sábado, 14 de janeiro de 2023

Chamas da Vingança

Esse é o segundo filme baseado nesse livro de Stephen King. A primeira adaptação cinematográfica foi produzida nos anos 80, mais precisamente em 1984. Em termos de comparação, o primeiro filme realmente segue sendo o melhor e por uma razão muito simples. Tinha um elenco realmente muito bom. Só para se ter uma ideia, o ator George C. Scott estava no filme e a garotinha era interpretada por Drew Barrymore. Isso sem falar também no fato de que Martin Sheen também fazia parte do elenco. Isso não quer dizer entretanto que esse segundo filme não tenha lá seus méritos. Ele foi muito criticado por parte da crítica americana. Eu vou ser um pouco mais sensato por aqui. 

Embora o filme tenha seus problemas e isso é inegável, eu diria que até que gostei dessa segunda adaptação. Claro que eu tenho uma queda por filmes baseados em Stephen King, mas isso por si só, não justifica tudo. Eu teria sim algumas ressalvas em relação ao roteiro, que parece bem menos desenvolvido do que o primeiro filme. Além disso, alguns problemas técnicos em termos de efeitos especiais me incomodaram. Recriar o fogo, através de tecnologia digital, é um problema até mesmo nos dias atuais. Quase nunca soa realista para o espectador. Então esse é um problema que surge quando a garotinha ataca seus inimigos. Fica aquela sensação de que você está assistindo a algo que não está acontecendo, que não é real. De qualquer forma o filme pode servir como um cartão de visitas ou um convite para quem gostou da história. Tem o livro e o primeiro filme para conhecer melhor. E isso não deixa de ser algo interessante.

Chamas da Vingança (Firestarter, Estados Unidos, 2022) Direção: Keith Thomas / Roteiro: Scott Teems / Elenco: Zac Efron, Ryan Kiera Armstrong, John Beasley, Sydney Lemmon / Sinopse: Charlie é uma garotinha incomum e especial. Ela consegue colocar fogo em pessoas e coisas apenas com a força de sua mente. E precisará fugir de pessoas que querem colocar as mãos nesse seu poder. Ao lado do pai, foge pelas estradas americanas.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Arquivos de Graceland - Parte 11

Lisa Marie Presley, filha de Elvis Presley, morre nos Estados Unidos - A cantora Lisa Marie Presley morreu nos Estados Unidos. A notícia de sua morte foi divulgada na manhã desta sexta-feira. Os principais órgãos de imprensa dos Estados Unidos já tinham divulgado que ela havia sofrido uma parada cardíaca ontem. Levada ao hospital com vida, foi colocada em coma induzido pela equipe médica. Seu estado era grave, mas estável, segundo alguns boletins do hospital onde ela se encontrava. Porém, seu coração não resistiu aos danos e ela faleceu, após algumas horas na UTI. 

A mãe Priscilla Presley divulgou uma nota em que diz: “É com coração pesado que eu devo compartilhar essa notícia devastadora que minha linda filha Lisa Marie nos deixou. Ela foi a mulher mais apaixonada, forte e amável que eu já conheci. Pedimos privacidade enquanto tentamos lidar com essa perda profunda. Obrigado pelo amor e pelas orações”

Lisa Marie Presley foi uma celebridade desde o primeiro momento de sua vida. Foi a única filha do casal Elvis Presley e Priscilla. Depois que os pais se separaram, ela foi morar em Los Angeles, onde alegou ter sido abusada sexualmente por um dos amantes da mãe, com quem tinha um relacionamento complicado. Há alguns anos tentou uma carreira musical. Lançou 3 álbuns. O primeiro deles chegou entre os 5 mais vendidos na época de seu lançamento. A sombra do pai muito famoso, porém, atrapalhou seus planos. A comparação muitas vezes injusta com a carreira do pai lançou uma sombra impossível de superar em sua própria carreira musical.

Com vida pessoal conturbada, casou-se 4 vezes. Foi casada com o cantor Michael Jackson por dois anos. Com o ator Nicolas Cage o casamento foi ainda mais curto, durando menos de 3 meses. Seu último casamento foi com o músico Michael Lockwood. Seus últimos anos de vida não foram felizes. A morte de seu filho Benjamin Storm Keough a devastou completamente. O jovem Ben Presley se matou com um tiro durante a pandemia.  Problemas com vício em drogas também foram noticiados. Lisa Mary Presley tinha 54 anos de idade e deixa 3 filhas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

