segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

A Rainha Virgem

Título no Brasil: A Rainha Virgem
Título Original: Young Bess
Ano de Lançamento: 1953
País: Reino Unido
Estúdio: Walt Disney Productions
Direção: George Sidney
Roteiro: Hugh Mills, Jan Lustig
Elenco: Jean Simmons, Stewart Granger, Deborah Kerr, Charles Laughton, Cecil Parker, Kay Walsh

Sinopse:
O filme retrata a juventude de Elizabeth Tudor, futura Rainha Elizabeth I da Inglaterra, desde a adolescência até sua ascensão ao trono. Cercada por intrigas políticas, traições e disputas religiosas durante o turbulento reinado de seu pai, Henrique VIII, Elizabeth aprende a sobreviver em uma corte repleta de perigos. Ao longo de sua formação, ela desenvolve a inteligência, a cautela e a força de caráter que a transformariam em uma das maiores monarcas da história inglesa.

Comentários:
O filme é baseado no romance histórico “Young Bess”, de Margaret Irwin. Jean Simmons recebeu grande aclamação por sua interpretação sensível e madura de Elizabeth I ainda jovem. Charles Laughton oferece uma atuação marcante como Henrique VIII, retratando o rei de forma autoritária e imprevisível. Apesar de ser uma produção da Disney, o filme tem um tom mais sério e histórico, bem diferente do cinema familiar associado ao estúdio. A fotografia em Technicolor e os figurinos luxuosos ajudam a recriar a atmosfera da corte inglesa do século XVI. O filme é considerado um clássico do cinema histórico, frequentemente lembrado como uma das melhores representações da juventude da Rainha Elizabeth I. Porém, como se trata de um filme clássico, de um tempo onde não havia tanto compromisso com a verdade histórica, não espere por fatos precisos da história real dessa monarca. Tudo vai mesmo na base da idealização e isso resulta em muito romance de pura ficção. Apesar disso, ou talvez até por isso, o filme ainda vale a pena. Como puro cinema é uma ótima diversão.

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de dezembro de 2025

Brigitte Bardot

Brigitte Bardot
Acordamos nessa manhã de domingo com o anúncio da morte da atriz francesa Brigitte Bardot. Para os mais jovens um nome que eles mal conhecem. Uma pena o nível de ignorância dessa nova geração! Pois saibam que ela foi uma das maiores estrelas do cinema mundial, um ícone da beleza e um verdadeiro fenômeno de popularidade. E tudo isso sem praticamente sair da França e sem saber falar direito nem uma frase em inglês. Ela foi, sem dúvida nenhuma, uma das mais famosas atrizes de todos os tempos. 

Ao contrário de outros ícones da beleza e juventude de sua época, como Marilyn Monroe e até mesmo Elvis Presley (que ela esnobou, dizendo que não queria nem mesmo conhecer o cantor americano!), BB (como era conhecida) viveu muito! Passou dos 90 anos, completou seu ciclo de vida completo, sendo criança feliz, jovem famosa nos quatro cantos do mundo, adulta que abraçou a causa animal e idosa reclusa, mas plena de si, vivendo em um belo apartamento à beira-mar, pois amava o oceano. 

Brigitte Bardot também foi símbolo da liberdade feminina. Ela teve seu auge de fama e popularidade nas décadas de 1950 e 1960, numa época em que as mulheres eram reprimidas em tudo. Pois ele ousou ser livre! Namorava com quem bem entendesse, saía à noite, ia à praia com roupas ousadas, não havia limites para BB em sua juventude. E não se engane sobre isso, sua postura causava escândalo. Chamavam ela de liberal, devassa e até mesmo de prostituta. Nada de novo no repertório de difamações e injúrias, tão típicas entre os mais conservadores. BB nem tomou conhecimento, seguiu sendo ela mesma! 

