segunda-feira, 6 de julho de 2015

Harry Potter e a Pedra Filosofal

Título no Brasil: Harry Potter e a Pedra Filosofal
Título Original: Harry Potter and the Sorcerer's Stone
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Warner Bros.
Direção: Chris Columbus
Roteiro: Steve Kloves, baseado na obra de J.K. Rowling
Elenco: Daniel Radcliffe, Emma Watson, Rupert Grint, Richard Harris, Maggie Smith, Ian Hart, John Hurt
  
Sinopse:

O garoto Harry Potter (Daniel Radcliffe) acaba descobrindo que seus pais foram famosos bruxos no passado e recebe uma carta para ir estudar na escola de magia de Hogwarts. Uma vez lá vê sua vida mudar completamente ao conhecer novos amigos e colegas de classe. O que ele não esperava é que um velho inimigo de seus pais também está de volta e ao que parece, mais forte do que nunca. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Figurinos e Melhor Música (John Williams). Filme também indicado ao BAFTA Awards e vencedor do prêmio de Melhor Figurino da Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Film.

Comentários:
Esse foi o primeiro filme da longa e bem sucedida franquia do personagem Harry Potter no cinema. Durante anos tentou-se convencer a escritora J.K. Rowling a vender os direitos para o cinema, mas foi apenas em 2000 que ela finalmente assinou com a Warner Bros. Em troca exigiu poder de veto, ou seja, ela poderia vetar a escolha do diretor e demais membros da equipe técnica. O escolhido acabou sendo o especialista Chris Columbus, um diretor que conhecia bem o nicho infanto-juvenil. Além de ser um entendido no mercado ele também era considerado pouco autoral e até mesmo inofensivo (ou seja, não iria mudar muito a essência dos livros). Muito provavelmente por causa de todas essas características reunidas acabou caindo nas graças da autora. Assim Columbus acabou criando um filme que é a sua cara. Bonito visualmente, com excelente direção de arte, cenários deslumbrantes, efeitos especiais de bom gosto, mas também quase que completamente asséptico. 

Como se trata de um filme de apresentação, ou seja, onde todo o universo de Potter foi apresentado ao grande público pela primeira vez, até que funcionou muito bem. Como obra puramente cinematográfica porém deixa obviamente a desejar. É um filme realizado para o grande circuito comercial, para as massas, então não espere por nada que seja surpreendente ou inovador. Muito longe disso. Columbus parecia estar apenas preocupado em contar seu enredo sem pisar nos calos de absolutamente ninguém. Como um filme assim, baseado em um livro tão popular, não poderia fracassar, o gostinho que ele deixou no final é de ser um grande e longo pastel de vento. Bonito e charmoso, temos que admitir, mas mesmo assim um pastel de vento sem muito conteúdo. Outro aspecto que vale menção é que se você viu o filme há muito tempo vai acabar se surpreendendo com o elenco. Na época eles não passavam de crianças, sem muito o que fazer em cena. Da trupe a que mais se destaca ainda é a  Emma Watson, que apesar da pouca idade, já deixava claro que tinha muita personalidade. Os demais ficam restritos na categoria de "crianças fofinhas". Então é isso, "Harry Potter and the Sorcerer's Stone" é puro mainstream, embalado por uma popularidade poucas vezes vista no mercado literário. Uma fórmula que não costuma mesmo dar errado.

Pablo Aluísio.

