sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

A Filha da Luz

Título no Brasil: A Filha da Luz
Título Original: Bless the Child
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio:  Paramount Pictures
Direção: Chuck Russell
Roteiro: Thomas Rickman
Elenco: Kim Basinger, Jimmy Smits, Rufus Sewell, Christina Ricci, Ian Holm, Michael Gaston

Sinopse:
Baseado na novela escrita por Cathy Cash Spellman, o filme "A Filha da Luz" conta a história de     
Maggie O'Connor (Kim Basinger), uma mulher que precisa cuidar da sobrinha autista depois que sua irmã a abandona, por ser viciada em drogas. Com o passar dos anos o que parecia ser apenas um caso de autismo na menina se revela muito mais, com poderes espirituais que ninguém poderia prever.

Comentários:
Quando o brilho de determinadas estrelas começa a se apagar, não tem jeito. Ok, a Kim Basinger nunca foi uma grande estrela de cinema, mas teve lá seu período de popularidade e fama, principalmente nos anos 80. Quando chegou os anos 90 a carreira dela começou a afundar, até chegar nesse ponto, já na virada do milênio, com esse filme muito fraco e ruim que não conseguiu fazer sucesso, isso apesar de seu tema que supostamente poderia atrair a atenção do público mais jovem. O diretor Chuck Russell só teve mesmo um filme bacana em sua filmografia que foi justamente "O Máskara". O resto vai de mediano a ruim como "O Escorpião Rei" e "A Hora do Pesadelo 3: Os Guerreiros dos Sonhos". Essa fitinha com a Kim não o ajudou muito nesse aspecto. Diante de tudo fica a pergunta inevitável: alguma coisa vale a pena nesse filme? Sim, para surpresa de muita gente o elenco de apoio é excepcionalmente bom, contando com o ótimo ator Rufus Sewell, com a estranha Christina Ricci e, como não poderia deixar de citar, a presença elegante de Ian Holm como um reverendo. Pena que nenhum deles teve muito espaço, afinal o estrelismo se apagando de Kim Basinger acabou ofuscando todo mundo. Uma pena.

Pablo Aluísio.

Liga da Justiça

Essas adaptações de quadrinhos para o cinema estão se tornando cada vez mais cansativas, principalmente quando são pretensiosas demais além da conta. Essa nova tentativa da DC em acertar nas telas de cinema é um exemplo disso. Aqui houve a reunião de um grupo de super-heróis, todos reunidos nessa liga da justiça. Estão lá o Batman, a Mulher-Maravilha, o Flash, o Aquaman e o Cyborg. O Superman também retorna depois de um breve período como morto! O roteiro não ajuda. Mesmo com tantos personagens famosos, pouca coisa funciona bem nesse filme. O vilão é genérico, mais um daqueles que querem trazer o apocalipse para o nosso mundo. Nada de novo no front. As cenas digitais mais incomodam do que qualquer outra coisa. Parece um game comum.

O diretor  Zack Snyder teve que abandonar o filme antes de encerradas as filmagens. Houve uma tragédia em sua família. Penso que nem se ele tivesse terminado seu trabalho a coisa ficaria melhor. O problema é que a trama é banal demais, nada muito original ou diferente do que você já viu em outros filmes desse estilo. Nem momentos que supostamente teriam potencial para ajudar se salvam da banalidade. A volta de Superman ao mundo dos vivos é um desses momentos. Nada muito inspirador, nada muito bem feito. Na verdade é uma decepção. Todos os personagens se tornam bem vazios, porque não há tempo de desenvolver nenhum deles. Quando fui assistir a essa nova produção da DC / Warner, fui com as expectativas baixas pois o filme foi severamente criticado. Nem as resenhas dos leitores habituais dos quadrinhos foram positivas. Devo concordar com todos eles. Esse "Liga da Justiça" é realmente bem fraco.

