quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

A Qualquer Custo

Título no Brasil: A Qualquer Custo
Título Original: Hell or High Water
Ano de Produção: 2016
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: David Mackenzie
Roteiro: Taylor Sheridan
Elenco: Jeff Bridges, Ben Foster, Chris Pine, Gil Birmingham, William Sterchi, Buck Taylor
  
Sinopse:
Uma dupla de policiais veteranos caça dois irmãos, assaltantes de bancos, no oeste texano. Tentando antecipar onde os próximos crimes serão cometidos, eles montam uma tocaia para aprisionar os criminosos. Filme indicado ao Cannes Film Festival. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Ator - Drama (Jeff Bridges) e Melhor Roteiro - Drama (Taylor Sheridan). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme,  Melhor Ator (Jeff Bridges), Melhor Roteiro (Taylor Sheridan) e Melhor Edição (Jake Roberts).

Comentários:
Ótimo filme! No enredo temos dois irmãos que se encontram após muitos anos por causa do falecimento de sua mãe. Ela morreu pobre e endividada, por causa de uma hipoteca feita para salvar seu rancho. O irmão mais velho Tanner (Ben Foster) passou muitos anos preso. De volta à liberdade acaba convencendo seu irmão mais jovem, Toby (Chris Pine), a realizar uma série de assaltos em pequenas agências bancárias de cidadezinhas perdidas no oeste do Texas. A ideia é roubar o dinheiro necessário para pagar a hipoteca do rancho da mãe, evitando assim que o banco fique com a propriedade. Após os primeiros assaltos entram em cena dois policiais veteranos. O xerife Marcus (Jeff Bridges) é um velho homem da lei, prestes a se aposentar. Seu parceiro, o mestiço Alberto (Gil Birmingham), é um excelente policial, com muita experiência em campo. O segredo para prender os dois ladrões de bancos é antecipar seus próximos crimes. Descobrir onde eles atacarão em seguida. Para isso os tiras procuram descobrir qual será a próxima agência a ser roubada. Inicia-se assim uma verdadeira caçada humana no meio da imensidão do Texas.

De certa forma esse novo filme estrelado pelo sempre ótimo Jeff Bridges é uma espécie de faroeste moderno, passado no oeste americano da atualidade. Todos os personagens são bem desenvolvidos e o filme conta com um excelente roteiro. Os dois irmãos criminosos são apresentados como pessoas comuns, que tentam sobreviver de alguma forma. O excelente ator Ben Foster interpreta o irmão mais velho, ex-presidiário, que gosta do que faz, dos crimes que comete. Ele parece adorar a adrenalina da perseguição policial, do perigo em se entrar em um banco com armas na mão anunciando um assalto. Seu irmão mais jovem, interpretado pelo ator Chris Pine (sim, o Capitão Kirk da nova franquia "Star Trek") faz o sujeito com ficha limpa que embarca nos planos alucinados de seu mano. O destaque porém vai para a ótima atuação de Bridges como o velho xerife. Experiente, com um sotaque todo característico da região, onde palavras são confundidas com resmungos ranzinzas, ele passa o filme inteiro trocando farpas com seu parceiro. Sendo ele um policial com origem mexicana, isso acaba rendendo ótimos momentos de humor, sem qualquer intenção de ser ofensivo, sendo apenas divertido. O filme tem um clímax muito bom, que me lembrou inclusive de velhos filmes de western, onde bandidos e mocinhos se enfrentam nas ingremes montanhas texanas. Um filme realmente muito bom, valorizado sobretudo por causa desse teor nostálgico de seu roteiro. Mais do que recomendado.

Pablo Aluísio.

