quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Soldado Anônimo

Soldado Anônimo
"Soldado Anônimo" se propõe a mostrar o tedioso cotidiano de um soldado comum das forças armadas americanas durante a invasão do Iraque na Operação Tempestade do Deserto. Dessa safra de produções realizadas após essa operação em larga escala das tropas de libertação do Kuwait esse é um dos filmes mais interessantes. O roteiro é bem escrito e o filme se concentra no "antes" da invasão propriamente dita. Assim ficamos sabendo o que os soldados americanos faziam no deserto antes de cruzar a fronteira do país de Saddam Hussein. Bom, basicamente eles não faziam nada, mas isso acaba sendo o grande mérito do filme. Ele me lembrou vagamente "Nascido para Matar" pela estrutura do roteiro mas obviamente fica bem abaixo da obra prima do mestre Kubrick. Uma das coisas que chamam a atenção em tudo o que vemos na tela é a pouca idade dos combatentes e sua completa falta de maturidade sobre o conflito em que estavam prestes a se envolver. De uma maneira em geral o bate papo entre os soldados revelam personalidades ainda em formação, quase adolescentes bobos, falando sobre mulheres, esportes e demais assuntos típicos da idade. Eles na realidade mal sabiam os motivos políticos que os levaram àquele conflito. Em essência se comportam como se fossem estudantes de high school conversando sobre trivialidades da escola. A diferença é que fazem parte do poderio bélico da nação mais poderosa do mundo. Despreparados intelectualmente e psicologicamente para o que lhes esperam, só lhes restam seguir as ordens de seus superiores de maneira quase cega.

"Soldado Anônimo" foi dirigido pelo talentoso cineasta Sam Mendes de poucos, mas excepcionais filmes, como "Beleza Americana", "Estrada Para a Perdição" e a mais recente aventura do agente inglês James Bond, " 007 - Operação Skyfall". O roteiro foi inspirado no livro de Anthony Swofford, um marine que fez parte das forças de ocupação dos Estados Unidos durante a operação "Tempestade do Deserto". Isso é bem interessante pois o fato do relato ter sido escrito por alguém que esteve lá no front traz uma dose extra de veracidade ao material em si. O elenco também é muito bom. Atores jovens que entraram completamente nas peles de seus personagens. O destaque obviamente vai para Jake Gyllenhaal. Ele surge completamente à vontade como um soldado raso prestes a invadir o território inimigo. Sua narração em off traz uma dose extra de ironia, sarcasmo e melancolia, tudo junto em um mesmo caldeirão. Jamie Foxx como o sargento Sykes também é outro destaque. Ele mantém a tradição de se mostrar esses sub-oficiais durões durante o treinamento de seus subordinados. Entre as cenas mais marcantes destaco a transloucada festa e a cena final quando os soldados marcham no deserto com os poços de petróleo em chamas ao longe. Uma imagem tão surreal como bela. Enfim que tal acompanhar uma tropa de jovens "jarheads", garotos comuns recentemente saídos do colegial mas jogados num evento histórico que marcou bastante o século XX? Nada como um bom filme como esse para conhecermos os protagonistas anônimos desse marco histórico.

Soldado Anônimo (Jarhead, Estados Unidos, 2005) Direção: Sam Mendes / Roteiro: William Broyles Jr baseados no livro de Anthony Swofford / Elenco: Jake Gyllenhaal, Jamie Foxx, Lucas Black, Peter Sarsgaard,  Ming Lo / Sinopse:  Anthony Swofford (Jake Gyllenhaal) é um soldado comum que faz parte das tropas americanas que estão prestes a invadir o Iraque durante a operação Tempestade do Deserto. O filme mostra seu cotidiano ao lado dos amigos de farda. Em meio a tensão dos preparativos da invasão os jovens soldados agem como pessoas típicas de suas idades.

Pablo Aluísio.

Rambo: Até o Fim

Título no Brasil: Rambo - Até o Fim
Título Original: Rambo - Last Blood
Ano de Produção: 2019
País: Estados Unidos
Estúdio: Balboa Productions
Direção: Adrian Grunberg
Roteiro: Sylvester Stallone, Matthew Cirulnick
Elenco: Sylvester Stallone, Paz Vega, Yvette Monreal, Óscar Jaenada, Sergio Peris-Mencheta, Adriana Barraza

Sinopse:
Após anos de lutas e batalhas, John Rambo (Stallone) parece ter encontrado finalmente a paz. Ele agora vive em um rancho do Arizona ao lado de seus poucos parentes vivos. Sua vida porém muda novamente quando sua sobrinha cai nas garras de uma perigosa quadrilha de criminosos mexicanos. Assim Rambo precisa cruzar a fronteira para salvá-la desse trágico destino.