Liga da Justiça
(Justice League, Estados Unidos, 2017) Direção: Zack Snyder / Roteiro: Chris Terrio, Joss Whedon / Elenco: Ben Affleck, Henry Cavill, Gal Gadot, Jason Momoa, Amy Adams, Jeremy Irons, Diane Lane, J.K. Simmons, Ray Fisher, Ezra Miller, Ciarán Hinds / Sinopse: O Batman (Affleck) resolve formar uma liga de super-heróis, contando com a ajuda da Mulher-Maravilha (Gadot), Aquaman (Momoa), Flash (Miller) e Superman (Cavill). Todos precisam enfrentar um vilão vindo do espaço, o Lobo da Estepe (Hinds) que de posse de três artefatos poderosos, deseja trazer o apocalipse até o nosso mundo.

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

O Mundo em Seus Braços

Título no Brasil: O Mundo em Seus Braços
Título Original: The World in His Arms
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Raoul Walsh
Roteiro: Borden Chase, Horace McCoy
Elenco: Gregory Peck, Ann Blyth, Anthony Quinn
  
Sinopse:
O Capitão Jonathan Clark (Gregory Peck) lidera uma tripulação de veleiros que realiza viagens periódicas até o distante Alaska. O objetivo é trazer novas cargas de peles de focas para serem vendidas nas grandes cidades americanas. De volta a San Francisco ele resolve se hospedar em um hotel chique e luxuoso. Sua intenção é vender sua carga e aproveitar seus dias de folga com muitas festas, bebidas e mulheres. Nesse ínterim é procurado por uma condessa russa, Marina Selanova (Ann Blyth), que deseja contratar seus serviços para viajar até o Alaska, onde seu tio é governador. Clark não se anima muito com a ideia, afinal de contas ele detesta russos em geral. O que ele definitivamente não contava era se apaixonar perdidamente pela amável e linda nobre.

Comentários:
Aventura com doses de humor marcam esse "The World in His Arms". O diretor Raoul Walsh obviamente se inspirou nos antigos filmes de Michael Curtiz, estrelados pelo astro Errol Flynn, para criar sua obra. O contexto histórico vai até o século XVIII, quando os Estados Unidos começavam a pensar seriamente em comprar o vasto território do Alaska da Rússia Czarista. O personagem interpretado por Gregory Peck é um americano que vai até lá para caçar e depois vender as peles das focas no continente. Isso claro o coloca em confronto com autoridades russas que ainda dominavam a região. O roteiro porém não tem muita preocupação em ser historicamente correto. Ao invés disso aposta mesmo no romance do capitão com a condessa. Ela é interpretada pela linda atriz Ann Blyth que havia se destacado em filmes como "Alma em Suplício" (1945), "Mildred Pierce" (também de 1945, quando arrancou uma indicação ao Oscar) e "O Grande Caruso" (1951). Ann era inegavelmente talentosa, mas aqui com forte maquiagem, só consegue mesmo ser um bibelô de luxo na tela. Já Peck passa por um sufoco para não ser ofuscado pela vigorosa interpretação de Anthony Quinn. Ele interpreta um navegador português, falastrão e expansivo, que vira e mexe tenta passar a perna no personagem de Gregory Peck. A personalidade do personagem de Quinn acaba sendo uma das coisas mais divertidas do filme, principalmente quando solta algumas palavras em nosso idioma, tudo claro com aquele sotaque macarrônico que torna tudo ainda mais engraçado. A produção é boa, com cenas gravadas usando o sistema de Back Projection, ou seja, os atores atuavam em estúdio, com cenas do Alaska sendo projetadas em uma tela atrás deles. Na época isso era bem comum, até porque levar toda uma equipe de filmagem até aquela região distante e fria seria impensável. Enfim é isso. Um filme sem maiores pretensões a não ser o puro divertimento. Aventura, humor e cenas de mar para os que adoram esse tipo de produção.

