terça-feira, 21 de junho de 2005

Elvis Presley - Temporada em Las Vegas - Fevereiro de 1970

A segunda temporada de Elvis Presley em Las Vegas foi realizada logo no começo do ano de 1970. A primeira foi um furacão dentro da mídia, também pudera, Elvis estava há anos sem pisar em um palco para um show profissional. Durante anos ele se concentrou em seus filmes e suas respectivas trilhas sonoras. Nenhuma novidade, nada relevante. Em 1969 ele retornou e isso causou uma grande comoção na imprensa mundial.

Já nessa segunda temporada as coisas foram mais amenas. A novidade havia passado e por essa razão a cobertura da imprensa não foi tão presente. Algumas revistas especializadas em entretenimento como Variety publicaram notas discretas. Na Billboard foi publicada uma matéria muito boa, bem respeitosa sobre os shows de Elvis que estavam sendo realizados em Las Vegas. Seus macacões brancos, de peça única, chamaram bem a atenção. Era algo diferente. Fora isso nada mais foi muito explorado pela mídia da época.

Com um single novos nas lojas, "The Wonder Of You", Elvis procurou trazer várias canções de sucessos de outros artistas para seu repertório, embora mantivesse de certo modo a espinha dorsal dos concertos que tinha usado no ano anterior. Quem foi ao International hotel porém foi presenteado com as primeiras performances de Elvis em canções como "Proud Mary", "Walk a Mile In My Shoes", "Sweet Caroline", "Let It Be Me" e "Polk Salad Annie" que era tão sulista que precisava ser explicada pelo próprio Elvis em sua introdução, caso contrário ninguém entenderia nada de sua letra.

Embora morna a repercussão na imprensa, comercialmente a temporada foi um grande sucesso. Estima-se que toda a temporada teve um público estimado em 100 mil pessoas, com renda de um milhão e meio de dólares. Para os padrões atuais isso pode até parecer pouco, mas temos que entender que as instalações do hotel não eram tão amplas a ponto de receber multidões, como se Elvis estivesse se apresentando em um estádio de futebol ou algo parecido.

O L.A. Times chamou a atenção em artigo para a faixa etária do público que assistiu Elvis em Las Vegas naquela temporada. Embora existissem jovens na plateia o fato é que a maioria do público presente tinha mais de 40 anos de idade, já que Las Vegas não era um point jovem naquele tempo, pelo contrário, era mais um lugar para casais de meia idade celebrarem seus aniversários de casamento. Nessa mesma reportagem o jornalista do Times chamou a atenção para o fato de que a presença de Elvis no palco criava uma grande comoção, por causa do status inigualável de sua estrela como artista e ídolo. Em algumas apresentações, salientou o texto, Elvis tinha que esperar por minutos para que as palmas cessassem e ele pudesse finalmente cantar.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis e James Burton

Quando Elvis e o Coronel Parker decidiram voltar aos shows regulares em 1969 logo uma dúvida surgiu entre eles: Com quem Elvis iria tocar ao vivo? Uma resposta natural seria colocar a velha banda de estúdio de Elvis de volta à ativa. Chamar novamente Scotty Moore e DJ Fontana, completando o quadro com os músicos mais regulares que vinham trabalhando com Elvis durante todos aqueles anos.

O projeto furou logo de cara quando Scotty Moore não aceitou a proposta financeira oferecida por Tom Parker. Ele achou o valor proposto pelo Coronel uma verdadeira vergonha, uma "piada". Scotty não aceitaria aquele cachê em troca da responsabilidade de tocar praticamente todas as noites ao lado de Elvis Presley em Las Vegas. Pior era ter que se responsabilizar por toda a banda perante Elvis e o empresário. Inicialmente a proposta era justamente essa, Scotty Moore traria todos os demais músicos para tocar com Elvis e a banda seria de sua total responsabilidade. Como ele disse não, a ideia inicial de ressuscitar os velhos Blue Moon Boys foi deixado de lado definitivamente.