O Apostador

Jim Bennett (Mark Wahlberg) é um daqueles sujeitos que nasceu com tudo pronto para dar certo na vida. Filho de uma família tradicional e aristocrática, neto de um dos homens mais ricos da América, professor universitário culto e inteligente, tudo parece caminhar muito bem em sua existência. O que poucos sabem é que Jim também tem um lado oculto, uma vida que quase nunca vem à tona. Ele é um jogador compulsivo, um viciado em jogatinas e apostas. Quando não está dando aulas de literatura romântica em uma ótima universidade, Jim está mergulhado em mesas de cartas e roletas, geralmente no submundo de Las Vegas, onde as apostas não possuem limites e as dívidas são pagas com a própria vida. Agora, depois de se endividar absurdamente, Jim precisa pagar a um chefão da máfia coreana uma pequena fortuna proveniente de seu vício. Ele tem sete dias para quitar 260 mil dólares em dívidas provenientes das mesas de jogos ou então será executado sumariamente. Para resolver o problema ele acaba se atolando ainda mais ao procurar um perigoso agiota, um criminoso, que não está disposto a perder seu dinheiro para um apostador inveterado como ele. O cerco vai se fechando cada vez mais ao seu redor. "The Gambler" é o novo filme estrelado por Mark Wahlberg. Esse ator conseguiu ao longo dos anos escolher muito bem os filmes dos quais participa. Embora não seja um grande talento na arte de atuar ele demonstra ter um bom faro para se envolver nos projetos certos. Afinal de contas um bom roteiro faz toda a diferença do mundo.

Assim ele acerta novamente ao atuar nessa nova produção. O enredo é muito bom, envolvente até, mostrando uma pessoa que não consegue controlar seu vício em apostas. Embora seja um jogador talentoso, daqueles que conseguem ganhar altas somas em apenas algumas horas, ele tem um sério problema pois simplesmente não consegue parar na hora certa. Viciado em adrenalina também comete grandes loucuras ao apostar fortunas em apenas uma jogada decisiva. Com atitudes assim não é de se admirar que acabe invariavelmente arruinado no fim da noite. Sua salvação parece vir de onde menos se espera. Ele se surpreende pelo talento literário de uma nova aluna, Amy Phillips (interpretada pelo bonita e carismática Brie Larson), que pode ser o caminho para um recomeço em sua vida. O elenco de apoio é de primeira, a começar pela oscarizada Jessica Lange. Ela interpreta sua mãe, uma mulher que precisa salvar de tempos em tempos o seu pescoço, justamente por ele quase sempre ser ameaçado de morte por dívidas com gangsters. Lange poderia ter sido melhor aproveitada pelo roteiro, mas sua pequena presença já vale o ingresso. Outro boa participação vem com o ator John Goodman. Sempre visto como bom comediante, Goodman surpreende ao interpretar um agiota que acaba tendo os melhores diálogos de todo o filme. Sua explicação sobre o momento em que todos ganham o direito de usar a palavra "dane-se" é muito bem bolada. Então é isso, o que temos aqui é um bom filme, apoiado em um roteiro bem escrito, excelente trilha sonora com várias canções dos anos 70 e atuações inspiradas.

O Apostador (The Gambler, Estados Unidos, 2014) Direção: Rupert Wyatt / Roteiro: William Monahan, James Toback / Elenco: Mark Wahlberg, Jessica Lange, John Goodman, Michael Kenneth Williams, George Kennedy. Indicado ao Black Reel Awards na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Michael Kenneth Williams). 

Pablo Aluísio.

domingo, 5 de julho de 2015

Poltergeist - O Fenômeno

Título no Brasil: Poltergeist - O Fenômeno
Título Original: Poltergeist
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Gil Kenan
Roteiro: David Lindsay-Abaire, Steven Spielberg
Elenco: Sam Rockwell, Rosemarie DeWitt, Jared Harris, Kennedi Clements
  
Sinopse:
Após o marido perder seu emprego, uma típica família americana resolve se mudar, indo morar em uma casa mais modesta nos subúrbios da cidade. Embora velha e nem sempre apresentando um bom estado, eles resolvem alugar o imóvel, ignorando completamente que a residência foi construída sobre um velho cemitério. Assim que se instalam no novo lar começam a notar que há algo de estranho acontecendo. A pequena filha começa a ter conversas com seres imaginários na TV e o filho percebe ruídos e barulhos estranhos vindos do sótão. Não demora muito e o pavor se instala quando todos percebem que o lugar na realidade parece ser assombrado por uma multidão de fantasmas violentos.