Pablo Aluísio.

domingo, 26 de novembro de 2017

Sonho de Amor

Título no Brasil: Sonho de Amor
Título Original: Song Without End
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Charles Vidor, George Cukor
Roteiro: Oscar Millard
Elenco: Dirk Bogarde, Capucine, Geneviève Page
  
Sinopse:
Biografia do famoso pianista e compositor clássico Franz Liszt (1811 - 1886). Nascido na Hungria o jovem Liszt logo se torna um dos mais celebrados concertistas de Paris. Através de apresentações memoráveis ele vira um astro da música na cidade. Após conhecer uma nobre condessa francesa, Marie D'Agoult (Geneviève Page), ele resolve se casar e se retirar dos palcos, aproveitando seu talento apenas para compor grandes peças clássicas. A vida fora do palco porém não lhe traz felicidade. Isolado, ele decide retornar para um concerto em Paris, mesmo contra a vontade da esposa. Depois atendendo a pedidos de uma nobre russa, a princesa Carolyne Wittgenstein (Capucine), resolve ir até a Rússia para se apresentar ao próprio Czar em pessoa. A viagem porém acaba despertando o amor entre ele e a princesa. O problema é que ambos são casados, o que desencadeia um grande escândalo em toda a Europa. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Música (Morris Stoloff e Harry Sukman). Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Filme - Musical.

Comentários:
Belo romance histórico que mostra uma fase particularmente complicada na vida do celebrado maestro e pianista clássico Franz Liszt (Dirk Bogarde). Ele tinha tanto talento para fazer concertos maravilhosos como para se envolver em problemas pessoais fora dos palcos. Um romântico incurável que acabou se envolvendo em um grande escândalo pessoal quando se apaixonou por uma princesa russa casada com um dos homens de confiança do Czar. A questão é que o próprio Liszt também era casado com uma condessa francesa, tinha dois filhos e muitos problemas em sua vida amorosa. Seu casamento não era feliz, pois sua esposa considerava a profissão de pianista pouco segura e de certa maneira em sua visão nobre e esnobe, tinha certa vergonha do marido ser um músico. Preconceitos da época. Assim tentou transformar Liszt em um compositor de renome, ficando fora dos palcos, algo que ela também considerava indigno. Pressionado por essa visão mesquinha da mulher ele acabou encontrando sua alma gêmea em uma princesa russa (interpretada pela bela atriz Capucine). Infelizes em seus respectivos casamentos tentaram de todas as formas lutar por esse amor, mas era uma situação considerada extremamente escandalosa pela sociedade da época. Em um tempo em que o divórcio não era aceito nem pelas autoridades públicas e nem pela Igreja, Franz Liszt e sua amada Carolyne Wittgenstein tiveram então de ir contra tudo e contra todos para concretizar sua paixão. Além de ter uma trama muito bem escrita o filme também se destaca pelas excelentes cenas musicais. O ator Dirk Bogarde tinha certa formação musical, mas jamais poderia tocar com as próprias mãos as complicadas peças de Liszt ao piano. Assim acabou sendo dublado por um especialista. Isso porém jamais transparece em cena pois ele demonstra grande talento em "dublar" muito bem os concertos. A direção de arte é primorosa e a reconstiuição de época magistral. Filmado em Vienna, na Austria, o filme é uma maravilhosa fusão de música clássica com cinema clássico. Uma bela obra cinematográfica com muito estilo, elegância e finesse. Um show de cultura para o público em geral. 

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de novembro de 2017

Quando Descem as Sombras

Título no Brasil: Quando Descem as Sombras
Título Original: The Night Walker
Ano de Produção: 1964
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: William Castle
Roteiro: Robert Bloch
Elenco: Robert Taylor, Barbara Stanwyck, Hayden Rorke, Judi Meredith
  
Sinopse:
Irene Trent (Barbara Stanwyck) é casada há muitos anos com Howard Trent (Hayden Rorke), mas não o ama. Ele está cego, velho e paranóico, pois tem certeza que sua esposa o está traindo com um homem mais jovem, alto e bonito. A vida para Irene assim perde o interesse, a felicidade e ela começa a sofrer inúmeros pesadelos com uma pessoa idealizada que definitivamente não consegue identificar. Com a ajuda do advogado Barry Morland (Robert Taylor) ela tentará desvendar esse mistério, agravado ainda mais com a morte inexplicável de Howard.