O Troll da Montanha

Durante muitos anos, o cinema nórdico europeu foi considerado intelectual e cult, que só fazia filmes para um seleto grupo de pessoas de um nível cultural mais elevado. O cinema americano era visto como um cinema comercial, pop por excelência. Claro, são generalizações, mas de certo modo, assim eram vistos as nacionalidades cinematográficas no mundo até bem pouco tempo atrás. Hoje em dia, essa divisão está cada vez mais precária. O cinema europeu já produz filmes que são feitos para puro entretenimento. Exatamente o caso que temos aqui, um filme acima de tudo bem pop. A história é contada sob o ponto de vista de uma pesquisadora que testemunha eventos extraordinários. No passado, ela foi colocada em contato com a lenda do Troll. Puro folclore norueguês. Só que esses monstros lendários se transformam em realidade quando uma empresa de construção de estradas abre uma grande fenda dentro de uma Montanha. 

Isso acaba despertando um Troll gigantesco que começa a marchar em direção à Oslo, a capital da Noruega. E como se pode enfrentar um monstro como esse, que é feito da mesma matéria-prima que uma montanha? Antigamente praticamente não havia muitos filmes sobre esse tipo de criatura mitológica, o Troll. Era raro, mas agora virou modinha. Nos últimos tempos, esse deve ser o terceiro ou quarto filme de Troll que eu vejo. Pelo visto, os mostrengos estão em alta. De qualquer maneira, como se pode perceber, temos aqui um filme pipoca! Não espere grandes divagações ou nada do tipo. "O Troll da Montanha" acaba se revelando mesmo apenas um bom entretenimento de pura diversão. 

O Troll da Montanha (Troll, Noruega, 2022) Direção: Roar Uthaug / Roteiro: Roar Uthaug / Elenco: Ine Marie Wilmann, Kim Falck, Mads Sjøgård Pettersen / Sinopse: As obras de construção de uma estrada no meio de uma Montanha na Noruega desperta o sono milenar de um gigantesco monstro, um Troll, que começa a caminhar para destruir a capital norueguesa de Oslo.

Pablo Aluísio.

Nosso Planeta

Nosso Planeta
Série documental que está disponível na Netflix. Em 8 episódios, vemos aspectos diversos da natureza do planeta Terra em vastas regiões ao longo do Globo terrestre. Tudo filmado com extremo bom gosto e excelente qualidade técnica. Abaixo, deixo meus comentários sobre cada um dos episódios que assisti.

Nosso Planeta 1.01 - One Planet
Esse primeiro episódio é um cartão de visitas do programa. Lindas imagens captadas ao redor do planeta Terra, o único, até onde se saiba, que mantém vida em nosso Universo. Aqui somos apresentados para diversas regiões do mundo, onde vivem animais fantásticos. Desde as regiões do deserto, passando pela África e suas vastas planícies. Onde vivem animais que precisam sobreviver em situações extremas. Essa série de documentários da natureza é realmente essencial para quem gosta desse tipo de programa. Um primor de técnica, imagens bonitas da natureza, e fotografia de primeira linha. E como tempero final, sempre temos uma reflexão sobre os caminhos errados que o ser humano tem tomado em nosso planeta. A ecologia é um fator de extrema importância para o mundo em que vivemos. / Nosso Planeta 1.01 - One Planet (Estados Unidos, 2019) Direção: Adam Chapman.

Nosso Planeta 1.02 - Frozen Worlds
Nesse episódio, somos levados a conhecer os mundos gelados do planeta Terra. E quais seriam esses lugares? Estamos falando da Antartida e do Artico. Toda a fauna desses regiões é apresentada e debatida no episódio. Então temos orcas, as baleias assassinas, baleias jubartes, focas, leões marinhos, morsas e principalmente, os tão conhecidos Pinguins. Todos vivendo em regiões onde a natureza anda sofrendo bastante por causa do aquecimento global. Essa série documental realmente tem belíssimas imagens, de encher os olhos. Tudo é extremamente bem fotografado e caprichado. E os roteiros sempre apresentam um aviso sobre os rumos que o nosso planeta está tomando. A mensagem ecológica sempre está presente. / Nosso Planeta 1.02 - Frozen Worlds(Estados Unidos, 2019) Direção: Sophie Lanfear. 

