quarta-feira, 18 de março de 2015

Cadê os Morgans?

Filme completamente inofensivo. Diversão ligeira. No enredo somos apresentados ao casal Paul (Hugh Grant) e Meryl (Sarah Jéssica Parker). Separados há três meses eles estão enfrentando um complicado processo de divórcio. Típicos moradores de Nova Iorque eles resolvem uma noite jantar juntos em um fino restaurante da cidade. Como são muito ocupados na profissão quase nunca arranjam tempo para combinar os detalhes da separação que foi causada por uma infidelidade por parte dele. Após o agradável jantar resolvem passear pela cidade à noite e acabam virando testemunhas do assassinato de um contrabandista de armas morto por um poderoso chefão da máfia. Agora correndo risco de vida eles entram no programa de proteção às testemunhas do FBI, sendo enviados para a pequenina cidade de Ryan, no Wyoming, no meio oeste americano. O objetivo é garantir a segurança deles até que o assassino seja finalmente preso pelas autoridades.

Como é de se esperar o roteiro aproveita essa mudança para explorar situações cômicas envolvendo dois nova iorquinos vivendo numa cidadezinha perdida de um estado distante. Algumas situações são realmente engraçadas mas no geral tudo soa muito despretensioso, inofensivo mesmo. Hugh Grant, já sentindo o peso da idade para interpretar seu tipo característico, até que mantém o interesse. Já Sarah Jessica Parker não parece à vontade em seu papel. Ela que se notabilizou por sempre interpretar personagens femininas fortes aqui surge em um papel até mesmo ingrato, nada relevante para sua carreira. No final o que mais se destaca nesse “Cadê os Morgans?” é sua excelente trilha sonora que conta além de muita música country com grandes nomes como Paul McCartney, George Harrison e Bob Dylan. Sempre que o filme começa a cair no lugar comum surgem esses grandes ídolos da música para melhorar um pouco a situação. Enfim, comédia romântica inofensiva, até bobinha, para passar o tempo.

Cadê os Morgans? (Did You Hear About the Morgans?, Estados Unidos, 2009) Direção: Marc Lawrence / Roteiro: Marc Lawrence / Elenco: Hugh Grant, Sarah Jessica Parker, Sam Elliott,  Mary Steenburgen, Elisabeth Moss / Sinopse: Um casal de nova iorquinos vai parar numa cidadezinha do Wyoming como parte do programa de proteção às testemunhas. Na nova cidade terão que se adaptar ao mesmo tempo em que tentam reconstruir seu relacionamento.

Pablo Aluísio.

O Nome da Rosa

É um dos melhores filmes da carreira de Sean Connery que por essa época estava em uma fase particularmente inspirada na carreira. Costuma-se dizer que por trás de todo grande filme há uma grande estória. No caso de “O Nome da Rosa” temos uma confirmação disso. O roteiro foi escrito tendo como base o excelente livro de mesmo nome do cultuado autor Umberto Eco. Seus personagens vivem em um mundo imerso na religiosidade fanática, em plena idade média, período histórico que anos depois seria denominado como a “era das trevas”. A ciência era combatida e punida pelas altas autoridades do clero. A Igreja Católica dominava de forma sufocante todos os aspectos da vida da sociedade em geral. A menor indiscrição poderia ser confundida com heresia e a punição era mais do que severa, pois geralmente a purgação dos pecados vinha através do martírio em grandes fogueiras onde pessoas eram queimadas vivas em espetáculos públicos de insanidade e crueldade. É nesse ambiente sufocante que surge William de Baskerville (Sean Connery) que chega até um mosteiro distante para solucionar uma série de crimes horrendos acontecidos no local. O personagem é obviamente uma homenagem a Sherlock Holmes e o autor Umberto Eco se aproveita disso para desfilar uma doce ironia em cena: mesmo sendo um membro do clero, Baskerville usa de métodos científicos para descobrir a origem dos crimes.