Abandonou o cinema em 1973. Nunca mais retornou, tal como uma Greta Garbo dos tempos modernos. Ao invés da sétima arte abraçou o amor aos animais. Só concedia entrevistas para falar sobre esse tema e rejeitava os anos de fama proporcionada por seus filmes. Alegou que a fama poderia ser uma benção, mas também uma praga na vida de um artista. Disse que, por causa da fama internacional, nunca conseguiu ter a liberdade plena que tanto sonhava. Assim ela, que tanto falou sobre liberdade pessoal, acabou sendo presa justamente por ser a mais famosa mulher de seu tempo. Ecos da época em que viveu. De qualquer maneira fica o adeus para a eterna BB, que ficará imortalizada para sempre em seus filmes. Que os deuses da sétima arte a recebam hoje com tapete vermelho e tudo o que lhe era de pleno merecimento. Siga em paz Bardot! 

Pablo Aluísio. 

sábado, 27 de dezembro de 2025

Meu Pai, o Assassino BTK

Título no Brasil: Meu Pai, o Assassino BTK
Título Original: My Father: The BTK Killer
Ano de Lançamento: 2025
País: Estados Unidos
Estúdio: Netflix
Direção: Skye Borgman
Roteiro: Skye Borgman
Elenco: Kerri Rawson (filha do assassino), Dennis Rader (em arquivos de imagens), Beverly Rose, Harley Tarlitz, J. Jesse Harley

Sinopse:
Documentário que conta com o depoimento da filha do assassino BTK. Em flashback acompanhamos a chocante descoberta de uma jovem que passa a suspeitar que seu pai, um homem aparentemente comum e dedicado à família, possa estar ligado a uma série de crimes que aterrorizou a cidade de Wichita por décadas. À medida que as pistas se acumulam, ela enfrenta um conflito devastador entre o amor familiar e a necessidade de encarar uma verdade sombria, ligada ao infame assassino conhecido como BTK.

Comentários:
Virou mania agora essa coisa de pessoas que fazem séries ou filmes dizendo que são filhos ou filhas (e até netos!) de assassinos em série! Não faz muito tempo assisti a uma série de um canal a cabo que era protagonizada por uma jovem que insistia que seu avô era o infame assassino do Zodíaco! Bom, pelo menos aqui temos a filha verdadeira do BTK. Ele foi muito infame nos anos 70. Matou muitas pessoas, especialmente mulheres que estavam sozinhas em suas casas. Como todo serial killer ele mantinha uma fachada social impecável. Era chefe dos escoteiros, excelente cidadão, membro ativo na igreja local. Todo mundo parecia gostar dele. Só que por trás dessa falsa fachada havia mesmo um assassino em série mais do que maníaco e voraz. Hoje, muito mais velha, a filha do BTK conta o impacto que sua família sofreu quando seu pai foi desmascarado! Dennis Rader (seu nome real) tinha até então uma vida familiar muito estável. Uma família de comercial de margarina como se diz no Brasil. Só que tudo ruiu porque os policiais conseguiram chegar na sua identidade! E foi porque ele usou o computador da sua igreja para mandar uma nova mensagem de ameaça e terror aos policiais! Daí foi fácil chegar no criminoso. Logo ele, o cristão perfeitão da cidade onde morava! Um cidadão de bem, perfeito demais, na realidade era o assassino BTK (sigla de "Amordaçar, estuprar e matar") Durma-se com um barulho desses! Enfim, assim deixo a dica desse filme documentário que está disponível na Netflix! Assista e se arrisque para ver se gosta!

Pablo Aluísio.

Meu Avô, o Assassino do Zodíaco

Título no Brasil: Meu Avô, o Assassino do Zodíaco
Título Original: The Thrut About Jim
Ano de Lançamento: 2024
País: Estados Unidos
Estúdio: HBO
Direção: Skye Borgman
Roteiro: Skye Borgman
Elenco: Shannon Barter, Sierra Barter, Jim Mordecai

Sinopse:
Jovem começa a investigar o passado de seu avô e juntando as peças, colhendo depoimentos de pessoas que conviveram com ele, acaba chegando na conclusão de que ele seria na verdade o infame assassino do Zodíaco, assassino em série que agiu nos anos 60 e cuja identidade jamais foi descoberta pela polícia, mesmo após tantas décadas! 