Comentários:
O produtor e diretor William Castle foi uma espécie de Alfred Hitchcock mais popularesco e menos talentoso. Ao longo de sua carreira ele investiu em um cinema bem fantasioso e de certa maneira também bastante sensacionalista. Mesmo assim conseguiu alcançar o êxito comercial, criando uma verdadeira legião de fãs na época (em grande parte formado por crianças e adolescentes). Aqui Castle investe no misterioso mundo dos sonhos e pesadelos. Sua personagem principal não consegue mais separar sonhos de realidade e sofre bastante com isso, agravado ainda mais pelo fato de ser uma mulher infeliz e frustrada, afundada em um casamento sem amor, sem afeto e cheio de problemas. Ela sonha com uma vida sentimental plena, mas isso parece cada dia mais distante. Ao invés de viver com o amor de sua vida ela leva uma vida medonha ao lado do marido, um sujeito rico, porém desalmado, desconfiado e até mesmo violento (em determinada cena a espanca com sua bengala). Castle porém não está interessado em filmar um drama sobre desilusões amorosas e sim um suspense de terror e crime. Assim o velho Howard logo morre em circunstâncias inexplicáveis, o que dá origem a uma série de eventos estranhos, bizarros que passam a atormentar a mente de Irene. Apesar de ter alguns bons momentos, como o sinistro casamento rodeado de bonecos de cera, o roteiro não se sustenta por muito tempo. O que começa de forma promissora vai decaindo de qualidade ao longo do filme. Surgem desdobramentos na trama sem explicação e a solução do mistério acaba se tornando inverossímil demais para ser levado à sério. No final das contas só recomendamos o filme para os que já são fãs do cinema de William Castel. Para os demais tudo soará mesmo como algo ultrapassado demais para ser levado em conta.

Pablo Aluísio.

Jack, o Estripador

Título no Brasil: Jack, o Estripador
Título Original: Jack the Ripper
Ano de Produção: 1958
País: Inglaterra
Estúdio: Mid Century Film Productions
Direção: Robert S. Baker, Monty Berman
Roteiro: Jimmy Sangster, Peter Hammond
Elenco: Lee Patterson, Eddie Byrne, Betty McDowall
  
Sinopse:
1888. Londres. Uma série de mulheres são encontradas mortas. Todos os assassinatos possuem algo em comum, levando a polícia londrina a ter certeza que o autor dos crimes é a mesma pessoa. Com a ajuda de um policial americano e sob pressão da Scotland Yard, o inspetor O'Neill (Eddie Byrne) precisa desesperadamente descobrir a identidade do verdadeiro assassino e o colocar atrás das grades o mais rapidamente possível, algo que não será tão simples de realizar. História baseada em fatos reais.

Comentários:
Apesar do tema interessante, envolvendo um dos mais famosos serial killers da história, esse filme apresenta muitos problemas. O principal deles é apostar em um enredo puramente ficcional. Tirando as mortes do assassino, que de fato aconteceram e chocaram a Inglaterra vitoriana, nada mais do que você verá em cena foi real ou aconteceu realmente. Tudo bem que a verdadeira identidade de Jack jamais foi solucionada inteiramente (embora recentemente estudos envolvendo até mesmo DNA comprovem que ele teria sido Aaron Kosminski, um imigrante russo que foi para a Inglaterra em busca de novas oportunidades de vida), mas a questão é que deveriam ter caprichado um pouco mais. Para falar a verdade é um filme que, apesar de hoje em dia ostentar um certo status cult, não passa de uma produção simples e sem maiores atrativos. Logo após as mortes o roteiro sugere que o assassino seria um renomado médico de Londres, um sujeito com título de nobreza (uma velha suspeita que teria envolvido até mesmo o médico da casa real na época dos crimes). Depois as pistas vão sendo deixadas ao espectador, sendo que a maioria delas não passam de farelos de pão para confundir o caminho em direção ao verdadeiro culpado. As mortes das prostitutas, que deveria ser um dos pontos altos do filme, jamais se mostram bem feitas. Não são bem realizadas e contém erros grosseiros em relação ao que aconteceu. Na verdade as vítimas sequer surgem estripadas, ignorando até mesmo o nome que tornou infame o assassino por todos esses anos. Em suma, para quem estiver em busca de um bom filme sobre esse famoso serial killer não recomendaria essa antiga produção. Muito ultrapassada, com óbvio jeito de filme B. Ela é modesta demais em seus objetivos e resultados e deixa bastante a desejar. Esqueça!

