terça-feira, 5 de novembro de 2024

Uma Aventura na Martinica

Título no Brasil: Uma Aventura na Martinica
Título Original: To Have and Have Not
Ano de Lançamento: 1944
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Howard Hawks
Roteiro: Jules Furthman
Elenco: Humphrey Bogart, Lauren Bacall, Walter Brennan, Dolores Moran, Hoagy Carmichael, Sheldon Leonard

Sinopse:
Humphrey Bogart interpreta um cínico dono de barco em Martinica, região pertencente à França. E naquele período histórico, ainda durante a Segunda Guerra Mundial, a região passa a ser disputada por dois grupos rivais. Os colaboracionistas (leais aos invasores nazistas) tentam liquidar os membros da resistência (que lutam contra os nazistas, tentando expulsar o invasor de sua nação). Sobreviver nesse campo de batalha se torna uma arte da sobrevivência. 

Comentários:
Realizado dois anos depois do grande clássico "Casablanca" esse filme tem muito em comum com o anterior, mas com resultados cinematográficos bem mais modestos. De certa maneira é quase uma imitação, com história bem parecida mesmo, mas a todo tempo tentando soar diferente. De maneira em geral é um filme curtinho, com história simples. Não é um filme marcante na carreira do Bogart, apesar de ser bem conhecido pelos cinéfilos. O personagem de Bogart é antes de qualquer coisa um cínico, mas que no final de tudo tem pelo menos o bom senso de estar do lado certo da história. Lauren Bacall sempre teve uma boa presença em cena, mas aqui cometeu um grande deslize na carreira. Ela se meteu a cantar algumas músicas. O problema é que ela era provavelmente uma das piores cantoras de Hollywood. Voz realmente horrível. Coitado do pianista que a estava acompanhando no filme. Seu constrangimento fica bem claro. Enfim, temos aqui um genérico de "Casablanca", mas que passa longe, muito longe, da genialidade do filme que tentou desesperadamente copiar! 

Pablo Aluísio.

Jerry Lewis - O homem por trás do Palhaço

Título no Brasil: Jerry Lewis - O homem por trás do Palhaço
Título Original: Jerry Lewis, clown rebelle
Ano de Lançamento: 2018
País: França
Estúdio: ARTE Films
Direção: Gregory Monro
Roteiro: Gregory Monro
Elenco: Jerry Lewis, Dean Martin, Martin Scorsese, Marilyn Monroe, Shirley MacLaine (em imagens de arquivos). 

Sinopse:
Documentário realizado na França que traz um perfil geral da carreira do ator e diretor de cinema Jerry Lewis. Cenas antigas e raras foram recuperadas, além de partes de entrevistas que o artista realizou ao longo de sua vida, tanto nos Estados Unidos, como também na Europa. 

Comentários:
Jerry Lewis é cultuado na França como grande diretor de cinema. E também como comediante tem grande prestígio profissional, chegando a ser comparado ao grande Charles Chaplin. Esse documentário francês retrata bem o respeito que os cineastas franceses cultivam em relação a Jerry Lewis. Eu não discordaria dessa visão, eu pessoalmente considero Lewis um dos grandes comediantes da história do cinema. Sua obra não deixa dúvidas sobre isso. E esse documentário também traz uma preciosa entrevista em que Jerry Lewis admite que a pessoa mais importante de sua vida foi Dean Martin! De fato ele nunca se recuperou do fim da parceria. Ele adorava Martin, não apenas como grande amigo, mas também como companheiro de tantos filmes e shows. Uma pena que a dupla tenha sido desfeita. E Jerry admite que se lembrará dele pelo resto de sua vida. Essa entrevista foi realizada após a morte de Dean Martin e a emoção do velho palhaço fica mais do que evidente. Enfim, um documentário muito bom, feito para quem aprecia e ama a história do cinema. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Profissão: Repórter

Título no Brasil: Profissão: Repórter
Título Original: Professione: reporter
Ano de Lançamento: 1975
País: Estados Unidos, Itália
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Michelangelo Antonioni
Roteiro: Michelangelo Antonioni
Elenco: Jack Nicholson, Maria Schneider, Jenny Runacre

Sinopse:
Jack Nicholson interpreta um jornalista investigativo que vai até a África para entrevistar algum chefe de guerrilha em um país africano assolado pela guerra civil. Ele não consegue seu objetivo e acaba trocando identidade com outro americano que estava hospedado em seu hotel. O problema é que o sujeito tinha ligações com contrabandistas de armas e a situação do impostor vai ficar realmente perigosa com essa mudança de identidade. 