Comentários:
Como eu venho dizendo temos essa nova onda de documentários de pessoas que se dizem parentes de assassinos em série famosos do passado (ou melhor dizendo, infames!). Pois bem, esse documentário, dividido em vários episódios, não me pareceu nada convincente. Temos essa garota que jura que sabe que seu avô, já falecido, foi o Zodíaco, assassino que atuou na região de San Francisco, geralmente matando casais de namorados. Na fachada social seu avô era um professor do ensino médio que tinha lá suas manias e esquisitices, mas daí a se dizer que ele era o Zodíaco... vai uma longa distância! Na realidade penso que o mais provável é que o Zodíaco fosse um outro suspeito, um rapaz bem mais jovem que trabalhava na biblioteca de uma universidade próxima onde aconteceu um dos primeiros crimes. Um daqueles tipos com fixação em roupas militares e militarismo. Um doido desses. Enfim, não me convenceu em nenhum momento. Coitado, sobrou até para o velho professor...

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Seven

Título no Brasil: Seven
Título Original: Se7en
Ano de Lançamento: 1995
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: David Fincher
Roteiro: Andrew Kevin Walker
Elenco: Brad Pitt, Morgan Freeman, Kevin Spacey, Gwyneth Paltrow, R. Lee Ermey, John C. McGinley

Sinopse:
Em uma cidade sombria e sem nome, dois detetives com visões opostas do mundo unem forças para capturar um serial killer meticuloso que baseia seus crimes nos sete pecados capitais. O veterano Somerset (Freeman), prestes a se aposentar, e o impulsivo Mills (Pitt) mergulham em uma investigação cada vez mais perturbadora, na qual cada pista revela a mente cruel e calculista do assassino. Conforme a caçada avança, a linha entre justiça e desespero se torna perigosamente tênue.

Comentários: 
Outro filme dos anos 90 que resolvi rever nesse final de ano foi "Seven - Os Sete Pecados Capitais", Como já escrevi anteriormente sobre esse filme em outras ocasiões, vou aqui apenas falar sobre o que mais me chamou a atenção nessa nova revisão. Um dos aspectos que me tinham passado em branco nas outras ocasiões foi que o nome do ator Kevin Spacey foi omitido propositalmente nos créditos iniciais. Tudo para não estragar as surpresas do filme, inclusive sobre a identidade do assassino em série. Aliás esse final sempre é o aspecto mais lembrado do roteiro, com o personagem de Brad Pitt finalmente colocando um fim nos pecados capitais, mas corroído pela ira, sendo tragado pela inveja assumida por seu antagonista. É um roteiro bem bolado, temos que admitir. Faltavam dois pecados capitais e eles foram muito bem inseridos na conclusão da história. E por falar em Brad Pitt ele, nessa revisão, me pareceu bem menos convincente como o jovem policial imaturo que quer as glórias de uma carreira iniciante, ao prender esse serial killer cheio de simbolismos e rituais. Pitt perde a linha inclusive na cena clímax, com arma na mão e muitos pensamentos perturbadores passando por sua mente. Não faz mal, quando o filme chegou ao seu desfecho o jogo certamente já estava ganho. 

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Donnie Brasco

Título no Brasil: Donnie Brasco
Título Original: Donnie Brasco
Ano de Lançamento: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: TriStar Pictures
Direção: Mike Newell
Roteiro: Paul Attanasio
Elenco: Johnny Depp, Al Pacino, Michael Madsen, Anne Heche, Bruno Kirby, James Russo

Sinopse:
Baseado em fatos reais, o filme acompanha Joseph Pistone (Johnny Depp), um agente do FBI que assume a identidade de Donnie Brasco para se infiltrar na máfia ítalo-americana de Nova York nos anos 1970. Ao conquistar a confiança do mafioso envelhecido Lefty Ruggiero (Al Pacino), Donnie sobe na hierarquia do crime organizado, mas passa a viver um conflito profundo entre sua missão e os laços pessoais que desenvolve. À medida que a operação se aprofunda, os riscos aumentam e a linha entre dever e identidade começa a desaparecer.