A segunda opção seria contratar a banda que gravou ao lado de Elvis no American Studios. Seria ótimo, até porque eram todos feras, grandes instrumentistas, extremamente talentosos. O trabalho que tinham feito ao lado de Elvis ficou realmente fabuloso, merecedor de todas as críticas positivas que Elvis vinha recebendo desde que seus últimos discos chegaram nas lojas. "From Elvis in Memphis" estava aí para provar que eram excelentes profissionais. A proposta foi feita por Tom Parker, mas novamente não deu certo e pelo mesmo motivo que não havia dado certo com Scotty Moore. Os músicos do American não aceitaram os cachês propostos pelo empresário de Elvis. Eles até fizeram uma contraproposta, mas Parker riu do valor que eles pediram. Não havia chances de um acordo ser feito, tamanha era a desproporção entre a oferta do Coronel e o que a banda do American havia pedido.

A solução então foi procurar por um plano C. Quem deu a ideia foi o produtor Felton Jarvis. Ele disse a Elvis que tinha nomes interessantes para a formação de uma nova banda que poderia atuar ao lado de Elvis tanto nos estúdios como nos shows ao vivo em Las Vegas. Ele passou o telefone do guitarrista James Burton ao Coronel Parker e ficou esperando pelo melhor. Elvis já conhecia muito bem James Burton pois gostava de seu trabalho ao lado do cantor Ricky Nelson. Além, é claro, de inúmeras outras gravações que Burton havia feito em sua carreira, principalmente em Nashville, a capital mundial da country music.

O próprio James Burton relembraria anos depois: "A carreira de Ricky Nelson estava parada. Ele não queria que eu tocasse com mais ninguém pois considerava o meu estilo de tocar guitarra como parte de sua sonoridade. O problema é que eu queria tocar e com Ricky praticamente no ostracismo isso não era possível. Quando pintou a proposta de tocar com Elvis Presley nem pensei duas vezes, poderia ser uma nova fase em minha carreira". Na verdade James Burton estava tão interessado em tocar com Elvis que nem pensou nos aspectos puramente financeiros envolvidos em sua contratação. Aos poucos ele também acabou sugerindo novos nomes para a banda e Elvis os foi aceitando ou recusando de acordo com o que conhecia deles. Meio que informalmente o próprio Elvis acabou batizando o grupo de TCB Band, uma banda realmente maravilhosa que iria tocar ao seu lado até o final de sua vida, marcando para sempre o mundo da música mundial.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de junho de 2005

Elvis Presley - Casamento em crise - Parte 2

O casamento de Elvis e Priscilla Presley afundou muito rapidamente. Depois do nascimento de Lisa Marie ele virou apenas uma fachada social, sem qualquer consistência. Além dos problemas sexuais envolvendo o casal havia ainda toda uma nova situação na qual Elvis não se sentia confortável. Certa vez Elvis disparou contra o Coronel Parker quando ele o estava pressionando para se casar. Olhando o empresário nos seus olhos em seu escritório Elvis disse: "Eu não nasci para o casamento. Não é algo que eu queira. Eu não quero me casar!".

Mesmo assim o Coronel Parker fez de tudo para que Elvis se casasse com Priscilla. Para muitos autores o que levou Parker a colocar Elvis contra a parede foi um encontro nada amigável entre ele e o pai de Priscilla. A garota estava vivendo por longos anos em Graceland sem que Elvis tomasse alguma atitude definitiva em relação a ela. Já havia passado da época para que se casassem. Elvis estava com quase 35 anos e nada de assumir um compromisso mais sério. Sutilmente, de forma indireta, o pai de Priscilla deixou subentendido para Parker que se algo assim vazasse na imprensa sobre toda a verdade envolvendo sua filha e Elvis seria o fim da carreira do cantor. Afinal quando Priscilla foi morar em Graceland ela era ainda menor de idade. O Coronel ficou em pânico com a "ameaça" e resolveu pressionar Elvis para se casasse com Priscilla naquele mesmo ano. Sua influência foi tamanha que Albert Goldman em seu livro intitulou um capítulo inteiro de "O Casamento do Coronel".