Comentários:
Durante anos ouvi falar desse filme, com elogios e mais elogios. Finalmente nesse fim de semana acabei assistindo. A mais óbvia conclusão a que cheguei é que esse filme é realmente muito superestimado pela crítica. Não é segredo para nenhum cinéfilo que Michelangelo Antonioni sempre foi um queridinho da crítica. Tudo o que ele fez ao longo de sua carreira foi louvado, idolatrado e aclamado. Seu filmes trazem um clima de desolação e melancolia que faz até hoje muitos críticos revirarem os olhos de êxtase. Acho isso uma grande bobagem. Esse filme, por exemplo, fica o tempo todo entre dois estilos cinematográficos, sem chegar bem neles em nenhum momento. Em certos aspectos tenta ser um drama existencial, para em outros quase virar uma cópia mal feita dos filmes de James Bond. O final é simplesmente chato. Lamento dizer. Jack Nicholson continua ótimo, embora contido. Já a Maria Schneider seguramente foi uma das piores atrizes de todos os tempos. Ao lado do velho Jack, que sempre foi um craque, ela passa vergonha com sua fraca atuação. A coisa toda é quase amadora de tão ruim! Enfim, valorizaram demais um filme que no final das contas é apenas OK! 

Pablo Aluísio.

A Filha de Satã

Título no Brasil: A Filha de Satã
Título Original: Night of the Eagle
Ano de Lançamento: 1962
País: Estados Unidos
Estúdio: Independent Artists
Direção: Sidney Hayers
Roteiro: Fritz Leiber Jr, Charles Beaumont
Elenco: Peter Wyngarde, Janet Blair, Margaret Johnston

Sinopse:
Um professor universitário leciona aos seus alunos sobre crenças ancestrais. Ele ensina que coisas como feitiçarias e bruxarias são crendices antigas que não possuem mais nenhuma razão de ser nos dias modernos. Já sua esposa é o oposto disso. Ela acredita em todo tipo de magia e vai acabar prejudicando seu marido por causa disso. Filme também conhecido como "Burn Witch, Burn!". 

Comentários:
Antes de mais nada ignore o título nacional estúpido. Não tem nada a ver. O filme originalmente se chama "A Noite da Águia". Não é um filme de terror barato e passa muito longe disso. Aliás se destaca pelo extremo oposto. Achei um roteiro muito bem escrito, muito sóbrio, até mesmo elegante. O contraste entre um homem intelectual, racional, professor de universidade e sua esposa, cheia de crendices, espalhando artefatos de feitiçaria e bruxaria por toda a sua casa, levanta questões muito interessantes, entre elas a de que esse tipo de superstição, no fundo, só causa efeito se a própria pessoas acreditar nelas! É o poder de sugestão da própria mente humana, nada tendo a ver com magia real ou qualquer coisa que o valha. Enfim, um filme muito interessante que não perde a elegância nem mesmo nos momentos de loucura da personagem da esposa do professor. Vale a recomendação. 

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de novembro de 2024

Imperador Romano Caracala

Imperador Romano Caracala
Era o segundo filho do imperador Sétimo Severo. O irmão mais velho, Geta, era o preferido do pai. Antes de morrer o velho imperador determinou que o império seria dividido entre seus dois filhos. As legiões gostavam de Geta, que era um belo jovem, muito atlético, alto e com uma personalidade que agradava aos soldados. Era parecido com o próprio pai e era visto como um jovem educado e cortês. Caracala, por outro lado, era baixo, feio e cheio de ressentimentos. Mal seu  pai faleceu e ele começou os planos para matar o próprio irmão Geta. Acabou sendo bem sucedido. Mandou assassinos para o quarto dele e quando esse foi esfaqueado caiu na frente de sua mãe Júlia. Foi um trauma que ela nunca mais superou. 

Assim Bassiano (seu nome real) subiu ao trono com o título de Caracala, um nome inspirado no manto púrpuro que carregava em seu treja imperial. Esse seria um dos piores imperadores da história de Roma. Caracala era ressentido, cheio de ódio e perversidade. Assim que se tornou imperador começou uma política de perseguição e assassinato contra todos os seus inimigos, fossem eles reais ou imaginários. Uma de suas vítimas foi o grande jurista Papiniano, um dos maiores nomes da história do Direito Romano. Ele se recusou a defender a morte de Geta. Acabou sendo assassinado com requintes de crueldade por assassinos contratados pelo imperador. No total, estimam os historiadores, Caracala mandou executar mais de 20 mil pessoas, entre juristas, poetas, escritores, militares, senadores e pessoas do povo em geral. 

