sábado, 15 de novembro de 2025

Meu Nome é Gal

Título no Brasil: Meu Nome é Gal
Título Original: Meu Nome É Gal 
Ano de Produção: 2023
País: Brasil
Estúdio: Globo Filmes
Direção: Dandara Ferreira, Lô Politi
Roteiro: Lô Politi, Maíra Bühler
Elenco: Sophie Charlotte, Rodrigo Lélis, Dan Ferreira, Camila Márdila, Dandara Ferreira, Luis Lobianco 

Sinopse:
O filme acompanha a jovem Maria da Graça Costa Penna Burgos (chamada “Gracinha”), que sai da Bahia aos 20 anos para buscar uma carreira de cantora no Rio de Janeiro. Lá, ela reencontra amigos da Bahia como Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil, que a ajudam a se tornar Gal Costa, uma das mais populares e respeitadas cantoras da música popular brasileira. 

Comentários: 
Achei fraquinho! Veja, ninguém vai diminuir o fato de que a Gal Costa foi uma das grandes cantoras da história da MPB, mas a despeito disso fizeram um filme bem fraco. Aqui o problema é mais amplo do que se pode pensar. Escolheram como história o começo da carreira dela. Até aí tudo bem, mas acredito que nada é muito bem desenvolvido e nem muito menos interessante. Não existe uma grande cena, um momento de clímax no filme, tudo parece meio banal, cotidiano... chato! A atriz Sophie Charlotte que interpreta a Gal Costa é muito boa, uma jovem que diria ser até mesmo muito carismática. Só que uma andorinha só, não faz verão, então diante de um roteiro preguiçoso diria que essa moça até que fez muito. Tirou leite de pedra mesmo! Quando o filme terminou fiquei com aquela sensação de que faltou muita coisa. Não tem nada muito marcante em suas cenas. Tanto que em pouco tempo depois de assistir já tinha esquecido de praticamente tudo. Definitivamente esse não é um filme memorável. 

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Todo Tempo Que Temos

Título no Brasil: Todo Tempo Que Temos
Título Original: We Live in Time 
Ano de Lançamento: 2024 
País: Reino Unido / França 
Estúdio: SunnyMarch / StudioCanal 
Direção: John Crowley 
Roteiro: Nick Payne 
Elenco: Florence Pugh, Andrew Garfield, Adam James, Aoife Hinds, Marama Corlett, Grace Molony 

Sinopse:
Almut (Florence Pugh) e Tobias (Andrew Garfield) se conhecem de forma incomum, acabam se sentindo atraídos e começam um relacionamento que termina em casamento. Ela é chefe de cozinha e tem grandes planos para vencer uma importante competição culinária no Reino Unido. Só que seus planos são interrompidos de forma trágica quando ela descobre que tem uma doença grave e terminal e que por essa razão lhe resta pouco tempo de vida. 

Comentários:
A vida é muito frágil. De repente, qualquer pessoa, pode ser surpreendida com um diagnóstico terrível, que coloque fim a todos os seus planos de futuro. É o que acontece com a protagonista desse filme. Ela é chefe de cozinha, tem um relacionamento excelente e pensa em grandes coisas para fazer. É uma pessoa feliz. Só que de repente descobre que tem um câncer terminal! E agora, o que fazer? Passar o tempo que lhe resta de vida em tratamentos penosos e sofridos ou, ao invés disso, não fazer tratamento nenhum, aproveitando seus últimos dias com qualidade de vida, ao lado de seu marido, de sua família? É uma situação muito mais comum do que muita gente pensa. E para muitos a opção foi mesmo viver o resto de sua existência com qualidade, alegria, tentando ter uma vida normal, mesmo com o agravamento da doença que, de uma forma ou outra, é uma situação médica incurável! Um filme que levanta questões éticas importantes, além de tratar de um tema que deve ser debatido com toda a seriedade dentro da sociedade. 