Elvis tinha sérias dúvidas em relação a Priscilla. Quando ele a conheceu ela mal tinha completado 14 anos de idade e Elvis tinha sonhos de moldá-la na mulher de seus sonhos, mas tudo parecia ter dado errado. Por volta de 1965 Elvis tinha motivos para acabar o namoro, mas ele havia se colocado em uma posição extremamente complicada em que não se podia mais pular fora do barco. Trazer Priscilla para morar em Graceland o colocou em uma situação mais do que difícil, em xeque-mate mesmo. Era impossível, em determinado momento, acabar o romance, muito por causa da sempre constante ameaça da imprensa. Priscilla, uma menor de idade, sendo despejada por um ídolo do Rock mulherengo após ser enganada por anos a fio por ele - quem ficaria do lado de Elvis numa situação dessas? Ele seria destruído pelos jornais caso isso vazasse para o grande público.

Assim a coisa toda saiu do controle e quando o Coronel Parker afirmou que Elvis deveria se casar ele não encontrou outra saída. Pena que tudo no final deu muito errado. Menos de um ano depois de colocar o anel de casamento no dedo de Priscilla tudo parecia acabado entre ambos. Eles não tinham mais relações sexuais e o fato de ficar em casa por mais de dois dias enlouquecia Elvis que ligava sempre ao Coronel para que ele lhe arranjasse algum trabalho para assim ter a desculpa de ir embora de Memphis para a costa oeste. Lá Elvis havia montado uma bela casa onde ao lado de seus amigos da Máfia de Memphis continuava a levar uma vida de solteiro com muitas mulheres, festas e drogas. Era o que ele queria. Nada de ficar bancando o maridão em Graceland. Isso o deixava incomodado, chateado, entediado e deprimido, além de louco para cair fora. Em sua mente Elvis queria continuar a levar sua vida de antes. Ele estava mais do que certo em dizer que não havia sido feito para o casamento - realmente isso não fazia sua cabeça.

Como Elvis havia construído toda uma vida à parte do casamento, Priscilla resolveu fazer o mesmo. Ela também montou um belo apartamento em Marina Del Rey e lá começou a ter encontros com seus amantes ocasionais. O primeiro foi um bem apessoado senhor que conheceu na Academia de dança. Em pouco tempo se tornaram amantes e começaram a curtir longas semanas de puro romantismo no apartamento comprado e mantido com o dinheiro do próprio Elvis. Eventualmente boatos começaram a surgir entre a Máfia de Memphis e um deles chegou ao próprio Elvis. Um dos caras lhe disse que Priscilla estava mantendo um apartamento para encontros casuais com outros homens. Ao invés de procurar saber a verdade Elvis se ofendeu e despediu o rapaz. Assim Priscilla conseguiu manter sua vida dupla por anos e anos sem qualquer interferência do cantor. Enquanto isso Elvis fazia exatamente a mesma coisa em sua casa em Los Angeles. Era uma via de traição em mão dupla.

Essa situação foi mantida por causa da pequena idade de Lisa Marie. Priscilla não queria se divorciar de Elvis enquanto ela fosse tão pequena. Já Elvis não queria o fim do casamento de jeito nenhum, em época alguma. Para alguns autores ele até mesmo sabia das traições de Priscilla, mas resolveu deixar tudo para lá. Ele não a incomodaria e ela também não o atrapalharia em sua vida pessoal, em suas farras em Los Angeles. Mesmo que ouvisse de tempos em tempos rumores sobre a infidelidade de Priscilla ele procurava ignorar tudo, pensando que agindo assim os problemas iriam desaparecer e as pessoas iriam se cansar das fofocas. Ele estava errado, as coisas só pioraram. Priscilla se apaixonou pelo lutador de caratê Mike Stone e nem fazia mais muita questão de esconder que estavam tendo um caso, indo em restaurantes finos, curtindo a boa vida da Califórnia com tudo pago pelo próprio Elvis.