Comentários: 
Fim de ano chegando, gosto de rever filmes do passado. Um deles foi esse "Donnie Brasco". Um bom filme, mas que fica abaixo dos filmes da máfia dirigidos por cineastas como Coppola e Scorsese. Ainda assim se mantém em um nível de qualidade cinematográfica elevado. É uma história real, sobre um agente do FBI que se infiltra dentro de uma das famílias mafiosas de Nova Iorque. E para isso ele ganha a amizade de um membro do baixo clero do crime organizado. O interessante dessa história é que o agente federal vai mesmo criando uma amizade real e acaba tendo muita compaixão pelo criminoso, um sujeito que sempre é deixado para trás dentro do grupo mafioso de que faz parte. Ele obviamente fica ressentido por isso. É uma história, no final das contas, sobre um homem que tenta sobreviver, que tem uma esposa suburbana e um filho viciado em drogas. A vida é dura, ele mesmo aceitando fazer as maiores atrocidades no mundo do crime jamais se levanta de sua existência de fracassos e derrotas. Esse filme, na realidade, não é sobre a máfia, mas sobre esse sujeito, interpretado mais uma vez de forma inspirada e talentosa por Al Pacino. 

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

Drácula – Uma História de Amor Eterno

Título no Brasil: Drácula – Uma História de Amor Eterno
Título Original: Dracula: A Love Tale
Ano de Lançamento: 2025
País: França
Estúdio: EuropaCorp
Direção: Luc Besson
Roteiro: Luc Besson
Elenco: Caleb Landry Jones, Christoph Waltz, Zoë Bleu Sidel, Matilda De Angelis, Guillaume de Tonquédec, Ewens Abid

Sinopse:
Nesta nova adaptação do clássico de Bram Stoker, o conde Drácula é apresentado sob uma perspectiva profundamente romântica e trágica. Após perder o grande amor de sua vida, ele atravessa séculos marcado pela solidão e pela imortalidade. Quando acredita reencontrar sua amada em outra mulher, Drácula se vê dividido entre o amor eterno e sua natureza monstruosa, enquanto forças humanas e sobrenaturais se aproximam para destruí-lo. O filme enfatiza o conflito emocional, a paixão e o peso do tempo sobre a alma do vampiro.

Comentários:
Depois de um bom tempo sem dirigir um filme, o cineasta Luc Besson retornou para assinar essa nova versão cinematográfica de Drácula, o clássico eterno escrito por Bram Stoker. Fui com boa vontade assistir a esse novo filme, sem preconceitos. Infelizmente deixou a desejar em vários pontos. Desde a primeira cena fica bem evidente que o diretor tentou seguir os passos de Francis Ford Coppola em seu filme "Bram Stoker’s Dracula" de 1992. Digo e repito, esse foi o filme definitivo sobre Drácula. Nada melhor foi feito antes e nem depois de seu lançamento (que tive a honra de assistir no cinema, na época). Assim o diretor francês já largou em desvantagem. Ao invés de tentar algo novo e original, ele apenas tentou copiar Coppola. Não ficou nada interessante de assistir. Vai funcionar, talvez, para a nova geração que nunca viu o filme que foi copiado, mas para quem é cinéfilo veterano, não tem jeito, vai ficar tudo meio constrangedor. Também não gostei desse ator Caleb Landry Jones. Ele é tosco e não tem o refinamento que o papel exige. Já Christoph Waltz surge sem novidades. Ele é bom ator, mas está se repetindo, filme após filme. Seu papel de um padre inexiste no livro original e basicamente surge no lugar de Van Helsing. Outro erro dessa adaptação. Personagens tão importantes não devem ser retirados de nenhuma adaptação. Assim deixo a marca de decepção. Esperava algo melhor, ainda mais vindo de Luc Besson, um diretor de que gosto muito. 

Pablo Aluísio. 

A Mosca da Cabeça Branca

Título no Brasil: A Mosca da Cabeça Branca
Título Original: The Fly
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Kurt Neumann
Roteiro: George Langelaan, James Clavell
Elenco: Vincent Price, Patricia Owens, Herbert Marshall, Kathleen Freeman, Betty Lou Gerson, Charles Herbert

Sinopse: 
Por anos um cientista tenta sem sucesso transportar matéria pelo espaço, indo de um lugar ao outro. A invenção poderia ser revolucionária para o futuro da humanidade. A tentativa se baseia na reconstrução molecular entre câmeras de transporte. Durante uma dessas tentativas porém uma mosca adentra o recipiente de transposição, fundindo o DNA do inseto com o DNA humano, criando nesse processo um ser simplesmente monstruoso!

