domingo, 6 de março de 2011

Papa Júlio I

O Papa Júlio I criou o Natal. Ele foi escolhido para o trono de Pedro pescador no ano de 337. Foi um Papa jovem, eleito com apenas 37 anos de idade - algo impensável nos dias de hoje! Acontece que há 1700 anos a Igreja Católica ainda era considerada uma instituição religiosa jovem (em termos históricos) e por essa razão ainda não havia muitas da hierarquias que só iriam surgir algumas décadas depois. Assim bastava que um padre ou bispo fosse querido pelo povo romano para ser eleito Papa. Esse pontífice era bem admirado pelo povo mais pobre de Roma, sempre presente nas vilas mais humildes. Cronistas da época afirmam que ele era uma pessoa alegre, de sorriso aberto, muito carismático.

A criação do Natal certamente foi o evento mais marcante de seu papado. Sua criação nasceu de um desejo e uma dúvida do Papa! Júlio I percebeu que não havia ainda no calendário cristão uma data que celebrasse o nascimento de Jesus Cristo. Embora os Evangelhos trouxessem inúmeros detalhes de sua natalidade, como a manjedoura, os três reis magos, a estrela de Belém, etc, não se sabia o exato dia em que Jesus nasceu. O Novo Testamento era omisso sobre isso. O Papa então determinou que os estudiosos e sábios da Igreja pesquisassem a data certa nos arquivos da Igreja, consultando textos seculares, tradições orais e papiros. Apesar dos esforços nada foi concluído sobre o dia em que Jesus de Nazaré nasceu. Não havia informações históricas exatas sobre essa questão.

O Papa então foi aconselhado pelos bispos a determinar o dia 25 de dezembro como o dia oficial de Natal. Havia várias razões para isso, mas uma das mais determinantes foi que nesse mesmo dia havia uma comemoração muito popular em Roma realizada em homenagem ao deus romano Saturno. Apesar do cristianismo ter se espalhado de uma forma incrível em três séculos por toda a Europa, resquícios do velho mundo pagão ainda persistiam. A Saturnália era um desses pedaços de paganismo que ainda persistiam em existir. O Papa queria combater esse feriado pagão. Com o decreto Papal a festa do deus Saturno praticamente deixou de existir pois a partir da decisão do Papa Julius no ano de 350, o Natal passou a ser celebrado por todos os cristãos justamente nessa data. E assim foi e segue sendo até os dias de hoje.

Outro aspecto muito lembrado do Papado desse jovem Papa foi o fato dele ter unificado a doutrina da Igreja em seu terceiro século de existência. O Papa era bastante diplomático e uniu os sacerdotes ocidentais e orientais que teimavam em discordar em determinados aspectos religiosos. O simpático Júlio chamou todos ao Vaticano e depois de alguns encontros tudo foi acertado, de forma amigável.  O Papa Júlio I ficou 15 anos no trono de Pedro. Ele morreu aos 52 anos de idade, no ano de 352. Roma passava por uma epidemia de uma praga até hoje desconhecida. Supõe-se que o Papa acabou sendo vítima dessa doença desconhecida, que para alguns estudiosos e historiadores foi a temida peste negra. Alguns séculos depois o querido Papa Júlio I, que criou o Natal, foi canonizado pela mesma Igreja que um dia ajudou a construir e edificar.

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de março de 2011

Arquivos do Vaticano - Edição IV

Arquivos do Vaticano - Segue a seguir uma série de textos de natureza religiosa que escrevi para o blog Catolicismo em Maria. Os textos estão resgatados com a finalidade de arquivo pessoal de meus escritos.

Papa Francisco em Auschwitz
O Papa Francisco fez uma visita silenciosa e contemplativa no campo de concentração nazista de Auschwitz. O Papa está na Polônia para as celebrações da Jornada Mundial da Juventude. Durante sua visita ao campo da morte, onde milhões de judeus morreram durante o holocausto nazista, Francisco pediu perdão pelos atos de atrocidades cometidos naquele sinistro período histórico da humanidade.

De cabeça baixa e profundamente emocionado, o Papa Francisco encontrou alguns dos sobreviventes do holocausto, entre eles uma senhora de 101 anos de idade que sobreviveu ao maior crime da história da humanidade. Helena Dunicz Niwinska tocava violino na orquestra de Auschwitz. Muitas vezes esses músicos eram colocados na recepção dos novos trens que chegavam com judeus de toda a Europa. Era uma forma de acalmar os ânimos daquelas pessoas, uma maneira macabra de evitar tumultos nas multidões que chegavam ao campo de extermínio.

Depois desse encontro emocionado o Papa Francisco se dirigiu até um lugar conhecido como muro da morte, onde muitos foram exterminados de forma cruel. Depois Francisco visitou a cela onde morreu o padre polonês Maximiliano Kolbe. Ele deu sua vida em troca da morte de um prisioneiro, se tornando um mártir católico na luta contra as atrocidades do nazismo. Exatamente hoje está se celebrando 75 anos de seu trágico assassinato por oficiais da SS, a monstruosa tropa de elite das forças armadas de Hitler.

Estima-se que mais de um milhão de judeus foram mortos dentro dos muros do complexo de Auschwitz, o maior campo de concentração nazista da época. O Papa se propôs a levar uma oração silenciosa a todas essas vítimas que perderam suas vidas. Também trocou o discurso por um momento de reflexão sobre os horrores que foram cometidos dentro desse campo da morte. Francisco é o terceiro Papa a visitar Auschwitz. Antes dele estiveram lá o Papa João Paulo II e seu sucessor, Bento XVI.

