Um filme clássico de guerra, sempre lembrado em listas de melhores do gênero. A história é das mais interessantes. O capitão Philip Francis Queeg (Humphrey Bogart) assume o comando do navio de guerra denominado Caine, durante a Segunda Guerra Mundial. Há anos a embarcação está precisando de reparos, além de contar com uma tripulação insubordinada e relapsa. Sua linha de comando dura e com forte ênfase nos menores detalhes, leva seu grupo de oficiais a entender que ele estaria passando por algum tipo de problema mental. Durante uma tempestade o tenente Steve Maryk (Van Johnson) resolve assumir o controle do navio. Seria esse um ato heroico ou um motim?
Logo no começo do filme a Marinha dos Estados Unidos deixa claro que nunca houve um motim na sua história e tudo o que o espectador irá assistir é mera ficção baseada no romance escrito por Herman Wouk, que inclusive venceu o Pulitzer, o mais prestigiado prêmio de literatura dos EUA. Certamente uma medida de precaução por parte das forças armadas. Afinal um motim é uma das piores coisas que podem acontecer dentro de um navio de guerra. É a quebra total e completa da hierarquia militar, colocando em risco a vida das pessoas, não apenas da tripulação, como também da sociedade em geral.
O roteiro é muito bem escrito, com destaque para quatro personagens centrais. O primeiro é o próprio capitão Queeg (Bogart), um militar que não aceita o menor deslize em relação ao regulamento da marinha. Para isso toma decisões absurdas que vão contra o bom senso. Também apresenta claros sinais de que não está bem mentalmente. O primeiro a perceber isso é o tenente Tom Keefer (MacMurray) que de certa forma se torna o estopim da destituição de seu comandante e Maryk (Johnson) que resolve arriscar tudo em um ato de extrema coragem para salvar o navio.
Nessa tabuleiro de tensões ainda há espaço para um recém saído tenente da academia militar, Willie Keith (Robert Francis), um jovem inexperiente que sequer consegue sair da sombra de sua mãe dominadora. O filme tem excelentes cenas para a época, com destaque para o momento em que o Caine enfrenta uma terrível tempestade. Depois do motim todos vão parar em uma corte marcial e o enredo dá uma guinada, virando um drama de tribunal militar. É sem dúvida um dos grandes filmes da carreira de Humphrey Bogart que inclusive concorreu ao Oscar de melhor ator. Em suma, temos aqui uma verdadeira obra prima do cinema clássico.
A Nave da Revolta (The Caine Mutiny, Estados Unidos, 1954) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Stanley Roberts, Michael Blankfort / Elenco: Humphrey Bogart, Robert Francis, José Ferrer, Van Johnson, Fred MacMurray, Tom Tully / Sinopse: Um motim se forma dentro de um navio de guerra da Marinha dos Estados Unidos, colocando em alerta todos os envolvidos na crise. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor direção (Edward Dmytryk), melhor roteiro (Stanley Roberts, Michael Blankfort) e melhor ator (Humphrey Bogart).
Pablo Aluísio.
Cinema Clássico
ResponderExcluirA Nave da Revolta
Pablo Aluísio.
Pablo:
ResponderExcluirNa minha mais que duvidosa opinião, o Humphrey Bogart nunca foi melhor ator que nesse filme, nem em um com muito mais prestígio, o Casablanca.
Ah, esse foi mais um que eu vi dele.
Eu não sabia que nunca na história um navio da marinha americana havia sofrido um motim. É algo que surpreende, ainda mais sabendo-se que a história da marinha inglesa está cheia de motins, alguns históricos como os que deram origem a bons filmes, como Rebelião em Alto-Mar. O HMS Bounty foi o caso mais famoso nesse aspecto. Fizerm um motim e mataram os oficiais. O navio foi despedaçado e os marinheiros viveram até o fim de seus dias em paradisíacas ilhas no Pacífico Sul.
ResponderExcluirCertamente Serge,
ResponderExcluirEle está muito bem no papel. O Bogart só funcionava em personagens desse tipo, nada amistosos, com jeito de que mais cedo ou mais tarde vai fazer alguma vilanice... rsrsrs
Pois é, Lord Erick,
ResponderExcluirA questão é que não havia ainda a moderna marinha inglesa, esse tipo de coisa aconteceu em tempos mais remotos, ainda nos tempos dos navios de madeira, das grandes navegações, etc. Hoje em dia um motim seria impensável. As marinhas são muito profissionais para esse tipo de situação.