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Missão: Impossível - O Acerto Final

Título no Brasil: Missão: Impossível – O Acerto Final
Título Original: Mission: Impossible – The Final Reckoning
Ano de Lançamento: 2025
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Christopher McQuarrie
Roteiro: Christopher McQuarrie, Erik Jendresen
Elenco: Tom Cruise, Hayley Atwell, Simon Pegg, Rebecca Ferguson, Ving Rhames, Vanessa Kirby

Sinopse:
Ethan Hunt (Tom Cruise) e sua equipe do IMF enfrentam sua missão mais perigosa e pessoal até agora. Após os eventos de Acerto de Contas – Parte Um, o grupo precisa impedir que uma inteligência artificial fora de controle, conhecida como “A Entidade”, caia nas mãos erradas. Enquanto o destino do mundo depende de suas ações, velhos inimigos retornam e segredos do passado de Ethan vêm à tona, forçando-o a escolher entre a vida de seus aliados e o sucesso da missão. 

Comentários:
Esse filme encerra a franquia cinematográfica "Missão Impossível". Pois é, mesmo depois de tantos anos do primeiro filme, continuam os mesmos problemas. São filmes com um primor técnico fora do normal. Nesses filmes o espectador certamente vai encontrar as melhores cenas de ação dos últimos anos. Nada se compara nesse aspecto. Ao mesmo tempo todos os filmes apresentam o mesmo tipo de roteiro chato e cansativo. São vazios em conteúdo, apelando para os clichês mais batidos da história do cinema. O personagem de Tom Cruise está sempre salvando o mundo da destruição completa. Daí eu pergunto: tem coisa mais batida do que isso na história do cinema? Eu mesmo respondo: não, não tem! É coisa velha demais, que vem desde os primeiros filmes de Bond lá dos anos 60. Se até nas aventuras do 007 isso já foi deixado de lado, porque o Tom Cruise segue martelando nessa mesma tecla desgastada pelo tempo? É um troço que chega a ser infantil. Tão ruim a premissa que até um aspecto novo, como a Inteligência Artificial, fica com cheiro de mofo nesse filme. Não adianta nada ser tecnicamente perfeito se os roteiros são tão bobocas assim! Lamento dizer. 

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Frankenstein (2025)

Título no Brasil: Frankenstein
Título Original: Frankenstein
Ano de Lançamento: 2025 
País: Estados Unidos 
Estúdio: Double Dare You 
Direção: Guillermo del Toro 
Roteiro: Guillermo del Toro 
Elenco: Oscar Isaac, Jacob Elordi, Mia Goth, Christoph Waltz, Felix Kammerer, Charles Dance 

Sinopse:
O cientista egocêntrico Victor Frankenstein (Oscar Isaac) desafia as leis da vida ao criar um ser vivo feito a partir de restos humanos de criminosos executados. Ao tomar consciência de si mesma, a sua criatura desenvolve um enorme ódio e rancor para com ele, seu criador, que o repudiou de forma grotesca e violenta ainda nos primeiros momentos de vida. E agora, um acerto de contas se forma no horizonte frio e congelado de uma terra distante. Roteiro baseado no clássico do terror "Frankenstein; ou, O Prometeu Moderno" de Mary Shelley. 

Comentários: 
Há sempre um desgaste natural presente em adaptações de grandes clássicos do passado como no caso de "Frankenstein". Ao longo de muitos anos tivemos um sem número de adaptações cinematográficas. Alguns filmes clássicos pelo meio do caminho, mas também várias porcarias. Então, depois dessa longa jornada, chegamos na versão de Guillermo del Toro para essa história imortal. Não se engane sobre isso, esse é um excelente filme! O cineasta dedicou 15 anos de sua vida para que seu projeto ganhasse as telas. Tanto cuidado e capricho, além de um verdadeiro amor pela obra original, está em cada fotograma desse filme. É uma daquelas obras cinematográficas belíssimas em seu conceito de direção de arte. Cada cena parece um quadro pintado na era vitoriana. Um bom gosto à prova de qualquer crítica. O filme também nos mostra um roteiro muito bem elaborado, com nuances perfeitas para cada momento crucial dos acontecimentos. Diante disso não me sobra nenhuma opção. Quando o filme chegou ao seu final eu aplaudi de pé o que acabara de ver! Bravo, Guillermo del Toro, bravo! 