“O Nome da Rosa” se destaca por apresentar uma trama extremamente bem escrita e uma solução final ao mesmo tempo simples e brilhante. Nisso se assemelha novamente aos textos do famoso detetive que lhe serviu de inspiração. A direção de arte do filme é um primor, recriando com extrema fidelidade os ambientes das centenárias abadias medievais, com sua rotina de trabalho austera e disciplinada. Curiosamente o filme não fez sucesso nos Estados Unidos em seu lançamento, sendo praticamente ignorado pelo público americano. No resto do mundo porém se tornou um verdadeiro sucesso entrando rapidamente na categoria de cult movie. Não é para menos, o filme alia um roteiro extremamente bem escrito com um elenco em fase inspirada. Sean Connery na época ainda tentava provar que era um bom ator e que não precisava mais viver á sombra de James Bond. Sua busca por uma identidade própria o levou a estrelar uma sucessão de excelentes filmes como “Os Intocáveis”, “Caçada ao Outubro Vermelho” e “Indiana Jones e a Última Cruzada” (considerado até hoje um dos melhores filmes da franquia). Connery obviamente ficou chateado com a fria recepção que o filme recebeu nos EUA mas anos depois atribuiu isso ao estilo do próprio público americano que vai aos cinemas. Para Sean filmes com tramas complexas como a de “O Nome da Rosa” fazem o espectador pensar para tentar decifrar o mistério envolvido, algo que os americanos não estariam dispostos a fazer por pura preguiça mental. De qualquer modo o resto do mundo reconheceu os méritos do filme, merecidamente aliás. Assim “O Nome da Rosa” se torna item obrigatório para os amantes dos filmes de mistério. A trama inteligente e bem conduzida transformou a produção em um clássico moderno, sem a menor sombra de dúvidas.

O Nome da Rosa (The Name of the Rose, Alemanha, Itália, França, 1986) Direção: Jean-Jacques Annaud / Roteiro: Andrew Birkin baseado no livro "O Nome da Rosa" de Umberto Eco / Elenco: Sean Connery, Christian Slater, F. Murray Abraham, Helmut Qualtinger, Elya Baskin, Feodor Chaliapin, William Hickey, Michel Lonsdale, Ron Perlman / Sinopse: William de Baskerville (Sean Connery) vai até uma abadia distante e sombria para investigar uma série de crimes no local. Ao lado de seu assistente, o noviço Adso (Christian Slater) ele tentará chegar na solução do mistério da morte dos membros do clero.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 17 de março de 2015

Alpha Dog

Jesse James Hollywood era um traficante extremamente bem sucedido de Los Angeles que para cobrar uma dívida de um cliente problemático resolveu seqüestrar seu irmão mais jovem, um garoto de apenas 15 anos de idade. Após uma série de eventos infelizes o criminoso acabou matando o garoto. Esse crime chocou os Estados Unidos pela crueldade e violência extrema. Procurado pelo FBI (ele foi um dos mais jovens criminosos na lista dos mais procurados da agência federal americana) Jesse James Hollywood resolveu fugir para um país com fama de impunidade e conhecido pelo tratamento leve e penas ridículas para bandidos de seu quilate, isso mesmo, o nosso querido Brasil. Foi aqui em nossa nação que finalmente o FBI colocou as mãos em Jesse. Ele havia se casado com uma brasileira e estava tentando conseguir a cidadania do país tropical onde impera o Samba, o Carnaval e o futebol. A história real terrível acabou inspirando Hollywood (a indústria, não o criminoso) a contar esses fatos. Nasceu assim “Alpha Dog” que trocando o nome dos personagens envolvidos se propõe a contar essa terrível tragédia.

O personagem principal aqui vira Johnny Truelove (Emile Hirsch). O enredo é praticamente o mesmo da história real. O resultado é cru, deprimente mas também muito impressionante e revelador para o espectador. O elenco de apoio é todo bom e se dá ao luxo de ostentar antigos astros do passado como Bruce Willis e Sharon Stone como meros coadjuvantes. Até mesmo o cantor pop Justin Timberlake se sai muito bem como um dos membros inconseqüentes da quadrilha de Truelove. Como a história se passa na década de 1990 a trilha sonora é recheada de hits do rap americano da época (um festival de músicas intragáveis). Também mostra a vida de luxos e riquezas dos traficantes naqueles anos. O próprio Truelove vive em uma bela casa, cercado de garotas bonitas, numa eterna festa regada a muitas drogas pesadas e bebidas que são consumidas em grandes quantidades por jovens da classe alta, ricos e perdidos que enriquecem cada vez mais Truelove e seu grupo de criminosos. Não poderia encerrar a resenha sem elogiar o ator Ben Foster. Considero sua atuação aqui como uma das mais viscerais que já vi em filmes recentes. Ele interpreta um viciado que deve um valor substancial ao traficante Truelove que para forçá-lo a pagar a dívida seqüestra e depois mata seu irmão adolescente. Gostei bastante do filme por mostrar a realidade de uma juventude vazia e sem objetivos, encharcada de drogas e criminalidade. Um triste retrato dos jovens americanos, os mesmos que um dia herdarão a mais poderosa nação do planeta! Que Deus nos proteja desses ignóbeis!