O Coronel Parker, uma raposa astuta, acabou descobrindo tudo por volta de 1970, mas achou a situação tão delicada que procurou não se intrometer em nada, até mesmo porque o próprio Coronel Parker tinha culpa naquele casamento falido. Ele então se preparou apenas para abafar o caso quando tudo estourasse na imprensa, afinal de contas seria extremamente prejudicial para a imagem de Elvis quando a imprensa descobrisse que ele estava sendo traído pela própria esposa! O homem perfeito, cobiçado por milhões de mulheres ao redor do mundo, não conseguia nem ao menos manter sua própria esposa na linha? E o fato de ser um corno. como qualquer outro marido comum traído, em uma sociedade tão machista como a americana dos anos 60, seria uma desmoralização pública complicada de consertar quando tudo fosse explorado pela imprensa sensacionalista! Para Parker a única saída era preparar uma estratégia de contenção de danos, apenas isso, esperando a bomba explodir nos tabloides, mais cedo ou mais tarde.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Casamento em crise - Parte 1

Poucas semanas após o nascimento de Lisa Marie o casamento de Elvis e Priscilla começou a ficar em ruínas. Embora para os que os viam de fora parecesse que era o casamento dos contos de fadas as coisas iam de mal a pior dentro do palácio do Rei do Rock. O palácio real estavam em ruínas. Em 1969 a carreira de Elvis tomou um novo impulso, seus discos começaram a vender bem novamente e seu retorno aos palcos em Las Vegas levou Elvis de volta ao seio de seu público onde passou a ser novamente idolatrado pelas massas. O Elvis dos anos de baixa, quando se mostrava mais humano e carinhoso com Priscilla desapareceu. Elvis voltou a adotar uma postura arrogante com a esposa e pior do que isso, começou a trai-la com coristas de Vegas. Todas as noites uma mulher diferente passou a passar pela cama de Elvis que imediatamente decretou que a presença de esposas estava proibida durante as temporadas de shows. Ela podiam apenas comparecer na noite de estreia e encerramento. Nos demais dias Elvis e os caras da máfia de Memphis agiam como solteiros farristas na cidade que era conhecida justamente como a Cidade do Pecado!

Outro problema muito sério surgiu também dentro da vida conjugal de Elvis. Ele parou de procurar sexualmente por sua jovem esposa. Elvis tinha um problema psicológico, um trauma, que o impedia de ter relações sexuais com mulheres que já tivessem sido mães. Talvez por ser ligado demais à sua própria mãe, Elvis colocava mulheres com filhos em uma espécie de altar santo que o impedia de ter desejo sexual por elas. Obviamente Elvis deveria ter procurado por ajuda, uma terapia faria muito bem a ele, mas famoso demais para se expor jamais foi em frente nesse aspecto. Ao invés disso passou a evitar qualquer contato sexual com Priscilla que começou a ficar desesperada com a situação. Ela era apenas uma jovem saudável que também tinha desejos sexuais e não conseguia entender porque Elvis muitas vezes demonstrava ter quase um nojo de estar com ela na cama.

A situação logo se tornou insuportável para o casal. Para escapar Elvis passou a fugir para Los Angeles com uma desculpa qualquer. Valia tudo para não ficar em casa enquanto a esposa tentava de todas as formas levá-lo para a cama. A situação obviamente logo se tornou constrangedora demais para lidar. Priscilla tentava chegar perto de Elvis, lhe fazer um carinho, sensualizando para que ele transasse com ela, mas Elvis sempre saia de perto com alguma desculpa nada convincente. O jogo de sedução de Priscilla causava um grande desconforto psicológico em Elvis. Ao lado do trauma de infância de Elvis havia também um fator complicador na situação. Elvis começou a estudar muitas religiões orientais que pregavam o celibato como um processo de purificação espiritual. Assim Elvis que já não conseguia transar com a própria esposa passou a adotar uma postura de fuga do sexo pois isso o iria tornar impuro! O mais contraditório de tudo é que mesmo pensando assim Elvis não pensava duas vezes antes de levar uma dançarina qualquer para sua suíte em Las Vegas!