Comentários:
O primeiro filme "Poltergeist" de 1982 é hoje considerado um clássico do terror. Produzido por Steven Spielberg, com direção de Tobe Hooper, a produção marcou toda uma geração e foi um enorme sucesso de bilheteria. Esse remake que tenta trazer aquela história para as novas gerações sofre de um problema recorrente em remakes modernos: a falta de uma maior sofisticação em sua realização. Não se trata de esnobismo, mas sim de saber que filmes de terror funcionam melhor quando o enredo é mais bem trabalhado, desenvolvido sem pressa, com momentos de tensão e suspense sendo colocados na tela aos poucos, tudo preparando o espectador para o grande clímax final. Nenhum filme de horror que se propõe a ser direto demais consegue colher bons frutos. Nesse filme encontramos isso de forma bem clara. A duração é pequena, pouco mais 80 minutos de duração, o que faz com que a história seja apresentada de forma apressada, corrida mesmo. Não há tempo para se insinuar nada, nem criar mistérios. Tudo é literalmente jogado na cara dos espectadores em questão de minutos. Sem o clima adequado o horror não consegue criar medo suficiente, frustrando completamente o público. Afinal de contas as pessoas pagam uma entrada de cinema para assistir a um filme de terror para sentir medo e ter sustos. Aqui, na maioria das cenas, o que vai se sentir mesmo é muito tédio e desapontamento. O que no roteiro original era bem trabalhado, sendo desvendado aos poucos, aqui soa direto demais. Isso me surpreendeu já que "Poltergeist" é uma franquia de sucesso, o que nos levaria a esperar por algo mais bem realizado, mais bem escrito. Tudo em vão. O filme em momento algum me deixou satisfeito.

O pior é que sendo um fã dos filmes originais logo a decepção tomou conta. Há várias modificações na trama original, com a inserção inclusive de novos personagens e novas soluções, mas nada disso consegue soar melhor do que vimos na década de 80. O personagem de Jared Harris, por exemplo, que inexistia no filme de Hooper, não diz a que veio e lembra demais do Peter Vincent de "A Hora dos Espanto" original. Ao invés da médium carismática da trama original inseriram um bando de acadêmicos de paranormalidade que não ajudam em nada no filme. São chatos e inúteis em tudo o que acontece. Não há religiosidade nenhuma no argumento, só um ateísmo disfarçado e tolo que incomoda bastante. Os personagens não parecem acreditar em absolutamente nada, para nossa decepção. Isso tira grande parte da graça que uma história como essa poderia ter. É tudo muito asséptico e chato mesmo. O resultado de todos esses erros é que a fita acabou não indo bem nas bilheterias, sendo que o mercado internacional amenizou um pouco o tremendo fracasso comercial que o filme foi nos Estados Unidos. Esse mal resultado é apenas um aspecto ruim de um remake que deixa muito a desejar em vários pontos (roteiro, efeitos visuais, elenco, etc). É a tal coisa, se não vai fazer algo melhor do que foi feito no passado é melhor não se mexer em nada, deixar tudo como está. A busca pelo lucro fácil muitas vezes acaba prejudicando ou destruindo o prestígio de filmes que são cultuados até hoje.

Pablo Aluísio.

No Rastro da Bala

Nick Tortano (Ben Barnes) descende de uma antiga linhagem de mafiosos italianos de Boston. Seu pai é um homem honesto e correto que prefere viver com dificuldades, mas de acordo com a lei. Nick porém quer subir mais rápido na vida. Para isso ele acaba se aproximando do velho chefe mafioso Salvatore Vitaglia (Harvey Keitel). O veterano gosta de seu estilo, mas antes de entrar para a sua organização Nick terá que provar sua lealdade assassinando um advogado criminal. Enquanto o dia de sua prova de fogo não chega, Nick acaba se interessando por Ali Matazano (Leighton Meester), a filha de um gangster que deseja manter a maior distância possível do mundo do crime. Alguns filmes são tão subestimados, mesmo sendo tão bons. Veja o caso desse "By the Gun". Passou praticamente despercebido do público brasileiro, o que é uma pena. O roteiro é bom mesmo, com personagens interessantes que vivem no submundo de Boston dentro do que restou da máfia italiana na cidade. Como se sabe a Cosa Nostra sofreu um duro golpe nos anos 80. Os grandes chefões das famílias poderosas foram todos para a prisão ou então acabaram sendo mortos por seus próprios inimigos. O que sobrou foi a existência de pequenos grupos, liderados por chefes mafiosos de menor expressão. É nesse meio que tenta ganhar a vida Nick Tortano (Ben Barnes). Tentando subir na hierarquia do crime, ele acaba percebendo que em pouco tempo pode se complicar, indo bem fundo nesse meio de violência e criminalidade. Na realidade ele é até um sujeito de boa índole que acaba sendo tragado pelo meio social onde vive.