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 11 de novembro de 2025

Roy Bean - O Homem da Lei

O filme conta a história real de Roy Bean (Paul Newman), um pistoleiro e ladrão, que chegou numa região remota do Texas. Na ausência de qualquer lei ou autoridade judicial no local, o bandoleiro resolveu se auto intitular "juiz" e começou a impor aos moradores locais sua inusitada versão da lei e da ordem. A história do filme foi baseada na vida real do juiz Roy Bean, um fora da lei que chegou numa região inóspita do Texas, depois do Rio Pacos (considerado a fronteira entre o mundo civilizado e a terra sem lei) e lá se auto proclamou "juiz" mandando os foras da lei para a forca, sem nem pensar duas vezes. De posse de um velho livro empoeirado de direito que ele nunca leu na verdade (pois era praticamente analfabeto e cego de um olho), o velho bandoleiro trouxe sua visão muito particular de justiça a todos os que cruzaram seu caminho.

O cineasta John Huston mais uma vez se mostrou genial na direção desse western, isso porque ao longo de todo o filme ele imprime um tom de fino humor negro e ironia que caiu muito bem na bizarra história. Já Paul Newman estava totalmente à vontade no papel e deu show ao interpretar o personagem principal. Seguro de si, cínico, o ator dominou todas as cenas, mesmo quando contracenou com o ótimo elenco de apoio, com direito a participação especial do próprio John Huston, interpretando um caçador de ursos que chega na distante localidade. Por essa época de sua carreira Paul Newman procurava por personagens mais ousados, que fugissem do habitual. Ele, por exemplo, jamais faria um faroeste convencional, como os que eram produzidos na era de ouro do gênero. O ator procurava mesmo por maiores desafios.

Depois que vi o filme ficou a curiosidade de saber mais sobre o verdadeiro Roy Bean. Para minha surpresa descobri que seu saloon (que era também o seu tribunal improvisado) ainda existe no Texas e virou ponto turístico. Seu nome é bem reverenciado naquele Estado e ele goza de uma reputação de fazer inveja a outros grandes nomes do western como Billy The Kid e Jesse James. Talvez por representar a famosa "justiça pelas próprias mãos", Roy Bean acabou virando um símbolo de uma era há muito perdida. Mesmo que sua decisões fossem absurdas e sem qualquer ligação com as leis reais, ele foi visto na época (e hoje em dia também por alguns) como alguém que tentou impor justiça em uma terra sem lei, marcada pelo crime, violência e pela injustiça sem limites. Se você gosta da história do faroeste americano e seus personagens, então o filme é obrigatório. Esse Roy Bean foi mesmo uma figura histórica mais do que curiosa.

Roy Bean - O Homem da Lei (The Life and Times of Judge Roy Bean, Estados Unidos, 1972) Direção: John Huston / Roteiro: John Milius baseado no livro de C.L. Sonnichsen / Elenco: Paul Newman, Ava Gardner, Roy Jenson / Sinopse: Filme baseado em fatos históricos reais. No velho oeste um ladrão e pistoleiro chamado Roy Bean (Paul Newman) chega numa região selvagem do Texas. Por lá não existia nem lei e nem ordem. Assim o velho Roy resolve assumir a figura de carrasco e juiz, mandando para a morte todos aqueles que cruzavam seu caminho. Filme indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Música Original ("Marmalade, Molasses & Honey" de Maurice Jarre, Alan Bergman e Marilyn Bergman).

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Se Versalhes Falasse...

Título no Brasil: Se Versalhes Falasse
Título Original: Si Versailles m'était conté…
Ano de Lançamento: 1954
País: França
Estúdio: Gaumont
Direção: Sacha Guitry
Roteiro: Sacha Guitry, Jean Aurenche
Elenco: Sacha Guitry, Claudette Colbert, Michel Auclair, Gérard Philipe, Jean Marais, Micheline Presle

Sinopse:
O filme percorre três séculos da história da França, contados a partir das paredes do lendário Palácio de Versalhes, que “fala” e testemunha os acontecimentos mais marcantes do reinado de Luís XIV até a Revolução Francesa. Misturando drama, humor e romance, a narrativa apresenta figuras históricas como Madame de Pompadour, Luís XV, Maria Antonieta e Luís XVI, mostrando intrigas, paixões e conspirações que marcaram a corte francesa.