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Meu Maior Amor

Título no Brasil: Meu Maior Amor
Título Original: My Foolish Heart
Ano de Produção: 1949
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Mark Robson
Roteiro: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein
Elenco: Susan Hayward, Dana Andrews, Kent Smith, Lois Wheeler
  
Sinopse:
Após vários anos de casamento, Eloise Winters (Susan Hayward) não consegue mais esconder sua frustração e infelicidade. Acontece que ela se casou com um homem que não amava. Para superar isso bebe cada vez mais, algo que se torna insuportável para seu marido. Após vários meses sem rever sua amiga Mary Jane (Lois Wheeler) ela a recebe em casa e começa a recordar os anos felizes do passado, quando viveu uma grande história de amor ao lado do militar Walt Dreiser (Dana Andrews). O destino porém não quis que esse grande romance se eternizasse. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Susan Hayward) e Melhor Música Original ("My Foolish Heart" de Victor Young e Ned Washington).

Comentários:
Um belo drama romântico cujo roteiro extremamente sentimental procura explorar a vida infeliz e cheia de mágoas da protagonista Eloise Winters. Interpretada com maestria pela talentosa atriz Susan Hayward, ela é uma mulher que não conseguiu encontrar a verdadeira felicidade em sua vida amorosa. Após ver o grande amor de sua vida partir, ela afunda em um mar de sentimentos de ressentimento, mágoas e frustrações que não consegue mais lidar. Para suportar começa a beber e afiar cada vez mais a sua acidez verbal, usando como alvo justamente seu atual marido, um homem que ela definitivamente nunca amou! Em situações assim a vida conjugal logo se torna um verdadeiro inferno doméstico, o que faz com que a iminência do divórcio se torne cada vez mais presente. O roteiro é na verdade um longo flashback. Após receber a amiga Mary Jane em seu lar problemático, Eloise começa a recordar o passado e assim o espectador é levado até os anos em que ela era apenas uma jovem estudante. Durante um baile conhece o bonito e charmoso Walt Dreiser (Dana Andrews) e fica logo perdidamente apaixonada por ele. Um caso de amor à primeira vista! Ao contrário dos outros homens de sua idade, Dreiser também tem um bom humor à toda prova, o que o torna ainda mais atraente. Depois de alguns encontros e desencontros eles começam finalmente um romance ardente, mas os Estados Unidos entram na Segunda Guerra Mundial e Dreiser é logo convocado para servir em um dos bombardeiros da força aérea americana sobre a Europa. A partir daí a vida de Eloise muda para sempre. Particularmente gostei de tudo no filme, do seu ritmo, do clima romântico, nostálgico e afetuoso, mas principalmente da atuação de Susan Hayward. Indicada ao Oscar merecidamente por essa atuação ela está em estado de graça em cena. É interessante porque é um dos filmes em que a atriz está mais bonita, valorizada enormemente por uma bela fotografia em preto e branco, além de um figurino elegante que realça ainda mais sua beleza. Para os que admiram a carreira de Susan esse é certamente um filme obrigatório. Já para os românticos de plantão será com certeza um excelente programa para assistir a dois. Está mais do que recomendado. 

Pablo Aluísio.