Comentários:
Pode chamar de Rambo V, sem problemas. O filme tem sido criticado por causa da violência. Bem, Rambo é um personagem violento. Atribuo esse tipo de crítica ao fato de que agora as mortes são mais explícitas. Numa cena Rambo joga fora da janela de seu carro a cabeça de seu inimigo. Na outra arranca o coração dele, ainda vivo, após uma série de flechadas certeiras. Isso sem contar as inúmeras cabeças que ele arranca com um facão. Hoje em dia esse grau de violência só é esperado em filmes de terror, do estilo gore. Mesmo assim não vejo problemas. Aliás é bom salientar que o filme, que é curto, rápido e eficaz, não se apoia apenas em cenas de extrema violência. Pelo contrário, o roteiro procura desenvolver o lado mais humano do personagem. Em sua curta duração se gasta um bom tempo mostrando o relacionamento de Rambo com seus poucos familiares ainda vivos, em especial sua sobrinha. Para falar a verdade a parte mais violenta do filme ocupa mesmo apenas os 12 minutos finais do filme. Todo o resto é um grande preparo para a vingança que virá. Outro aspecto positivo desse novo filme é que Stallone não levou seu velho soldado para a selva. Seria uma repetição desnecessária. Ele agora está no meio urbano, vivendo uma vida relativamente comum, em um rancho. Aspectos de sua personalidade são demonstrados, como o fato dele ter que tomar remédios para controlar seus impulsos e traumas. No quadro geral gostei bastante do filme. O John Rambo que surge nele é mais parecido com o velho Logan do que qualquer outra coisa. Alguém que procura a paz e o equilíbrio, mas que sempre precisa ter que lidar com a guerra e a violência. Se for o último filme da franquia será certamente uma boa despedida desse personagem.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Vampira Humanista Procura Suicida Voluntário

Título no Brasil: Vampira Humanista Procura Suicida Voluntário
Título Original: Humanist Vampire Seeking Consenting Suicidal Person
Ano de Lançamento: 2023
País: Canadá
Estúdio: Metafilms
Direção: Ariane Louis-Seize
Roteiro: Ariane Louis-Seize, Christine Doyon
Elenco: Sara Montpetit, Félix-Antoine Bénard, Steve Laplante, Sophie Cadieux, Noémie O’Farrell, Patrick Hivon

Sinopse: 
Sasha é uma adolescente. E como toda adolescente ela tem seus problemas emocionais e pontos de atritos com os pais. O pior deles é que ela se recusa a seguir a tradição familiar. E aqui vai o aspecto que a diferencia de todas as outras adolescentes do mundo. Ela faz parte de uma família de vampiros, mas se recusa a saciar sua fome com sangue humano. Ao invés disso se aproxima de um jovem normal que tem problemas de auto estima e depressão. E desse encontro improvável nasce algo maior, para horror de seus familiares. 

Comentários: 
Já temos o filme de vampirismo para a geração Z. Trata-se desse "Vampira Humanista Procura Suicida Voluntário" cujo título já explica quase tudo que você precisará entender da história do filme. A protagonista é uma adolescente progressista, que tem muita empatia com os seres humanos. Ela é uma vampira, mas nada de se alimentar dos colegas da escola! Ela tem verdadeiro pavor disso. Ao invés de caçar os jovens humanos de sua idade ela faz amizade com eles, procura ser amiga, compreensiva e tudo mais. Ela prioriza empatia para com os que sofrem. É uma garota indie descolada, que coleciona discos de vinil e faz a linha vegetariana. Bem geração Z mesmo. Obviamente abomina os valores dos próprios pais, um bando de sanguinários, embora pareçam à primeira vista com pais normais de classe média suburbana. O filme tem seu próprio ritmo, que algumas vezes vai parecer devagar, quase parando. Resista ao sono e veja até o final. Para minha surpresa acabei gostando do que assisti! 

Pablo Aluísio. 