Comentários: 
Na direção desse filme temos um dos mais respeitados diretores da história do cinema europeu, Sacha Guitry. Com inteligência e até bom humor ele praticamente fez um guia do famoso palácio francês, passeando por sua história. Foi uma produção luxuosa, se tornando o filme francês mais caro da época, contando com centenas de figurantes, figurinos luxuosos e filmagens em locações reais dentro do Palácio de Versalhes. O elenco também era o melhor do cinema francês quando o filme foi realizado. Reuniu alguns dos maiores atores franceses da década de 1950 como Gérard Philipe, Jean Marais e Claudette Colbert (estrela de Hollywood que retornava à França após anos de carreira nos EUA). Do ponto de vista histórico o roteiro não foi lá muito fiel aos fatos, preferindo optar por apresentar uma visão mais irônica daquele passado. E isso definitivamente não se revela um defeito do filme, muito pelo contrário. O filme fez muito sucesso de bilheteria na França e foi muito elogiado pela crítica, chegando a ser indicado ao prestigiado prêmio BAFTA na categoria de de Melhor Filme.

Pablo Aluísio. 

Hércules e a Rainha da Lídia

Título no Brasil: Hércules e a Rainha de Lídia
Título Original: Ercole e la regina di Lidia 
Ano de Lançamento: 1959 
País: Itália, França
Estúdio: Galatea Film
Direção: Pietro Francisci 
Roteiro: Ennio De Concini, Pietro Francisci 
Elenco: Steve Reeves, Sylva Koscina, Sylvia Lopez, Mimmo Palmara, Sergio Fantoni, Gabriele Antonini 

Sinopse:
Após cumprir suas lendárias façanhas, o herói Hércules (Steve Reeves) viaja em missão diplomática com o príncipe Ulysses para a cidade de Tebas. No caminho, Hércules bebe de uma nascente que faz perder sua memória e acaba preso aos caprichos da rainha Omphale, soberana de Lídia. Enquanto luta para recuperar sua identidade e voltar à missão, ele também intervém numa guerra civil entre os irmãos Polinices e Etéocles pelo trono de Tebas.

Comentários: 
Segundo filme do Steve Reeves como o herói e semideus da mitologia grega, o lendário Hércules! A história é bem interessante: Enquanto negocia a paz entre dois irmãos que disputam o trono de Tebas, um Hércules amnésico é seduzido pela malvada Rainha Onfale. Essa é uma produção entre Itália e França, lançada bem no auge da popularidade dos filmes épicos italianos. Esse tipo de filme era chamado na época de “péplum” (no Brasil, “espada e sandálias”). O diretor de fotografia desse filme, Mario Bava, se tornaria anos depois bastante conhecido por dirigir filmes italianos clássicos de terror. O roteiro também era bem interessante, colocando lado a lado elementos da mitologia original com inovações cinematográficas para o público que ia aos cinemas. O resultado comercial foi excelente, se tornando um dos filmes italianos de melhor bilheteria naquele ano. 

Pablo Aluísio. 

domingo, 9 de novembro de 2025

Os Filmes de Brad Pitt - Parte 3

Inimigo Íntimo
Rory Devaney (Brad Pitt) é um jovem irlandês ligado ao grupo terrorista IRA (Exército Republicano Irlandês, muito ativo na época) que vai até Nova Iorque com o objetivo de comprar armamento pesado para a luta de sua organização dentro da Irlanda. Uma vez lá acaba se hospedando com uma falsa identidade na casa de um policial, Tom O'Meara (Harrison Ford), que em pouco tempo começa a desconfiar das suas atividades em solo americano. Bom, como é de esperar em Hollywood a intenção dos produtores ao realizar esse filme foi unir dois astros do cinema, campeões de bilheteria na época, o jovem Pitt e o veterano Ford. Claro que era uma boa ideia do ponto de vista comercial. Além disso seria bem interessante unir duas gerações de atores em apenas um filme. A questão é que se você é um cinéfilo experiente sabe logo de antemão que nem sempre um elenco famoso garante um excelente filme. É bem o caso desse "Inimigo Íntimo".