Papa Francisco nos Estados Unidos - Esse texto escrevi na ocasião da visita do Papa Francisco nos EEUU. Leia: Se há algo de bom que vem acontecendo nesses últimos dias essa é a visita do Papa Francisco nos Estados Unidos. Há um sentimento positivo no ar, nos jornais, pelas ruas das cidades por onde ele passa. Sei que minha opinião pode ser considerada pouco isenta pois sou um católico que adora minha religião, mas o fato é que poucas vezes se viu um líder religioso com tamanho impacto na mídia e nas pessoas em geral. O Papa Francisco é um fenômeno de popularidade, um furacão e isso é tão bom para o mundo em geral. Em uma época onde lemos e ouvimos tantas coisas ruins, negativas, desanimadoras, ver algo assim é um verdadeiro descanso e alívio para a alma e a mente.

Além do aspecto puramente religioso (que foi emocionante), a ida de Francisco ao Congresso americano e à ONU colocou na ordem do dia uma agenda positiva e saudável como há muito não se via. Levando para o lado americano o que temos visto é um desarme nas ideias de certos candidatos republicanos (como o idiota do Trump). A postura de Francisco sobre vários temas desmascara essa política de revanchismo e xenofobia, a removendo do caminho, colocando tudo em seu devido lugar. Saem o preconceito, o ódio, a intolerância e entram a misericórdia, a solidariedade e o amor. Isso é a base da religião e filosofia cristã e o Papa Francisco tem sido genial nesse aspecto. Ao invés de propor soluções absurdas como a construção de um muro entre México e Estados Unidos, a expulsão sumária de famílias de imigrantes, o Papa estendeu sua mão a todos os que vivem nos Estados Unidos e sonham com um futuro melhor para si e seus filhos. Um gesto de imensa grandeza e significado. Ao se declarar também um membro de uma família de imigrantes (seu pai imigrou da Itália para a Argentina), Francisco colocou abaixo qualquer tipo de sentimento preconceituoso e racista em relação a essas pessoas que muitas vezes são consideradas injustamente cidadãos de segunda classe. Sua presença dentro dos Estados Unidos certamente desarmou corações e mentes e prevejo daqui em diante o naufrágio dessas candidaturas radicais e retrógradas em solo americano.

É tamanho o impacto que o Papa vem causando em sua passagem pelas cidades americanas que um texto apenas não poderia ser suficiente para analisar tudo o que vem acontecendo. Só hoje aconteceu inúmeros eventos marcantes como a ida ao marco zero do WTC e a missa no Madison Square Garden para milhares de pessoas. Pensou que apenas os grandes superstars do rock iam ao Madison? Pois está enganado. Enfim, Francisco traz um sopro de ar fresco para o mundo poluído por cinzas, ódio e amargura. Francisco condenou a pena de morte, o comércio de venda de armas de fogo, ressaltou a importância da valorização do meio ambiente e criticou a desumanidade das políticas capitalistas ferozes que transformaram o ser humano em uma mera máquina e instrumento de lucro. Escrever mais o quê? Francisco é um ser de luz e só posso tirar o chapéu para o sumo pontífice. O Papa Francisco é literalmente uma benção nesse mundo tão dividido, preconceituoso, racista e intolerante. Sua presença demonstra que sim, há uma luz no fim do túnel. Não percamos nossas esperanças jamais. Grande Papa Francisco...

Jornada Mundial da Juventude 2016  - Na última semana os católicos de todo o mundo tiveram suas atenções voltadas para a Jornada Mundial da Juventude na Polônia. O evento, que reuniu milhares de pessoas em um encontro com o Papa Francisco, foi amplamente coberto pela imprensa mundial. Além da visita ao campo de concentração em Auschwitz tivemos ainda vários momentos marcantes dessa verdadeira festa de paz e união entre os povos do mundo de fé católica.  Aqui vai um pequeno resumo dos principais acontecimentos.

No total o público estimado pelas autoridades polonesas presente no evento foi de dois milhões de peregrinos. Pessoas de toda a Europa, América, Ásia e África estiveram presentes. A JMJ foi criada pelo Papa João Paulo II para reunir jovens católicos de todo o mundo, numa verdadeira celebração de sua fé. A primeira JMJ foi realizada em Roma e desde então tem sido organizada em diversas partes do mundo. A última havia sido realizada no Rio de Janeiro com público estimado de mais de cinco milhões de católicos nas areias das praias cariocas.

Em seus pronunciamentos dois temas dominaram as falas do Papa Francisco: a violência crescente no Oriente Médio e o problema dos refugiados na Europa. Francisco deixou claro que apesar dos atos de violência extrema que estão sendo cometidos supostamente apoiados na fé islâmica, os cristãos não devem associar o islamismo com a violência e nem com o terrorismo. A morte de um padre na França reacendeu um velho sentimento de xenofobia em toda a Europa. Francisco afirmou que o caminho a seguir não é a do ódio e nem a de tratar os muçulmanos como inimigos da fé cristã.

O Papa relembrou a todos que pessoas violentas existem em todas as religiões e que nenhuma religião deve ser criminalizada ou estigmatizada por causa de atos violentos e bárbaros de supostos seguidores dela. Um fato interessante é que não se pode associar os atos dos membros do grupo terrorista "Estado Islâmico" com o próprio islamismo. Até porque na Síria e em outros países grupos islâmicos também lutam arduamente todos os dias contra os seguidores do ISIS.

O Papa Francisco também lembrou a todos que a mensagem do Cristo é a de que devemos ter misericórdia e amor para com o próximo. Assim o refugiado deve ser acolhido com o puro sentimento cristão. A imprensa europeia inclusive tem chamado bastante a atenção para as conversões em massa ao catolicismo que estão ocorrendo entre refugiados em todos os países do continente. A mensagem de Francisco tem tocado corações e mentes e depois da morte do padre e mártir Jacques Hamel na Normandia tem ocorrido um verdadeiro sentimento de conversão para a fé cristã, algo que não se via na Europa há muitos anos. Isso só vem a confirmar a antiga frase que afirmava que do sangue dos mártires nasce e cresce a fé em Deus em todos os povos da Terra.


