme. Embora "Minari" seja até um bom filme, não consigo ver nele tantos méritos a ponto de ser colocado entre os melhores do ano. Até mesmo a premiação da atriz veterana Yuh-Jung Youn me causou uma certa perplexidade. Ela é talentosa, carismática e em muitos aspectos se torna a alma do filme, porém vamos ser bem sinceros, havia pelo menos duas outras atrizes que mereciam vencer mais do que ela. Outro problema em "Minari" é seu ritmo (ou a falta dele) no desenvolvimento da história. As coisas acontecem lentamente, o que vai deixar muito espectador com tédio, ainda mais nos dias atuais onde as pessoas estão cada vez menos propensas a encarar esse tipo de situação. Enfim, de todos os candidatos a melhor filme do Oscar desse ano que já assisti, esse foi o que menos me agradou. Não é um filme ruim, longe disso, mas é inegavelmente um exagero colocá-lo na seleta lista dos melhores do ano no Oscar.

Pablo Aluísio.

Uma Cidade Que Surge

Título no Brasil: Uma Cidade Que Surge
Título Original: Dodge City
Ano de Produção: 1939
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Robert Buckner
Elenco: Errol Flynn, Olivia de Havilland, Ann Sheridan, Bruce Cabot, Frank McHugh, Alan Hale

Sinopse:
Dodge City é uma das cidades mais violentas do velho oeste. Famosa pelos duelos de pistoleiros na rua principal, ela se torna alvo de disputas de grupos rivais, cada um querendo controlar a rica e próspera via de carregamento de gado. Wade Hatton (Errol Flynn) chega na cidade pela ferrovia para ser o novo xerife. Impor ordem e lei em um lugar conhecido justamente por não ter nenhuma das duas coisas. Sua tarefa certamente não será das mais fáceis.

Comentários:
A dupla Errol Flynn e Michael Curtiz se notabilizou pelos filmes de aventura que fizeram. Produções de capa e espada, com piratas, lendas medievais e temas semelhantes. No final da década de 1930 os executivos da Warner decidiram que era hora deles também enveredarem pelo universo dos filmes de cowboy. Também pudera, o western havia se tornado sinônimo de sucesso de bilheteria. Assim Flynn pendurou a espada, subiu em um cavalo, colocou esporas e foi dar uma de cowboy nesse "Dodge City". Sendo sincero não achei Errol Flynn muito convincente nessa película. Não era seu estilo. Ele era ótimo para representar Robin Hood, piratas do Caribe e personagens desse naipe mas homens do oeste bravio não! Isso porque Errol não parecia com um pioneiro, não tinha aquela presença rústica que esse tipo de papel exigia. Acreditar que Flynn é um ás do gatilho, um xerife da famosa Dodge City, fica complicado. Talvez Michael Curtiz também tenha entendido isso e resolveu encaixar alguns momentos de humor para combinar melhor com o sorriso irônico de Flynn. O saldo final soa meio artificial. O filme não fez o sucesso esperado e o ator voltou para seu gênero habitual. Melhor assim, afinal de contas ele nunca foi um John Wayne e nem um Randolph Scott.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Oscar 2021

Particularmente gostei bastante dessa cerimônia do Oscar. A pandemia mudou várias coisas e devo dizer que para melhor. Ao invés de todo aquele exagero (e breguice) dos anos anteriores, ontem tudo transcorreu de maneira bem mais simples, elegante, com sobriedade. O cineasta Steven Soderbergh dirigiu o show e acertou muito. Ao invés um palco imenso, optou-se por um palco pequeno, quase um tablado. Apenas os profissionais que concorriam ao Oscar (com no máximo dois acompanhantes) ocuparam as mesas. O interessante de tudo é que esse estilo, com mesas separadas, abajures elegantes e tudo mais, foi claramente inspirado na primeira noite do Oscar, em 1929 Na ocasião a entrega dos prêmios foi anunciada como um "jantar dançante".

Igualmente gostei da lista dos premiados. Não houve injustiças históricas e nem bobagens. Só ganhou quem realmente merecia ganhar. "Nomadland" foi o grande vencedor da noite. Foi premiado como melhor filme, melhor atriz (Frances McDormand, em excelente atuação) e melhor direção (para a mais do que talentosa Chloé Zhao). Todos os prêmios mais do que merecidos, em todos os aspectos. O filme é realmente muito bom, mostrando o lado mais sofrido dos Estados Unidos, com a pobreza, a falta de esperança e a adoção de uma vida nômade como meio de sobrevivência.