Cloverfield - Monstro

Título no Brasil: Cloverfield - Monstro
Título Original: Cloverfield
Ano de Produção: 2008
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Drew Goddard
Elenco: Mike Vogel, Jessica Lucas, Lizzy Caplan

Sinopse:
Um grupo de jovens acaba gravando por acaso com sua câmera o surgimento de um monstro colossal em uma grande cidade americana. Tentando sobreviver ao desastre eles fazem de tudo para escapar do local enquanto vão filmando todos os acontecimentos por onde passam.

Comentários:
"A Bruxa de Blair", queiram ou não os críticos, fez escola. E criou uma nova linguagem nos filmes de terror e ficção. Nos Estados Unidos esse tipo de estética é chamada de Mockumentary. Tudo surge ao espectador como se fossem imagens captadas de forma amadora mas que registram eventos fantásticos. Esse "Cloverfield" segue essa linhagem, ou seja, tudo aparece na tela como se tivesse sido registrado por uma pessoa comum, por isso os excessos de imagens sem foco, tremidas, sem objetivo. No caso aqui temos, como foi dito muito ironicamente por um observador mais atento, um cruzamento de "Godzilla" com "A Bruxa de Blair". O resultado é bem irregular. Com orçamento muito enxuto (o filme custou meros 25 milhões de dólares rendendo quatro vezes mais apenas no mercado americano), "Cloverfield" nada mais é do que uma tentativa de trazer uma nova visão para uma ideia bem antiga. Afinal já se faziam filmes em série com monstros como esse nos anos 50. Novidade certamente não há nesse aspecto. A produção, é claro, tem seus defensores mas em minha forma de ver, além da falta de novidades, há uma sensação de ausência de direção no que vemos na tela. O filme muitas vezes cai no lugar comum, se perde com momentos sem importância e desnecessários, banais. Um roteiro melhor desenvolvido também cairia muito bem. Do jeito que está não consegue convencer aos fãs do gênero que vão perdendo o interesse gradativamente ao longo do filme. Quando o tal monstrengo finalmente resolve aparecer em close já se perdeu o interesse nele há muito tempo. Game Over.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Um Homem, um Cavalo, uma Pistola

Título no Brasil: Um Homem, um Cavalo, uma Pistola 
Título Original: Un uomo, un cavallo, una pistola
Ano de Lançamento: 1967 
País: Itália / Alemanha Ocidental 
Estúdio / Produção: Juventus Films
Direção: Luigi Vanzi 
Roteiro: Tony Anthony 
Elenco: Tony Anthony, Daniele Vargas, Dan Vadis, Jill Banner, Marina Berti, Raf Baldassarre 

Sinopse
Um homem estranho e misterioso chega num pequeno vilarejo do velho oeste. Ele é um pistoleiro e caçador-de-recompensas errante. No lugar isolado e dominado por bandidos, descobre que uma diligência supostamente carregada com muito ouro vai passar pelas redondezas. E todos aqueles facínoras querem colocar as mãos naquela fortuna roubada. 

Comentários: 
Dentro de seu nicho, um filme como esse não poderia dar errado. É o segundo de uma franquia informal conhecida como “The Stranger”. Esse western spaghetti tem alguns elementos que o tornam especial. O protagonista não foge em nada daquele tipo que bem conhecemos, a do "Estranho sem Nome" que chega em um lugar desolado, cujo nome real sequer é conhecido. Não se sabe de onde veio e nem para onde vai. Só que nessa breve passagem pela cidadezinha do velho oeste ele muda o destino de várias pessoas que ali moram. Um dos personagens mais divertidos é a de um Pastor ladrão e picareta conhecido como "O Profeta". Um daqueles tipos que sobem num banquinho para falar a palavra do Senhor no meio da rua, tentando com isso arrancar alguns trocados dos que passam. Há também uma quadrilha, com todos aqueles tipos asquerosos de bandidos e até um regimento da cavalaria. Só que a cereja do bolo vem mesmo da diligência que todos querem roubar. No começo pensam que dentro há um grande baú com muito ouro! Só que estão enganados, a própria diligência é feita de ouro! Quer coisa mais ao estilo do faroeste italiano do que isso? Simplesmente não há! 

Pablo Aluísio. 