Assim Priscilla com apenas 23 anos de idade tinha que lidar com um marido que lhe negava sexo de todas as formas, ora alegando que estava com algum problema, ora tentando explicar a ela que isso ia contra os fundamentos de sua religião esotérica. E para jogar tudo ainda mais no caos Elvis começou a novamente abusar das drogas. O sucesso que voltou também trouxe a pressão e a tensão dos concertos, a ansiedade dos camarins, o esgotamento físico e psicológico dos shows e toda a loucura que vinha dentro do pacote de ser um rockstar. Com tudo jogando contra Priscilla começou a ir atrás de outro homem, um amante que lhe levasse para a cama, já que seu marido não parecia disposto mais a isso. Com Elvis sempre viajando, Priscilla tinha tempo e meios para levar uma vida dupla, Arranjou amantes ocasionais e depois emplacou um caso amoroso realmente sério com um instrutor de karatê chamado Mike Stone (que havia sido sugerido a ela justamente pelo próprio Elvis). Já que Elvis não comparecia mais, Priscilla resolveu lhe trair, para muitos de uma maneira tão rápida e breve que surpreendeu. Elvis assim começava a ser traído sistematicamente a partir de 1969. Enquanto se apresentava em Vegas, surgindo como o homem ideal para as mulheres que compareciam em seus shows, sua própria esposa desfrutava do leito de um amante. Era o fim do conto de fadas.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de junho de 2005

Elvis Presley - Elvis e Hal Wallis

Elvis em seus anos em Hollywood ou como alguns dizem, os anos frustrantes da carreira de Elvis Presley. Essa visão é um pouco cansativa, principalmente após tantos anos, afinal tudo é válido sob um ponto de vista histórico. Certamente Elvis ganharia mais artisticamente se ele tivesse se dedicado a gravar bons discos e feito shows na Europa, no Japão, etc. Nos anos 60, com a chegada dos Beatles, teria sido uma bela rivalidade se isso tivesse acontecido.

O mundo do rock certamente ganharia muito. Porém isso não aconteceu. Elvis se concentrou em fazer filmes que hoje em dia podem ser considerados comédias românticas musicais tipicamente da safra de Hal Wallis, produtor da Paramount Pictures que após se consagrar com "Casablanca", um dos grandes clássicos da história do cinema, decidiu nos anos 50 e 60 que iria apostar em um tipo de filme mais comercial, feito em ritmo industrial.

Para isso Wallis contou com tres astros básicos para ganhar muito, mas muito dinheiro mesmo. O primeiro era o próprio Elvis Presley. Cantor de rock que num estalar de dedos poderia se tornar também um astro do cinema. É curioso porque mesmo não sendo uma cria nata de Hollywood Elvis conseguiu por alguns anos entrar na lista dos dez mais bem pagos da indústria. Nada mal para um "peixe de fora". Outro que foi usado por Wallis para encher seus cofres foi Jerry Lewis. Humorista de mão cheia que usava outro cantor (Dean Martin) como escada, acabou faturando horrores com suas comédias rápidas e bem feitas. Anos depois Lewis iria assumir o controle artístico de seus filmes e isso obviamente resultaria em um rompimento com o velho produtor que no final das contas não estava muito interessado em arte, mas sim em lucros!

E havia também John Wayne, o grande cowboy. Esse astro da velha guarda também fez uma bem sucedida parceria ao lado do produtor Wallis. Seus filmes da faroeste produzidos por Wallis eram mais simples, mais diretos ao ponto. Nada a ver com os grandes clássicos de Wayne ao lado de John Ford, um cineasta autoral e muito preocupado com a sétima arte. Sob a produção de Wallis, o velho Wayne se concentrou em fazer filmes mais baratos, mais divertidos e mais comerciais. Assim, olhando-se para trás, chegamos na conclusão que os filmes de Elvis nos anos 60 seguiam uma certa lógica da época. Além disso, vamos convir, ser associado a Hal Wallis, Jerry lewis e John Wayne certamente não era algo negativo. Pelo contrário, teve seu valor.

Pablo Aluísio.

sábado, 18 de junho de 2005

Elvis Presley - Elvis e o Baixo Elétrico

O instrumento musical da vida de Elvis sempre foi o violão. Nos Estados Unidos violões e guitarras geralmente recebem o mesmo nome, guitar, sendo que algumas vezes para distinguir eles chamam o nosso violão de "guitarra acústica" e o instrumento que conhecemos como guitarra de "guitarra elétrica". Pois bem, Elvis sempre preferiu o bom e velho violão simples, talvez até por ter sido presenteado com um pela própria mãe quando era apenas um adolescente em Memphis.