Cardeal Burke e a ala conservadora da Igreja Católica - Há um duelo de opiniões atualmente dentro da Igreja Católica sobre os rumos que ela vem tomando na atualidade. Como todos sabemos o Papa Francisco tem se aliado a setores mais liberais do clero, dando uma visão mais condizente com os novos tempos em que o mundo passa. Embora não tenha divergido frontalmente com a doutrina, o Papa tem demonstrado uma certa maleabilidade sobre certos assuntos que tem incomodado a ala mais tradicional, o setor conservador do catolicismo.

Um dos representantes desse pensamento mais centrado numa interpretação mais focada na tradição é o cardeal americano Raymond Burke. Ele tem sido apontado como o representante da ala tradicionalista do clero católico. Recentemente Burke entrou em divergência pública contra o Papa Francisco no que diz respeito à questão dos divorciados. Eles podem ou não receber a comunhão?

A dúvida surgiu após a publicação de "A alegria do amor", escrito pelo Papa Francisco. Não é segredo para ninguém que o Papa tem uma posição bem mais flexível sobre o tema e expôs sua opinião no texto que escreveu. Isso gerou dúvidas dentro da Igreja e um grupo de cardeais, bispos e padres liderados por Burke escreveu uma carta denominada "Dubbia" (dúvidas) para o Papa em Roma. A intenção é realmente esclarecer dúvidas pois certas interpretações teológicas colocam em lados opostos a mensagem do Papa e a doutrina tradicional católica.

Para o cardeal as inúmeras interpretações possíveis acabou gerando algo muito nocivo dentro da Igreja Católica americana, pois cada Diocese acabou criando sua própria versão dos fatos, fazendo com que a incerteza se instalasse. Apenas a resposta do Papa poderia colocar um fim a esses questionamentos. Para muitos o Cardeal Burke estaria fazendo na realidade um pouco de política, se valorizando dentro dos setores conservadores. Teria ele alguma pretensão em ser o novo Papa, o primeiro Papa americano da história? Ou estaria realmente tentando apenas manter coesa a disciplina e a doutrina do catolicismo? São perguntas que ficam no ar.

O Papa Francisco e o Presidente Trump - Durante as últimas décadas o Vaticano e a Casa Branca tiveram uma ótima relação diplomática. Essa aproximação muito coesa vem desde os tempos do Presidente JFK, um católico, muito presente na história da Igreja Católica americana. Depois as relações só melhoraram com a visita do Papa Paulo VI aos Estados Unidos, a relação de confiança e amizade entre o Presidente Reagan e João Paulo II e por fim a visita de Bento XVI à Casa Branca no aniversário do Presidente George W. Bush,.

Com o Papa Francisco não foi diferente. Ele e o Presidente Obama foram muito próximos, verdadeiros amigos. A visita de Francisco aos Estados Unidos recentemente consolidou essa aproximação. Acontece que agora surge uma tensão no ar com a subida ao poder de Donald Trump. Esse novo presidente, que teve sua posse nesse fim de semana, tem uma agenda agressiva, principalmente no que diz respeito aos imigrantes ilegais nos Estados Unidos. Desde a campanha ele tem afirmado que vai construir um grande muro para impedir a entrada de mexicanos no país. E parece disposto a endurecer a política de imigração aos EUA.

Essa postura pouco flexível e maleável acendeu o sinal de alerta no Vaticano. O Papa Francisco inicialmente declarou que não se devia construir muros entre os povos, mas pontes e isso parece ter irritado Trump. Ele respondeu dizendo que o Papa deveria agradecer a ele caso o Estado Islâmico avançasse em direção a Roma. Nessa semana a tensão entre o Papa e Trump cresceu novamente. Francisco declarou que não se deve buscar por salvadores que defendam a construção de muros entre os povos! Um claro recado contra Trump.

Em entrevista ao jornal El Pais o Papa também deixou claro que ainda é cedo para avaliar o que poderá acontecer daqui para frente, mas que em todo o caso a Igreja Católica estará atenta aos acontecimentos. Se houver abusos o Vaticano estará pronto a denuncia-los. A Igreja será uma espécie de guia moral para a política americana daqui em diante, quer Trump queira isso ou não. Sobre o futuro incerto o Papa Francisco declarou: "O perigo em tempos de crise é buscar um salvador que nos defenda com muros! Não gosto de me antecipar aos acontecimentos. Veremos o ele que faz."

Depois concluiu: "Veremos o que acontece. Não vou ainda me assustar ou me alegrar com o que possa acontecer. Se agirmos assim podemos cair numa grande imprudência – não devemos ser profetas ou de calamidades ou de aclamações do novo presidente, de algo que ainda não aconteceu, não devemos ser nem uma coisa nem outra. Veremos o que ele faz e, a partir daí, avaliaremos. Sempre avaliando o caso concreto. Ficaremos atentos".

A Semana do Papa Francisco - Como sempre acontece todas as semanas o nosso querido Papa Francisco se tornou notícia em todo o mundo por algumas declarações e decisões importantes sobre a Igreja e os católicos. Lembrando que todos os católicos do mundo formam uma grande família unida por paz e misericórdia, o Papa declarou que "A Igreja é a família de Jesus".

Explicando ainda mais sua mensagem Francisco completou: “A Igreja é a família de Jesus, na qual se derrama o seu amor: é este amor que a Igreja guarda e quer dar a todos”. Lembrando ainda que em breve haverá o dia dos namorados o Papa Francisco fez uma analogia para os jovens entenderem o que quis dizer. Ela afirmou: “A vida cristã é a resposta a este amor, é como a história de dois enamorados: Deus e o homem encontram-se, procuram-se, descobrem-se, celebram-se e amam-se, precisamente como o amado e a amada no Cântico dos Cânticos. Tudo o resto é consequência desta relação”.