Zorro e a Cidade de Ouro Perdida

Zorro e a Cidade de Ouro Perdido
Mais um longa-metragem com o personagem Lone Ranger (Cavaleiro Solitário) para o cinema. Aqui no Brasil o nome de Zorro foi definitivamente assumido com o título nacional da produção embora isso seja obviamente um erro pois o Lone Ranger nada tem a ver com o Zorro verdadeiro. Talvez o fato de ambos os personagens usarem máscara tenha incentivado a distribuidora nacional a adotar o nome comercial de Zorro. Deixando isso de lado aqui temos mais um típico western de matinê com muitas aventuras, tiroteios e heroísmo por parte do Lone Ranger e seu fiel companheiro Tonto (que sofre bastante nas mãos dos bandidos). Novamente os atores Clayton Moore e Jay Silverheels assumem os persongens principais, Lone Ranger e Tonto, respectivamente. O enredo gira em torno da busca de um medalhão dividido em cinco partes que uma vez reunidos revela o mapa da localização de uma lendária cidade formada de ouro, mito conhecido pelos espanhóis que chegaram na América colonial como El Dorado.

Um velho cacique resolve então distribuir as partes do medalhão a pessoas de sua estima. Aos poucos porém esses são mortos misteriosamente, o que leva Lone Ranger a desconfiar que tudo não passa de uma tentativa de se apoderar das partes do medalhão para assim colocar as mãos no tesouro da cidade dourada. A pista leva a uma fazendeira e seu capanga violento. Com toques das antigas aventuras dos anos 40, essa nova fita do Cavaleiro Solitário investe em elementos bem fantasiosos que obviamente fizeram a festa da garotada que frequentava as matinês na década de 1950. Um ponto digno de nota também é a sutil mensagem contra o preconceito racial que surge no personagem do Dr. James Rolfe (Dean Fredericks). Ele é um médico bondoso da cidade que atende indígenas sem pedir nada em troca. O que poucos sabem é que ele tem sangue pele vermelha, fato que revelará em um ponto crucial da estória, ensinando aos mais jovens a importância de se ter orgulho de sua raça, seja indígena, negra ou qualquer outra. Uma bela lição que valoriza ainda mais o filme como um todo. Assista e se divirta com o sabor nostálgico das antigas matinês com o Lone Ranger. 

Zorro e a Cidade de Ouro Perdido (The Lone Ranger and the Lost City of Gold, Estados Unidos, 1958) Direção: Lesley Selander / Roteiro: Eric Freiwald, Robert Schaefer / Elenco: Clayton Moore, Jay Silverheels, Douglas Kennedy / Sinopse: Lone Ranger (Cavaleiro Solitário) e seu leal parceiro Tonto tentam desvendar a morte de vários indígenas. Depois de investigar eles descobrem que cada um deles era dono de partes de um medalhão que uma vez reunidos indicam a localização de uma lendária cidade toda feita de ouro puro. Agora eles tentarão descobrir os autores dos crimes.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

O Documento Holcroft

Título no Brasil: O Documento Holcroft 
Título Original: The Holcroft Covenant 
Ano de Lançamento: 1985 
País: Reino Unido 
Estúdio: Thorn EMI Screen 
Direção: John Frankenheimer 
Roteiro: Edward Anhalt, George Axelrod
Elenco: Michael Caine, Anthony Andrews, Victoria Tennant, Lilli Palmer, Mario Adorf, Michael Lonsdale 

Sinopse: 
Um arquiteto, de origem alemã, descobre que seu pai, general do exército durante a II Guerra Mundial, escondeu uma grande fortuna ao lado de outros oficiais do III Reich. Agora, a fortuna cai em suas mãos, mas não há o que celebrar pois ele passa a ser perseguido por inimigos conhecidos e também ocultos, colocando em risco sua vida. Roteiro baseado no livro homônimo de Robert Ludlum, publicado em 1978. 

Comentários:
A história do filme mantém o interesse, mas fica claro desde o começo que há problemas no ritmo em que a história é contada. Em determinados momentos nada de muito interessante acontece, ficando quase tudo bem chato. Já em outros momentos tudo parece acelerar, com atropelos no enredo. Isso tudo aconteceu não por culpa do diretor John Frankenheimer. Sua primeira versão tinha quase três horas de duração. Os executivos do estúdio não gostaram do que viram. Então saíram promovendo cortes e mais cortes, resultando tudo numa péssima edição que não raro deixa tudo confuso, ora arrastado demais, ora apressado em demasia, tentando colocar apressadamente um ponto final na história que está contando. Olha, muito cansativo! Sobram de bom no final de tudo a boa interpretação de Michael Caine e as belas paisagens das diversas cidades onde o filme foi rodado (Munique, Lindau, Berlim, Londres). Pena que nada disso seja o suficiente para salvar o filme que foi muito mal nas bilheterias quando chegou nos cinemas em meados dos anos 80. É o que acontece quando executivos tentam interferir nas obras cinematográficas de grandes cineastas. 