Apesar do argumento interessante o resultado é bem morno e mediano, nada memorável. Provavelmente a indefinição sobre qual rumo a seguir tenha prejudicado o resultado final. O roteiro ora valoriza o lado mais dramático de sua história, com ênfase nas relações humanas, ora tenta ser um filme de ação com baixo teor de adrenalina. Sem saber direito para onde ir, acaba aborrecendo ambos os públicos. Os fãs de filmes de ação acharam tudo sem sal e o público acostumado com dramas acabou achando tudo mal desenvolvido. Some-se a isso a atuação preguiçosa de Harrison Ford e os ataques de estrelismo de Brat Pitt e você entenderá porque uma boa iniciativa acabou mesmo ficando pelo meio do caminho.

Inimigo Íntimo (The Devil's Own, Estados Unidos, 1997) Direção: Alan J. Pakula / Roteiro: Kevin Jarre, David Aaron Cohen / Elenco: Harrison Ford, Brad Pitt, Margaret Colin / Sinopse: Dois homens, com origens em comum, acabam descobrindo que estão em lados opostos da lei. Enquanto um é um policial dedicado, o outro está envolvido em atividades terroristas.

Sete Anos no Tibet
O filme "Sete Anos no Tibet" foi baseado no livro autobiográfico de Heinrich Harrer, um alpinista austríaco que a serviço do Terceiro Reich tentou escalar um dos maiores picos do mundo mas que foi preso por tropas inglesas no começo da II Guerra Mundial. Após um período como prisioneiro de guerra na Índia, Heinrich (interpretado no filme por Brad Pitt) consegue escapar, indo parar no distante e isolado Tibet (ou Tibete), um país teocrático liderado por uma criança que na crença religiosa local seria a reencarnação de uma alma iluminada conhecida como Dalai Lama. O ocidental então acaba se tornando próximo do líder tibetano justamente durante a truculenta ocupação chinesa na região após o líder comunista chinês Mao Tsé Tung decretar o Tibet como parte da República Popular da China. "Sete Anos no Tibet" é um sensível drama que mostra um choque de civilizações terrível. De um lado a cultura religiosa milenar do povo Tibetano. Do outro o pulso forte do socialismo ateu de Mao. Pacífico por natureza e convicção a população daquele país teve que lidar com o regime linha dura socialista da China, em um novo governo brutal e sanguinário que considerava toda e qualquer religião um veneno para o desenvolvimento do Estado.

Uma das questões mais interessantes que me lembrei ao rever "Sete Anos no Tibet" foi que na época de seu lançamento vários filmes trataram da ocupação chinesa no Tibete mas de uns anos para cá o tema sumiu de pauta do cinema americano, isso apesar de estarmos longe de uma solução para a situação internacional daquela região. O que aparenta ter acontecido foi que Hollywood parece ter descoberto o mercado chinês para seus filmes atualmente. Impossível ignorar um mercado consumidor de um bilhão de pagantes de entradas de cinema. Assim o tema do Tibete acabou sendo varrido discretamente para debaixo do tapete pela indústria americana de entretenimento o que é uma pena pois violações de direitos internacionais nunca deveriam sair de cena. Tirando as questões políticas de lado "Sete Anos no Tibet" é sem dúvida uma ótima película, com tudo o que o cinéfilo mais consciente tem direito: um bom roteiro, um tema relevante, excelentes interpretações de todo o elenco e ótima reconstituição de época. Alem disso como ignorar a maravilhosa fotografia? Enfim, todos os requisitos para um grande filme estão aqui, por isso se ainda não assistiu não deixe de conferir.

Sete Anos no Tibet (Seven Years in Tibet, Estados Unidos, 1997) Direção: Jean-Jacques Annaud / Roteiro: Becky Johnston baseado no livro de Heinrich Harrer / Elenco: Brad Pitt, David Thewlis, BD Wong, Mako / Sinopse: Heinrich Harrer (Brad Pitt) é um alpinista austríaco que tenta escalar um dos maiores picos do mundo mas acaba sendo preso por tropas inglesas no começo da II Guerra Mundial. Após um período preso na Índia, Heinrich (interpretado no filme por Brad Pitt) consegue escapar, indo parar no distante e isolado Tibet (ou Tibete) onde acaba se tornando próximo do líder tibetano, o Dalai Lama.