Adeus, Minha Rainha

Título no Brasil: Adeus, Minha Rainha
Título Original: Les Adieux à la Reine
Ano de Produção: 2012
País: França, Espanha
Estúdio: GMT Productions, Les Films du Lendemain
Direção: Benoît Jacquot
Roteiro: Benoît Jacquot, Gilles Taurand
Elenco: Léa Seydoux, Diane Kruger, Virginie Ledoyen, Xavier Beauvois, Michel Robin
  
Sinopse:
Nos últimos dias de reinado do Rei Louis XVI, a rainha Marie Antoinette (Diane Kruger) tenta organizar sua fuga para a Áustria, sua terra natal. Dentro do Palácio de Versailles a movimentação se torna intensa, com a nobreza tentando escapar com vida da Revolução Francesa, tudo sendo visto sob a ótica de uma criada da rainha, a jovem Agathe-Sidonie Laborde (Léa Seydoux). Filme indicado ao Urso de Ouro no Berlin International Film Festival e vencedor do César Awards nas categorias de Melhor Fotografia (Romain Winding), Melhor Figurino (Christian Gasc) e Melhor Desenho de Produção (Romain Winding).

Comentários:
Esse é mais um filme que explora a figura da última rainha da França, Marie Antoinette. Muito badalado em seu lançamento essa produção tem aspectos positivos e negativos. Um dos seus maiores atrativos vem do fato de ter sido rodado nas locações reais onde tudo aconteceu, no Chateau de Versailles e no Le Trianon, o pequeno palacete privado e pessoal da Rainha. Apesar disso, de ter tido essa honraria de filmar em lugares tão especiais, o diretor Benoît Jacquot não conseguiu aproveitar bem isso em cena. Percebe-se que apesar de ter sido rodado em lugares tão exuberantes (o que custou grande parte do orçamento do filme), o filme nunca se torna especialmente belo. Muitas vezes o cineasta priorizou os closes e não os ambientes abertos, perdendo muito potencial. O roteiro explora um antigo boato, a de que a rainha teria uma paixão lésbica pela duquesa Gabrielle de Polignac (Virginie Ledoyen), uma fofoca que nunca conseguiu ser provada por historiadores. No filme isso surge como um fato. A rainha sofre mais pela separação de sua amada, do que por propriamente perder seu poder. Marie Antoinette é interpretada pela atriz alemã Diane Kruger (da série "The Bridge"). Ela não é parecida fisicamente com a verdadeira rainha, nem tem o tipo de personalidade adequada para interpretá-la. A rainha era pequenina, de gestos finos, Kruger tem uma presença mais opulenta, é alta demais, o que prejudica o filme como um todo. O roteiro tenta compensar isso realçando o lado mais frívolo de Antoinette, mas não funciona muito bem. A atriz Léa Seydoux interpreta a verdadeira protagonista do filme, a de uma criada da rainha. Ela seria a incumbida de ler livros importantes para Marie Antoinette, pois a rainha era conhecida por não gostar muito de ler, embora tivesse uma das melhores bibliotecas do mundo ao seu dispor. No saldo final temos que reconhecer que "Les Adieux à la Reine" tinha muito potencial, mas tudo fica de certa forma pelo meio do caminho. Poderia ter sido um filme bem melhor.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Manchester À Beira-Mar

Já que estamos perto do Oscar, nada mais interessante do que conferir os filmes que estão concorrendo na categoria de Melhor Filme do ano. Um deles é justamente esse drama sobre morte, recomeço e redenção. A história se passa em uma cidade chamada Manchester (não a cidade inglesa, mas sim a  americana). É justamente para lá que retorna Lee Chandler (Casey Affleck). Seu irmão falece, vítima de uma doença cardíaca, e ele precisa providenciar não apenas seu funeral, como também guiar o futuro de seu sobrinho daqui para frente. Lee não é exatamente o sujeito certo para ajudar na vida dos outros, já que sua própria vida é um caos desde que uma tragédia destruiu seu casamento alguns anos antes. Ele foi embora de Manchester justamente por causa dos traumas de um passado trágico, que ele prefere esquecer. Seu retorno assim não é algo que ele desejasse fazer. E para sua surpresa ele descobre no testamento de seu irmão que terá que, a partir de agora, cuidar do sobrinho pois se torna seu tutor legal. Como se isso não fosse ruim o bastante Lee ainda precisa lidar com sua ex-esposa, que ainda mora em Manchester, se casou novamente e tem um pequeno filho. Para ele, óbvio, tudo isso é péssimo!