Pablo Aluísio.

Balas Contra a Gestapo

Balas Contra a Gestapo
Após a morte de um pequeno comerciante no bairro em que domina, o gangster 'Gloves' Donahue (Humphrey Bogart) sai em busca do assassino. O que ele não desconfia é que o assassinato não foi apenas um crime comum. Na verdade conforme o tempo passa e novas revelações vão surgindo, Gloves acaba descobrindo que um grupo de espiões da Alemanha Nazista está envolvido. A Gestapo (a violenta polícia secreta de Hitler) está infiltrada em Nova Iorque, com vários figurões em postos chaves dentro da sociedade. O problema é que por ser um gangster ninguém acredita em suas revelações. Assim ele e seus homens terão que limpar, por conta própria, as ruas da cidade. Interessante filme estrelado por Humphrey Bogart. Apesar da sinopse, que pode levar alguém a acreditar que se trata de um filme de espionagem ao velho estilo, esse "All Through the Night" tem algumas peculiaridades, apresentando até mesmo um certo bom humor, algo raro nesse tipo de produção.

Embora não possa ser considerado uma comédia, o roteiro se apoia bastante nessa situação sui generis envolvendo um criminoso (Bogart) que acaba se tornando a única salvação de Nova Iorque. Acontece que a Gestapo está secretamente atuando na cidade, planejando um grande atentado contra um importante navio de guerra da marinha americana que está ancorado no principal porto da cidade. Claro que o roteiro é meramente ficcional, servindo até mesmo como uma referência da paranoia e do medo que surgiam dentro da sociedade americana naquela época de guerra e incertezas sobre o futuro (o filme foi rodado bem no meio da Segunda Guerra Mundial). Humphrey Bogart segue seu tipo habitual. Ele é um gangster que, ironicamente, precisa sempre lidar com sua mãe, uma matrona italiana que trata o filho como se fosse uma criança. As cenas com ela (interpretada pela excelente atriz Jane Darwell) rende alguns momentos bem divertidos no filme.

O interessante é que Bogart interpreta um criminoso de bom coração, mostrando uma certa simpatia por parte de Hollywood em relação a certos gangsters da época. Seus comparsas são tipos praticamente cômicos, contando inclusive com um membro de sua gang que só se envolve em confusões, enquanto tenta passar a tão sonhada lua de mel com sua jovem noiva. Assim temos aqui um interessante filme dos anos 40 que, apesar do tema, não procura se levar muito à sério. A presença do bom e velho Bogart será certamente um dos grandes atrativos para se conferir a produção, muito embora o péssimo título nacional vá afastar alguns cinéfilos. Ignore isso e se divirta com esse filme de gangster bem diferente.

Balas Contra a Gestapo (All Through the Night, Estados Unidos, 1941) Estúdio: Warner Bros / Direção: Vincent Sherman / Roteiro: Leonard Spigelgass, Edwin Gilbert / Elenco: Humphrey Bogart, Conrad Veidt, Kaaren Verne, Peter Lorre, Jane Darwell, William Demarest /Sinopse: Um gangster de Nova Iorque passa a desconfiar que membros da Gestapo, o serviço secreto da Alemanha nazista, estão atuando na cidade, cometendo crimes e espalhando terror.

Pablo Aluísio.

Minha Vida de Cinéfilo - Texto II

Minha Vida de Cinéfilo - Texto II
Eu tenho a opinião de que quem viveu os anos 80 viveu também o auge da paixão por filmes e cinema. A era do Vídeocassete explodiu então todo mundo queria consumir filmes e filmes. Meus amigos na escola falavam sobre cinema, minha turma era muito ligada na sétima arte! Era um clima bem diferente dos dias de hoje. Havia muitas publicações de revistas no Brasil. Provavelmente a primeira revista de cinema que comprei na minha vida foi a Cinemin. Era uma boa revista, com muitas matérias interessantes. Uma revista de formato grande, que era até ruim de colecionar por isso! O papel de dentro era preto e branco, mas as capas costumavam ser muito bem feitas, bonitas. Eu me recordo da capa com Aliens, o Resgate e Jogo Bruto. Tive essas duas edições e muito mais. Infelizmente as perdi com o tempo e me arrependo muito disso!