Encontro Marcado
A morte sempre foi um mistério para o homem. Assim não é de se admirar que aqui ela (ou ele) ganhe carne e osso e vire um personagem de ficção. "Meet Joe Black" é justamente isso. Quando assisti ao filme pela primeira vez (no cinema) eu realmente achei o argumento muito sombrio, de complicado desenvolvimento e entendimento para o grande público. É um texto com muito simbolismo e poucas pessoas realmente perceberam as nuances do roteiro na época. 

Anthony Hopkins representa a futilidade e a frivolidade da vida. Dinheiro, poder, sucesso financeiro, será que isso tudo leva alguém a algum lugar? Será que traz mesmo felicidade? Brad Pitt, por outro lado, representa o grande mistério, o vácuo, o abismo. Verdade seja dita, um ator como ele, que na época estava desfrutando do auge de sua popularidade, estrelando um sucesso de bilheteria atrás do outro, ter a coragem de aceitar o papel de Joe Black é realmente algo digno de admiração. Ele não se importou com sua imagem ou nem mesmo com suas fãs adolescentes (que muito provavelmente não captaram a verdadeira mensagem do filme) e resolveu arriscar, ser ousado. Isso de certa forma já provava que ele não era apenas um galã como tantos outros. Era de fato um ator talentoso - algo que provaria nos anos seguintes. 

Confesso que na primeira vez que assisti a essa produção não consegui gostar muito. Certamente entendi o texto subliminar mas para um jovem aquilo não tinha tanta importância. Revendo agora pude perceber que esse é um daqueles casos em que apenas a maturidade e a experiência de vida conseguem fazer o espectador enxergar além do que é visto na tela. Em meu caso pude perceber isso muito bem. Os anos vividos fizeram com que a mensagem do roteiro ganhasse uma outra dimensão agora. Se é o seu caso reveja, certamente o filme mostrará detalhes que passaram despercebidos anteriormente.

Encontro Marcado (Meet Joe Black, Estados Unidos, 1998) Direção: Martin Brest / Roteiro: Ron Osborn, Jeff Reno / Elenco:  Brad Pitt, Anthony Hopkins, Claire Forlani / Sinopse: William Parrish (Anthony Hopkins) é um homem extremamente bem sucedido no mundo dos negócios. Magnata das comunicações ele acaba conhecendo um estranho sujeito chamado simplesmente de Joe Black. É uma figura estranha, que causa terror e curiosidade em Parrish. O tal estranho está particularmente interessado em entender a natureza humana e por isso propõe um estranho e inusitado pacto com seu anfitrião.

Clube da Luta
"Fight Club" foi muito badalado em seu lançamento. Não era para menos, pois de fato o filme unia uma proposta nova e inteligente com um roteiro cheio de boas sacadas. Os personagens retratam de certa maneira o vazio existencial que impera entre os mais jovens ou entre adultos que descobrem que o jogo finalmente acabou, que não há mais nenhuma esperança no fim do túnel. Para escapar do sufocante tédio do dia a dia e preencher esse vácuo em suas almas, eles partem em busca de emoções mais viscerais, animais mesmo, trazendo-os de volta a um estado mais natural e selvagem. 

A briga assim funciona não apenas como uma brilhante válvula de escape do massacrante cotidiano, mas também como um retorno às origens animalescas dos seres humanos. Para muitos especialistas estamos assim diante da maior obra prima assinada pelo criativo cineasta David Fincher. Não há como negar que Fincher é seguramente um dos cinco diretores mais brilhantes que surgiram em meados dos anos 1990. Seus filmes nunca se rendem ao lugar comum cinematográfico, especialmente aqueles que tinham tudo para se tornarem fitas descartáveis como "Seven" ou "O Curioso Caso de Benjamin Button", mas que numa verdadeira tacada de mestre se tornaram pequenos clássicos contemporâneos. 