Outra decisão do Papa também foi muito comentado na semana. Através de sua iniciativa pessoal o código canônico - o conjunto de leis que regem a Igreja Católica em todo o mundo - foi modificado. Agora qualquer autoridade católica que vier a se omitir ou encobrir algum caso de pedofilia envolvendo membros da Igreja será devidamente punido com a expulsão. Essa obviamente não será sumária ou imediata, mas respeitará o amplo direito de defesa dos acusados. Uma vez porém que tal ato seja provado o condenado será desligado dos quadros da Igreja de Roma para todo o sempre. O Papa Francisco tomou essa decisão apoiado na ampla maioria dos fiéis católicos que exigem que todos os culpados sejam devidamente punidos e expulsos da Igreja de Cristo.

E por falar em punição o Papa Francisco resolveu excomungar um grupo intitulado Igreja Universal Cristã de Nova Jerusalém. Essa comunidade católica estava se desvirtuando completamente dos ensinamentos e da doutrina oficial da Igreja Católica. Com sede numa cidade italiana chamada Gallinaro, esses ex-católicos seguem os estranhos ensinamentos e visões de uma mulher de nome
Giuseppina Norcia que dizia ter tido visões do Menino Jesus. A suposta aparição foi investigada pelo Vaticano e depois de vários estudos foi considerada falsa e mais do que isso, herege. Segundo um comunicado da Igreja em Roma a tal denominação ensina doutrinas religiosas falsas e ensinamentos que não se baseiam nos textos bíblicos. 

Mensagem de Páscoa do Papa Francisco - Nesse domingo de Páscoa, 27 de março de 2016, o Papa Francisco falou para milhares de pessoas no Vaticano. Para Francisco a Páscoa é acima de tudo uma celebração da misericórdia de Deus. A Páscoa é em essência uma nova chamada para todo cristão se reconciliar com Deus, reencontrar o caminho de volta até a santidade divina. Francisco relembrou o significado da ressurreição de Jesus. Com a volta do mundo dos mortos Jesus Cristo deixou claro a existência de uma vida imortal, espiritual. Todos os verdadeiros cristãos são assim chamados para viver essa vida plena, repleta de amor ao próximo. Os marginalizados, os oprimidos, os rejeitados, os prisioneiros, os excluídos, os que são vítimas de opressão e violência, todos são chamados para compartilhar o intenso e imortal amor de Deus.

Com uma postura de reverência Francisco exortou todos os presentes a uma reflexão interna, bem pessoal e silenciosa sobre os rumos de sua própria vida. Depois incentivou a cada um dos presentes (e a todos os cristãos ao redor do mundo) a trilharem um caminho de volta ao amor de Deus e a de todos os nossos irmãos e irmãs. O Papa Francisco relembrou o grande poder de Deus sobre o pecado e a morte. Depois orou para que Deus olhasse para os lugares destruídos pelas guerras, pelo terrorismo e pela pobreza. Também chamou a atenção para a consciência ambiental que deve nortear os passos de todo bom cristão sobre a Terra. O Papa relembrou em especial o sofrimento pela qual passa o povo da Síria, país destruído por uma longa guerra civil que não parece ter uma solução a curto prazo.

O terror também foi lembrado em sua mensagem de Páscoa. Para o Papa Francisco o terrorismo é um mal que paira sobre a humanidade. Depois orou para que o poder de Cristo ajude a superar os corações embrutecidos, amargos e endurecidos que promovem tais atos de destruição. Que o amor de Jesus promova um encontro fecundo e fértil entre as nações e culturas de todos os povos. Além da Síria o Papa lembrou dos atos de extrema violência que se alastram em países como Iraque, Iêmen, Líbia, Ucrânia, Israel e vários países africanos. Depois exaltou dizendo: "Que o Senhor da vida abençoe os esforços internacionais para alcançar a paz nessas nações".

O Papa Francisco também não deixou de lembrar a triste situação dos refugiados na Europa. Fugindo das guerras, da pobreza e da violência de seus países, eles tentam começar uma nova vida em solo europeu. Fez uma bela analogia entre a triste realidade dos refugiados e o próprio Cristo, em sofrimento na cruz.  "Eu vejo a cruz de Cristo nos olhos das crianças refugiadas. Nos rostos de homens, mulheres e idosos que fogem da morte, mas que não conseguem encontrar solidariedade nas terras novas onde chegam. Eles só encontram indiferença e omissão, onde muitos seguidores de Pilatos apenas lavam as mãos com tudo o que está acontecendo com eles" - concluiu.

E o Papa Francisco finalizou dizendo: "Cristo deseja que sigamos ao seu lado. Ele vem até nós e estende sua mão em nossa direção. Ele traz esperança e vida. A falta de esperança nos aprisiona em nós mesmos. Que o poder de Deus nos livre dessa armadilha que nos tornam cristãos sem esperança. Sem esperança Jesus não teria ressuscitado dos mortos.  Hoje é a celebração da nossa esperança, a celebração desta verdade: nada nem ninguém jamais será capaz de nos separar do seu amor, do amor de Deus. O Senhor está vivo e quer ser procurado entre os vivos". Depois concluiu sua mensagem dizendo: "Depois de ter encontrado a Deus, cada pessoa é enviado por Ele para anunciar a mensagem de Páscoa, para despertar e ressuscitar a esperança nos corações castigados pela tristeza, naqueles que lutam para encontrar sentido na vida. Isto é tão necessário nos dias hoje como foi no passado."

Papa Francisco e a Ecologia - O Papa Francisco já é reconhecido como um dos líderes católicos mais preocupados e centrados em torno da ecologia na história. Aproveitando a Páscoa que está chegando o Vaticano anunciou uma série de iniciativas em prol da preservação da natureza. E isso até mesmo dentro dos menores detalhes, entre eles a preocupação com a ecologia dentro dos próprios muros do Vaticano. A partir de agora todas as plantas e flores usadas em decorações de missas e cerimônias serão reutilizadas e virão de reservas ecologicamente equilibradas, onde a preservação ambiental será o ponto central.