Agora, a revista de cinema da minha vida foi a Set. Era uma publicação da Abril. Que revista boa! Colecionei ao longo dos anos, da edição 1 até a última. Era um tempo bom! Nas revistas de cinema eu ficava informado sobre os novos filmes, ao mesmo tempo que ia aprendendo a cada nova leitura. Foi a minha universidade de cinéfilo. Esse é um tempo que não existe mais! Sequer existem mais bancas de revistas e jornais agora! Eu até hoje fico chocado com essa nova realidade. Adoro a internet, mas esse meio de revistas e jornais impressos não precisava ter sido varrido do mapa como foi! Em minha opinião isso foi bem trágico para a cultura de um modo em geral. 

Por volta de 1985 eu passei a ir aos cinemas todas as semanas. Se tivesse filme bom estreando, pode ter certeza que eu estava lá. O ingresso era muito barato e não havia cinema em shopping centers. Eram ainda os velhos cinemões de bairro. Os que eu frequentava ficava no centro da minha cidade. Eles se chamavam Municipal (o melhor, com os principais lançamentos do mês) e o Plaza (onde passavam os filmes de segunda categoria). Ficavam na mesma rua, com uma pequena distância entre eles. 

Como estudava pela manhã ia aos cinemas à tarde, geralmente nas segundas ou quartas (que tinha preço promocional). Foi uma época muito feliz da minha vida. Eu era jovem, estudante, adorava cinema e música, mas não o tipo de som que a garotada da minha idade curtia. Eu gostava de Rock Clássico como Elvis Presley, os Beatles, etc. Curioso, mesmo após tantos anos eu ainda tenho o mesmo gosto musical. Acho que ninguém superou esses artistas do passado! E hoje, cinquentão, fico feliz em olhar para trás e ver que eu sempre tive um excelente gosto musical. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 30 de novembro de 2025

Os Filmes de Brad Pitt - Parte 4

A Mexicana
Não curti nem um pouco. Vi no cinema e saí insatisfeito. Pitt e Roberts não convencem e não mostram paixão nenhuma na dela. Sobra para o James Gandolfini tentar salvar o filme, mas em vão. Ele não é santo milagreiro. A mistura de filme de ação com romance não combinou muito bem. Há claras falhas de ritmo, além de uma duração que soa muito excessiva, talvez pelo fato do enredo ser bem enfadonho. É a tal coisa, até gosto de forma em geral do cinema assinado pelo diretor Gore Verbinski. 

Aqui porém ele errou na mão. Não sei se foi a pressão dos astros (da dupla central formada por Pitt e Roberts) ou então por causa do estúdio (DreamWorks, de Steven Spielberg), mas o fato é que tudo é muito artificial. Nada convincente, nada marcante. É aquele tipo de filme que, apesar dos nomes envolvidos, muitos deles bem talentosos, não existe aquela fibra que encontramos em grandes filmes. No fundo tudo é um grande exercício de vazio.

A Mexicana (The Mexican, Estados Unidos, 2001) Estúdio: Dreamworks Pictures / Direção: Gore Verbinski / Roteiro: J.H. Wyman / Elenco: Brad Pitt, Julia Roberts, James Gandolfini, J.K. Simmons, Bob Balaban / Sinopse: Um criminoso tem que ir ao México em busca de uma pistola rara e de grande valor para entregar ao seu chefe ao mesmo tempo em que tem que lidar com sua esposa que quer de todas as formas que ele abandone o mundo do crime de uma vez por todas.

Jogo de Espiões
Quando Brad Pitt começou a realmente fazer sucesso no cinema ele logo foi comparado a Robert Redford. Ambos, diziam os críticos, eram parecidos fisicamente e seguiam um mesmo estilo de personagem. Pessoalmente eu nunca achei, mas como parecia ser uma boa ideia reunir a dupla em um filme a Universal Pictures aceitou pagar os cachês milionários dos atores para que eles estrelassem esse "Spy Game". É interessante notar que quando o filme foi lançado havia um certo pensamento de que filmes sobre espiões estavam fora de moda, ultrapassados. Até porque poucos anos antes o muro de Berlim havia caído e não tinha mais muito sentido apostar nesse tipo de roteiro. Foi talvez esse o maior problema enfrentado pelo filme quando chegou aos cinemas.