O ator Ben Barnes que interpreta o personagem principal se sai muito bem em sua atuação, até porque não é fácil para um inglês interpretar um americano de origem italiana que convive com todos os tipos de mafiosos locais. É uma mudança e tanto nos rumos de sua carreira já que até agora ele vinha interpretando tipos mais sofisticados como o próprio Dorian Gray na adaptação cinematográfica de 2009. Outro nome que chamará a atenção dos espectadores, em especial dos que curtem séries, é a da atriz Leighton Meester (a Blair Waldorf de "Gossip Girl"). Deixando de lado o estilo fashion de sua personagem mais famosa ela aqui interpreta a filha de um gangster que tem um péssimo relacionamento com o pai. Vivendo de forma modesta, em um bar local servindo bebidas aos clientes, ela parece mesmo ser um doce de garota. Tentando ficar longe de criminosos ela acaba caindo numa armadilha ao se apaixonar por Nick (Barnes), justamente mais um sujeito que em breve estará bem enrascado com as famílias poderosas da cidade. Por fim, completando o bom elenco, temos o veterano Harvey Keitel na pele do chefão Salvatore Vitaglia. Mafioso da velha escola, ele faz questão de manter vivo velhos rituais da organização, como uma cerimônia de iniciação de seu pupilo Nick. Em suma, um bom filme sobre mafiosos sicilianos da bela Boston que seguramente deveria ter sido mais comentado e badalado. Recomendo sem receios.  

No Rastro da Bala (By the Gun, Estados Unidos, 2015) Direção: James Mottern / Roteiro: Emilio Mauro / Elenco: Ben Barnes, Leighton Meester, Harvey Keitel, Slaine / Sinopse: Filme de ação norte-americano.

Pablo Aluísio.

sábado, 4 de julho de 2015

Velozes & Furiosos 7

Começo o texto esclarecendo que nunca fui um "especialista" dessa série de filmes. Para falar a verdade acredito que assisti no máximo a um ou dois. Puxando pela memória eu me recordo de ter visto o primeiro, mais por causa dos carrões envenenados do que pelo elenco (que sabia, era formado por brucutus canastrões) ou pelo roteiro (fala sério, quem vai atrás de roteiro em filmes como esse?). Achei o primeiro filme bem mais ou menos. Não consegui curtir. Havia um excesso de testosterona burra no ar, com aqueles caras fortões e monossilábicos. Até as atrizes eram machonas, com por exemplo a caminhoneira Michelle Rodriguez (que depois, ora vejam só, assumiu ser lésbica, o que não causou surpresa em absolutamente ninguém que acompanha cinema). Então o tempo passou e de vez em quando eu me deparava com algum poster sequência dessa série em cartaz no cinema e o ignorava completamente. Sabia que era tudo caça-níquel. Nem quando esbarrava de bobeira, zapeando na TV a cabo, com algum continuação me animava a conferir. Bastava o troglodita Vin Diesel surgir na tela com aquela marra toda para que eu imediatamente mudasse de canal. Tenho uma antipatia natural pelo seu jeito brutamontes debilóide de ser. Aquela marra, aquelas bombas... sem condições de simpatizar com o dito cujo. 