Nosso Planeta 1.03 - Selvas
Esse terceiro episódio enfoca a grandiosidade das florestas tropicais pelo mundo afora. Começa mostrando a maravilhosa Floresta do Congo, onde vive um dos animais mais fantásticos do planeta Terra. Estou me referindo aos gorilas. Depois o episódio mostra florestas tropicais riquíssimas em espécies de animais e plantas. Bornéu e Guiné são enfocados de maneira pormenorizada. Por fim, mostra a mais exuberante Floresta tropical do mundo. É claro que estou me referindo a nossa Floresta amazônica. Surgem animais como a onça-pintada. Animais que só existem na Amazônia. Uma aula de belas imagens mostrando a grandeza da natureza que deve ser preservada sempre. Um detalhe importante sobre essa série é que ela é produzida em parte com doações da entidade ecológica WWF, conhecida mundialmente. O recado está mais do que dado, o ser humano precisa preservar o nosso planeta. / Nosso Planeta 1.03 - Jungles (Estados Unidos, 2019) Direção: Huw Cordey.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Elvis Presley - Jailhouse Rock - Parte 4

Raramente Elvis Presley gravava duas vezes uma mesma música em estúdio. Isso aconteceu poucas vezes em sua longa discografia. Posso me lembrar imediatamente de "Blue Suede Shoes", que foi gravada em 1956 para seu primeiro álbum na RCA Victor e em 1960 numa versão mais acústica para o filme "G.I.Blues". Outro caso que me vem na mente agora foi a da canção "Love Letters", gravada inicialmente na segunda metade da década de 1960 e depois regravada na década seguinte, dando origem inclusive ao título de um de seus álbuns oficiais. "You Don't Know Me" também ganhou duas versões de estúdio. Uma para o filme "Clambake" e outra para ser lançada em single. Nesse caso Elvis justificou dizendo que gostava bastante da música e que não havia ficado satisfeito com sua versão para o filme de Hollywood.

Então chegamos no estranho caso de "Don't Leave Me Now". Essa canção surgiu pela segunda vez na discografia de Elvis no EP que trazia as músicas do filme "Jailhouse Rock". Os fãs da época estranharam já que essa mesma balada também havia sido lançada no álbum "Loving You", nesse mesmo ano. O que aconteceu? Composta pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman, essa música ganhou duas versões de estúdio em um curto período de tempo. Falha da RCA Victor, esquecimento por parte de Elvis ou uma escolha do próprio cantor que preferiu melhorar a música? As cartas ficam na mesa, sem uma resposta definitiva.

Outra música composta pelos ótimos Jerry Leiber e Mike Stoller para esse filme da MGM foi a conhecida "(You're So Square) Baby I Don't Care". A versão final foi completada no dia 3 de maio de 1957. Durante as filmagens aconteceu um fato engraçado. O guitarrista Scotty Moore se esqueceu que o filme tinha que seguir uma continuidade. Assim ele tirou e colocou os óculos entre as tomadas de cena. Dois takes básicos de filmagens foram produzidos. Um mais de perto, mostrando Elvis e banda em primeiro plano. Outro mais distante, do outro lado da piscina. No primeiro Scotty surge sem óculos escuros. No segundo ele está com eles. Na montagem final as duas cenas foram editadas em conjunto, o que criou um estranho efeito em quem assistia ao filme. Era o guitarrista que fazia seus óculos desaparecerem em um estalar de dedos! No fundo um erro de continuidade mesmo.

No final de tudo a RCA Victor decidiu que "Jailhouse Rock" não ganharia um álbum completo em LP, como havia acontecido com "Loving You". Ao invés de gravar mais cinco faixas para o lado B, algo que nem iria dar muito trabalho para Elvis e banda, a gravadora decidiu que iria colocar no mercado um mero EP, mais conhecido no Brasil como compacto duplo. Assim havia feito com "Love Me Tender" e assim fariam com "Jailhouse Rock". Olhando para o passado esse foi outro erro crucial na discografia de Elvis. Trilhas sonoras tão importantes, com músicas tão marcantes, precisavam de álbuns completos, com toda a riqueza de detalhes. Lançar em um formato de vinil considerado menor, de segundo escalão, era uma decisão completamente equivocada.

Pablo Aluísio.

The Beatles - Please Please Me - Parte 6

No inicio os Beatles só queriam ser aceitos. Quando chegaram na EMI para suas primeiras gravações eles apenas queriam ser aprovados. O grupo vinha de uma experiência infeliz na Decca onde um executivo mal humorado lhes tinha dito que “Ninguém mais está interessado em grupos de rock como o de vocês!”. Desanimados mas não derrotados os Beatles continuaram sua saga atrás de alguma gravadora que lhes aceitassem. Eles já tinham gravado profissionalmente na Alemanha como o grupo de apoio de Tony Sheridan mas não era a mesma coisa. Eles queriam ser reconhecidos por seus próprios talentos, cantando suas próprias músicas.