Alpha Dog (Alpha Dog, Estados Unidos, 2006) Direção: Nick Cassavetes / Roteiro: Nick Cassavetes / Elenco: Emile Hirsch, Justin Timberlake, Anton Yelchin, Shawn Hatosy, Ben Foster, Sharon Stone, Dominique Swain, Fernando Vargas, Paul Johansson, Olivia Wilde, Lukas Haas, Bruce Willis, Courteney Cox, Amanda Seyfried / Sinopse: Jovem traficante bem sucedido com clientela de filhos da classe alta de Hollywood acaba cometendo um crime bárbaro contra o irmão adolescente de um cliente problemático. O fato o leva a ser um dos mais jovens criminosos a integrar a lista dos dez mais procurados do FBI.

Pablo Aluísio.

Anjos e Demônios

Depois do enorme sucesso de O Código Da Vinci era apenas questão de tempo para que um novo livro de Dan Brown fosse novamente adaptado para as telas. O escolhido foi Anjos e Demônios, uma opção mais do que natural. Todos os ingredientes que fizeram a fama e fortuna do filme / livro anterior estão aqui novamente. Teorias da conspiração, tentativas de encobrir supostas verdades históricas, o suposto poder maquiavélico da Igreja Católica e as onipresentes sociedades secretas que farão de tudo para que a verdade não venha à tona. Dan Brown, que não é bobo nem nada, não iria mexer em time que se está ganhando. Se deu certo uma vez, certamente dará certo novamente. Por essa razão todas as críticas que foram feitas em Código da Vinci podem ser repetidas mais uma vez aqui. Como eu já afirmei, Dan Brown nada mais é do que um escritor bem esperto que junta no mesmo caldeirão uma infinidade de coisas, teorias, pseudo-história, e tudo o mais que encontra pela frente para causar a sensação no leitor que de existe algo muito grande e muito terrível nos bastidores tentando manipular a humanidade. Instituições milenares sempre viram alvo na escrita de Brown e a Igreja Católica obviamente é seu saco de pancadas preferido. A mensagem subliminar que o autor sempre deixa é a de que algo que vem perdurando há tantos séculos deve ter algo muito terrível a esconder. Para tanto não medirá esforços para manter seu poder e domínio sobre os homens. Como se vê é tudo uma grande bobagem mesmo.

Aqui a trama se aproveita da eleição de um novo Papa. Junte-se a isso o mistério de um assassinato e a presença maquiavélica de mais uma sociedade secreta conhecida como Illuminati, Eu não acabei de escrever que a literatura de Dan Brown se aproveita até a exaustão de fórmulas? Pois aí está. A estrutura é a mesma do livro anterior, sem tirar nem colocar nada de novo. Tudo muito formulaico. O curioso é que o autor ao mesmo tempo em que elege a Igreja como sua vilã preferida, mostra mesmo que indiretamente uma atração pelos costumes, rituais e liturgias da instituição religiosa. O filme foi novamente dirigido pelo pouco ousado e burocrático Ron Howard. Tom Hanks retornou ao seu personagem e a produção procurou seguir os passos do primeiro filme. Tudo sem nenhuma novidade digna de nota a não ser a boa presença de Ewan McGregor  que a despeito de seu bom trabalho ao longo do filme tem que pagar um mico enorme na cena final que é simplesmente patética, vamos falar a verdade. Pára quedas na Praça de São Pedro? É um pouco demais da conta vamos convir. Enfim, só recomendo para os fãs mais radicais de Dan Brown. Para os cinéfilos em geral tudo vai soar bem convencional, nada marcante. E se você gosta do tema histórico sobre Papas recomendo que procure por livros de história escritos por historiadores renomados, que sejam realmente interessantes e historicamente corretos. Deixe Dan Brown de lado, ele é literatura pop chiclete em essência e já não consegue enganar mais ninguém.