A bilheteria foi morna e a repercussão nada animadora. A trama gira em torno de um agente da CIA veterano, Nathan Muir (Robert Redford), que é convocado pelo serviço de inteligência para salvar a vida do jovem espião Tom Bishop (Brad Pitt), que foi seu pupilo no passado. A "amizade" que os une é do tipo amor e ódio pois o personagem de Redford não consegue confiar plenamente em Pitt. Com uso de flashbacks em seu desenrolar o filme só se prejudica mesmo por sua falta de ritmo. Como escrevi naquela época o público não parecia mais interessado em jogos de espiões dos tempos da guerra fria. Muito provavelmente se o filme tivesse sido lançado antes, uns três anos antes, teria melhor sorte, quem sabe...

Jogo de Espiões (Spy Game, Estados Unidos, 2001) Direção: Tony Scott  / Roteiro: Michael Frost Beckner / Elenco: Robert Redford, Brad Pitt, Catherine McCormack, Marianne Jean-Baptiste / Sinopse: Um espião veterano é escalado para ajudar um episáo bem mais jovem, porém ao que tudo indica há mais interesses escusos em jogo, mesmo que muitos não saibam.

Onze Homens e um Segredo
Esse filme nasceu por acaso. O ator George Clooney estava hospedado em um hotel de Las Vegas quando assistiu na TV o clássico original com Frank Sinatra e seus amigos do rat pack. Ele então se perguntou porque ninguém tinha ainda feito um remake desse filme! Imediatamente contactou seu agente e esse saiu em busca dos direitos da obra cinematográfica. Com tudo pronto contratou o diretor Steven Soderbergh e no mesmo espírito que deu origem ao filme de Sinatra saiu convidando seus amigos mais próximos em Hollywood para fazer parte do elenco. Afinal Clooney sempre foi um dos atores mais bem relacionados dentro da indústria, tendo mesmo cacife para reunir tanta gente famosa em apenas uma produção.

Se você não tem ideia ainda do que se trata (o que acho bem difícil), o roteiro mostra um grupo de criminosos que decide roubar um grande cassino em Las Vegas. O plano, como era de se esperar, é simplesmente mirabolante, praticamente uma orquestra bem afinada formada por ladrões. O clima é bem ameno, quase levado às últimas consequências. Nenhum ator do elenco parece levar muito à sério o que acontece, o que é um ponto positivo a mais para o filme. Lançado em 2001 esse remake foi um grande sucesso de bilheteria, se tornando um blockbuster certeiro, mostrando que George Clooney tinha jeito (e sorte) também como produtor de cinema. Como deu origem a várias continuações (todas inferiores) ainda considero esse o melhor dessa nossa safra. Claro, nenhum desses novos filmes conseguiu ser mais legal e bacana do que o de Frank Sinatra e cia, mas no geral também não fez feio. É acima de tudo uma diversão bem-vinda ao estilo soft, tudo bem descompromissado.

Onze Homens e um Segredo (Ocean's Eleven, Estados Unidos, 2001) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: George Clayton Johnson, Jack Golden Russell / Elenco: George Clooney, Brad Pitt, Julia Roberts, Matt Damon, Andy Garcia, Don Cheadle, Casey Affleck, Bernie Mac, Joshua Jackson, Steven Soderbergh / Sinopse: Danny Ocean (George Clooney) decide formar um grupo de especialistas, ladrões de bancos, para um roubo milionário em um dos maiores e mais ricos cassinos de Las Vegas. Filme indicado ao César Awards (França) na categoria de Melhor filme estrangeiro (USA) e ao Art Directors Guild.

Tróia
Alguns filmes épicos tinham tudo para se tornarem clássicos modernos da sétima arte, o problema é que muitas vezes os produtores optam por realizar blockbusters vazios que visam apenas satisfazer os desejos de uma platéia jovem e pouco interessada em história. Ao invés de contar tudo da forma mais crível possível se opta por enredos fantasiosos e baseados em cenas de ação gratuitas. Esse "Tróia" vai por esse caminho. O cineasta Wolfgang Petersen perdeu o controle sobre o filme e os executivos da Warner impuseram sua visão de realizar um filme feito meramente para alcançar grandes bilheterias na temporada mais competitiva do cinema americano. 

Ao custo de 175 milhões de dólares, "Tróia" tem tudo que a indústria americana tem de melhor a oferecer em aspectos puramente técnicos, principalmente em seus ótimos efeitos digitais, figurinos luxuosos e cenas de impacto visual. A única coisa que não tem é um bom roteiro que logo se perde em bobagens históricas. Brad Pitt, que sempre considerei um bom ator está particularmente medíocre no papel de  Aquiles e como todo o restante do elenco é fraco (alguém vai esperar alguma coisa de Orlando Bloom?) o filme deixa aquela sensação de pastel de vento. Não alimenta e nem enriquece, só engorda.