Na EMI conheceram o educado e simpático George Martin que resolveu dar uma chance ao grupo. Ele comandava o selo Parlophone, especializado em discos de comédias e gravações sem muita importância comercial. Querendo diversificar Martin acabou vendo naqueles rapazes uma promessa. Após as primeiras audições ele percebeu que havia muito trabalho a fazer. Os rapazes eram muito crus ainda. Suas composições eram bem  interessantes mas tinham que ser melhoradas dentro do estúdio. Martin também não gostou muito de seu baterista, o tímido Pete Best. Sugeriu que o usassem apenas nos shows e que dentro do estúdio fosse utilizado o baterista da própria EMI, um músico contratado. John e Paul acreditavam que seria melhor trazer outro músico melhor. Foi assim que Ringo Starr entrou na história dos Beatles.

Please Please Me foi o primeiro álbum da banda. Fruto de muito empenho pessoal de Brian Epstein, o disco de estréia daqueles quatro rapazes de Liverpool finalmente se materializava. A seleção musical misturava covers de outros grupos e cantores com composições próprias de John Lennon e Paul McCartney, os líderes da banda. A música título era uma variação da musicalidade de Roy Orbison pois Lennon era fã do cantor americano. Na primeira vez que ouviu a música George Martin acho seu ritmo muito fora de tom. Depois de conversar com Paul e John finalmente chegou numa boa versão, com ótimo ritmo. No total foram registradas 14 canções, sendo sete delas composições de Lennon / McCarney, uma dupla que criaria nos anos seguintes algumas das canções mais populares do século XX. O disco foi gravado praticamente ao vivo dentro de estúdio. Tudo se resumia em ligar os instrumentos diretamente nos equipamentos de gravação e mandar ver. Por isso não prospera a velha tese de que os Beatles não eram bons ao vivo, que erravam e tocavam mal. Não é verdade.

Para entender basta ouvir essas gravações e os registros que os Beatles fariam depois na rádio BBC. Material gravado ao vivo, de ótima qualidade. Na última gravação do dia, “Twist and Shout” a voz de John Lennon estava em frangalhos, o que trouxe uma vocalização única na faixa. Essa aliás acabou sendo uma das mais famosas canções do disco, um símbolo da primeira fase dos Beatles. O disco chegou nas lojas em março de 1963 e logo se destacou nas paradas. O próprio empresário Brian Epstein deu uma forcinha adquirindo um lote completo de cópias para suas lojas de discos, assim os Beatles começariam a aparecer entre os mais vendidos logo nos primeiros dias de lançamento. O resto é história. “Please Please Me” marcaria o começo de uma nova fase na história da música mundial. Uma revolução de proporções épicas. E pensar que tudo isso começou naquela tarde em que os Beatles só desejavam ouvir um “sim” da poderosa EMI.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Clint Eastwood e o Western - Parte 3

Existem filmes que mudam não apenas a carreira de um ator, mas o próprio cinema. No caso do ator Clint Eastwood, foi justamente isso o que aconteceu. Sua carreira de ator vinha em um momento ruim, não estava sendo muito bem sucedida. Ele havia feito alguns filmes menores e havia participado também de duas séries de faroeste na televisão. Estou me referindo a "Maverick" e a "Rawhide". Depois disso, nada de muito interessante aconteceu, até que surgiu um convite que mudaria tudo. Ele foi convidado para atuar em um filme europeu chamado "Por um Punhado de Dólares". Este faroeste seria dirigido pelo excelente diretor Sergio Leone. Era o ano de 1964 e o mundo vivia revoluções culturais, como a Beatlemania e a Nouvelle Vague. Clint então embarcou rumo a Itália para novos desafios em sua carreira de ator.

A verdade é que o cinema italiano havia se transformado em uma verdadeira indústria cultural. Diretores italianos descobriram que conseguiam fazer filmes de faroeste tão bem sucedidos comercialmente como os originais americanos. Sua grande sacada foi apostar em um tipo de filme mais realista. Nos Estados Unidos havia uma tradição de filmes de faroeste onde os cowboys apareciam em roupas coloridas. Muitas vezes esses filmes eram destinados a um público juvenil, para serem exibidos em matinês de fim de semana. Os cineastas e roteiristas italianos olharam para aquilo e viram que não era uma verdade histórica. Os verdadeiros cowboys que viveram no velho Oeste não eram figuras pop. Eram tipos brutos, sujos e mortais. Então eles obviamente apostaram nesse tipo de personagem.