Anjos e Demônios (Angel & Demons, Estados Unidos, 2009) Direção: Ron Howard / Roteiro: David Koepp, Akiva Goldsman, baseado no livro de Dan Brown / Elenco: Tom Hanks, Ayelet Zurer, Ewan McGregor, Stellan Skarsgård, David Pasquesi, Cosimo Fusco, Allen Dula./ Sinopse: Durante a eleição do novo Papa uma terrível sociedade secreta colocará em risco a vida de várias pessoas, entre elas a do professor e estudioso Robert Langdon (Tom Hanks).

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 16 de março de 2015

A Caçada ao Outubro Vermelho

Durante a Guerra Fria dois impérios disputaram a hegemonia mundial. De um lado os Estados Unidos, líder do mundo ocidental, empunhando a bandeira do capitalismo e do livre mercado. No outro a União Soviética, líder dos países do bloco comunista que defendia o modelo de Estado autoritário, centralizador e dono de todos os meios de produção. Essa guerra ideológica obviamente foi transposta também para o campo militar. Americanos e soviéticos entraram em uma terrível corrida armamentista onde a busca pelas armas nucleares mais modernas acabou se tornando política oficial de Estado. E entre esse vasto arsenal nuclear se destacavam os submarinos nucleares, capazes de cruzarem os oceanos para atacar os países inimigos com rara precisão. Tanto Estados Unidos como União Soviética construíram incríveis máquinas como essas e a luta por uma delas é justamente o centro da trama desse excelente “A Caçada ao Outubro Vermelho”. A trama se passa em 1984 quando o capitão Marko Ramius (Sean Connery) do submarino soviético “Outubro Vermelho” decide sem justificativa aparente desviar a rota de navegação para os Estados Unidos. Isso obviamente traria enorme repercussão tanto do lado do comando soviético, que não havia autorizado tal manobra, como do lado americano, pois afinal de contas ter em plena guerra fria um submarino nuclear inimigo em rota de colisão com seu país era no mínimo temerário.

“Caçada ao Outubro Vermelho” se destaca pelo excelente roteiro que joga o tempo todo com as reais intenções do capitão soviético e os efeitos que surgem de sua decisão inesperada. Afinal qual seria seu real objetivo: Uma deserção ou um ataque insano ao capitalismo americano? Sean Connery está perfeito em sua caracterização de militar premiado e veterano que começa a pensar por conta própria sem se importar com as conseqüências de seus atos impensados. Na época de seu lançamento o filme também despertou debate sobre o perigo de um conflito nuclear por acidente. Afinal até que ponto os governos de Estados Unidos e União Soviética tinham efetivo controle sobre seu espetacular arsenal de guerra? O desespero causado em razão  de um submarino nuclear sem controle das autoridades soviéticas refletia bem isso. O curioso de tudo é que o perigo persiste até os dias atuais. Depois do fim da guerra fria com o desmoronamento do bloco soviético a antes incrível armada daquele país entrou em completo colapso. O que se vê hoje em dia na Rússia é um total sucateamento de armas e artefatos de guerra que apodrecem literalmente nos cais do país. Recentemente vi uma reportagem sobre o estado atual da Marinha russa. Submarinos como esse mostrado no filme nem conseguem mais ir para o alto mar por falta de verbas. O orgulho da outrora esquadra vermelha nunca esteve tão em baixa. Quem diria que um dia esse arsenal tenha sido tão respeitado e temido pelo ocidente? De qualquer modo fica a dica: “A Caçada ao Outubro Vermelho”, um excelente filme de suspense e guerra que realmente consegue mexer muito bem com os nervos do espectador. Não deixe de assistir.

A Caçada ao Outubro Vermelho (The Hunt for Red October, Estados Unidos, 1989) Direção:  John McTiernan / Roteiro: Larry Ferguson, Donald Stewart / Elenco: Sean Connery, Alec Baldwin, Scott Glenn, Sam Neill, James Earl Jones / Sinopse: A trama se passa em 1984 quando o capitão Marko Ramius (Sean Connery) do submarino soviético “Outubro Vermelho” decide sem justificativa aparente desviar a rota de navegação para os Estados Unidos. Seria um ato de deserção do oficial soviético ou uma impensada e insana manobra de ataque contra a América?