Tróia (Troy, Estados Unidos, 2004) Estúdio: Warner Bros / Direção: Wolfgang Petersen/ Roteiro: David Benioff / Elenco: Brad Pitt, Eric Bana, Orlando Bloom, Peter O'Toole / Sinopse: Baseado na obra de Homero o filme conta a história da lendária guerra de Tróia que supostamente ocorreu no ano de 1193 a.C. Um evento banal envolvendo questões familiares deu origem a um intenso conflito armado entre as poderosas cidades estados de Messênia e Tróia. Liderando os exércitos invasores surge o valente e heróico Aquiles (Brad Pitt). Filme indicado ao Oscar na categoria Melhor Figurino.

Doze Homens e Outro Segredo
Essa franquia de sucesso mais parece uma reunião de amigos em um fim de semana do que qualquer outra coisa. E pensar que tudo começou lá na década de 1960 quando Frank Sinatra mandou o estúdio escrever um roteiro que pudesse contar com todos os seus amigos do “bando de ratos”, a saber: Dean Martin, Sammy Davis Jr e todo o resto da trupe. O filme original também tinha esse ar descompromissado que foi repetido aqui nessa nova franquia. Só que sai Sinatra e entra George Clooney. Ator bem relacionado em Hollywood com vários amigos no meio ele conseguiu reunir um time de estrelas do primeiro escalão de Hollywood para rodar inicialmente o remake do filme de Sinatra. 

Só depois do grande sucesso daquela produção foi que o estúdio teve a oportuna idéia de realizar continuações, até porque em Hollywood o que faz sucesso vira franquia imediatamente. O dinheiro é que manda! O primeiro filme é bem realizado, com direção correta e bom roteiro mas em nenhum momento chega a ser surpreendente ou marcante. No final das contas apenas diverte – e era justamente essa a intenção de seus realizadores. Já essa seqüência para falar a verdade não traz mais nada de novo. A verdade pura e simples é que não tinham mais nenhuma estória para contar então realizaram uma espécie de remake do remake (por mais estranho que isso possa parecer!).

Aqui Danny Ocean (George Clooney) resolve viver longe do mundo da criminalidade. Casado com Tess (Julia Roberts) ele só quer mesmo paz e tranqüilidade. As coisas começam a mudar quando o ex-marido de Tess, o almofadinha Terry Benedict (Andy Garcia), resolve recuperar todo o dinheiro que lhe foi roubado pelo grupo de Danny Ocean no primeiro filme. Ao mesmo tempo Ocean resolve se precaver e muda de idéia, resolvendo reunir novamente seus comparsas para aquele que seria o super roubo de sua carreira. O alvo dessa vez porém fica na Europa. Nesse ínterim a agente do FBI Isabel Lahiri (Catherine Zeta-Jones) começa o seu acerto de contas contra Rusty (Brad Pitt), um dos membros da equipe de Ocean. Seguem-se as costumeiras perseguições, cenas espetaculares e muita ação. 

Assim temos mais do mesmo. O roteiro se concentra nos preparativos do grande assalto enquanto os demais personagens apenas passeiam em cena. Um dos problemas dessa franquia é justamente esse, o excesso de personagens. Com tanta gente em cena ao mesmo tempo nenhum papel chega a ser bem desenvolvido, nem o de Ocean (Clooney). Júlia Roberts e Catherine Zeta-Jones não acrescentam em nada ao resultado final e mais parecem penetras no clube do Bolinha de Clooney. Os atores também não parecem levar nada à sério, em especial Brad Pitt que mais parece estar de férias na Europa. Se não é para ser levado à sério então porque o espectador vai se importar? Mesmo assim até que funciona como passatempo ligeiro, leve, mesmo que você esqueça tudo o que assistiu dois minutos depois do filme terminar.

Doze Homens e Outro Segredo (Ocean's Twelve, Estados Unidos, 2004) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: George Nolfi / Elenco: George Clooney, Andy Garcia, Brad Pitt, Julia Roberts, Matt Damon, Catherine Zeta Jones, Vincent Cassel, Don Tiffany / Sinopse: Mais uma vez o grupo liderado por Dany Ocean (George Clooney Resolve partir para um grande roubo, só que dessa vez na Europa.

Pablo Aluísio.