Assim "Manchester by the Sea" se desenvolve. É um drama pesado, longo, mas também bastante humano, mostrando um sujeito comum, um trabalhador, que precisa superar um monte de coisas ruins que aconteceram em sua vida. O roteiro é bem escrito, ao estilo fragmentado. O espectador perceberá isso logo nas primeiras cenas. O diretor Kenneth Lonergan vai contando sua história usando vários flashbacks que vão surgindo sem aviso prévio. Tudo, de maneira em geral, vai se formando na própria mente de Lee, através de lembranças. Gostei desse estilo narrativo, pois é bem elegante. Esse filme foi produzido por Matt Damon que inclusive iria interpretar o personagem Lee. Isso só não aconteceu porque ele foi para a China filmar seu novo filme e não houve tempo suficiente para retornar aos Estados Unidos. Assim o próprio Damon escalou Casey Affleck para o papel, uma escolha que se mostrou muito acertada, por Casey tem esse estilo de cara comum, que nunca parece estar em paz consigo mesmo. Já Michelle Williams precisa repensar um pouco sua carreira. Não que ela esteja ruim em cena, pelo contrário, seu papel é um dos melhores dos últimos anos, o problema é que Michelle parece ter se especializado ultimamente em interpretar apenas mulheres sofridas, deprimidas, quase como uma imagem no cinema de sua vida real. Uma mudança de ares seria bem-vinda.

Manchester À Beira-Mar (Manchester by the Sea, Estados Unidos, 2016) Direção: Kenneth Lonergan / Roteiro: Kenneth Lonergan / Elenco: Casey Affleck, Michelle Williams, Kyle Chandler, Lucas Hedges / Sinopse: O filme "Manchester by the Sea" conta a história de Lee Chandler (Casey Affleck), um sujeito comum que precisa voltar para sua cidade natal Manchester para cuidar do funeral de seu irmão. Uma vez lá ele precisará enfrentar velhos traumas e fantasmas de seu próprio passado. Filme premiado no Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Drama (Casey Affleck). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Casey Affleck), Melhor Ator Coadjuvante (Lucas Hedges), Melhor Atriz Coadjuvante (Michelle Williams), Melhor Direção (Kenneth Lonergan) e Melhor Roteiro Original (Kenneth Lonergan).

Pablo Aluísio.

Ou Tudo, Ou Nada

Título no Brasil: Ou Tudo, Ou Nada
Título Original: The Full Monty
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Peter Cattaneo
Roteiro: Simon Beaufoy
Elenco: Robert Carlyle, Tom Wilkinson, Mark Addy
  
Sinopse:
Um grupo de seis trabalhadores comuns resolve montar um show de nudez, com homens normais, sem músculos, sem nenhum grande atrativo. A situação incomum logo chama a atenção da sociedade e a imprensa que começa a dar destaque ao estranho evento! Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical. Filme premiado pelo Oscar na categoria de Melhor Música (Anne Dudley). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Direção (Peter Cattaneo), Melhor Filme e Melhor Roteiro Original (Simon Beaufoy).

Comentários:
Filme que foi muito badalado, absurdamente badalado, pela crítica internacional. Isso levou o filme a ser indicado a prêmios importantes, sem nenhuma justificativa. E afinal do que se trata? Se trata basicamente de uma comédia muito simples, que explora apenas uma situação pretensamente divertida e engraçada: um bando de trabalhadores que resolvem ficar pelados para ganhar uma grana extra. Por serem totalmente diferentes dos profissionais strippers, com todos aqueles músculos e corpo cheio de óleo, eles acabam atraindo a atenção para si mesmos. É isso, nada mais, nada menos. No começo você ainda pode - fazendo muita força - dar algumas risadinhas amarelas. Depois vai ficando cansativo, cansativo e lá pelo final você vai ficar torcendo para o filme acabar logo. De bom mesmo apenas algumas cenas que exploram os problemas sociais da classe trabalhadora. Mesmo assim nem isso é muito trabalhado. Enfim, tudo muito fraco e muito superestimado. Pode ser dispensado sem maiores dificuldades.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Aliados