Pablo Aluísio.

Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas

Posso dizer que foi bem menos aborrecido do que os anteriores. Algumas coisas em Piratas do Caribe sempre me incomodaram: excesso de piadinhas sem graça, piruetas e pirotecnias à la filme dos Trapalhões, roteiros dispersos demais, duração desnecessária e excesso de personagens sem importância. Parece que os produtores do filme realmente ouviram as críticas e resolveram aqui cortar todos as coisas que atrapallhavam os filmes da franquia. Achei o roteiro bem enxuto, focado numa situação base (ao contrário dos anteriores que atiravam para todos os lados). Outro ponto positivo ao meu ver foi o enxugamento de personagens desnecessários. Aqueles chatos que povoavam os filmes anteriores simplesmente sumiram, o que foi ótimo. As piadinhas também ficaram sob controle, para minha satisfação.

De resto o que posso dizer é que não fiquei entediado e nem com raiva da burrice do roteiro. O Depp continua na mesma e não o critico uma vez que o personagem do Capitão é uma verdadeira mina de ouro para ele (o ator já ganhou tanto dinheiro com esse pirata que comprou até mesmo uma ilha particular para si). A produção não nega sua face blockbuster e por isso em muitos momentos pensamos que o filme foi escrito para alguém com déficit de atenção pois o corre corre é intenso. De qualquer maneira cenas pontuais (e bem feitas) fazem valer a pena, como o ataque das sereias. No saldo final apesar de não considerar um filme bom, penso que houve melhorias. O que é complicado mesmo é entender como um filme que usa e abusa de tantos clichês antigos (que já eram usados na década de 30 com Errol Flynn) conseguiu apurar mais de um bilhão de dólares de bilheteria! Velhas fórmulas parecem nunca envelhecer mesmo para o grande público.

Piratas do Caribe: Navegando em águas Misteriosas (Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides, Estados Unidos, 2011) Direção: Rob Marshall / Roteiro: Ted Elliott, Terry Rossio / Elenco: Johnny Depp, Penélope Cruz, Ian McShane / Sinopse: Jack Sparrow (Johnny Depp) e Barbossa (Geoffrey Rush) saem em busca de novas aventuras na franquia de grande sucesso de bilheteria.

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de março de 2015

O Demolidor

O personagem Demolidor (Daredevil no original em inglês) foi criado nos anos 60 pelo sempre genial Stan Lee, em parceria com Bill Everett. Era de fato um super-herói diferente, pois era um deficiente visual e advogado que tentava impor a ordem no caótico bairro nova-iorquino de Hell's Kitchen. Nos quadrinhos ele havia ficado cego após um terrível acidente com lixo tóxico. O fato de não enxergar por outro lado ampliou seus demais sentidos a um nível desconhecido para um ser humano normal. Tentando fazer valer a justiça a todo custo o personagem se envolvia com o chamado submundo da grande cidade. Embora tenha tido um começo promissor o Demolidor jamais conseguiu ser um personagem de ponta dentro do universo Marvel até Frank Miller (o mesmo de “Batman – o Cavaleiro das Trevas") o resgatar completamente do obscurantismo. O desenhista e escritor acabou produzindo uma série de aventuras revolucionárias com o personagem, o tornando pela primeira vez um dos mais populares da Marvel. Investindo em enredos mais adultos o Demolidor acabou renascendo das cinzas.

Esse foi justamente o material utilizado por Hollywood para trazer o herói para as telas de cinema. Foi um projeto ambicioso, com orçamento generoso, que tinha como plano virar mais uma franquia de sucesso no cinema americano. Para interpretar o personagem principal o estúdio trouxe Ben Affleck (que seria “premiado” por essa interpretação com um Framboesa de Ouro de pior ator). Elektra, personagem criada pro Frank Miller, também ganhou destaque, sendo interpretada por Jennifer Garner (que infelizmente faria um péssimo filme solo com esse papel depois). Já do lado dos vilões uma dupla de peso, Michael Clarke Duncan (como o Rei do Crime) e Colin Farrell (como o inimigo Mercenário), foram contratados. Tudo parecia ir muito bem. O filme foi lançado em 2003 mas não conseguiu virar a franquia que todos esperavam. A razão? “Demolidor” teve uma bilheteria modesta, morna, bem abaixo da expectativa do estúdio. Não é um filme ruim, longe disso, mas o fato é que o personagem parece funcionar bem melhor no mundo dos quadrinhos. Nas telas a coisa não andou tão bem. De qualquer maneira todos os anos surgem boatos de que Daredevil voltará em nova versão. Já existe até mesmo um roteiro pronto, esperando por aprovação. Será que um dia sairá do papel esse retorno? Só nos resta esperar.