Comentários:
Esse filme ganhou um selo de cult movie com o passar dos anos. É fato que se trata mesmo de um grande clássico do cinema fantástico do passado. O roteiro e sua direção de arte só ganharam com o passar do tempo e o filme não ficou ridículo após todos esses anos, o que é um feito e tanto! Aliás muito pelo contrário. O que vemos é Hollywood tentando captar o clima original em vários remakes, inclusive o de 1986 que também é uma pequena obra prima. A Mosca da Cabeça Branca tem todos os ingredientes dos filmes fantásticos dos anos 1950. Existe a desconfiança natural com os rumos da ciência, o cientista que não consegue frear seus impulsos, passando por cima da ética e os efeitos nefastos de seus experimentos - em filmes assim isso era representado justamente pelo surgimento de aberrações, monstros sanguinários. Uma maravilha! Não existe nada mais charmoso hoje em dia em termos de cinema do que os antigos - e muito bem bolados - filmes de Sci-fi dos anos 50 e 60. Em última análise essas produções continuam tão influentes hoje em dia como eram na época de seu lançamento! Nesse aspecto chega mesmo a ser genial. Outro aspecto digno de nota é que o filme não abusa dos efeitos especiais e nem da maquiagem. Sempre os esconde, nas sombras, por exemplo, justamente para manter o clima de suspense. Com isso o filme não foi atingido pelo tempo, uma vez que tudo é sutilmente escondido. Caso os efeitos datados fossem colocados mais em evidência o filme perderia e muito. Porém o roteiro foi inteligente o bastante para ser apenas sutil, sugerir na maior parte do tempo, sem apelar para o vulgar. Em suma, é um clássico sem dúvida. Um dos melhores de sua linhagem.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de dezembro de 2025

O Preço de um Covarde

O Preço de um Covarde
Dee Bishop (Dean Martin) é o líder de um bando de assaltantes de bancos no velho oeste. Após uma tentativa frustrada de assalto, todos são presos pelo xerife July Johnson (George Kennedy). Julgados e condenados à forca, não parece mais haver esperanças para os criminosos até o dia em que chega na cidade o carrasco que vai executar o enforcamento. Homem educado, de gestos gentis, ele logo ganha a simpatia de todos. O único problema é que ele na realidade não é quem afirma ser. Na verdade se trata de Mace Bishop (James Stewart) que tentará de todas as formas evitar que seu querido irmão seja enforcado na cidade.

Excelente western com um elenco maravilhoso, além de James Stewart e Dean Martin, a ótima produção conta com as presenças da linda Raquel Welch (no auge de sua beleza) e Andrew Prine. A primeira coisa que chama a atenção é o próprio personagem de James Stewart. Ele é um ladrão, tal como seu irmão, assalta bancos e mente o tempo todo, mas mesmo assim não deixa de ser charmoso e fascinante para os moradores da região. James Stewart geralmente interpretava papéis de homens virtuosos, íntegros, éticos e esse Mace Bishop é uma exceção nessa linha. Aqui ele é um vilão disfarçado. Um sujeito que se faz de homem honesto para esconder seus objetivos nefastos. Sua atuação é mais uma vez muito digna e marcante. Sem dúvida, um de seus mais interessantes personagens no cinema.

Ao seu lado no elenco, o cantor Dean Martin mais uma vez não compromete. É curioso porque muitos decretaram o final de sua carreira no cinema após se separar de Jerry Lewis. Ledo engano. Martin conseguiu superar essa separação e ao longo dos anos construiu uma sólida filmografia própria, solo, com alguns filmes realmente maravilhosos. Aqui ele interpreta o irmão caçula Bishop. No fundo tudo o que deseja é escapar das garras da lei para ter um novo recomeço em algum lugar onde possa finalmente ter paz e tranqüilidade. Martin surpreende mesmo com sua boa atuação. E pensar que ele foi por anos após uma "escada" para Jerry Lewis em seus filmes de comédia.

O termo “bandolero”, do título original, se refere a um vasto território hostil localizado além do Rio Grande, marco geográfico que separa o México dos EUA, que era nos tempos do velho oeste uma terra de ninguém, dominado por saqueadores e ladrões mexicanos. Não havia lei naquela região. É justamente nesse local onde se passará os eventos mais dramáticos de todo o filme. Em conclusão “O Preço de um Covarde” é mais um momento marcante na rica carreira do saudoso James Stewart, um ator diferenciado que aqui surge em cena em um papel incomum. Simplesmente imperdível. 