O elenco também está em momento particularmente inspirado. Edward Norton, o narrador e também protagonista de tudo o que acontece, transparece em sua voz toda a melancolia e falta de ânimo de seguir em frente com sua vida enfadonha. Brad Pitt dá vida a um personagem completamente amoral, que não liga mais para qualquer tipo de valor humano que um dia tenha sido importante para a vida civilizada em sociedade. Infelizmente no Brasil o filme ficou também tristemente marcado por uma tragédia ocorrida em um cinema, quando um jovem estudante de medicina com problemas mentais abriu fogo contra o público em um cinema de São Paulo. Melhor esquecer esse tipo de coisa e louvar sempre o excelente nível desse "Clube da Luta", um dos melhores filmes do cinema americano surgidos dos últimos anos. 

Clube da Luta (Fight Club, Estados Unidos, 1999) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: David Fincher / Roteiro: Jim Uhls, baseado na obra de Chuck Palahniuk / Elenco: Brad Pitt, Edward Norton, Helena Bonham Carter, Meat Loaf / Sinopse: Tyler Durden (Brad Pitt) se junta a outros homens como ele, para violentos combates pelos subterrâneos das grandes cidades com o desesperado objetivo de escapar de alguma forma do marasmo e do tédio da vida moderna. Nesse mundo de extremos, um narrador (Edward Norton) conta suas experiências nesse submundo que muitos ignoram existir. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhores efeitos sonoros, melhores efeitos especiais e melhor edição. Indicado ainda a 19 outros prêmios, entre eles Brit Awards, MTV Movie Awards e Las Vegas Film Critics Society.

Snatch: Porcos e Diamantes
Guy Ritchie pode ser um diretor bem pedante. Um exemplo disso você encontra nesse "Snatch: Porcos e Diamantes" (2000). A intenção do cineasta era realizar um filme bem estilizado, com muita violência e longos diálogos, ao estilo Tarantino, só que tudo passado em uma Londres escura, chuvosa e cheia de criminalidade. Nos becos escuros da cidade convivia toda uma fauna de escroques de todos os tipos: promotores desonestos de lutas de boxes, cobradores violentos de apostas ilegais, membros da máfia russa, ladrões de bancos incompetentes, etc. Só a escória, sem mocinhos e heróis, só bandidos e vilões. Ritchie tinha mesmo uma pequena obsessão por esses tipos. Só que no meio de tantos personagens, usando e abusando de um roteiro ao estilo mosaico, tudo acabou se perdendo, ficando diluído demais.

Claro que a crítica adorou e elevou o filme a um dos melhores da década, mas isso foi obviamente um exagero da imprensa. Embora o filme tenha alguns bons momentos, no geral ele se torna estilizado demais, caindo para a caricatura pura e simples (o que não foi nada bom para o resultado final). Quando os personagens começam a agir como se estivessem em um desenho animado ultra violento, a sensação é mesmo de que há algo de errado no filme. No final das contas o que salva "Snatch" de ser uma pura perda de tempo é o seu elenco. Brad Pitt, Benicio Del Toro e até Jason Statham estão muito bem em cena. Eles demonstram foco, querendo dar mesmo o melhor de si. Pena que a direção pesada demais de Guy Ritchie acabou prejudicando mais do que ajudando o elenco. Então é isso. Esse é um exemplo perfeito de um filme superestimado pela crítica da época, que acabou prejudicado por seus próprios exageros. Revisto hoje em dia suas falhas se tornam bem mais óbvias.

Snatch: Porcos e Diamantes (Snatch, Inglaterra, França, 2000) Direção: Guy Ritchie / Roteiro: Guy Ritchie / Elenco:  Jason Statham, Brad Pitt, Benicio Del Toro, Vinnie Jones / Sinopse: Um grupo de criminosos tenta, rivais entre si, tenta colocar as mãos em um lote de diamantes roubados. Filme premiado pelo Empire Awards na categoria de melhor direção - filme britânico (Guy Ritchie). Também indicado na categoria de melhor filme britânico do ano de 2000.

Pablo Aluísio.