Então o mundo seguiu em frente. Quando foi ontem resolvi encarar esse sétimo filme. Engoli minhas aversões de lado e fui, incentivado quase que exclusivamente pela curiosidade mórbida de saber que o Paul Walker morreu incinerado em tochas dentro de seu carrão, após um acidente terrível, o que por si só já é uma tremenda ironia de humor negro do destino. Ele assim acabou trilhando o mesmo destino de James Dean, que também adorava carros possantes, dentro e fora das telas. Claro que Walker nunca foi Dean. Ao contrário do eterno rebelde que estrelou filmes maravilhosos, o Walker deixou como legado um monte de fitinhas B de ação que serão esquecidas em tempo recorde. Mesmo assim fui, impulsionado por esse sentimento banal e em muitos aspectos também bem hipócrita.

O filme, como era de se esperar, é do tipo ação sem cérebro. Explosões para todos os lados, cenas muito mentirosas e aquela qualidade técnica que apenas os ianques são capazes de reproduzir em uma tela de cinema. Há duas sequências absurdas que valem a pena. A primeira quando os membros da equipe de Diesel pulam de paraquedas dentro seus próprios carros. Um primor de absurdo! Na outra Paul Walker tenta escapar após um ônibus inteiro ficar pendurado em um abismo! São cenas vazias, claro, porém divertidas. Por fim o carequinha invocado Jason Statham interpreta o vilão, um sujeito indigesto, hiper, mega, ultra, super treinado soldado de elite que ninguém consegue matar! Coisas de filmes de ação desse tipo. Ao se deparar com vinte homens armados até os dentes, prontos para atirar em sua fuça, tudo o que ele consegue fazer é dizer, com olhar de desprezo: "É só isso o que vocês trouxeram para me enfrentar?". Tudo para que o garoto cheio de espinhas que assistir ao filme pensar consigo mesmo "Uau! Esse cara é macho mesmo!". Depois de 2 horas e 17 minutos de duração (uma eternidade), o filme chegou ao fim com uma singela homenagem do Vin Diesel ao finado Paul Walker. Esses poucos minutos provavelmente foram a melhor coisa de uma fita que parece chiclete, você masca, masca, não sai nada de substancial e depois, sem muita cerimônia, simplesmente o cospe fora. Assista, mas claro, apenas se você gostar de chiclete! 

Velozes & Furiosos 7 (Furious Seven, Estados Unidos, 2015) Direção: James Wan / Roteiro: Chris Morgan, Gary Scott Thompson / Elenco: Vin Diesel, Paul Walker, Dwayne Johnson, Michelle Rodriguez, Jason Statham. / Sinopse: Sétimo filme da franquia dos filmes de ação "Velozes e Furioso". Carros possantes, mulheres deslumbrantes e muita ação.

Pablo Aluísio.

Terra Estranha

Depois de um escândalo sexual envolvendo a própria filha adolescente e o seu professor do ensino médio, uma família decide se mudar para uma cidadezinha isolada, bem no meio do deserto australiano. O lugar é atrasado e possui um clima insuportavelmente quente. A instabilidade emocional acaba sendo agravada pela própria hostilidade natural da região. A vida familiar não é das melhores, mesmo na nova casa. Há uma tensão sempre presente envolvendo todos os membros. A filha Lily Parker (Maddison Brown) não suporta mais o que ela considera pura opressão de seus pais e por isso desenvolve uma personalidade muito complicada de se lidar. Não demora muito e ela começa a se insinuar para todos os rapazes de sua idade, o que acaba lhe trazendo uma má fama entre os jovens da cidade. Em pouco tempo ela ganha o infame rótulo de vadia do bairro. Para piorar frequenta uma pista de skate onde rola muitas drogas e sexo casual. O pai Matthew (Joseph Fiennes) é um pacato funcionário de uma farmácia e não tem muita força para impor uma disciplina mais rígida em relação a ela e o filho caçula é um garoto com problemas emocionais, sem amigos, absorvido em si mesmo. Como se a rotina já não fosse ruim e pesada o bastante a família enfrenta um novo problema, esse bem maior do que qualquer outra complicação de relacionamento pessoal entre seus membros. Pela manhã, ao acordar, a mãe Catherine (Nicole Kidman) descobre que seus filhos simplesmente desapareceram, sem deixar rastros. Desesperada, ela busca ajuda com o xerife local e intensas buscas são organizadas para localizar os jovens pela região deserta ao redor da cidade, mas tudo parece ser em vão. Os moradores da cidade tampouco parecem também dispostos a ajudar na solução do mistério, o que aumenta ainda mais o desespero de Catherine. O que afinal de contas poderia ter acontecido com seus filhos?