Anthony Hopkins venceu o Oscar de melhor ator pelo filme "Meu Pai". Eu torcia por ele, não vou negar. Quando escrevi sobre o filme disse que ele merecia o prêmio, era a melhor atuação do ano e uma das mais primorosas de toda a sua carreira. Também se tornou o ator mais velho a ser premiado, com 83 anos de idade. Não chegou a assistir à cerimônia, segundo seu agente. Quando seu nome foi anunciado, o bom e velho Hopkins estava dormindo em sua casa. Só veio a saber de seu prêmio hoje pela manhã. Ele já conquistou tudo na carreira, não precisa mais fazer média com ninguém (aliás nunca precisou!).

Youn Yuh-jung, também na terceira idade, venceu o Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo seu papel de vovó fora dos padrões no drama coreano "Minari". De fato ela é alma desse filme sobre uma família de imigrantes coreanos tentando vencer na vida nos Estados Unidos. Daniel Kaluuya venceu o Oscar de melhor ator coadjuvante por sua atuação visceral no filme sobre os panteras negras, "Judas e o messias negro". Filmão politicamente consciente. "Druk - Mais uma rodada" o filme da Dinamarca que resenhei há poucos dias aqui no blog venceu na categoria de Melhor filme internacional. Quem diria... o diretor fez um longo discurso, logo no começa da cerimônia, o que assustou os produtores da festa pois se todo mundo seguisse seu exemplo o Oscar iria estourar seu tempo determinado pelo roteiro.

"Bela vingança", filme que anda muito elogiado, não saiu de mãos vazias. Levou o prestigiado Oscar de melhor roteiro original. O Oscar de melhor roteiro adaptado foi para "Meu pai". Ambas as premiações foram certeiras. Nada a criticar. A animação "Soul" levou dois prêmios, a de melhor trilha sonora e a de melhor animação. Justo demais. O estranho "Tenet" levou o Oscar de melhores efeitos especiais. De roteiro é que ele não iria levar de jeito nenhum pois foi um dos roteiros mais confusos dos últimos tempos. Por fim o tão badalado "Mank" que liderava em número de indicações ficou apenas no meio do caminho. Foi premiado em melhor direção de fotografia e melhor design de produção (direção de arte). A Netflix esperava por muito mais. Então é isso, um Oscar diferente, sóbrio, justo e bem realizado. Gostei de maneira em geral. 

 

Oscar 2021 - Lista de Indicados - Em negrito os VENCEDORES:

Melhor filme

    "Meu pai"
    '"Judas e o messias negro"
    "Mank"
    "Minari"
    "Nomadland"
    "Bela vingança"
    "O som do silêncio"
    "Os 7 de Chicago"

Melhor atriz

    Viola Davis - "A voz suprema do blues"
    Andra Day - "Estados Unidos Vs Billie Holiday"
    Vanessa Kirby - "Pieces of a woman"
    Frances McDormand - "Nomadland"
    Carey Mulligan - "Bela vingança"

Melhor ator

    Riz Ahmed - "O som do silêncio"
    Chadwick Boseman - "A voz suprema do blues"
    Anthony Hopkins - "Meu pai"
    Gary Oldman - "Mank"
    Steve Yeun - "Minari"

Melhor direção

    Thomas Vinterberg - "Druk - Mais uma rodada"
    David Fincher - "Mank"
    Lee Isaac Chung - "Minari"
    Chloé Zhao - "Nomadland"
    Emerald Fennell - "Bela vingança"

Melhor atriz coadjuvante

    Maria Bakalova - "Borat: fita de cinema seguinte"
    Glenn Close - "Era uma vez um sonho"
    Olivia Colman - "Meu pai"
    Amanda Seyfried - "Mank"
    Youn Yuh-jung - "Minari"

Melhor ator coadjuvante

    Sacha Baron Cohen - "Os 7 de Chicago"
    Daniel Kaluuya - "Judas e o messias negro"
    Leslie Odom Jr. - "Uma noite em Miami"
    Paul Raci - "O som do silêncio"
    Lakeith Stanfield - "Judas e o messias negro"

Melhor filme internacional

    "Druk - Mais uma rodada" (Dinamarca)
    "Shaonian de ni" (Hong Kong)
    "Collective" (Romênia)
    "O homem que vendeu sua pele" (Tunísia)
    "Quo vadis, Aida?" (Bósnia e Herzegovina)

Melhor roteiro adaptado

    "Borat: fita de cinema seguinte"
    "Meu pai"
    "Nomadland"
    "Uma noite em Miami"
    "O tigre branco"

Melhor roteiro original

    "Judas e o Messias negro"
    "Minari"
    "Bela vingança"
    "O som do silêncio"
    "Os 7 de Chicago"