Casablanca, Marrocos. II Guerra Mundial. O agente canadense Max Vatan (Brad Pitt) desce de paraquedas no meio do deserto para uma missão importante: assassinar o embaixador nazista na região. Para isso ele precisa contar com um disfarce e se torna o "marido" de outra agente, a francesa Marianne Beauséjour (Marion Cotillard), que trabalha para os alemães. O primeiro obstáculo a vencer é conseguir ter acesso ao embaixador e para isso eles precisam ser convidados para a festa de recepção dele, a ser celebrada dentro de alguns dias. Será que conseguirão? Assim começa esse novo filme estrelado pelo ator Brad Pitt. Logo nas primeiras cenas descobrimos as reais intenções do diretor Robert Zemeckis. Veterano, colecionador de sucessos de bilheteria (tais como os filmes  da franquia "De Volta Para o Futuro"), ele aqui quis reproduzir o clima e o estilo dos antigos filmes clássicos de espionagem passados na II Guerra. A referência mais óbvia é justamente o próprio "Casablanca" de Michael Curtiz, considerado um dos melhores filmes de todos os tempos. Tentar atingir algo tão elevado? É óbvio que uma tentativa assim não teria muitas chances de dar certo.

E realmente o filme se perde em um aspecto essencial: seu roteiro! Desde o começo ficamos com aquela sensação ruim de que nada do que vemos na tela tem verossimilhança, nada é muito convincente. A paixão que nasce entre os dois protagonistas não convence, as cenas de ação (como o atentado ao embaixador alemão em Marrocos) também não convence e a guinada que o filme toma em determinado momento - de filme de espionagem para romance piegas - é ainda pior do que tudo isso. De repente o frio e objetivo agente interpretado por Pitt vira uma maridão apaixonado demais, piegas, bobão e... muito chato! Claro que haverá uma grande reviravolta para mudar isso, porém a que preço? A produção é luxuosa, os figurinos são realmente excelentes, porém isso é pouco para justificar esse roteiro cheio de problemas. Como eu escrevi, um dos problemas vem do fato do filme falhar ao tentar passar paixão entre os personagens interpretados pelo casal Brad Pitt e Marion Cotillard. Supostamente era para existir uma paixão avassaladora entre eles. O espectador porém nunca ficará convencido sobre isso. Ela ainda dá mostras de vivacidade, de ter uma personalidade mais envolvendo e cativante. Ele porém está muito mal em cena. Pitt desfila sua cara de tédio e preguiça por praticamente todos os momentos. Ele realmente está sorumbático. Na primeira parte do filme, quando ele precisa ser um agente mortal e calculista, isso até que ainda funciona, mas depois sua interpretação vai decaindo, ficando óbvio que ele não está muito interessado em atuar bem. O saldo final de tudo isso é que simplesmente não se consegue, nos dias atuais, se reviver o charme e a elegância daqueles antigos filmes. Isso é algo que se perdeu com o tempo. Não tem mais volta!

Aliados (Allied, Estados Unidos, 2016) Direção: Robert Zemeckis / Roteiro: Steven Knight / Elenco: Brad Pitt, Marion Cotillard, Jared Harris, Camille Cottin / Sinopse: Max Vatan (Brad Pitt) e Marianne Beauséjour (Marion Cotillard), dois agentes aliados no Marrocos ocupados por tropas nazistas, precisam cumprir uma missão perigosa: matar o embaixador alemão na região. Nesse meio tempo acabam se apaixonando um pelo outro. Filme indicado ao Oscar e ao BAFTA Awards na categoria de Melhor Figurino (Joanna Johnston).

Pablo Aluísio.