Esse é o mais novo filme estrelado pela atriz Nicole Kidman. É uma produção australiana, país onde ela cresceu e considera seu lar, apesar de ser havaiana de nascimento. O roteiro explora o tema do desaparecimento de crianças, algo que é muito mais comum e rotineiro do que muitas pessoas pensam. Obviamente que a perda de um filho, sem saber de seu paradeiro ou destino, é devastador para qualquer mãe. O pior acontece quando a jovem garota adolescente (sempre uma fase complicada na vida de toda garota) tem sérios problemas emocionais causadas por um envolvimento impróprio com seu professor na escola, algo que destruiu sua reputação entre seus amigos, criando uma situação tão ruim que a família precisou até mesmo mudar de cidade. A família mostrada é desfuncional e cheia de problemas. O próprio passado da mãe, Catherine (Kidman), parece piorar ainda tudo, pois o pai associa o comportamento promíscuo da filha com a dela em seu passado. Kidman está muito bem no papel, uma mulher que começa a entrar em colapso quando percebe que sua família está desmoronando. Ela inclusive tem cenas bem corajosas, como aquela em que entra bem no meio da rua principal da cidade completamente nua e com os nervos em frangalhos após passar a noite no deserto numa busca desesperada e sem rumo pela filha. Com cabelos escuros, pintados de preto, ela consegue ainda ficar mais bela na tela, embora sua personagem não seja naturalmente sensual ou atraente, isso por causa do próprio roteiro que explora dramaticamente a perda de seus filhos. O final do filme pode vir a decepcionar alguns, principalmente aos que esperavam uma solução muito mais bem elaborada do mistério do desaparecimento dos jovens. Esse aspecto porém não me pareceu negativo, muito pelo contrário. Gostei do desfecho mais realista, pé no chão e que no final das contas faz todo o sentido. A proximidade com a realidade contou pontos a favor do roteiro e não o contrário. Muitas vezes a vida em família se torna insuportável, o que faz certas pessoas tomarem atitudes impensadas e irresponsáveis. Assim temos aqui um bom drama, bem escrito e atuado, que merecerá sua atenção.

Strangerland (Idem, Austrália, Irlanda, 2015) Direção: Kim Farrant / Roteiro: Michael Kinirons, Fiona Seres / Elenco: Nicole Kidman, Hugo Weaving, Joseph Fiennes, Maddison Brown / Sinopse: Após ir para uma nova cidade em busca de uma nova vida, uma família fugindo do escândalo sexual da filha adolescente que se envolveu com seu professor no passado, precisa lidar com o desaparecimento dela e do irmão. Para investigar o caso o xerife local David Rae (Hugo Weaving) começa intensas buscas pelo deserto, ao mesmo tempo em que procura sondar o que teria acontecido dentro da própria família antes dos filhos desaparecerem.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

A Casa dos Mortos

Título no Brasil: A Casa dos Mortos
Título Original: Demonic
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Dimension Films
Direção: Will Canon
Roteiro: Max La Bella, Will Canon
Elenco: Maria Bello, Frank Grillo, Cody Horn
  
Sinopse:
Uma antiga casa localizada em Baton Rouge, no estado americano da Louisiana, foi palco de um massacre no passado. Na época a polícia suspeitou de que no local funcionava uma seita satânica. No total cinco pessoas foram mortas lá, sem que o crime nunca tenha sido plenamente solucionado. Como era de se esperar a velha casa acabou sendo considerada amaldiçoada e maldita, sendo aos poucos esquecida. Décadas depois da tragédia um grupo de jovens, estudiosos de fenômenos paranormais, decide ir para a casa com equipamento de última geração para tentar gravar ou localizar sinais da presença de espíritos, pois durante anos a comunidade da região criou uma lenda de que o lugar teria ficado mal assombrado após as mortes. O que eles não esperavam era que tudo sairia do controle de uma forma tão rápida e brutal.