Tulipas, flores e arbustos que vieram da Holanda serão replantados em propriedades da Igreja por toda a Europa. A Igreja Católica assim começará um grande plano de valorização da natureza em seus domínios. Essas sementes serão também plantadas nas várias universidades católicas ao redor do mundo. Tudo para que venham a florescer nos anos que virão mostrando a preocupação da Igreja no que toca em preservar o meio ambiente para as futuras gerações. Assim a Igreja Católica pretende plantar literalmente um grande jardim verde por todo o planeta, dando exemplo e também servindo de iniciativa educacional para jovens e crianças que estudam em instituições de ensino que pertencem à Igreja.

Haverá também a implantação de uma ilha ecológica que vai funcionar como centro de reciclagem, com eliminação seletiva de resíduos e detritos. E finalizando essa iniciativa educacional em relação ao meio ambiente a iluminação da cúpula da basílica de São Pedro será desligada por uma hora no dia 19 de março como forma de divulgação da Igreja em relação ao modo equilibrado e saudável de se lidar com o meio ambiente e suas fontes de energia. Esse ato vem de encontro ao apoio que a Igreja dará ao movimento World Wildlife International Fund que promoverá ao redor do mundo o desligamento de luzes como forma de poupar a natureza da incansável necessidade de consumo de energias por parte da humanidade.

Papa Francisco e Madre Teresa de Calcutá - No próximo dia 15 de março o Papa Francisco irá assinar o decreto de divulgação da canonização da religiosa Madre Teresa de Calcutá falecida em 5 de setembro de 1997. Ela foi uma das figuras mais influentes e admiradas do século XX após dedicar toda a sua vida aos pobres e desassistidos. Dona de uma fibra moral e uma coragem digna de admiração, Madre Teresa levantou uma obra social poucas vezes vista na história, inaugurando hospitais e instituições que visavam ajudar principalmente aos mais pobres, doentes e desamparados.

O Papa Francisco assim torna oficial o reconhecimento de gratidão e santidade dessa preciosa missionária e freira católica. Anjezë Gonxhe Bojaxhiu não era indiana de nascimento, mas sim natural da Macedônia. Após ir para Índia, um dos países com mais problemas sociais do mundo, começou a dedicar sua missão justamente para os mais miseráveis. Fundou a congregação "Missionárias da Caridade" e começou um projeto social que encantou todo o mundo.

Seu trabalho de ajuda ao próximo lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz, um reconhecimento maravilhoso para uma religiosa como ela. Em 2003 Madre Teresa foi beatificada. Agora começa os preparativos para sua canonização, onde será considerada oficialmente santa pela Igreja Católica. Um reconhecimento mais do que justo para aquela que em vida já era considerada assim, sendo chamada pelos indianos de "A Santa das Sarjetas", pois era justamente nesses lugares mais pobres e sem esperança que ela promovia sua obra de caridade e ajuda.

Madre Teresa será canonizada após a confirmação de dois milagres sendo que um deles envolveu um brasileiro que havia sido desenganado pelos médicos após ser diagnosticado com uma implacável doença degenerativa cerebral. Sua esposa, muito devota, então rezou em busca de um milagre invocando o poder de intercessão de Madre Teresa junto a Deus. Em poucos dias a doença recuou e o paciente ficou milagrosamente curado, uma cura que a ciência aliás não tem qualquer explicação. Além de Madre Teresa o decreto Papal celebrará futuras canonizações, entre elas a do argentino Giuseppe Gabriele del Rosario Brochero, que se tornará assim o primeiro santo da terra natal do Papa Francisco.

Papa Francisco: A chegada de Imigrantes pode renovar a Europa! - A recente onda de imigrantes que chega na Europa fugindo da guerra e destruição de países como Iraque e Síria tem sido motivo de preocupação para os líderes europeus, mas o Papa Francisco recentemente trouxe um ponto de vista otimista para dentro da discussão. Para o Papa a Europa sempre foi uma região do mundo de chegada para milhões de seres humanos ao longo da história. Essa diversidade de culturas diversas, vindas de todas as partes do globo é de certa maneira o grande segredo da imensa riqueza cultural do continente desde os seus primórdios. Afinal até mesmo a religião cristã não nasceu na Europa, mas sim numa região distante do Oriente Médio onde viveu Jesus Cristo e seus apóstolos.

Para Francisco essa forma de ver os imigrantes como ameaça é um erro histórico que precisa ser consertado na mentalidade dos europeus. Falando para o L’Osservatore Romano o Papa declarou: "Os refugiados árabes formam uma verdadeira invasão árabe no continente europeu" - depois deixou claro que isso não era necessariamente um mal ou algo negativo. Francisco continuou sua observação explicando: "A Europa sempre soube evoluir e fortalecer-se com a troca de culturas de povos de todo o planeta, a ponto de se ter tornado o único continente capaz de oferecer uma certa unidade ao mundo".

Depois disse: "Para a Europa rejuvenescer, deve redescobrir as suas raízes culturais: é ao esquecer a sua própria História que a Europa se enfraquece, e arrisca tornar-se um lugar vazio! Quantas invasões a Europa experimentou ao longo da sua História? Esse continente foi sempre capaz de lidar com elas, avançando e ficando em melhor posição por causa das trocas de culturas!" O ponto de vista do Papa Francisco vem reforçar uma política da Igreja Católica em acolher todos os refugiados árabes que chegam em massa na Europa, muitas vezes sem qualquer ajuda, contando apenas com a esperança de recomeçar em um mundo melhor.

Para o Papa Francisco é preciso combater a xenofobia contra o estrangeiro para evitar violências e atrocidades étnicas que aconteceram no passado, sempre com a sombra do holocausto pairando no ar. Em sua reflexão o Papa também combateu os políticos que fazem disso uma bandeira política, levantando um escudo de preconceito para vencer eleições. Para o Papa a Europa a os europeus não podem se tornar "reféns de uma colonização ideológica que transforma a política em veneno”. Todo refugiado deve ser tratado com respeito e tolerância que cabe a cada ser humano sobre a face da Terra.