Melhor figurino

    "Emma"
    "A voz suprema do blues"
    "Mank"
    "Mulan"
    "Pinóquio"

Melhor trilha sonora

    "Destacamento blood"
    "Mank"
    "Minari"
    "Relatos do mundo"
    "Soul"

Melhor animação

    "Dois irmãos: Uma jornada fantástica"
    "A caminho da lua"
    "Shaun, o Carneiro: O Filme - A fazenda contra-ataca"
    "Soul"
    "Wolfwalkers"

Melhor curta de animação

    "Burrow"
    "Genius Loci"
    "If anything happens I love you"
    "Opera"
    "Yes people"

Melhor curta-metragem em live action

    "Feeling through"
    "The letter room'"
    "The present"
    '"wo distant strangers"
    "White Eye"

Melhor documentário

    "Collective"
    "Crip camp"
    "The mole agent"
    "My octopus teacher"
    "Time"

Melhor documentário de curta-metragem

    "Collete"
    "A concerto is a conversation"
    "Do not split"
    "Hunger ward"
    "A love song for Natasha"

Melhor som

    "Greyhound: Na mira do inimigo"
    "Mank"
    "Relatos do mundo"
    "Soul"
    "O som do silêncio"

Canção original

    "Fight for you" - "Judas e o messias negro"
    "Hear my voice" - "Os 7 de Chicago"
    "Husa'vik" - "Festival Eurovision da Canção: A saga de Sigrit e Lars"
    "Io sì" - "Rosa e Momo"
    "Speak now" - "Uma noite em Miami"

Maquiagem e cabelo

    "Emma"
    "Era uma vez um sonho"
    "A voz suprema do blues"
    "Mank"
    "Pinóquio"

Efeitos visuais

    "Problemas monstruosos"
    "O céu da meia-noite"
    "Mulan"
    "O grande Ivan"
    "Tenet"

Melhor fotografia

    "Judas e o messias negro"
    "Mank"
    "Relatos do mundo"
    "Nomadland"
    "Os 7 de Chicago"

Melhor edição

    "Meu pai"
    "Nomadland"
    "Bela vingança"
    "O som do silêncio"
    "Os 7 de Chicago"

Melhor design de produção

    "Meu pai"
    "A voz suprema do blues"
    "Mank"
    "Relatos do mundo"
    "Tenet"

Pablo Aluísio.

Um Estranho Casal

Após o fim de seu casamento de longos anos Felix Ungar (Jack Lemmon) está disposto a acabar com sua própria vida. Ele aluga um quarto barato de um hotel no nono andar para se jogar de lá. Na última hora a janela emperra e ele tem que cancelar seus planos suicidas. Assim resolve ir até a casa de seu amigo Oscar Madison (Walter Matthau), onde encontra todos os seus velhos amigos jogando poker. Arrasado, compartilha de seu drama pessoal. Tentando ser solidário Oscar sugere que Felix fique em seu apartamento até que as coisas melhorem, uma sugestão da qual irá se arrepender muito depois!

O melhor filme com a dupla Lemmon / Matthau. Escrito pelo ótimo Neil Simon o enredo é uma comédia de costumes das mais bem boladas. Assim que Felix (Lemmon) se muda para o apartamento de Oscar (Matthau) sua vida vira um inferno. Oscar é um divorciado beberrão, que adora passar as noites jogando com seus amigos. Seu lar mais parece uma lata de lixo com pedaços de comida pelo chão, roupas espalhadas e caos completo. Já Felix é um obcecado por limpeza e ordem (uma das razões que levaram seu casamento ao fim).

O choque dessas duas personalidades tão diferentes convivendo em um mesmo espaço acaba sendo o mote das principais situações engraçadas de todo o filme. Neil Simon usou o texto para criticar de forma muito bem humorada o próprio casamento tradicional como um todo, mas ao invés de usar um casal comum formado por marido e esposa, colocou dois amigos divorciados para viverem juntos, compartilhando das mesmas situações! O resultado é hilário, com excelentes diálogos e ótimas interpretações da dupla central (em especial Walter Matthau que deita e rola com seu tipo habitual, a do sujeito bonachão, que não está nem aí para nada). Juntos os atores fizeram vários filmes mas nenhum melhor do que esse aqui, que afinal de contas tem um roteiro primoroso com a assinatura de Neil Simon. Diversão garantida.