Ouija: Origem do Mal

De tempos em tempos Hollywood consegue produzir bons novos filmes usando para isso apenas de velhas ideias. Um exemplo vem desse "Ouija: Origem do Mal". A premissa é simples: após a morte de seu marido, Alice Zander (Elizabeth Reaser) precisa ganhar a vida de algum jeito. Ela tem duas filhas para criar, um adolescente e uma garotinha de nove anos. Para isso ela arruma uma sala em sua casa para receber espíritos de pessoas falecidas, queridas de seus familiares. Claro que tudo é uma fraude, um "teatrinho" como ela gosta de dizer. O importante é ganhar dinheiro em cima das crenças dos outros.Os problemas começam quando ela compra um tabuleiro Ouija, muito popular nos Estados Unidos na década de 1960 (na mesma época em que a história do filme se passa). Esse "jogo" era usado para que os vivos pudessem se comunicar com os mortos. Só era necessário respeitar três regras básicas: 1. Nunca jogar sozinho. 2. Nunca jogar em um cemitério e 3. Sempre diga adeus no fim das sessões. Claro que uma vez colocadas as regras elas serão desrespeitadas pelos personagens, dando origem a um surto de manifestações sobrenaturais demoníacas que vão literalmente infernizar a vida de toda a família.

Para dar aquele jeitão de filme antigo, o diretor Mike Flanagan introduziu alguns pequenos elementos que vão passar até despercebidos por muitos espectadores. O logotipo da Universal Pictures que abre o filme é o mesmo que era utilizado antigamente pelo estúdio. Há "marcas" na película, algo comum em antigos projetores de cinema que informavam aos exibidores a hora de trocar os rolos dos filmes nos cinemas e por aí vai. Cinéfilos mais experientes certamente vão notar essas peculiaridades cinematográficas. No elenco eu destacaria, como não poderia deixar de ser, a atriz mirim Lulu Wilson que interpreta a garotinha possuída Doris! Ela impressiona ora parecendo inocente, ora mordaz, ora demoníaca, provando que talento realmente não tem idade. Ajudada por efeitos digitais bem oportunos (e nada gratuitos) para se contar esse enredo, ela se torna a alma do filme. O roteiro, como já escrevi, utiliza velhos elementos bem conhecidos dos fãs de terror (a casa com passado obscuro, a menina possuída, o padre exorcista, etc), mas tudo muito bem coordenado, nos lugares certos. Na parte final o filme derrapa um pouquinho, isso é verdade, mas quando isso acontece o espectador já foi presenteado com um dos bons filmes de terror do ano. Assim pude conferir que a boa recepção que teve por parte da crítica americana não foi em vão. É de fato um bom filme de horror, acima da média do que se vê por ai. Que venham outros com a mesma qualidade.

Ouija: Origem do Mal (Ouija: Origin of Evil, Estados Unidos, 2016) Direção: Mike Flanagan / Roteiro: Mike Flanagan / Elenco: Elizabeth Reaser, Lulu Wilson, Annalise Basso, Henry Thomas / Sinopse: Garotinha de nove anos é possuída por demônios após sua mãe comprar um tabuleiro Ouija e trazer para casa. Agindo de forma estranha, escrevendo em línguas estrangeiras, tendo surtos de possessão, ela chama a atenção do padre da escola católica onde estuda, dando origem a uma luta entre as forças do bem e do mal.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

O Nascimento de Uma Nação

O filme conta a história real de um escravo negro chamado Nat Turner. Ele viveu em Southampton, na Virgínia, sul dos Estados Unidos, no século XIX. Nascido e criado em uma fazenda de algodão ele poderia ter sido apenas um dos milhares de escravos que existiam nas extensas fazendas sulistas se não fosse por um detalhe que o diferenciava dos demais: ele aprendeu a ler e começou a estudar o evangelho. Naqueles tempos isso era extremamente raro pois a imensa maioria dos cativos eram analfabetos. Isso despertou a curiosidade dos demais fazendeiros brancos que começaram a pagar ao seu dono para levá-lo para pregar aos demais escravos da região.

Em um primeiro momento poderia até parecer que isso seria uma atitude caridosa dos donos de escravos, porém as intenções eram outras. Eles determinavam a Nat que ele apenas recitasse e ensinasse os trechos bíblicos que justificavam a escravidão, uma forma de amenizar e reprimir os desejos de rebelião dos escravos negros. Assim Nat nada mais era do que um instrumento a mais de dominação e repressão e não um verdadeiro pregador da mensagem bíblica. Aos poucos porém ele vai percebendo a deplorável situação de seus irmãos, muitos deles submetidos a torturas, castigos físicos e toda série de brutalidades que se possa imaginar. A partir desse ponto não é complicado imaginar o sentimento de revolta que acabou tomando conta de seus pensamentos e atos. Após ser brutalmente chicoteado, apenas por ter batizado um homem branco, Nat resolveu então liderar uma revolta de escravos, dando origem a um conflito sangrento que entrou para a história.