O Amor que Me Deste

Título no Brasil: O Amor que Me Deste
Título Original: Homecoming
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Mervyn LeRoy
Roteiro: Sidney Kingsley, Jan Lustig
Elenco: Clark Gable, Lana Turner, Anne Baxter, John Hodiak
  
Sinopse:
A vida corre maravilhosamente bem para o Dr. Ulysses Johnson (Clark Gable), um médico de sucesso e cirurgião respeitado, que agora colhe os frutos de seu êxito profissional ao inaugurar sua própria clínica particular. Ele planeja em breve se casar com a doce e terna Penny Johnson (Anne Baxter), sua noiva de muitos anos. Ela parece ser o tipo de mulher que se tornará a esposa ideal, atenciosa e devotada ao seu amado. Tudo muda da noite para o dia porém quando os Estados Unidos entram na II Guerra Mundial. Atendendo o chamado da pátria o Dr. Johnson se alista nas forças armadas. Com a patente de Major é enviado para a Europa onde conhece a enfermeira e tenente Jane 'Snapshot' McCall (Lana Turner) que irá balançar o seu coração.

Comentários:
Muitos cinéfilos só conhecem o trabalho do mito Clark Gable através de seus mais famosos filmes, como por exemplo, o clássico "E o Vento Levou". A carreira do ator porém foi muito além disso. Um exemplo temos aqui nesse romance de guerra chamado "O Amor que Me Deste". Inicialmente é importante frisar que embora sua história se passe na II Guerra o foco de seu roteiro é realmente os dramas passionais pelos quais passa o protagonista, Dr. Johnson (Gable). Ele acha que finalmente encontrou o rumo certo de sua vida ao ver sua carreira profissional ser um sucesso ao mesmo tempo em que pretende se casar com a bela Penny (Baxter), para ele naquele momento de sua vida, a mulher ideal de seus sonhos. Suas convicções mudam completamente quando ele vai para a guerra, trabalhar como médico no front. Lá ele descobre finalmente o lado humano da medicina, de sua profissão, ao ter que lidar com jovens combatentes morrendo em suas mãos. Ao mesmo tempo começa a nutrir uma paixão pela tenente 'Snapshot' (Turner) que trabalha ao seu lado como enfermeira. Ela é o extremo oposto de sua querida Penny. Enquanto a mulher que deixou nos Estados Unidos é submissa e pacata, tipicamente uma dona de casa e do lar, a tenente é espevitada, brigona e petulante! Mesmo sendo tão diferente da outra o Dr. Johnson logo se vê apaixonado por ela! A independência de Snapshot e sua disposição para encarar o Major de frente acaba se revelando algo extremamente atraente para ele. Muitos homens realmente sentem uma grande atração por mulheres desafiadoras e independentes!

O roteiro também trabalha muito bem na mudança de personalidade do personagem de Gable. Antes da guerra, enquanto trabalha como médico de sucesso nos Estados Unidos, ele se mostra como um sujeito egocêntrico, centrado em si mesmo e mais preocupado em ficar rico com a medicina do que qualquer outra coisa. Chega ao ponto de recusar o pedido de ajuda de um médico que estudou ao seu lado na faculdade para ajudar pessoas pobres que estão morrendo por um surto de malária em um vilarejo pobre de sua região! Quando vai para a guerra e vê o sofrimento de jovens americanos perdendo suas vidas em prol de uma causa, ele muda completamente seu modo de ver o mundo e passa a entender finalmente que a medicina não pode ser encarada apenas em seu sentido mercadológico! Um roteiro muito bem trabalhado nesse sentido. Em termos de elenco, além da sempre preciosa atuação de Clark Gable, temos uma Lana Turner bem diferente. Ela se despiu de maiores vaidades para esse papel, abraçando um visual bem mais casual, praticamente sem maquiagem, o que curiosamente realçou ainda mais sua beleza natural. Seu desempenho é ótimo, a ponto inclusive de ter sido considerada injustiçada por não levar uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz naquele ano. Sua química ao lado de Gable também funciona muito bem o que é crucial em um romance como esse. A direção foi entregue ao sofisticado cineasta Mervyn LeRoy, um diretor que valorizava especialmente o lado mais humano dos seus personagens. No geral "Homecoming" é um grande filme, uma excelente produção do cinema clássico americano, valorizado ainda mais por sua proposta principal ao demonstrar que o amor pode brotar nas situações mais diversas, inclusive em pleno campo de batalha de uma das mais sangrentas guerras da história.

Pablo Aluísio.