Kissinger & Nixon

Título no Brasil: Kissinger & Nixon
Título Original: Kissinger and Nixon 
Ano de Lançamento: 1995 
País: Estados Unidos / Canadá 
Estúdio: Daniel H. Blatt Productions 
Direção: Daniel Petrie 
Roteiro: Lionel Chetwynd, Walter Isaacson 
Elenco: Ron Silver, Beau Bridges, Ron White, George Takei, Kenneth Welsh, Tony Rosato 

Sinopse:
O filme dramatiza o relacionamento complexo entre Henry Kissinger e o presidente Richard Nixon durante 1972-73, período em que Kissinger, como Conselheiro de Segurança Nacional, negociava secretamente com o Vietnã do Norte a fim de obter um acordo de paz, enquanto Nixon equilibra suas necessidades políticas internas, inclusive visando as eleições. Há tensão entre interesses diplomáticos, morais e políticos, e o filme explora como questões estratégicas, traições percebidas e manobras de bastidor influenciaram a condução da Guerra do Vietnã e sua saída dos EUA.

Comentários:
Narrado principalmente do ponto de vista de Henry Kissinger, este filme explora a triste traição do Vietnã do Sul aos comunistas cometida por Kissinger enquanto trabalhava no governo Nixon. Mostra suas tentativas de negociar com o Vietnã do Norte comunista às custas do Sul, a fim de obter a retirada dos EUA a qualquer preço. Esses esforços levaram aos Acordos de Paz de Paris de 1973, que por sua vez levaram à tomada total do Vietnã do Sul pelos comunistas em 1975. Os Americanos sempre gostaram de louvar seus políticos, principalmente seus ex-presidentes. Até mesmo um canalha como Nixon ganhou, imaginem vocês, uma releitura histórica favorável de seu passado! Eu pessoalmente acho um desrespeito com os jovens soldados que perderam suas vidas a troco de nada nas florestas úmidas do Vietnã. 

Pablo Aluísio. 

sábado, 8 de novembro de 2025

Homens Perigosos

Título no Brasil: Homens Perigosos
Título Original: Hoodlum 
Ano de Lançamento: 1997 
País: Estados Unidos 
Estúdio: United Artists 
Direção: Bill Duke 
Roteiro: Chris Brancato 
Elenco: Laurence Fishburne, Tim Roth, Vanessa Williams, Andy Garcia, Cicely Tyson, Chi McBride 

Sinopse:
Nos anos 1930, Harlem vive sob disputa de poder entre gangues rivais que controlam jogos ilegais e apostas. Quando "Madame Queen" (Stephanie St. Clair) é presa, Ellsworth "Bumpy" Johnson retorna da prisão e se envolve numa guerra com o impiedoso chefe mafioso Dutch Schultz, que quer expandir seu domínio. No meio disso tudo, entra em cena Lucky Luciano, com suas próprias ambições, e uma luta de lealdade, sobrevivência e identidade se mostra cada vez mais sangrenta e complexa.

Comentários:
Nos anos 90 muitos bons filmes que nunca foram lançados nos cinemas poderiam ser encontrados nas locadoras de vídeo. Esse foi um deles. Assisti naqueles anos e fiquei satisfeito com o que vi. Filmes de Gangsters já eram raridade naqueles tempos. No enredo criminosos que dominam o bairro do Harlem precisam defender seu território da invasão de mafiosos italianos e judeus. A direção foi de Bill Duke, um cineasta praticamente desconhecido que conseguiu realizar um bom trabalho. O destaque ia mesmo para o elenco. Laurence Fishburne sempre convenceu muito interpretando personagens maus. Ele sempre foi um especialista em dar vida a gente ruim no cinema e nesse aspecto era completamente convincente. O mesmo vale para Tim Roth. Certa vez ele brincou em uma entrevista dizendo que tinha "cara de rato, de um desses bandidinhos perigosos que vivem nos esgotos das grandes cidades!". Pois é, concordo plenamente com essa auto análise de sua imagem. É algo que foi devidamente comprovado nesse filme que ainda hoje vale a pena ser conhecido. 

Pablo Aluísio.