Finalizando a análise desse álbum dos Beatles, vamos tecer os últimos comentários sobre ele. Sempre que se fala em "Beatles For Sale" se afirma que foi um álbum criado meio às pressas, tentando cumprir obrigações contratuais dos Beatles com a gravadora EMI. Era necessário ter um disco novo dos Beatles nas festas de fim de ano e o grupo estava exausto por essa época. Tudo isso tem mesmo seu fundo de verdade, mas não vamos desmerecer essas gravações. Afinal se trata de um dos 13 álbuns oficiais dos Beatles em sua carreira. Sua importância jamais poderá ser subestimada.
"I Don't Want to Spoil the Party" nunca chegou a fazer sucesso, nem na época em que o disco foi lançado e nem muito menos depois. Eu considero, por outro lado, um dos bons momentos do "Beatles For Sale". É uma composição da dupla Lennon e McCartney que de certo modo foi usada apenas para completar o disco, mas isso não tira seus méritos. Considero ela muito bem gravada e executada. E a letra, mesmo sendo simples, tenta inovar de alguma forma.
John Lennon tinha uma personalidade bem incisiva. Isso não atraía a simpatia de todas as pessoas, muito pelo contrário. Geralmente John, com seu jeito sincero, criava muitos problemas, seja com a imprensa, seja até mesmo com outros artistas. Não foram poucos os jornalistas que o encontraram no auge da Beatlemania, dizendo depois que ele era um tanto rude. Uma característica da classe trabalhadora de Liverpool que Lennon levou para sua vida.
Quando essas reclamações chegavam até Brian Epstein ele costumava se encontrar com John Lennon, perguntando: What You're Doing (O que você está fazendo?). John aproveitou a deixa e escreveu essa música. Para disfarçar tentou colocar os recados que mandava para Epstein no meio de uma letra que supostamente falava do amor entre dois adolescentes. Foi praticamente uma piadinha interna entre ele e seu empresário. O bom é que tudo isso resultou em mais uma boa música do disco.
Pablo Aluísio.