Outro instrumento que Elvis apreciava era a bateria. Pois é, fato que muitos que trabalharam ao seu lado em estúdio sempre chamaram a atenção. James Burton, por exemplo, chegou a dizer: "Elvis tinha o instinto de um baterista, estava sempre batendo em alguma coisa, isso quando não se sentava na bateria para tirar alguns sons". O curioso é que no começo não havia baterista nas bandas de Elvis, só ele ao violão, um guitarrista e um contrabaixista. Muitas vezes Elvis batia no corpo do violão para adicionar algum tipo de percussão primitiva nas gravações. Foi assim com "Dont Be Cruel".

Por falar em baixo, esse instrumento também chamou a atenção de Elvis. Isso já nos anos 50 quando ele aprendeu os acordes básicos do instrumento. É bem conhecido o fato dele ter sido o baixista de algumas faixas, entre as mais conhecidas temos "(You´re So Square) Baby I Dont Care". Bill Black estava com problemas de tocar a introdução solo, então calmamente Elvis pediu seu baixo emprestado e foi para o estúdio tentar alguma coisa. E acabou dando certo. O que ouvimos na versão oficial é o próprio Elvis tocando a linha de baixo.

Quando retornou do exército Elvis decidiu que iria levar mais à sério e começou mesmo a estudar baixo com mais dedicação. Chegou até mesmo a puxar assunto com Paul McCartney, o baixista dos Beatles, quando eles o visitaram em meados dos anos 60. Quando o Coronel Parker lhe disse que Bill Black iria deixar a banda Elvis nem pensou duas vezes e disse ao empresário: "Não se preocupe, eu posso tocar o baixo daqui em diante". Claro que como homem de frente, cantor, isso nunca aconteceu, mas ficou a curiosidade sobre o interesse de Elvis em relação a esse instrumento musical que muitas vezes foi subestimado dentro do universo da música pop.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Elvis na Internet

Fazendo uma busca no Youtube sobre Elvis pude perceber bem que o cantor, mesmo após tantos anos de sua morte, ainda continua relevante no mundo virtual, na internet. Postagens com suas músicas, clips, cenas de filmes, são muito bem visitadas no canal Youtube. Em certas postagens os números impressionam com 4, 5, 6, 10 milhões de acessos! O clip "Junkie XL, Elvis Presley - A Little Less Conversation" tem 22 milhões de visualizações!

E os comentários também são altamente positivos. Pessoas de todas as idades elogiando Elvis, sua voz, seu carisma e seu talento. Elvis é hoje em dia um consenso muito muito bem-vindo entre os que gostam de boa música. A força de sua voz rompeu barreiras de gerações, criando vínculo com os jovens de hoje em dia. Se duvida dessa informação é bom dar uma olhada nos canais de Youtube.

Os sites já não possuem tanta força. Isso é decorrência do próprio sistema evolutivo pela qual passa a internet. No começo, em seu surgimento, tivemos o auge da popularidade de sites. Depois a preferência do público foi mudando. As pessoas migraram para as redes sociais, fundaram fóruns de debate, etc. Hoje em dia um jovem médio visita basicamente suas redes sociais e depois dá uma passeada pelo Youtube para ouvir músicas, acessar os canais de seus youtubers preferidos, etc. Nesse universo Elvis ainda é uma potência em termos de popularidade.