O Demolidor (Daredevil, Estados Unidos, 2003) Direção: Mark Steven Johnson / Roteiro: Mark Steven Johnson, baseado no personagem criado por Stan Lee / Elenco: Ben Affleck, Jennifer Garner, Michael Clarke Duncan, Colin Farrell, David Keith, Jon Favreau, Joe Pantoliano / Sinopse: Matt Murdock (Ben Affleck) é um advogado que esconde a existência de uma identidade secreta. Durante as noites ele incorpora oDemolidor, um herói que limpa as ruas de Nova Iorque da criminalidade.

Pablo Aluísio.

Superman IV – Em Busca da Paz

Depois dos modestos resultados de Superman III todos achavam que a série estava realmente encerrada. Não é para menos, o filme não foi muito bem recebido nem pelo público e nem pela crítica. Já mostrava sinais de desgaste e seu tom mais bem humorado não agradou aos fãs do super-herói. Assim a Warner decidiu encerrar a franquia. Foi então que a Cannon Group entrou em cena. Eles decidiram que iriam filmar o quarto filme da série mas para isso tinham que superar vários problemas sendo um dos principais a pouca vontade de Christopher Reeve em voltar ao papel. O ator estava tentando decolar sua carreira, participando de filmes e peças mais de acordo com sua sólida formação dramática e teatral. Superman sem dúvida havia sido bom para ele mas já era hora de seguir em frente. Como na visão da Cannon não haveria filme sem Reeve a produtora resolveu oferecer ao ator uma verdadeira fortuna para ele voltar a vestir o uniforme azul. Não contente Christopher Reeve ainda estipulou uma série de regalias e direitos, inclusive de mexer no roteiro e na direção caso não fosse de seu agrado. Contrato assinado era a hora de trazer de volta o personagem às telas!

Infelizmente a pré-produção de Superman IV custou tão caro e Reeve levou uma bolada tão exorbitante que pouco sobrou para a produção do filme. Ao invés de investir em efeitos especiais de primeira geração a empresa teve que se contentar em contratar um time de segundo escalão. O roteiro, confuso e mal trabalhado, não foi lapidado e as filmagens começaram sem ter um texto final pronto. A trama era boba e muito fraca. Em plena guerra fria a patriotada tomava conta do Superman que virava um boneco da propaganda tipicamente da era Reagan. Havia um vilão sem qualquer carisma, “O Homem Nuclear”, que enfrentava o herói em um cenário completamente mal feito. O pior era saber que a estória havia sido escrita pelo próprio Christopher Reeve que com controle de veto se envolveu onde não deveria. Ele quis transformar o filme numa grande propaganda anti-nuclear! Uma das únicas coisas boas era o retorno de Gene Hackman na série (ele fazia não apenas o Lex Luthor como a “voz” do Homem Nuclear). Mesmo com ele em cena não houve jeito, Superman IV era certamente muito ruim e logo se tornou um grande fracasso de bilheteria encerrando de vez a franquia original. Uma despedida melancólica de Christopher Reeve no papel, logo ele que até aquele momento era considerado o melhor ator a encarnar o personagem em toda a história. Uma pena.

Superman IV: Em Busca da Paz (Superman IV: The Quest for Peace, Estados Unidos, 1987) Direção: Sidney J. Furie / Roteiro: Christopher Reeve, Lawrence Konner / Elenco: Christopher Reeve, Gene Hackman, Jackie Cooper, Mark Pillow, Margot Kidder,  Mariel Hemingway / Sinopse: Superman (Christopher Reeve) enfrenta o perigo nuclear materializado no Homem-Nuclear (Mark Pillow).

Pablo Aluísio.