Assim nasceu o western spaghetti. Foi um grande sucesso de bilheteria no mundo inteiro. Muitos fãs de faroeste da época preferiam as produções italianas até mesmo em relação às produções americanas. A violência estilizada, as trilhas sonoras marcantes e os roteiros realistas atraíam muito mais um público de gosto bem popular. E as filmagens eram realizadas geralmente no deserto da Espanha, uma região que parecia muito com os desertos americanos. Nos cinemas os filmes rendiam milhões de dólares ao redor do mundo. E com o sucesso, veio também a fartura das produções, que poderiam até mesmo de se dar ao luxo de contratar atores americanos para estrelar esses filmes. Não eram astros de primeira grandeza do cinema americano, mas atores secundários que tinham o tipo ideal para os filmes que eram feitos agora no velho continente.

Clint Eastwood foi um dos muitos atores americanos que aceitaram trabalhar na Itália. Os cachês eram muito bons e eles tinham a chance de serem os astros principais desses faroestes. A aposta foi certeira porque, curiosamente, Clint iria se tornar um astro de cinema não em Hollywood, mas sim em Roma, em produções feitas e dirigidas por cineastas italianos. Ele havia sido escolhido pessoalmente por Sergio Leone para estrelar o seu próximo filme. "Por um Punhado de Dólares" fez muito sucesso e foi muito debatido em revistas de cinema. O próprio público americano ficou extremamente surpreso com o que assistiu. Era um novo paradigma no gênero faroeste. Clint Eastwood com cara de mau e cigarro no canto da boca, não fazia pose de mocinho. Era simplesmente um sujeito durão vivendo no velho Oeste. E o público da época queria ver justamente isso nas telas de cinema.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

A História de Rock Hudson - Parte 15

O filme que mudou a vida e a carreira do ator Rock Hudson foi "Sublime Obsessão". Um drama ao velho estilo, dirigido pelo ótimo Douglas Sirk. Foi um lance de sorte. Quando o filme foi produzido, Hudson ainda era um ator bem secundário da Universal Pictures. Não tinha porte de grande astro e nem era sinônimo de qualquer tipo de relevância nas bilheterias. O diretor queria Clark Gable no papel, mas a Universal vinha enfrentando problemas financeiros. Então o jeito foi apostar na prata da casa. Rock era um dos inúmeros atores do elenco fixo do estúdio. Era usado geralmente em papéis coadjuvantes em filmes menores. Só que nessa produção ele foi alçado ao primeiro posto, ao astro principal da película. 

Como era muito novato ainda, sentiu a pressão. Sua sorte foi que havia uma atriz experiente, veterana no elenco, que resolveu lhe dar a mão, lhe ajudando em cada cena, em cada diálogo. Jane Wyman naquela época era casada com o ator Ronald Reagan, que no futuro iria se tornar presidente dos Estados Unidos. Jane foi muito paciente com Rock Hudson, sempre lhe ajudando, lhe dando a mão. Foi tão gentil e prestativa que o próprio Rock Hudson certa vez parou e perguntou a ela por que ela estava fazendo aquilo. Ela então explicou a ele que no começo de sua carreira ela também havia sido ajudada por um ator mais velho e agora estava retribuindo o favor ao tentar ajudá lo. É claro que se tornaram grandes amigos depois disso.

O filme foi lançado e se tornou sucesso de bilheteria. A crítica também gostou do filme e afirmou que Rock Hudson era um promissor astro do amanhã. A Universal elevou seu salário em mais de 50% da noite para o dia e assinou um novo contrato com seu jovem ator. Pelo visto, Rock estava vendo a sua estrela brilhar pela primeira vez em Hollywood. Seria o primeiro sucesso de uma longa lista de filmes muito bem sucedidos de bilheteria. Ele chegou até mesmo a ser cotado para concorrer ao Oscar de melhor ator. Imagine a situação, até bem pouco tempo atrás, ele era um ator desconhecido em busca de alguma chance nos filmes em que aparecia. De repente se tornou um astro campeão de bilheteria e até mesmo um nome a ser considerado para o prêmio mais importante do cinema mundial! 

Seu agente era Henry Willson, um sujeito muito conhecido em Hollywood daqueles tempos. Ele era conhecido por transformar atores jovens e desconhecidos em promissores astros campeões de bilheteria. Só que no caso de Rock, havia um problema com que lidar. O agente sabia muito bem que Rock Hudson era gay e isso deveria ser escondido da imprensa de todas as formas. Com o sucesso do filme, a imprensa começou a prestar mais atenção no ator e começou a pipocar manchetes em jornais dizendo que Rock Hudson havia se tornado o solteiro mais cobiçado de Hollywood. O agente ficou preocupado porque a informação de que Hudson era homossexual poderia destruir sua carreira naqueles tempos tão preconceituosos. Então, arranjar para ele uma namorada oficial havia se tornado a prioridade número 1 de sua nascente e brilhante carreira de astro em Hollywood.

Pablo Aluísio.