Um Estranho Casal (The Odd Couple, Estados Unidos, 1968) Estúdio: Paramount Pictures / Direção: Gene Saks / Roteiro: Neil Simon / Elenco: Jack Lemmon, Walter Matthau, John Fiedler / Sinopse: Dois amigos acabam indo morar juntos e sem querer desenvolvem cacoetes de um casal normal, como se fosse marido e mulher! Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro e Melhor Edição. Também indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme (comédia ou musical) e Melhor ator (Walter Matthau e Jack Lemmon).

Pablo Aluísio.

domingo, 25 de abril de 2021

Nomadland

O filme conta a história de Fern (Frances McDormand). Ela perdeu o marido, que morreu de câncer. Sem filhos e sem emprego, teve que sair de casa por não conseguir pagar o aluguel. O único bem de valor que lhe sobrou foi sua van. Sem ter onde morar passou a morar dentro do carro. Viajando sempre pelo país, ela procura sobreviver com empregos temporários, bicos e alguma ajuda que encontra pelas estradas. Também passa a conhecer outras pessoas que estão na mesma situação. Pessoas mais velhas que o mercado de trabalho não quer. Desempregados errantes em busca de alguma esperança.

O filme "Nomadland" mostra o outro lado dos Estados Unidos. O lado dos pobres, dos excluídos, dos que não tem casa, nem endereço fixo. A crise econômica criou toda uma geração de pessoas que vivem como nômades, morando em seus carros, procurando por algum tipo de trabalho que conseguem encontrar. São professores, profissionais, pessoas inteligentes, mas que foram cuspidas fora pelo sistema capitalista. Alguns, mais velhos e sem família, vão vivendo um dia de cada vez. Não é uma vida fácil, mas é o que lhes sobrou em uma vida dura, cheia de privações.

O mais interessante é que existem apenas três atores profissionais em cena. O restante do elenco é formado por pessoas reais que vivem nessa situação, são verdadeiros nômades modernos. Vivem pelas estradas, em busca de alguma oportunidade. A atriz Frances McDormand interage com todos esses excluídos do sistema, muitas vezes sem script, apenas na base da conversação comum, na improvisação. O resultado ficou excelente. O espectador nem se dá conta do estilo do filme, que pode ser encarado também como sendo quase um documentário. Enfim, excelente filme, mostrando a pior face do capitalismo selvagem dos Estados Unidos e sua exclusão social.

Nomadland (Estados Unidos, 2020) Direção: Chloé Zhao / Roteiro: Jessica Bruder, Chloé Zhao / Elenco: Frances McDormand, David Strathairn, Linda May, Angela Reyes, / Sinopse: O filme mostra a vida de uma nômade moderna, que vive pelas estradas dos Estados Unidos, morando em seu próprio carro, sempre em busca de algum trabalho para sobreviver. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor atriz (Frances McDormand), melhor direção, melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor direção de fotografia (Joshua James Richards). Filme vencedor do Globo de Ouro nas categorias de melhor filme - Drama e melhor direção (Chloé Zhao).

Pablo Aluísio.

Fama

Título no Brasil: Fama
Título Original: Fame
Ano de Produção: 1980
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Alan Parker
Roteiro: Christopher Gore
Elenco: Eddie Barth, Irene Cara, Lee Curreri, Laura Dean, Antonia Franceschi, Boyd Gaines

Sinopse:
Uma crônica da vida de vários adolescentes que frequentam uma escola de segundo grau em Nova York para alunos talentosos nas artes cênicas e dança, sempre a dança, como forma de expressão de todos eles. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor música original.

Comentários:
Muitos acreditam que o primeiro grande musical dos anos 80 foi "Flashdance". O pioneiro, o primeiro de uma linha de musicais de sucesso. Essa opinião está errada. O primeiro grande musical dos anos 80 foi "Fama", um excelente filme dirigido por Alan Parker, que não canso de dizer sempre foi um dos meus diretores preferidos. Parker, genial como ele era, resolveu inovar bastante nesse filme. Ora, se o roteiro contava a história de um grupo de jovens em busca do sucesso e da fama no meio artístico, nada melhor do que contratar para atuar no filme esses mesmos jovens que viviam isso em suas vidas reais. Pois é, praticamente todo o elenco foi escolhido em escolas de dança e academias de Nova Iorque. Uma moçada jovem, alguns em seu primeiro filme no cinema. O resultado não se mostrou apenas verdadeiro como cheio de alma. E, para encerrar, não poderia deixar de citar a trilha sonora com pelo menos três grandes sucessos, big hits mesmo. Quem viveu aquela época lembrará imediatamente nos primeiros acordes. A nostalgia dos anos 80 certamente vai bater forte ao ouvir esses sucessos.

Pablo Aluísio.