Basilique Cathédrale de Saint-Denis - Um das obras de arte da Igreja Católica. A Basilique Cathédrale de Saint-Denis foi construída a partir do ano de 1135. É um das maravilhas arquitetônicas e históricas da França. Tombada pelo patrimônio histórico mundial da ONU, a construção também guarda em seus recintos todos os corpos dos reis franceses ao longo de sua história. Entre as maravilhas temos diversas estátuas, como a da Rainha Maria Antonieta e seu marido Luís XVI, que foram decapitados pela Revolução Francesa. Um lugar extremamente belo que une história, arquitetura e religiosidade como poucos recantos na face da Terra. Se for à França não deixe de conhecer em hipótese alguma.

Pablo Aluísio. 

A Corrupção Religiosa no Brasil

Infelizmente a corrupção brasileira não se limita na chamada corrupção política ou administrativa que e aquela se alastra dentro da máquina estatal. Há uma outra corrupção bem conhecida em nosso país: a corrupção religiosa. Nos livros de história lemos sobre formas de corrupção religiosa que atingiu a religião na Europa, por exemplo. Venda de indulgências, morte na fogueira, compra de salvações da alma e coisas correlatas. Tudo isso aconteceu, mas nada se compara com a corrupção que existe atualmente no meio religioso do Brasil.

Esse tipo de corrupção está disseminada. Ela se materializa em práticas e barganhas odiosas em que se usa o nome de Jesus para se ganhar muito dinheiro. A parcela mais pobre e menos escolarizada logo cai nas garras desses corruptores religiosos. O que sai disso é um país moralmente muito doente, onde os valores foram pisoteados sem a menor cerimônia.

Além das práticas desonrosas e condenáveis, surgiu também uma aliança entre políticos corruptos e líderes religiosos ainda mais corrompidos. É uma união de corrupções. Desde que o Estado se sesparou da religião já se sabe o que esse tipo de união costuma produzir. Intolerância religiosa, captura dos meios estatais em prol de interesses particulares e escusos. Quando se junta na mesma esfera corrupção religiosa e política o que se ganha com isso é a duplicação da conduta corruptiva. Uma lástima. E o Brasil? Afunda cada vez mais na lama.

Pablo Aluísio.

Kardec e a cultura pop

Costumo dizer que o espiritismo é uma cultura pop que fugiu do controle. Eu me explico. Desde o primeiro momento em que tomei conhecimento da doutrina espírita (vinda através de um amigo de meu pai), pude perceber que o espiritismo era um caldeirão, um mosaico onde Kardec misturou aspectos de religiões orientais antigas (como o budismo e o hinduísmo), com a cultura pop das histórias de fantasmas da Europa ocidental. Essa cultura popular de fantasmas em castelos mal assombrados faz parte da cultura europeia desde o período medieval. Aos poucos essas estórias de almas penadas e derivados foram absorvidas pelos grandes escritores de terror que iam surgindo como Edgar Allan Poe, Abraham "Bram" Stoker e tantos outros. Só que esses autores sabiamente nunca cruzaram a linha da cultura pop. Kardec sim. Ele foi além disso.

O que fez esse francês, membro da maçonaria que estava em guerra com a Igreja Católica, foi tentar trazer uma racionalidade, uma explicação doutrinária e religiosa (embora os espíritas neguem o conceito de religião) para o mundo espiritual, o mundo dos fantasmas. Usando aspectos de outras religiões milenares como a própria reencarnação (forte nos ensinamentos de Buda e de religiões indianas), trazendo tudo isso para o atraente mundo dos contos de fantasmas, ele juntou tudo e pronto - nasceu a doutrina do espiritismo tal como a conhecemos. Junte-se a isso o lado místico do povo brasileiro e você entenderá porque essa crença cresceu tanto em nosso país. Na França e em outros países europeus os livros de Kardec estão praticamente esquecidos e quando são lembrados o são apenas como uma curiosidade literária de um tempo em que tentou-se unir o pensamento do cientificismo, tão disseminado naquele período histórico, com a religião, conseguindo de quebra com isso desvalorizar a tradicional doutrina católica, que no fundo era o principal objetivo de muitos maçons franceses naqueles tempos.

Um dos problemas básicos do espiritismo na Europa e de seu quase desaparecimento nos anos seguintes foi que muitas das supostas histórias de fantasmas que lhe davam base teórica se revelaram como meras fraudes, como o caso da irmãs Fox que depois de toda a repercussão abriram o jogo, dizendo que tudo havia sido uma farsa. Outro que ajudou a destruir o espiritismo na Europa e Estados Unidos foi o famoso mágico Harry Houdini. Intrigado e desafiado ao ver as sessões de espiritismo se espalharem, com manifestações de pessoas mortas dando batidas em mesas, portas e fazendo pratos voarem, ele passou a se dedicar a revelar os truques que aconteciam nessas sessões espíritas, desmascarando assim milhares de charlatões. Com seu trabalho de desmascarar essa horda de médiuns e clarividentes fajutos, picaretas, as doutrinas nascidas com Kardec foram perdendo a credibilidade perante os povos europeus.

Hoje o espiritismo sobrevive basicamente no Brasil. Na Europa o próprio Kardec é uma figura bem desconhecida. Curioso o caso de duas irmãs brasileiras que foram até a França para visitar o túmulo do escritor e descobriram, abismadas, que nem os funcionários do cemitério onde ele estava enterrado sabiam quem ele havia sido em vida. Um desconhecido para os franceses em geral. Há uma pseudo ciência envolvida em seus escritos que pioraram ainda mais a situação sobre a credibilidade de seus livros, já que os avanços da ciência colocaram a nu todas as supostas verdades reveladas pelos tais espíritos, pelos que vivem no mundo além túmulo. Finalizando deixo claro que minha intenção com esse texto não é atingir qualquer pessoa que venha a acreditar no mundo espiritual supostamente revelado por Kardec, mas sim de deixar minha opinião, afinal vivemos em um país livre. Acredito pessoalmente que o espiritismo é mesmo uma parte da cultura pop literária que simplesmente fugiu do controle, tal como se uma religião fosse fundada baseada nos contos do grande Edgar Allan Poe, que aliás como escritor dava de dez a zero no esquecido Kardec.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 4 de março de 2011

O Ateísmo e o Protestantismo

Ao se debruçar em relação à pesquisas sobre religião no continente europeu descobrimos algumas coisas interessantes, principalmente sob um ponto de vista histórico. Os países europeus com o maior número de ateus atualmente são exatamente aqueles em que o protestantismo dominou nos últimos séculos. Em alguns deles o catolicismo foi banido das igrejas. Historicamente também percebemos que os países europeus mais religiosos atualmente são justamente aqueles em que o catolicismo sempre predominou. Isso cria uma relação inegável entre as doutrinas inauguradas por Lutero e o puro e simples ateísmo, onde grande parcela da população não acredita mais em Deus.