Era um assassino de massas, mas Caracala, que tinha péssima popularidade entre o povo romano, se via como o novo Alexandre, o Grande. O povo ria dessa comparação. Dizia-se nos becos da grande cidade que ele não conseguia passar de uma "imitação barata perto do verdadeiro Alexandre". A simples difusão desse tipo de ofensa era punida com morte pelo Imperador. Ele odiava em especial aqueles que o ridicularizavam. Grafites nos muros da cidade eterna porém o desafiavam. Seus opositores escreviam coisas cmo "Geta é o verdadeiro imperador" e "Feioso Caracala, assassino do irmão!". 

Enfurecido, Caracala decidiu viajar pelas províncias, deixando Roma para trás. Nunca mais retornou para a capital do império. E continuou sendo odiado por onde chegava. Ao chegar em Alexandria, a famosa cidade fundada pelo próprio Alexandre, o Grande, pensou que seria recebido como o próprio Alexandre, só que o povo o ignorou completamente. Diziam aos risos: "É esse o tal que ousa se comparar com o grande Alexandre Magno?"

Enfurecido, promoveu um massacre entre o povo de Alexandria. Foi seu último erro. Uma grande rebelião explodiu na grande cidade e Caracala se viu cercado por inimigos por todos os lados. Acabou sendo morto por um legionário de sua própria tropa. Tal como o irmão, foi morto com um punhal! Depois seu corpo foi jogado em um matagal próximo. A própria mãe dele, Júlia, respirou aliviada. Caracala, cada vez mais paranoico e violento, dizia que iria matar sua mãe ao retornar para Roma. Felizmente para o povo, isso nunca iria acontecer. 

Pablo Aluísio. 

Imperador Romano Sétimo Severo

Imperador Romano Sétimo Severo
Dois séculos depois da morte de Cristo, o Império Romano continuava sua longa jornada de decadência social, moral e política. O cargo de Imperador era descaradamente vendido pelos guardas pretorianos. Quem pagasse mais, levava o Império. Assim subiram ao poder homens ricos, mas inescrupulosos, corruptos que desejavam apenas saquear os tesouros imperiais. A situação ficou tão absurda e afrontosa que muitos governadores de provinciais se revoltaram contra essa situação. 

Entre esses governadores estava Sétimo Severo. Ele reuniu uma grande legião e marchou em direção a Roma. Após uma guerra civil bem sangrenta finalmente recebeu o apoio político e militar dos demais governadores e se tornou o novo Imperador de Roma, prometendo colocar ordem na anarquia e no caos, varrendo da cidade eterna os políticos corruptos e os militares sem honra. 

Seu primeiro ato como Imperador foi acabar com a guarda Pretoriana. Criada por Augusto, essa ordem militar se tornou um elemento nocivo para o Império. Seus membros estavam vendendo cargos públicos em troca de dinheiro e propriedades. Eles também foram responsáveis pela morte de vários imperadores no passado. Então era mesmo um elemento a ser destruído dentro do império. Vários guardas pretorianos foram presos por seus crimes e outros fugiram para não caírem presos também. 

Outra investida de Sétimo Severo foi o Senado. Havia um grupo de senadores corruptos. Doze deles em especial foram presos e condenados à morte. Depois disso o novo imperador nomeou homens de sua confiança ao Senado e entregou as forças do império para militares honrados e honestos que tinham demonstrado seu valor no campo de batalha. 

Com os políticos certos no Senado e com o controle do poderio militar, finalmente o Imperador conseguiu governar em paz. E fez um bom governo a ponto de ter grande popularidade entre o povo romano. Na política externa enfrentou uma grave rebelião de um império vizinho que dominava a região da Mesopotâmia. Sagrou-se vencedor nessa guerra e construiu um arco de triunfo em celebração a essa grande vitória. O Imperador Sétimo Severo viveu até a idade de 65 anos e morreu de gota. Não foi assassinado como havia acontecido com muitos outros Imperadores do passado. 

Pablo Aluísio. 

sábado, 2 de novembro de 2024

Elvis Presley - Kissin' Cousins - Parte 1

Elvis Presley - Kissin' Cousins - Parte 1
Esse filme Kissin' Cousins tem muita coisa em comum com Harum Scarum. São boas trilhas sonoras de Elvis para filmes muito ruins. O filme Kissin' Cousins até que não era tão ruim como Harum Scarum. Por outro lado sua trilha sonora era ligeiramente inferior. E ambos foram produzidos pelas mesmas companhias, a MGM no cinema e a RCA Victor no disco. Quando Kissin' Cousins chegou aos cinemas em 1964 o público até estava animado por causa do sucesso de "Viva Las Vegas" que foi indiscutivelmente um dos melhores musicais de Elvis nos anos 60. Só que tudo se transformaria em um balde de água fria. 