Comentários:
Filmes sobre velhas mansões mal assombradas costumam ser bons. Esse aqui não chega a ser um grande filme de terror, mas tampouco pode ser descrito como uma decepção completa, pois de certa forma mantém uma boa pegada, com história interessante e duração na medida, tudo apoiado em um bom roteiro. Esse foi escrito com duas linhas temporais básicas. A primeira se passa no presente quando o xerife da cidade é chamado para uma realizar uma batida na velha casa abandonada. Desde que houve a tragédia no passado ninguém mais se arriscou a morar na residência. A porta da frente havia sido arrombada e gritos vindos de dentro da velha casa despertaram a atenção dos vizinhos que logo chamaram a polícia. Ao chegar lá o veterano homem da lei acaba se deparando novamente com um grupo de corpos de jovens que teriam sido brutalmente assassinados. A partir desse ponto e seguindo os registros deixados pelas próprias vítimas - que estavam com farto equipamento tecnológico para registrar fenômenos paranormais - eles reconstituem, em flashbacks, o que de fato teria acontecido no local. As investigações acabam revelando que um dos rapazes sobreviventes teria um elo de ligação com as mortes no passado. Assim aos poucos o fio da meada começa a ser puxado, revelando tudo o que teria acontecido. A direção é boa, mas também não surpreende. Pelo menos não atrapalha em nenhum momento. O elenco é formado por atores desconhecidos que conseguem dar conta do recado. Como eu já escrevi passa longe de ser um terror brilhante, mas como diversão no fim de noite em uma semana sem mais nada o que assistir, até que funciona muito bem. Vale a pena conhecer.

Pablo Aluísio.

Sob Pressão

Título Original: Pressure
Título no Brasil:Sob Pressão
Ano de Produção: 2015
País: Inglaterra
Estúdio: Bigscope Films
Direção: Ron Scalpello
Roteiro: Louis Baxter, Alan McKenna
Elenco: Danny Huston, Matthew Goode, Joe Cole, Alan McKenna
  
Sinopse:
Durante uma expedição no Oceano Índico um navio inglês acaba ficando preso com alguma coisa no fundo do mar. Para solucionar o problema um grupo de mergulhadores especializados em altas profundidades é enviado até o local. Através de um submergível eles descem até a região localizada a mais de 400 metros. Uma vez lá são surpreendidos quando uma enorme tempestade atinge seu navio de apoio na superfície. Presos ao fundo, sem ter como submergir e com pouco oxigênio de estoque, os quatro mergulhadores precisam lutar para sobreviverem ao trágico evento.

Comentários:
Ainda sem título no Brasil e data para lançamento, esse filme inglês se mostra bem interessante. Com um estilo que lembra os antigos filmes sobre aventuras subaquáticas, o roteiro mostra a complicada situação em que se encontram mergulhadores cujo navio vem a ser atingido por uma imensa tempestade. Lá no fundo, dentro de um pequeno submergível eles precisam encontrar um meio de sair daquela encruzilhada. A única possibilidade de saírem vivos é alguma outra embarcação os resgatar, contudo como isso parece pouco provável eles precisam elaborar algum plano de salvamento, até porque na profundidade em que se encontram fica praticamente impossível subir por conta própria (a diferença de pressão os mataria rapidamente). Em termos de produção o filme apresenta excelentes cenas de mergulho, principalmente na região abissal em que se encontram, com estranhos seres e pouca visibilidade. No meio de uma enorme escuridão, equipados apenas com seus aparelhos mais básicos, eles precisam encontrar um meio de subir à superfície novamente. Os quatro mergulhadores são bem trabalhados pelo roteiro. Reclusos naquelas fossas oceânicas eles começam a literalmente perder sua cabeça e sanidade. O intoxicamento causado pelos gazes que os mantém vivos também causam todo tipo de alucinação e numa delas o mais jovem dos membros da tripulação delira ao ver uma sereia vindo em sua direção. Em suma, uma aventura muito interessante e muito bem fotografada que mostra os limites dos seres humanos sendo colocados à prova.

Pablo Aluísio.