Os países europeus mais ateus na atualidade são Suécia (onde 85% do povo se declara ateu), Dinamarca (com 80% de pessoas que não acreditam em Deus) e Noruega (onde 72% não acreditam mais em nenhum tipo de divindade). O que aconteceu no passado nesses países do norte da Europa? Ora, reis e rainhas se declararam protestantes e expulsaram os católicos ou os perseguiram implacavelmente. Sem a fé católica tudo foi uma questão de tempo. O ateísmo se instalou e os protestantes que sobraram se tornaram uma pequena minoria entre o povo, encarado muitas vezes como fanáticos intolerantes (características aliás que sempre são associados aos protestantes em várias partes do mundo).

Do outro lado da balança temos os países mais religiosos da Europa. Quais são eles? Portugal, Espanha e Itália. Países tradicionalmente católicos, onde a Igreja Católica sempre se fez muito presente ao longo da história. Em Portugal tivemos as aparições de Nossa Senhora. Na Espanha a Igreja Católica sempre foi muito presente e na Itália temos a sede da Igreja, no Vaticano, em Roma. Um dado importante sobre isso: 98% dos italianos se declaram católicos! A França também foi uma nação católica por séculos, com a monarquia muito próxima aos assuntos papais, porém a Revolução Francesa parece ter quebrado em parte a fé dos franceses. Em consequência disso é dos países católicos tradicionais o que atualmente tem a menor percentagem de pessoas com crença em Deus, mas se comparada com as nações historicamente protestantes do norte europeu ainda exibe números até robustos.

Isso levou um dos pesquisadores a dizer a seguinte frase: "O Protestantismo parece ser a antessala do ateísmo!" Números não mentem. Nações europeias que abraçaram o protestantismo depois da reforma acabaram liquidando no seio de seu povo com a fé em Deus. Parece algo que não germina, que não dá frutos. No Brasil temos também uma relação curiosa. Conforme aumenta o número de evangélicos, aumenta também o número de ateus, principalmente entre os mais jovens. Os absurdos que ocorrem em certas denominações protestantes acabam chocando esses jovens e muitos deles acabam criando uma aversão ao evangelho, à palavra de Deus. Muitos encaram tudo como simples charlatanismo para se ganhar dinheiro com a fé alheia! Quem pode censurá-los? Assim encerro a postagem com os números postos sobre a mesa. Agora cada um que tire suas próprias conclusões.

Pablo Aluísio.

A Biblioteca do Vaticano

A Biblioteca do Vaticano - Desde a fundação da Igreja Católica, ainda nos tempos em que os apóstolos viviam, há uma grande ligação entre o cristianismo e os escritos, os livros. Basta lembrar da própria Bíblia, que na verdade não é um livro apenas, mas uma coleção de livros composta e selecionada pelos doutores da Igreja. O termo "Bíblia" aliás significa justamente isso, conjunto de livros. Pois bem, desde as mais remotas eras foi necessário para a igreja católica ter o seu próprio acervo de livros, escrituras, teses teológicas, etc. Assim lá pelo século II da era cristão foi fundada no Vaticano a primeira biblioteca centralizada do catolicismo. Perceba que cada parte do mundo cristão tinha sua própria biblioteca. Cada segmento, cada igrejinha perdida no fim do imenso mundo conhecido, já mantinha registros de suas atividades, livros publicados, estudos, etc. A grande biblioteca de Roma foi assim criada para receber livros de todas as partes do mundo.

Era um objetivo centralizar todo o pensamento e conhecimento dos teólogos cristãos. Afinal o cristianismo sempre foi muito rico na produção de obras literárias. Não havia apenas a Bíblia, mas também estudos de natureza teológica, livros escritos por Papas, cardeais, bispos e padres, além de indexação de livros sobre os mais diversos assuntos. Tudo acabava indo para Roma. Muitos inclusive dizem que a frase "Todos os caminhos levam a Roma" foi justamente cunhada para designar as ordens dos Papas de reunir em um só lugar praticamente todo o conhecimento humano da época. E assim a biblioteca foi se tornando o grande manancial de conhecimento literário do mundo antigo. Um lugar imenso, complexo, com livros escritos em praticamente todas as línguas conhecidas. Depois quando a Igreja Católica sentiu necessidade de documentar todos os seus atos administrativos e processuais (com o surgimento do direito e processo canônico), sentiu-se ainda mais a perene necessidade de criar uma grande biblioteca, que de certa maneira rivalizasse com a famosa biblioteca de Alexandria, que infelizmente foi destruída nos tempos antigos.