Se "Viva las Vegas" tinha boa produção e uma linda Ann-Margret, "Kissin' Cousins" não tinha nada disso. Era uma produção B onde Elvis interpretava dois personagens, um com os cabelos pretos do cantor e outro usando uma peruca loira! Dois papéis em um filme que não deixou saudades. Uma paródia em cima de pessoas caipiras em um tom tão caricato que nos dias de hoje iria soar até mesmo como um desrespeito, algo ofensivo. No Brasil o filme recebeu um nome "digno" dessa coisa toda. Em nosso país o filme recebeu o nome de "Com Caipira Não se Brinca". Pois é, enquanto Elvis afundava nesse tipo de filme os Beatles surfavam a onda da Beatlemania nos Estados Unidos! 

Mas vamos para as músicas da trilha sonora, que eu considero um bom disco. Inclusive até que vendeu muito bem, chegando ao oitavo lugar entre os mais vendidos da Billboard. Nem merecia tanto sucesso comercial assim. Pois bem, o disco abre com a faixa "Kissin' Cousins (Number 2)". Como havia dois personagens interpretados por Elvis, os produtores acharam por bem também colocar duas músicas temas na trilha sonora! Essa faixa Number 2 não é melhor do que a Number 1. Ainda assim é uma boa música. Não faz feio. 

Certa vez eu dei boas risadas quando um colunista brasileiro escreveu que a música "Smokey Mountain Boy" era sobre um garoto que gostava de fumar nas montanhas! Não, caro boboca, tradução completamente errada. As montanhas do Kentucky (onde a história do filme se passa) são conhecidas como Smokey Mountains por causa das fortes neblinas que as encobrem no inverno. Nada a ver com gente fumante no alto da montanha! Chegou a ser engraçado essa tradução bizarra. Essa música é justamente sobre essas pessoas que moram no alto da montanha. É uma faixa até legal, em ritmo de marcha, toda assoviada no arranjo. Dizem que os assovios são de membros do Jordanaires. Ficou interessante. 

Pablo Aluísio. 

The Beatles - Beatles For Sale - Parte 1

The Beatles - Beatles For Sale - Parte 1 
"No Reply" é uma beleza de melodia. Com John Lennon nos vocais principais (em voz dobrada dentro dos estúdios), é um dos melhores momentos desse disco. Não sei exatamente a razão, mas essa canção sempre me levou a ter um sentimento de estar ouvindo uma antiga trilha sonora da era do cinema mudo, onde as trilhas dos filmes eram executados por pianistas dentro das salas de cinema. Tem uma sonoridade de música antiga, do começo do século XX. Poderia estar em uma velha película estrelada por Douglas Fairbanks.

Agora imagine ser um dos roqueiros mais populares do mundo, ser exaltado em todos os lugares por onde passava, com milhares de fãs lhe idolatrando, ter fama e sucesso financeiro e ainda assim escrever uma música chamada "Eu sou um Perdedor" ("I'm a Loser"). Foi justamente isso que John Lennon fez, bem ali na onda da Beatlemania. Era coisa para poucos. Na letra John afirmava várias vezes que era um perdedor e nada daquilo que as pessoas pensavam. John Lennon, sem favor nenhum, foi um dos maiores letristas da história do rock. E para deixar ainda mais sua marca registrada ele também acrescentou sua característica gaita. Lennon em estado puro.

"Rock and Roll Music" foi composta, gravada e lançada originalmente por um dos pais do rock, Chuck Berry. Esse foi um artista único, com uma história que era puro rock ´n´roll. Negro, sempre envolvido com tretas na justiça, onde vivia entrando e saindo da cadeia, era um tipo marginal em sua vida pessoal. Porém como artista seu talento era inegável. Certa vez John Lennon o encontrou pessoalmente em um programa na TV americana durante os anos 70. Sem nem pensar duas vezes se derreteu de elogios na frente dele, o chamando de "meu herói". Realmente, para aquela geração roqueira ele foi mesmo um símbolo, um herói do movimento.

"I'll Follow the Sun" é linda! Simplesmente isso, uma das mais lindas músicas gravadas pelos Beatles. É impressionante como aqueles jovens conseguiam criar algo tão belo no estúdio. O produtor George Martin também acertou muito ao sugerir aos Beatles que eles fizessem arranjos simples e belos, com solos de violão e o baixo de Paul em segundo plano, quase imperceptível. Esse tipo de sonoridade relaxante e romântica iria ressurgir alguns anos depois no clássico "Here Comes The Sun". Tinha o mesmo sentimento, o mesmo feeling.

Pablo Aluísio.