Esse é um excelente filme. Ele foi prejudicado nos Estados Unidos em seu lançamento porque o ator e diretor Nate Parker foi acusado de estupro, justamente na semana em que o filme chegava nos cinemas americanos. Isso fez com que a imprensa se concentrasse apenas nisso, deixando os méritos cinematográficos dessa produção completamente de lado. Uma pena. O filme conta uma história relevante, desconhecida até mesmo pelos negros americanos. Seria o resgate histórico da figura de Nat Turner, que apesar de ter escolhido os meios errados pela luta de sua causa, teve o importante papel de ser um dos pioneiros na busca pela liberdade dos escravos de sua época. Por fim um dado histórico estarrecedor: a história de Nat e sua rebelião serviram de justificativa para que uma lei fosse aprovada na Virgínia. Essa lei determinava que era proibido, a partir daquele momento, o ensino e aprendizado dos escravos negros, ou seja, era proibido ensinar a um escravo a ler e escrever. Tempos completamente obscuros eram aqueles.

O Nascimento de Uma Nação (The Birth of a Nation, Estados Unidos, 2016) Direção: Nate Parker / Roteiro: Nate Parker / Elenco: Nate Parker, Armie Hammer, Penelope Ann Miller / Sinopse: Nat Turner (Nate Parker) é um jovem escravo que decide liderar uma rebelião pela liberdade de seu povo no sul racista dos Estados Unidos do século XIX, dando origem a um verdadeiro banho de sangue entre negros e brancos. Filme indicado aos prêmios da African-American Film Critics Association (AAFCA) e Black Reel Awards.

Pablo Aluísio.

Garotas Selvagens

Título no Brasil: Garotas Selvagens
Título Original: Wild Things
Ano de Produção: 1998
País: Estados Unidos
Estúdio: Mandalay Entertainment
Direção: John McNaughton
Roteiro: Stephen Peters
Elenco: Kevin Bacon, Matt Dillon, Neve Campbell, Denise Richards, Theresa Russell, Robert Wagner, Bill Murray
  
Sinopse:
O professor Sam Lombardo (Matt Dillon) é detido, acusado de ter estuprado uma aluna, Kelly Van Ryan (Denise Richards), de uma tradicional família da Flórida. O detetive Ray Duquette (Kevin Bacon) começa então a investigar o caso e encontra furos e histórias mal contadas. Mesmo com a testemunha de Suzie Toller (Neve Campbell), outra aluna, de origem humilde, ele acredita que a verdade não está com a versão que as garotas contam.

Comentários:
Nunca gostei muito desse filme, isso apesar de contar com um ótimo elenco, uma mistura esperta entre veteranos e estrelas jovens em ascensão. A tentativa de tornar tudo sensual em uma história de cobiça, luxuria e traição, só funciona em termos. Quando tudo desanda para a (quase) vulgaridade, o filme se perde bastante. É um filme curioso também porque foi produzido pelo ator Kevin Bacon que usou seu prestígio pessoal e amizades no meio cinematográfico para trazer gente como Robert Wagner e Bill Murray em pequenas pontas. Também foi o filme que transformou as gatinhas adolescentes Neve Campbell e Denise Richards em musas sensuais para os jovens dos anos 90. Pena que nenhuma delas acabou fazendo uma carreira mais consistente nos anos que viriam. Pelo visto, como costumava dizer John Lennon, um rostinho bonito só dura alguns anos, depois se não tiver talento dramático real a carreira entra em pane, levando todas elas para um ostracismo. Então é isso, hoje em dia "Wild Things" já nem parece mais tão selvagem, embora na época de seu lançamento tenha chamado bastante a atenção. Revisto, vale como mera curiosidade.

Pablo Aluísio.