Seus vídeos, mesmo cenas de filmes, ainda são muito procurados. CDs inteiros estão disponíveis na plataforma. Os números não mentem. Elvis ainda é muito ouvido e curtido nesse universo. Bom para os mais jovens que assim vão descobrindo a obra musical do cantor sem muitas amarras. Afinal tudo está a um click de distância, bem diferente do meu tempo, onde conseguir um disco de vinil raro de Elvis era uma verdadeira aventura arqueológica. Os tempos mudam, as mídias mudaram e a revolução da internet foi ampla. Indo de um lado para o outro a conclusão que chegamos é que Elvis Presley sobreviveu a tudo, até mesmo a essas mudanças tecnológicas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de junho de 2005

Elvis Presley - Elvis e os Beatles - Parte 2

Depois de uma série de desencontros finalmente Elvis se encontrou com os Beatles. Corria o ano de 1965 e a carreira de Elvis vinha mal. Ele estava concentrado em cumprir uma série de contratos com estúdios de cinema, fazendo filmes em série, um atrás do outro. Obviamente que a fórmula iria se desgastar com os anos. E foi justamente esse momento ruim na carreira de Elvis que levou John Lennon a ir direto ao ponto ao perguntar a Presley porque ele não gravava mais rock ´n´ roll. Elvis foi pego de surpresa e se desculpou, dizendo justamente que havia uma série de contratos com Hollywood e que a falta de tempo o fazia se ausentar do cenário do rock mundial.

Tentando tranquilizar o Beatle, Elvis se saiu com essa: "Eu ainda vou gravar alguma coisa, quem sabe em breve!". Sem perder o pique, Lennon rebateu: "Ah, então esse disco eu vou comprar!". Esse diálogo de Elvis com John revelava muito do que os Beatles pensavam dele naquela época. Eles eram fãs desde os primeiros discos, quando ainda eram apenas adolescentes em Liverpool, só que agora não conseguiam mais gostar dos álbuns do cantor, justamente pela insistência em gravar o tal "material de Hollywood". De todos os Beatles o que mais gostava do velho Elvis, do roqueiro, era John Lennon. Por isso ele deu essa indireta, como que dizendo a Elvis que voltasse para o velho estilo musical que o havia consagrado nos anos 50.

Já Paul McCartney resolveu prestar atenção em coisas, digamos, periféricas. Ele ficou impressionado quando Elvis lhe mostrou um controle remoto de TV, onde ele conseguia mudar os canais da televisão sem precisar se levantar da poltrona. Na Inglaterra isso ainda não havia chegado no mercado e era como se Elvis lhe apresentasse algum tipo de tecnologia do outro mundo. Paul também se impressionou com o bronzeado de Elvis. Ele estava terminando de filmar mais um filme do Havaí, esse chamado "No Paraíso do Havaí" e estava super bronzeado, algo que pegou Paul de surpresa! "Nunca havia visto alguém com um bronze daquele! Na Inglaterra apagaram o sol! A gente estava bem pálido ao lado de Elvis" - relembraria Paul anos depois!

Já os demais Beatles ficaram meio de lado. Enquanto Elvis, Paul e John levavam um papo, George Harrison se isolou e parecia não ter ninguém para conversar. Sua atitude antissocial levou alguns presentes a antipatizarem com seu jeito calado, mas esse era de certo modo seu modo de agir. Não era à toa que ele era chamado pela imprensa de "O Beatle quieto". Ringo Starr se saiu melhor. Ele era considerado o mais simpático Beatle e por isso interagiu com todos, mas gostou particularmente mais do Coronel Parker pois esse também adorava jogos em geral. Com o empresário de Elvis, Ringo jogou bilhar, cartas e bebeu alguns drinks de whisky escocês, já que Ringo também era muito bom de copo.

Depois de algumas horas conversando com os Beatles o próprio Elvis resolveu colocar fim no histórico encontro. Ele se desculpou e disse que tinha que ir dormir pois tinha trabalho no dia seguinte, pela manhã. Os Beatles então se tocaram que era hora de ir embora. Com sua educação tipicamente sulista Elvis os acompanhou até o carro, se despediu e disse que em breve eles poderiam voltar a se encontrar pessoalmente. Curiosamente esse novo encontro jamais aconteceu. O único Beatle que voltou a ver Elvis novamente foi George Harrison muitos anos depois, quando conseguiu ser recebido por Elvis em seu camarim, durante um concerto em Nova Iorque. Os Beatles não existiam mais como grupo, porém Elvis foi cordial e educado com George, agradecendo por ele ter ido ao seu show.

Pablo Aluísio.