O Preço de um Covarde (Bandolero!, Estados Unidos, 1968) Direção: Andrew V. McLaglen / Roteiro: James Lee Barrett, Stanley Hough / Elenco: James Stewart, Dean Martin, Raquel Welch, George Kennedy, Andrew Prine / Sinopse: Dois irmãos tentam fugir das garras da lei na fronteira entre EUA e México. Após atravessarem o Rio Grande são incansavelmente perseguidos pelo zerife Johnson. O problema é que o vasto território é um covil de ladrões e assassinos mexicanos. Quem conseguirá sobreviver a esse lugar tão hostil?

Pablo Aluísio.

Winchester '73

Winchester 73
Lendo a autobiografia do ator Rock Hudson nos deparamos com um capítulo onde ele relembra o lançamento desse western. De como viajou ao lado de James Stewart para promover o filme nas cidades. Na época ele era apenas um coadjuvante de luxo nesse faroeste que tem um ótimo roteiro. E é justamente o roteiro que se destaca nessa produção. Posso afirmar, sem parecer exagerado, que temos aqui um roteiro muito bem escrito, algo bem inovador mesmo. Várias histórias vão sendo mostradas e aos poucos todas convergem para o mesmo local. O roteiro na verdade segue o rifle Winchester 73 que vai passando de mão em mão ao longo do filme. A arma é uma espécie de prêmio que o personagem de James Stewart ganha em um concurso na cidade de Dodge City. Nessa cena temos direito até mesmo a uma aparição do famoso homem da lei Wyatt Earp. O rifle acaba sendo roubado depois, indo parar nas mãos de um grupo Sioux. Depois ele vai parar nas mãos de militares da cavalaria, vira objeto de ostentação de um covarde etc. O fio condutor de todo o enredo então passa a ser justamente esse rifle. E assim várias histórias do velho oeste vão sendo contadas.

Além do bom roteiro, o filme se destaca também pelo excelente elenco. Astros de Hollywood da sua era de ouro estão aqui. O ator James Stewart repete seu tradicional papel de homem íntegro e honesto. Para falar a verdade ele não precisava de muito mais do que isso. Sempre carismático e correto, Stewart liderou um elenco acima da média. O mais curioso é a presença de dois jovens atores que iriam virar grandes astros nos anos que viriam: Rock Hudson e Tony Curtis. O primeiro está quase irreconhecível como um chefe Sioux. Ele atuou no filme de peruca e pintado nas cores tradicionais dos nativos americanos, algo bem fora dos padrões de sua carreira. Já Tony Curtis, muito, muito jovem, faz um soldado da cavalaria no meio de um cerco indígena. Ambos estavam em começo de carreira, tentando um lugar ao sol em Hollywood.

Na época os dois eram contratados da Universal Pictures, que tinha um quadro de treinamento de novos atores. A Universal era conhecida por realizar vários faroestes B, mas aqui caprichou um pouco mais na produção. Isso porque contava com o astro James Stewart como estrela do filme. Assim o estúdio decidiu produzir um faroeste classe A para fazer jus a ele. A empresa cinematográfica sabia do potencial das bilheterias com sua presença. E tudo isso resultou numa produção caprichada. A direção também foi entregue a um cineasta experiente. Anthony Mann foi para James Stewart o que John Ford foi para John Wayne, ou seja, uma bela parceria se firmou entre ambos ao longo dos anos. Aqui a sintonia da dupla funciona novamente. Mann, com mão firme, não deixa o filme em nenhum momento cair na banalidade. Excelente trabalho de direção. Em suma, esse é um daqueles grandes filmes de western da história de Hollywood. Um filme para se ter na coleção.

Winchester '73 (Winchester '73, Estados Unidos, 1950) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Robert L. Richards, Borden Chase / Elenco: James Stewart, Rock Hudson, Tony Curtis, Shelley Winters, Dan Duryea / Sinopse: Lin McAdam (James Stewart) vence uma competição de tiro cujo prêmio é um rifle Winchester 73, a melhor arma da época. Após perder sua posse a arma cai nas mãos de várias pessoas ao longo do tempo. Filme indicado ao Writers Guild of America.

Pablo Aluísio.