A histórica e lendária biblioteca do Vaticano porém venceu o teste do tempo, mesmo com tantos ataques, como os que foram promovidos por Napoleão e seu exército. Hoje em dia há uma ala da biblioteca que é de livre acesso ao público, a pesquisadores, historiadores e turistas. Porém grande parte da biblioteca do Vaticano mantém acesso restrito, onde apenas autoridades do clero podem adentrar. Esse segredo acabou dando origens a muitas teorias da conspiração, algumas bem imaginativas. Porém a Igreja Católica apenas reserva-se ao direito de manter sigilo sobre certos livros e documentos, principalmente os relativos a Papas. Apenas após décadas é que são abertos os documentos de papas que marcaram a história da humanidade. Algo que sempre desperta muita curiosidade e interesse por parte de pesquisadores em geral.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 3 de março de 2011

A Descida de Jesus ao Inferno

Uma das partes mais misteriosas e intrigantes das escrituras é aquela que narra uma suposta descida de Jesus Cristo ao inferno. O Apóstolo Pedro escreveu que Jesus teria ido pregar aos espíritos em prisão, os mesmos que teriam sido desobedientes a Deus nos tempos de Noé! Depois ele afirma que Jesus teria pregado a essas almas atormentadas. Outro trecho afirma que Jesus teria levado o evangelho para aqueles espíritos, os levando consigo depois ao céu. A expressão "Levou cativo o cativeiro, para o alto" seria o indicativo da salvação dessas almas. Esses trechos da Bíblia até hoje causam controvérsia. Teria realmente Jesus descido aos infernos para pregar aos espíritos que lá estavam em prisão? E teria Ele trazido a sua misericórdia para todas aquelas almas que sofriam nos porões infernais desde os tempos de Noé?

Cada segmento religioso traz sua própria interpretação. No setor evangélico existem pastores que afirmam que Jesus nunca desceu aos infernos, nunca pregou a almas condenadas que lá sofriam. Tudo seria uma questão de uma equivocada forma de analisar a questão. No Cristianismo primitivo, na época em que circulavam vários evangelhos que seriam depois classificados como apócrifos, a descida de Jesus ao inferno, logo após sua crucificação e antes de sua ressurreição, era visto como algo direto. Sim, ele teria mesmo visitado as fossas infernais do Hades (o termo que em grego significava justamente o lugar para onde as almas eram enviadas para o eterno sofrimento).

Para a doutrina católica temos a seguinte interpretação: Ao morrer na cruz Jesus teria descido à "mansão dos mortos" e vencido o diabo, pois Ele teria superado àquele que teria o poder da morte. Ao ressuscitar Jesus Cristo teria superado isso, mostrando toda a sua gloria. O termo "mansão dos mortos" seria mais amplo do que inferno, pois para essa mansão seriam enviados os justos e os pecadores. Uma vez lá Jesus teria levado consigo todos as almas dos justos, dos santos, dos que morreram antes de sua chegada ao mundo.

Dessa maneira Jesus não teria salvo os que foram pecadores, que pecaram contra Deus e o espírito santo, os condenados, enfim. Longe disso Jesus teria resgatado da mansão dos mortos os justos, os honestos e os fiéis a Deus. Essa visão seria inclusive a origem do purgatório, segundo alguns teólogos e historiadores, pois haveria um lugar intermediário entre o nosso mundo e o inferno. Para o purgatório seriam enviadas as almas que ainda não tinham condições de subir ao céu, mas que ao mesmo tempo também não deveriam ser enviadas ao inferno, para a condenação eterna. O purgatório seria dessa maneira um lugar intermediário, de purificação da alma, para que depois uma vez superados os pecados cometidos em vida, poderia enfim ganhar a glória de Deus no céu.

Pablo Aluísio.

Papa Gregório XIV

O conturbado século XVI ia chegando ao fim quando o cardeal Niccolò Sfondrati foi eleito o novo Papa. Ele adotou o nome papal Gregório XIV e se viu diante de mais crises políticas envolvendo a Igreja Católica. Havia uma enormidade de reis, rainhas, nobres, todos lutando entre si pelo poder e todos igualmente pedindo o apoio da Igreja para consolidar seus interesses pessoais. Só que conforme logo saberiam tinham batido na porta errada.

Niccolò Sfondrat passou para a história como um dos papas mais humildes que já tinham reinado no trono de São Pedro. Ele definitivamente não estava interessado nos jogos políticos da nobreza europeia e nem na guerra interna entre eles para assumir o poder supremo em suas nações, feudos e reinos. O novo Papa queria saber mesmo dos assuntos da fé e não da politicagem que teimava em chamar sua atenção.

Criado de forma humilde na cidade de Cremona, na Itália, o Papa teve uma infância feliz, passada ao lado de pessoas bem humildes da região. Ele nunca esqueceu de onde veio e procurou levar essa humildade para Roma, lugar aliás de que ele não gostava muito. Mesmo quando ele foi eleito cardeal pouco ia para a sede da igreja, não se envolvendo nas intrigas palacianas próprias da época. Muitos historiadores acreditam que essa forma de ser e agir foi a chave para sua eleição, pois ele nunca se envolveu em brigas entre grupos rivais dentro da igreja. Assim quando surgiu a nova eleição todos preferiram apoiar um homem que representava o equilíbrio, a sensatez ou como foi dito na época "uma terceira via".

Sobre esse Papa um cronista da época escreveu: "Nasceu na região de Somma Lombarda. Seus pais e antepassados sempre viveram em Cremona, embora alguns parentes fossem de Milão. Ele morou em Cremona por muitos anos, sendo um amigo próximo da família de Carlo Borromeo. Não se sabe ao certo quando decidiu se tornar padre e entrar para a vida eclesiástica. Suas motivações ainda hoje são desconhecidas. O certo é que em fevereiro de 1560 decidiu estudar para fazer parte do clero católico. Sua atuação como padre foi considerada maravilhosa pelas pessoas de sua paróquia, principalmente pelos atos de caridade que praticava com os mais pobres e miseráveis. Logo se tornou bispo de Cremona. Depois Roma soube de seus feitos e o fez Cardeal. Para Nicolo o que importava era fazer diferença em sua paróquia, por isso pouco ia a Roma, a não ser quando era preciso e necessário, para votar nos conclaves ou então para cumprir suas obrigações congregacionais. Quando se tornou papa resolveu homenagear o velho papa Gregório XIII, cuja história admirava.". O Papa Gregórius XIV morreu em 15 de outubro de 1591, tendo ficado pouco tempo como pontífice, apenas dez meses no mais alto cargo da igreja católica.

Pablo Aluísio.